Uns 20 anos atrás fiz uma bela caminhada até o topo do Pico do Paraná, incluindo os Picos do Itapiroca e Caratuva, mas passei por um perrengue e tanto devido às intensas chuvas, nesse relato.
E ao acampar no topo do PP, dava para ver 2 enormes placas retangulares no topo do Pico do Ciririca (muitos dizem que a escrita é com "S", mas preferi manter com a letra "C") à sudoeste, nessa foto. Pareciam aqueles outdoor de rodovia.
Fiquei imaginando que raios era aquilo, pensando que poderia ser um tipo de antena diferente ou algum equipamento para auxiliar a navegação aérea e prometi a mim mesmo que retornaria à região para chegar naquelas placas algum dia.
Os anos foram passando e quando pretendia fazer a caminhada, o clima não ajudava e com isso fui adiando a data. Até voltei lá em 2008 para fazer a Picada do Cristóvão que liga Fazenda PP até Antonina, descendo a Serra do Mar nesse relato.
E lá se foram mais alguns anos até conseguir 1 mês de férias em 2021 e com clima ajudando dessa vez, marquei a tão aguardada subida ao Ciririca. Agora era pesquisar o melhor roteiro da caminhada para chegar naquelas placas.
Lendo relatos e analisando tracklogs, vi que a melhor opção era fazer um circuito iniciando pela trilha conhecida como Ciririca por Cima, passando pelo topo dos Picos Camapuã, Tucum, Cerro Verde, Luar e retorno pela trilha que cruza a Cachoeira do Professor, conhecida como Ciririca por Baixo.
A logística era relativamente fácil, pois seria da mesma forma quando tinha feito o PP: embarcar em São Paulo com destino à Curitiba e descer na Rodovia, próximo da estrada que leva até a Chácara do Bolinha. Já o retorno seria mais complicado, pois teria de embarcar no ônibus circular que passa na Rodovia e segue para Campina Grande do Sul e de lá para Curitiba para depois seguir para São Paulo.
Como estava de férias, planejei a caminhada para uns 3 ou 4 dias, sem pressa.
Fotos acima, Sol surgindo atrás do Pico do Paraná e colchão de nuvens na encosta do Ciririca ao fundo
Fotos: clique aqui
Vídeo gravado ao longo dessa caminhada: clique aqui
Tracklog de todo o percurso da trilha: clique aqui
Na última semana de Setembro e com mochila cargueira bem cheia embarquei no Terminal Tiete por volta das 09:00 hrs da manhã em direção à Curitiba pela Eucatur.
Com algumas paradas no trajeto, pedi ao motorista para descer uns 4 Km depois do Posto Mahle (antigo Tio Doca), já no Estado do PR.
O lugar é onde se localiza um outro posto de gasolina: o Túlio II, que fica no Km 52, do outro lado da Rodovia, sentido SP. É esse aqui.
Desço do ônibus por volta das 16:00 hrs e com mochilas nas costas, cruzo a Rodovia para caminhar uns 200 metros retornando sentido SP até uma estrada de terra à direita, onde uma das placas sinalizam Refúgio Fazenda Bolinha. É lá que tenho de chegar.
Início da estrada que leva até o Bolinha |
Seguindo pela estrada principal e evitando bifurcações, o trecho possui algumas subidas e descidas com vários pequenos sítios. Por algumas aberturas na estrada era possível visualizar o Pico do Camapuã com sua rampa toda desnuda.
Trecho pela estrada com sítios e ao fundo o Pico do Camapuã à esquerda |
Com quase 1 hora de caminhada e sem passar nenhum carro para oferecer carona, cheguei ao final da estrada pouco antes das 17:00 hrs, finalizando em frente ao portão da Chácara do Bolinha.
Chácara do Bolinha |
Uma placa bem grande indica para fazer o pagamento de $15/pessoa na entrada. Dei uma nota de $20 Reais para Seu Bento que me disse para escolher qualquer lugar do terreno para montar a minha barraca e em seguida ele entrou. Achei que fosse buscar o troco, mas como demorou para retornar, peguei minha mochila e fui procurar um local plano. Pegaria o troco depois.
Estacionamento |
Depois do banho, faço o jantar de massa com sopão e atum.
São quase 20:00 hrs e com temperatura agradável entro na barraca, me enfio no saco de dormir e apago logo em seguida.
