16 de agosto de 2021

Relato: Travessia Atibaia – Bom Jesus dos Perdões via Pedra Grande e Pedra do Coração

Nessa pandemia está difícil fazer alguma caminhada razoavelmente longa e as que surgem são de apenas 1 dia e próximas da cidade de SP. Como já tinha feito algumas trilhas de moto pelas estradas da Serra de Itapetinga, agora era hora de fazer um treking. 
Essa Serra abrange os municípios de Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Nazaré Paulista e Mairiporã (todas cidades de SP) e é muito conhecida pelos praticantes de voo livre, já que no topo dela está a Pedra Grande (na verdade o topo é a Pedra Rachada, que está ao lado), sendo esse o ponto de partida para praticantes de voo livre. 
A
 vegetação em sua maioria é de mata secundária com muito eucalipto, pinheiros e algumas trilhas para treking e bikes. As mais conhecidas são as que se originam no Condomínio Arco Iris (ao lado da Pista de Pouso) e levam ao topo da Pedra Grande. São elas: Minha Deusa, Mangueiras e dos Monges.
Porém, próximo do topo existem também algumas trilhas que anos atrás eram frequentadas por motos, mas que atualmente foram proibidas com a colocação de cercas de madeiras nos inícios das trilhas.
E foram essas trilhas que fui atrás nessa última caminhada. Minha intenção era chegar na Pedra Grande e de lá seguir para Pedra do Coração (já em Bom Jesus dos Perdões) por elas. Ou pelo menos alguns trechos.
São várias opções de rotas e alguns atrativos interessantes pelo caminho e como já conhecia parte do percurso, resolvi não me alongar demais, já que é uma caminhada bem cansativa, passando por trechos de estradas de terra e uma logística complicada para quem vai de carro até o início da trilha.


Nas fotos acima, chegando na Pedra Grande com o Pico do Cocuruto no ponto mais alto e na outra foto o topo da Pedra do Coração.


Fotos dessa caminhada: clique aqui
Vídeo com depoimentos: clique aqui
Tracklog para GPS de todo o percurso: clique aqui


