15 de novembro de 2022

Dicas: Ouro Preto e Mariana – 4 dias de caminhadas pelas cidades históricas

Dando um pause nos relatos de treking, eu e minha namorada resolvemos visitar 2 cidades históricas de MG que já conhecia para fazer algumas caminhadas.
Ouro Preto não se resume somente ao turismo religioso, que é o de conhecer suas inúmeras igrejas ou sua linda arquitetura colonial preservada pelas ladeiras e ruas estreitas.
Claro que o interior de várias Igrejas é magnífico e não deve ser deixado de lado, mas o lugar também possui boas opções de caminhadas longe do centro histórico.
O ecoturismo com cachoeiras, poções, mirantes, trilhas também está presente nessa cidade e num feriado prolongado eu e a Vera resolvemos explorar as ruas e os parques.  
Andar por suas ladeiras é como voltar no tempo e conhecer cenários que remetem a grandes acontecimentos históricos de nosso país, por isso incluí nesse post alguns lugares que visitamos com dicas.
Nessa trip só tínhamos planejado visitar 
algumas Igrejas de Ouro Preto e Mariana e a Mina da Passagem em 2 dias e com isso sobrariam mais outros 2 para escolher trilhas em alguns parques.
Depois de ver a melhor logística saindo de São Paulo, resolvemos seguir de avião até BH e de lá em ônibus até Ouro Preto para evitar o cansaço de uma longa viagem de carro.


Fotos acima, pelas ruas de Ouro Preto e o interior da Igreja São Francisco de Assis

Fotos de Ouro Preto e Mariana: clique aqui     
Fotos do Parque das Andorinhas: clique aqui

                           
O que fazer em Ouro Preto

Não tem como visitar as Igrejas e os principais pontos turísticos nessas cidades sem caminhar pelas ladeiras, então estávamos unindo o útil ao agradável: uma caminhada pelo centro histórico e pelas trilhas dos parques e serras da região com algo que sempre curtimos fazer: caminhar.
Para início de qualquer roteiro e ponto de partida para os passeios, tem ser pelo coração de Ouro Preto que é a Praça Tiradentes, onde está localizada a estátua do mártir da Inconfidência. 
Se quiser contratar guias esse é o lugar, mas se quiser fazer um roteiro independente também é possível, usando o Google Maps.
A praça é onde acontecem os principais eventos da cidade e regularmente são montados palcos ao redor dela. Foi nesse local que a cabeça de Tiradentes ficou exposta depois do seu enforcamento. A parte negativa é que a praça virou um estacionamento público a céu aberto, poluindo visualmente o lugar.


City tour pelas ruas estreitas e Igrejas
Esse é um passeio obrigatório pela cidade. As Igrejas e suas ruas com muitas ladeiras são lugares que devem ser visitados. 
A arquitetura colonial e o estilo barroco de suas Igrejas são maravilhosos e merece no mínimo 2 dias para visitar seus principais pontos turísticos sem correria.
Não é uma cidade para sedentários, mas pelo menos as Igrejas ficam próximas uma das outras e a caminhada não se torna tão cansativa.
Para que o passeio não se torne exaustivo, coloque um bom tênis, se proteja com protetor solar e leve uma garrafinha de água.
Agora é mergulhar na beleza de suas ruas e ladeiras e observar como era a cidade a cerca de 300 anos atrás.
Abaixo vou colocar os lugares que nós visitamos na sequência.
Igrejas como Nossa Senhora do Carmo, São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Pilar possuem museus e que devem ser incluídos nas visitas, sendo que essas 2 últimas são as mais procuradas e mais belas de todas.
Maioria cobra uma taxa de visitação e os valores são referentes a Outubro/2022.

Museu da Inconfidência Mineira
É o Museu que está em frente a estátua de Tiradentes; bem fácil identificar porque sua imponência chama a atenção. Foi criado para abrigar objetos e documentos da época e homenagear os participantes da Inconfidência Mineira.
São divididos por salas que mostram diferentes aspectos dos séculos XVIII e XIX, como a religião, pintura, escultura, construção civil, mineração, incluindo obras de Aleijadinho e Manuel da Costa Ataíde, entre outros artistas. 
Ingresso: $10 Reais 
Audioguias: locação: $10 Reais

Igreja de São Francisco de Assis
Saindo do Museu é só descer uma pequena ladeira à direita e chegará na Igreja.
Projetado por Aleijadinho, é considerada uma das mais bonitas da cidade e na sua construção foram utilizados recursos arquitetônicos que não eram usados em construções de outras Igrejas da época. 
Construída em estilo barroco, com elementos decorativos rococó, o que mais chama a atenção é o seu teto, pintado pelo Mestre Ataíde, um dos maiores artistas do período colonial.
Nos fundos da Igreja funciona o Museu do Aleijadinho que também merece ser visitado.
Taxa de visitação: $10 Reais

Feira de Artesanato
Localizada em frente à Igreja São Francisco de Assis, esta feirinha de artesanato funciona todos os dias e é o lugar perfeito para comprar lembranças.
Vendedores e artistas expõem suas artes em pequenas barracas, sendo possível ver até alguns trabalhando ao vivo.
A maioria das barracas trabalha com a pedra sabão, que são esculpidas para fazerem joias, bijuterias, esculturas, peças de decoração e muitos outros artefatos.
A entrada é de graça.

Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e Igreja Nossa Senhora das Mercês


Seguindo pelos fundos da Igreja São Francisco é possível chegar a outra: a Nossa Senhora das Mercês, que infelizmente estava fechada nos dias que visitamos a cidade.
Outra Igreja que também merece uma visita é a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, que se localiza algumas ruas abaixo da São Francisco, mas que infelizmente também estava fechada para manutenção.
Se conseguiu visitar todas as Igrejas desse lado da cidade, agora é voltar para a Praça Tiradentes, onde se localiza outra bela Igreja.

Igreja Nossa Senhora do Carmo
Ao lado do Museu da Inconfidência, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo foi construída num lindo mirante da cidade e também é considerada um dos mais importantes templos da arte colonial mineira. 
Foi projetada por Manuel Francisco Lisboa e posteriormente alterada por seu filho, o Aleijadinho. 
O estilo é barroco-rococó, sendo que os altares, a porta de entrada e o lavabo são atribuídos ao próprio Aleijadinho.
Merecem destaque os painéis em azulejos portugueses encontrados na capela-mor.
Anexo à Igreja está o cemitério, construído no século XIX.
Taxa de visitação: $10 Reais

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar
Descendo as escadarias da Igreja Nossa Senhora do Carmo, a partir daqui é ladeira abaixo até chegar nessa Igreja, que quase não aparece na paisagem. Ela surge de repente e é outra representante do estilo barroco com seus altares repletos de ouro e prata.
É considerada a segunda Igreja mais rica em ouro do país (só perde para a São Francisco de Assis, de Salvador)
O teto da Igreja é composto por painéis de estilo rococó que representam personagens e temas do Antigo Testamento e as esculturas esculpidas em madeira presentes nos altares laterais são magnificas.
No subsolo se encontra o Museu de Arte Sacra do Pilar, cujo acervo compreende peças como pratarias, mobiliário, vestimentas e imagens dos séculos XVIII e XIX.
Ingresso a $10 Reais deve ser adquirido numa pequena lojinha em frente. 

Igreja São Francisco de Paula
Essa foi a última igreja que visitamos, já que saindo da Nossa Senhora do Pilar é só subir uma ladeira e uma longa escadaria. 
Localizada próxima da Rodoviária, a Igreja se destaca no alto de um morro e isolada de outras, por isso é fácil avistá-la de vários pontos da cidade.
Foi uma das últimas Igrejas a serem construídas no período colonial e seu interior é bem simples.
Nem dá para se comparar com as outras Igrejas que visitamos, mas por ter um acesso relativamente fácil e por ter 2 lindas torres, ela tem fazer parte de qualquer roteiro pela cidade.
Ao entardecer, as suas 2 torres sobressaem na paisagem se misturando com as cores alaranjadas do Sol. É um lindo espetáculo.
Não há cobrança de taxa de entrada.

Mirante do Morro São Sebastião
O lugar é um mirante natural, cujo acesso é pela Rua Henri Gorceix, que se inicia a poucos metros da Praça Tiradentes, oferecendo um belo visual de quase toda a cidade.
A caminhada até o local é relativamente rápida: cerca de 15 minutos. O problema é o íngreme trecho morro acima pela ladeira conhecida como João de Paiva. Se você já conheceu as Igrejas desse post e caminhou por todas as ladeiras que levam a elas, se prepare que o percurso até esse mirante é bem mais cansativo.
Para quem está de carro, é possível deixá-lo junto ao mirante, onde cabem no máximo 2 pequenos veículos.
Fomos conhecer o lugar quando estávamos indo na direção do Parque Natural das Andorinhas e no retorno presenciamos o por do Sol, que também é um espetáculo maravilhoso.