Acordo por volta das 05h30min da manhã e já vou desmontando a barraca. Uma neblina toma conta do lugar, mas nem me preocupo, já que a previsão é de Sol.
Depois de um breve café da manhã, agora é mochila nas costas e pé na trilha.
Acesso à trilha |
A altitude aqui é de 940 metros e tenho que chegar na altitude de 1650 metros, que é o topo do Cerro Verde, mas antes tenho que passar pelo topo do Camapuã e do Tucum.
Um grupo de 2 casais com pequenas mochilas de ataque está a alguns metros na minha frente e com ritmo bem maior que o meu, vão se distanciando.
Trecho inicial |
Árvore oca |
Mais alguns minutos e outra gigantesca árvore. Essa segunda é maior ainda e pelo tamanho, não duvido que tenha algumas centenas de anos.
Conforme vou avançando, as árvores vão dando lugar a vegetação mais baixa e com isso o Sol já começa a dar as caras naquele pequeno vale. Com pouco mais de 1 hora desde a chácara, chego na bifurcação para o Camapuã ou para Ciririca direto.
Placas dos picos na bifurcação |
São várias placas que sinalizam a direção com os tempos de caminhada e os níveis de dificuldades.
O lugar é um verdadeiro lamaçal e até difícil para achar um bom lugar para os clics.A da esquerda é a trilha que o pessoal chama de Ciririca por Cima e esse é o meu caminho.
Trecho íngreme |
E com cerca de 30 minutos desde a bifurcação anterior, a trilha emerge em uma área aberta. Essa é a conhecida rampa do Camapuã, cuja vegetação é baixa com arbustos e alguns trechos por lajes de pedra.
O cansaço vai tomando conta e tive que parar algumas vezes nesse trecho para retomar o folego. Pelo menos o visual com tudo aberto estava compensando o esforço, já que a paisagem é maravilhosa. Lembra um pouco a subida do Pico do Marins, na Mantiqueira.
Do lado direito o Ciririca se destacava, dando para ver até as 2 placas, quase imperceptíveis.
No topo do Camapuã com Tucum e o PP ao fundo |
Um breve descanso para comer um lanche e assino o livro do cume, deixando uma mensagem. Vários grupos aqui no topo e alguns insetos e mosquitos que não me dão sossego, então era hora de partir para o Tucum.
Por volta das 10h20min vou descendo por trilha na direção leste. Trecho muito tranquilo e no início da subida pela encosta do Tucum, saio da trilha principal à esquerda para pegar água numa pequena gruta. Veio em boa hora, porque a minha já tinha acabado. Não encho todas as garrafinhas porque no vale entre Tucum e o Cerro Verde tem um pequeno riacho por onde a trilha passa.
Topo do Pico do Tucum com a caixa de mensagens |
A partir daqui a trilha não é das mais fáceis com trechos muito íngremes e cordas para ajudar na descida, por isso vou descendo sem pressa e perdendo altitude rapidamente devido a grande inclinação.
Trecho por cordas |
Finalizo a descida numa densa floresta que ocupa o fundo daquele vale e aqui encontro algumas bifurcações. Na dúvida, fui seguindo o track, mas outra forma de se orientar é seguir as fitas coloridas de cor laranja ou amarela que estão amarradas em algumas árvores.
Reabastecimento no riacho |
Agora com a mochila um pouco mais pesada devido a água, vou subindo a encosta do Cerro Verde em ritmo lento e parando algumas vezes, já que o cansaço batia forte devido ao Sol.
Com alguns trechos de vegetação alta, por volta das 14h30min passo ao lado de outra bifurcação à esquerda - essa é a trilha que une as 2 Fazendas: do Bolinha e do PP, passando pelo Pico do Itapiroca.
Camping no Cerro Verde com PP ao fundo |
Topo do Cerro Verde e Ciririca ao fundo |
Quando retornei a São Paulo avisei por e-mail o pessoal do CPM sobre a falta de canetas no Cerro Verde, no Luar e a falta de um livro no Ciririca (mensagens em livro de cume são super importantes, porque em caso de algum montanhista desaparecido, podem mostrar lugares que ele passou). No livro, a última mensagem era de 7 dias atrás, comentando sobre a busca de Maicon Willian Batista, que se perdeu na base do PP .
Ibitirati, União, Pico do Paraná e o Tupipiá |
O banho é com lenços umedecidos e assim que anoitece preparo o meu jantar de sopão e calabresa com suco.