De carro, saí de Sampa por volta das 07h30min com minha namorada Vera num Domingo de muito Sol pela Fernão Dias, já que tínhamos a informação que o acesso ao Condomínio Arco Iris só era permitido após as 08h30min.  
Trajeto muito tranquilo pela Rodovia e próximo do Km 44, saio dela junto do Restaurante Frango Assado, seguindo agora pela Alameda Prof. Lucas Nogueira Garcez, sentido centro de Atibaia. Algumas placas indicativas de Pista de Pouso Livre são a minha referencia, por isso é muito difícil se perder.
Saio dessa avenida quando uma placa de Pista de Pouso indica à direita pela Avenida Maristela.
E em menos de 5 minutos já estou chegando na Pista de Pouso, onde procuro o melhor lugar para estacionar o carro, já que segundo meu planejamento, só estaria de volta durante a noite. 
Ao lado da Pista de Pouso
Mochilas prontas, tempo perfeito sem nuvens e muita disposição. Lá vamos nós.
Passamos pela imensa área da Pista de Pouso e as 08h45min adentramos no Condomínio Arcos Iris. Para aquecer os músculos íamos subindo pelas ruas internas seguindo a placa indicativa de Pedra Grande e as 09:00hrs chegamos na área de estacionamento (preferi não deixar o carro aqui, senão teria que caminhar mais ainda para pegar ele na volta).
Início da trilha
Alguns carros estacionados e vários grupos se preparando para iniciar a caminhada. 
Aqui também é o ponto de partida das trilhas que levam ao topo da Pedra Grande. Outras vezes que passei por aqui, existia uma enorme placa das 3 trilhas com seus tempos de caminhada. Veja aqui nessa foto. Atualmente não tem mais.
Para a direita é a Trilha dos Monges, que segundo relatos recentes está tomada pela vegetação, mas tem um importante atrativo: ruínas de uma pequena capela chamada de Gruta de São José.
Subindo
Já a trilha que sobe em linha reta é a Minha Deusa. Existia uma outra, a das Mangueiras que subia pelo lado esquerdo, mas parece esse trecho inicial dela está tomado pela vegetação - não sei como tá mais acima.
Por já ter feito a dos Monges, resolvemos seguir pela Trilha Minha Deusa, sendo aproximadamente 2,5Km de íngreme subida.
Mirantes na subida
Passando por entre arbustos, vegetação baixa, trechos erodidos pelas chuvas e muitas rochas, vamos ganhando altitude com muito esforço, já que o trecho inicial é bastante íngreme. Surgem pequenas trilhas paralelas, mas que se encontram mais à frente, por isso o risco de se perder é nulo. Relativamente é uma trilha de fácil navegação.
O Sol castiga muito, fazendo com que em vários momentos paramos em cima de alguns enormes rochedos para descansar e apreciar a vista.
Água na trilha
Com pouco menos de 1 hora de trilha, cruzamos com um pequeno riacho, que escorre por uma pedra. É uma água bem vinda e aparentemente de boa qualidade. Tomamos e não passamos mal. Uns metros acima dessa bica de água existe um descampado que parece ser usado para acampamento.
A partir daqui a vegetação muda, passando a ter algumas árvores maiores que ajudam a dar uma aliviada no escaldante Sol. Trechos com sombras são frequentes e paramos em vários momentos. Enormes valas criadas pelas águas das chuvas só nos fazem gastar mais energia para ultrapassá-las e assim vamos ganhando altitude cada vez mais.
Chegada na crista
O trecho íngreme não dá trégua, mas faltam poucos minutos para chegar na crista, num local chamado de Pedra da Baleia. 
E com pouco mais de 1h30min de trilha, chegamos na crista, onde uma outra trilha que vem de nordeste se encontra com a principal.
E dali subimos por mais alguns metros até chegar na Pedra da Baleia, bem semelhante a um dorso. Aqui tem um lindo mirante para a Pedra Grande e toda a cidade de Atibaia. É possível visualizar também Jundiaí e a Serra do Japi à oeste com outras várias cidades ao redor.   
Estacionamento na Pedra Grande
A Pedra Grande surge toda imponente à nossa frente, mas não é um visual maravilhoso, 
infelizmente. Na parte mais alta dela, dezenas de carros estacionados. Esperava encontrar o pessoal de paragliders e asa delta decolando dali, mas não vimos ninguém. Uma pena.
Passamos direto pela imensa rocha e fomos para o topo do Pico do Cocuruto, na altitude de pouco mais de 1400 metros e onde está a Pedra Rachada. Trilha de 5 minutos que se inicia ao lado da estrada de terra, chegando no topo pouco depois das 11:00hrs.
Pedra Rachada
Agora era hora do lanche e ficamos um bom tempo descansando. O visual daqui é de 360º com inúmeras cidades ao redor, mas o que chama muito a atenção é a Serra do Lopo à nordeste com o Pico do Lopo bem visível. Vestígios das escarpas da Serra da Cantareira e da Serra da Mantiqueira eram fáceis de visualizar ao sul e leste.
Ao lado de onde estávamos é a Pedra Rachada e lá alguns corajosos tentavam subir pelo meio dela, tendo até uma pequena fila. 
No topo do Pico do Cocuruto
O Sol deu uma amenizada e logo as nuvens tomaram conta do céu, mas a chuva não veio.
Para retomar nossa caminhada em direção à Pedra do Coração, tínhamos 2 tracklogs: um que contorna o Pico pelo oeste e outro que contorna pelo leste, mas tinha um problema. A água tinha acabado e um dos únicos pontos ali perto do topo era na trilha à leste, junto da estrada que sobe até a Pedra Grande. E aí não teve jeito.
Seguindo o tracklog pela trilha à oeste talvez ganharíamos alguns minutos, mas com o risco de não encontrar água facilmente. Só quando chegássemos na antiga Agua Mineral Atibaia.
Início da descida
Por volta do meio dia retomamos a caminhada, agora basicamente só de descida pela estrada e nessa hora todo santo ajuda, mas como a declividade é maior ainda do que na trilha, os dedos do pé estavam sofrendo. 
Desse lado da encosta da Pedra Grande, a vegetação é diferente do lado norte, por onde subimos e apesar de ser mata secundária a caminhada é muito prazerosa. Algumas trilhas surgem na encosta da estrada e parecem ser muito usadas pelo pessoal de moto e bike.
Nascente de água
Com 15 minutos desde o topo da Pedra Grande e com uns 200 metros de desnível, chegamos numa fonte de água do lado direito. É um riacho de água potável junto de uma enorme rocha. Aqui nos fartamos de água e enchemos as garrafinhas.
Poderíamos continuar descendo pela estrada, mas nossa intenção era cortar caminho por uma trilha, que se inicia ao lado do pequeno riacho.
Com cerca de madeira barrando a entrada de veículos 4x4 e motos, ela se assemelha a uma antiga estrada com muitas voçorocas.
A vegetação predominante é de mata secundária com enormes pinheiros, mas evitar o trecho pela estrada já estava valendo a pena. Do lado direito, em um pequeno vale, dava para ouvir o som de um riacho escondido pelas pedras.
Pelo meio da mata
Nesse trecho de subida, trilhas paralelas vão surgindo e com 15 minutos chegamos na primeira bifurcação, onde seguimos para esquerda. Agora a trilha se nivela e segue assim até chegar na estrada poucos minutos depois, marcada também por outra cerca de madeira barrando a entrada de motos.
Trilha fechada para carros e motos
Abandonando a trilha, agora seguíamos pela estrada de terra à direita com pequenos trechos de subidas leves. Cruzamos com um grupo de bikers e pouco antes da 13:00hrs chegamos no ponto mais alto da estrada, onde uma trilha à direita avançava por dentro da mata e outra cerca de madeira fechava a entrada dela. No local uma placa indicava que não era permitido a entrada de veículos motorizados.
De agora em diante era só descida com trechos planos, passando por alguns sítios. Era entediante, mas pelo menos o Sol não castigava nossas cabeças
Com cerca de 20 minutos pela estrada surge um pequeno lago à esquerda, onde corre um riacho, mas não me pareceu ser de água potável.
Antiga captação de água mineral Atibaia
Com mais 10 minutos de caminhada passamos ao lado da antiga captação de água mineral da empresa Atibaia. O lugar parece estar deserto, mas as antigas instalações estão lá, nos dois lados da estrada. Uma pequena bica de água mineral jorra ao lado da estrada, junto de enormes pedras. É um ótimo ponto para reabastecimento.
Retomamos a caminhada e com mais 15 minutos surge uma trilha à esquerda. É bem fácil de encontrar porque lá também foi colocada uma cerca de madeira. Agora seguindo por dentro da mata, a trilha é como uma espécie de atalho para evitar trajeto pela estrada de terra. É curto, cerca de 10 minutos até finalizar em outra estrada de terra, agora na direção à esquerda, sentido nordeste.