Com temperatura agradável, resolvo ficar em cima de algumas pedras só apreciando o céu para quem sabe ver algumas estrelas cadentes, mas só consegui ver alguém descendo a encosta do Tucum com lanterna, mas não chegou até onde eu estava - talvez estivesse fazendo a travessia entre as fazendas, seguindo para o Itapiroca. Deu para ver também um grupo acampado no topo do PP.
Sem maiores novidades, entro na barraca e me enfio no saco de dormir por volta das 21:00 hrs, colocando o celular para despertar pouco antes das 06:00 hrs para acompanhar o nascer do Sol.
Amanhecendo |
E novamente o dia estava claro sem uma nuvem sequer, prometendo ser um dia quente. Café da manhã tomado e acampamento desmontado, me despeço do topo pouco antes das 07:00 hrs.
A descida é muito rápida pela trilha e no caminho encontro pegadas que me pareceram ser de alguns felinos. Quem souber de que animais são, só postar nos comentários.
Pegadas de felino? |
Passo por outra área de vegetação baixa para em seguida cruzar um pequeno riacho, mas esse com uma quantidade muito pouca de água, por isso não recomendaria contar com ele numa época de seca.
Mirante com trilha demarcada abaixo |
Ovos de Dinossauro |
Outro livro do cume |
Descendo pelo outro lado, agora a trilha segue por vegetação baixa até passar ao lado de uma grande área de camping com uma bela vista para o Ciririca, em frente.
Área de camping com Ciririca ao fundo |
A da esquerda segue próxima do paredão e fui seguindo por ela, mas ao entrar na mata fechada, a trilha se fecha um pouco e para não perder tempo procurando fitas nas árvores, resolvi retornar até próximo da área do camping e seguir na trilha da direita, dessa vez me orientando pelo tracklog.
É um trecho curto descendo pelo campo até entrar na mata e chegar a um riacho. Devidamente hidratado já que a minha água tinha acabado, vou seguindo o fluxo do rio.
Floresta encantada |
Ao chegar num local onde 2 pequenos riachos se encontram, a vegetação muda e a partir daqui vou subindo uma encosta entre grandes pedras até o topo, onde já consigo visualizar a trilha em campo aberto lá embaixo.
E aqui novamente ela se divide em 2 e vou pela direita.
Descendo |
É um trecho curto até chegar a uma grande clareira em meio à mata fechada, onde a trilha de Cima se encontra com a trilha de Baixo.
Última Chance |
Aproveitei para um breve descanso, me hidratar e degustar um lanche. Não enchi meus cantis porque um pouco mais à frente vou cruzar um pequeno riacho.
Revigorado, agora sigo por aclive suave entre a mata fechada até sair em área aberta, nos campos de altitude. Mais um pequeno vale, onde encontro outra trilha que vem do Cerro Verde à esquerda.
É bom encher os cantis aqui (talvez em épocas de estiagem longa pode não ter água).
O riacho é pequeno e depois de encher minhas garrafinhas (uns 3 litros), volto a subir em meio à mata fechada. A inclinação desse trecho vai aumentando aos poucos e o cansaço também, já que as garrafas de água aumentaram o peso da mochila.
Parando às vezes para retomar o folego, vou ganhando altitude sem pressa até chegar no início da rampa do Ciririca.
Subindo |
São 13h40min e com a ajuda de cordas nos trechos de paredão de pedra mais íngreme (acho que foram uns 2 ou 3), vou subindo com pouco de esforço, mas tomando o devido cuidado, dá para seguir em frente.
Ajuda das cordas |
Algumas pedras com belos mirantes surgem ao lado da trilha e quando entro num pequeno trecho de mata fechada, resolvo descansar para retomar o folego.
Quase tiro um cochilo, mas era preciso seguir em frente para o último trecho em meio aos bambuzinhos. Eram os metros finais e parecia que não chegaria nunca no topo.
Marco geodésico |
Topo |
Segunda placa |
Dá para visualizar toda a baia de Antonina e o PP com sua encosta do lado sul. Caratuva, Itapiroca, Cerro Verde, Luar, Camapuã, Tucum e muitos outros picos ao redor que nem sei o nome.
Agudo da Cotia logo ali |
As placas não servem para nada e parece que ninguém se preocupa em retirá-las. Alguns tambores velhos e enferrujados estão abandonados no meio da vegetação sem preocupação nenhuma com meio ambiente.