Sitio abandonado
Com leves subidas e descidas, a caminhada segue próxima de um rio do lado esquerdo, passando por alguns sítios ocupados e outros abandonados até chegar no Sitio da Montanha, marcado por uma íngreme ladeira.
Pedra da Morte
Com cerca de 30 minutos pela estrada chegamos num local chamado de Pedra da Morte. É um trecho muito íngreme e com piso de laje de pedra. Creio que ali só passa 4x4 e mesmo assim com risco de não conseguir subir. Muito perigoso o lugar.
Outro sítio abandonado surge à esquerda da estrada e uns 50 metros depois do Sítio Canto do Buriti, pegamos outro atalho à direita. O início da trilha é marcado por algumas voçorocas e vamos ganhando altitude com muito esforço. Passamos em cima de uma grande laje de pedra onde paramos para um merecido descanso.
Pedra do Coração
Mais alguns metros e finalizamos numa outra estrada, onde o acesso à Pedra do Coração é para esquerda.
Chegamos aqui pouco antes das 15:00hrs e o lugar é uma imensa laje de pedra com um lindo mirante na direção leste. Lembra um pouco a Pedra Grande, mas em tamanho bem menor.
Uma breve pausa para apreciar a vista com o vale do Ribeirão Cachoeirinha logo abaixo, onde está localizada a Cachoeira do Barrocão e a cidade de Bom Jesus dos Perdões ao fundo. Nazaré Paulista e outras cidades ao longo da Rodovia D. Pedro também podem ser vistas.
No topo
Para chegar na Cachoeira do Barrocão é só seguir a estrada de terra na direção oeste da Pedra descendo até chegar no Ribeirão com a estrada passando ao lado da cachoeira. Outra também que merece uma visita é a Cachoeira Escondida, mas por absoluta falta de tempo tivemos que deixar as duas para uma outra oportunidade, apesar de já ter conhecido a do Barrocão tempos atrás.
Ficamos aqui só apreciando a vista por cerca de 40 minutos. O problema é que tínhamos uma longa descida e muito asfalto até chegar em Bom Jesus e de lá retornar até a Pista de Pouso de Atibaia para pegar o carro.
Chegada no asfalto
As 15h30min batemos em retirada, descendo pela estrada à leste por quase 1 hora até chegar no asfalto. Agora torcíamos para conseguir uma carona ou transporte público para economizar no trajeto até a cidade, mas sem chances. Tivemos que seguir todo o trajeto restante na caminhada.
Chegamos no centro da cidade, junto ao Santuário de Bom Jesus dos Perdões as 17h20min (quase 2 horas de caminhada desde a Pedra do Coração).
Pergunta aqui, pergunta ali e conseguimos a informação que o ônibus circular para Atibaia saia as 18h15min. E lá fomos nós para o ponto de ônibus localizado 2 ruas abaixo, na direção da Rodovia. 
Ponto de ônibus
Mas por sorte, alguns minutos antes das 18:00hrs encosta um carro dizendo que é lotação para Atibaia. Não pensamos 2x e embarcamos. 
O percurso foi rápido e em 20 minutos já chegamos na Rodoviária de Atibaia.
Pelo dia e horário, era improvável que ainda tinha ônibus circular que passava próximo da Pista do Pouso e com isso tivemos que chamar um Uber, nos deixando lá por volta das 19hrs.
Completada nossa missão, agora era voltar para casa.


Dicas e algumas informações úteis

# É bem seguro deixar o carro estacionado ao lado da Pista de Pouso. Mesmo sendo um lugar quase isolado, quando pegamos o carro ainda funcionavam alguns barzinhos ao lado. Outra opção é deixá-lo estacionado dentro do Condomínio Arco Iris.

# A trilha que se inicia dentro do Condomínio tem um aclive de + - 500 metros com aproximadamente 3 Km de subida por trechos íngremes.

# Desde a portaria do Condomínio até o pequeno riacho na trilha é cerca de 1 hora. A agua é de boa qualidade e não aparentava ser poluída.

# Usei esse tracklog do wikiloc nos trechos que não conhecia: clique aqui.

# Em Bom Jesus dos Perdões a oferta de ônibus para Atibaia é bem pouca, principalmente aos Domingos. A empresa é a Viação Atibaia: 
Porém os motoristas de Uber fazem lotação cobrando um pouco acima do preço do ônibus: $5 Reais, passando pelos pontos.

# Ônibus circular que faz o percurso da Rodoviária de Atibaia até a Pista de Pouso é a Linha 08: Maristela I e II.

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