Local da minha barraca |
Pena que não tem um livro de mensagens no cume. Fotos de relatos antigos mostravam que embaixo da segunda placa tinha um cano de pvc com o livro, mas nesse dia não encontrei nenhum.
Novamente banho de lenço umedecido, usando também parte da minha água, já que tinha bastante.
2 placas |
Até tentei ver algumas estrelas cadentes, mas o tempo estava nublado e não dava para ver uma única estrela.
Saciado e com um pouco de cansaço, me enfio no saco de dormir e espero o sono chegar, mas não demora muito e começo a ouvir um barulho de algo mexendo nas panelas do lado de fora. Com certeza algum ratinho procurando restos de comida. Acho que ele não teve sorte, porque não deixei nada.
O barulho das panelas cessa e peguei no sono rapidamente, porém no meio da noite acordo com a chuva caindo sobre a barraca, mas só foram por alguns minutos.
Amanhecendo |
Um belo café da manhã e barraca desmontada, agora é retornar para o Bolinha.
Depois de alguns clics no topo do Ciririca, inicio o trecho de descida as 07h20min.
Passo pelas cordas sem dificuldades e chego no “Última Chance” por volta das 08h30min. Parada para um breve descanso e retomo a caminhada, agora seguindo pela trilha de Baixo.
Ciririca por Baixo |
De vez em quando eu checava o tracklog apenas para saber se ainda faltava muito para chegar nas placas onde a trilha se divide para o Camapuã.
Cachoeira do Professor |
Agua é o que não falta nessa trilha e quando chego num local chamado de Poço das Fadas, resolvo tomar um banho, mas quase me arrependo; parecia água de geladeira, mas deu um animo e gás para seguir em frente.
Piscina natural |
Grande área de camping |
Mais outra leve subida passando por uma área de brejo até chegar nas placas dos picos pouco depois das 13:00 hrs, onde a trilha de Baixo se encontra com a de Cima.
Bifurcação para o Camapuã |
Encontro um sobrinho do Seu Bento cuidando dos animais e depois de uma breve conversa sigo em direção à Rodovia, chegando lá por volta das 15h30min.
Pela Rodovia, sigo para esquerda por alguns minutos até a Ponte sobre o Rio Bonito onde tem um ponto de ônibus, sentido Curitiba. Fico aguardando até as 18:00 hrs, quando passa o circular até Campina Grande do Sul, onde embarco em outro para Curitiba e de lá retorno para SP.
Dicas e informações úteis
# Já li relatos de que no Posto Mahle (nesse local) é possível conseguir transporte até a Fazenda do PP e quem sabe até a Chácara do Bolinha.
# O ônibus circular que sai do Bairro da Represa do Capivari até a cidade de Campina Grande do Sul opera com poucos horários. Se eu perdesse o das 18:00 hrs teria problemas, porque era o último do dia.
# O ônibus para Curitiba sai do Terminal de Campina Grande Do Sul e segue para o Terminal Guadalupe, que fica próximo da Rodoviária de Curitiba.
# De acordo com Seu Bento, apenas telefones da TIM conseguem sinal de telefonia celular na região e mesmo assim apenas em lugares altos.
# Taxas cobradas na Chácara do Bolinha (Setembro/2021):
- Entrada: $15 Reais
- Entrada + Camping: $20 Reais
- Chuveiro quente: $6 Reais
# Percebi que não existe horário de entrada ou saída da Chácara para quem pretende acessar os picos, mesmo chegando durante a noite ou madrugada.
Telefone da Chácara: (41) 99664-0435 (não confirmado).
# Se quiser acampar no topo dos picos, atente para locais onde encontrar água.
- Trecho entre a Chácara e a bifurcação das trilhas se cruza várias vezes com riachos.
- No início da subida do Tucum saindo à esquerda da trilha principal tem uma pequena fonte de água.
- No vale entre o Tucum e o Cerro Verde, a trilha cruza um riacho.
- Entre Cerro Verde e Ciririca, uns 2 ou 3 riachos cruzam a trilha.
- Na base do Ciririca existem 2 pontos de água: a clareira “última chance” e um pequeno riacho poucos minutos antes de chegar na rampa.
- Na trilha Ciririca de Baixo são inúmeros rios que a trilha cruza.
# De acordo com antigos montanhistas, as primeiras pessoas que chegaram no topo do Pico Ciririca foram os paranaenses Osíres, Orisel e Nobor Imaguire no ano de 1949 e a palavra originalmente era escrita com “S”, porém com os anos a escrita foi mudando e hoje em dia ele é mais conhecido com a letra "C" e prefiro manter a escrita dessa forma.
# As placas no topo do Ciririca pertencem a COPEL e foram usadas na década de 60 para refletir sinais de rádio entre a Usina Hidrelétrica Parigot de Souza e a sede da empresa, que fica em Curitiba – atualmente não tem utilidade nenhuma.
# Notícias sobre o desaparecimento por 6 dias e resgate de um montanhista na região do PP alguns dias antes de eu fazer essa travessia: clique aqui e aqui.
Região belíssima, que bom ler o seu relato, com a precisão e completude de sempre. É uma pena q esse hábito de relatar parece ter ficado restrito a nós de meio dia pra tarde hahaha ... Um abraço Augusto
ResponderExcluirFala Chico.
ResponderExcluirBlz.
Estava enferrujado viu.
A um bom tempo não fazia uma caminhada tão longa como essa.
Então a gente vai perdendo aquela vontade de escrever.
Mas foi muito bom voltar a atualizar o blog com esses relatos.
E até porque na pandemia muitos lugares fecharam ou restringiram acesso.
Estava complicado fazer qualquer travessia. Só de 1 dia..
Essa região do PP é maravilhosa. Muitas opções.
Mas aos poucos a gente vai retornando para as trilhas, mesmo que seja com intervalos maiores.
Quem sabe em outubro vou caminhar aí para as bandas do Espinhaço.
Seus relatos e tracks serão minha referencia.
Gde abc Chico
Fala Augusto!
ResponderExcluirEu não sou nem de longe especialista em rastros de animais, mas venho me interessando em aprender a identificar as marcas que encontro. Segundo o Guia de rastros de mamíferos neotropicais de médio e grande porte da Paula Ribeiro Prist, no qual me baseei, todo felino apresenta a impressão de 4 dedos na pegada. De acordo com minha interpretação da sua foto, existem ali 5 dedos relativamente alongados, que podem pertencer ao mão-pelada (Procyon cancrivorus), também conhecido como guaxinim.
Abs
Ricci
E aí Marcelo, blz.
ExcluirNa foto que tirei, a pegada aparece mesmo com 5 dedos.
Imaginava que fosse um pequeno felino, mas vc tá certo.
As pegadas são de um guaxinim.
Valeu mesmo pela informação.
Gde abc
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQueria dar meu pitaco sobre o nome do Pico Ciririca. A origem dessa palavra remonta ao tupi, registrada pelo professor Eduardo Navarro como syryryk. É um verbo, significando "arrastar-se" ou "esfregar-se". Desse significado podemos aventar muitas possibilidades, desde as mais lúdicas, como uma relação com o esforço em se alcançar o cume, onde o pobre-diabo chegaria se arrastando. Mas, considerando a lógica habitual da atribuição toponímica da Língua Tupi, costumeiramente associada à morfologia local, acho mais acertado sugerir que o nome guarde relação com a planta tiririca (Cyperus rotundus), nome como acabou ficando conhecida a erva daninha, também medicinal e panc, que não duvido haver em abundância naquele morro.
ResponderExcluirBonus: em tupi, adicionando-se o sufixo "a" a um verbo obtém-se um substantivo dele derivado. Syryryk é "esfregar-se"; daí que syryryka é "esfregadela". Sim, o estímulo sexual feminino tem origem nessa palavra nativa.
Eu vi inúmeras placas lá na região citando o Ciririca com a letra "S".
ExcluirFiquei na dúvida se colocava aqui no relato desse jeito também, mas numa pesquisa rapida do google, a maioria dos sites citam com a letra "C", mesmo não sendo o correto.
Então preferi manter assim.
E sobre o professor Navarro, ele é super conhecido e é da mesma faculdade que me formei e da mesma época: FFLCH da USP. E também é geografo.
Valeu pelas informações.
Conheço bem o Navarro, estudei Tupi com ele lá na FFLCH entre 2012 e 2014 mais ou menos. Ele mora em Paranapiacaba, sabia?
ExcluirNessa época já tinha saido de lá a uns 10 anos.
ResponderExcluirNão sabia que morava na Serra do Mar.
Lugar maravilhoso.
Acho que encontrou o lugar perfeito para pesquisar e escrever seus livros.