Minas de Ouro
Em Ouro Preto existem cerca de 270 minas catalogadas, segundo a Universidade Federal de Ouro Preto, porém são poucas as que estão abertas à visitação.
Visitar uma antiga mina é passeio obrigatório, até para entender como os escravos trabalhavam sob condições deploráveis com ambiente frio, úmido e escuro. E olha que antigamente a iluminação era feita somente por lamparinas que exalavam uma fumaça.
Os escravos extraiam o ouro nas minas muitas vezes acorrentados, doentes e sem se alimentar por horas.
São minas que se localizam em quintais de residências e os valores cobrados são cerca de $50 Reais (uma das mais baratas é a do Chico Rei). O tempo de visitação é em torno de 40 a 50 minutos.
Além da Chico Rei, outras que são muito visitadas são a Jeje e a Du Veloso. Anos atrás visitei a Chico Rei, cujo acesso é dos mais fáceis, por ser próximo ao centro histórico.
Por isso dessa vez escolhi a Mina da Passagem, que se localiza entre Ouro Preto e Mariana.
Ela se difere das outras por ter sido uma mina industrial e o túnel é bem maior que as de Ouro Preto. 
Além da visitação à mina, o local também oferece mergulho nos lagos dentro dos túneis, mas com toda segurança.
No folder da Mina ela é descrita como maior mina do mundo aberto à visitação
A visita começa com embarque em uma espécie de trenzinho, chamado de trolley, que desce a cerca de 120 metros de profundidade por pouco mais de 300 metros de extensão.
Ao final da descida, os visitantes seguem caminhando por túneis abertos na rocha que somam 30 Km, passando por grandes salões e imensas colunas. 
Segundo os guias é possível sair de Mariana até Ouro Preto seguindo por eles.
A visitação no interior da mina tem duração de cerca 1 hora e ao longo do passeio os guias explicam como era o funcionamento da mina e o ciclo do ouro. 
O ingresso não é barato. 
O valor para adultos é de $200 Reais, porém em alguns meses eles costumam oferecer promoções com preços quase pela metade, por isso ligue antes. Foi o que aconteceu com a gente.
E o pagamento só pode ser feito em dinheiro.
O Acesso é muito fácil. Só embarcar no circular que liga Ouro Preto a Mariana e pedir para descer em frente a Mina.

Passeio de trem até Mariana e visitas às Igrejas
É outro passeio imperdível, mas devido a pandemia, o trajeto está suspenso sem data para retornar.
Nossa intenção era seguir até Mariana por ele e lá fazer o roteiro das Igrejas.
Depois de visitar a Mina da Passagem, seguimos de circular em direção a Mariana e lá fomos conhecer outras Igrejas.
As duas mais famosas são a Igreja Nossa Senhora do Carmo e a São Francisco de Assis e para variar a São Francisco estava fechada.
São duas Igrejas quase que idênticas localizadas em uma grande praça. 
Um triste fato que aconteceu em 1999 foi o incêndio da Igreja Nossa Senhora do Carmo, que consumiu totalmente o teto da mesma, restaurado anos depois, mas as pinturas e altares laterais em estilo rococó foram totalmente consumidos pelo fogo.
Depois de conhecer a Nossa Senhora do Carmo fomos visitar outra Igreja: a de São Pedro, seguindo pela mesma rua até o ponto mais alto dela, onde é possível visualizar boa parte da cidade.

Parques em Ouro Preto
Caminhar em Ouro preto não é só pelas ladeiras. De vários parques que existem na cidade, visitamos 2 que são perfeitos para caminhadas por trilhas que levam a cachoeiras, poções e lindas paisagens e mirantes. 

Parque Estadual do Itacolomi
O acesso ao parque é em frente ao trevo de entrada para o Hospital Santa Casa de Misericórdia e junto da Rodovia que liga Ouro Preto a Mariana. Seu principal ponto turístico remete aos bandeirantes: o Pico do Itacolomi. 
Nos séculos XVII e XVIII serviu de referência para os bandeirantes que buscavam ouro pela região. Com trilha demarcada por cerca de 12 Km, o pico oferece uma vista privilegiada de toda a cidade.
Grande parte das trilhas se iniciam próximas do centro de visitantes e são sinalizadas, mas não ficam próximas da portaria. Para chegar nelas é preciso seguir por uma estrada de terra com aclive suave que se inicia ao lado da guarita. 
Com uma vegetação de mata atlântica e campos de altitude, o parque se destaca pelos afloramentos rochosos nas partes mais altas, cujas rochas apontam para uma mesma direção. 
A taxa de visitação é de $20 Reais e não existe a obrigatoriedade de contratação de guia.
Para a trilha em direção ao Pico do Itacolomi, o relato é esse aqui.

Parque Natural Municipal das Andorinhas

Poços no Rio das Velhas
Outro parque que visitamos e ficamos o dia todo é o Parque Municipal das Andorinhas, onde são encontrados os bioma mata atlântica e o cerrado, com entrada gratuita.
É um lugar com cachoeiras, poções, belos mirantes e trilhas sinalizadas de nível fácil até o mais hard.
No interior do parque estão as principais nascentes do Rio das Velhas, que exerceu uma grande importância para o desenvolvimento da região central de Minas Gerais, pois era um dos principais caminhos usados no ciclo do ouro e dos diamantes.
Entramos pela Portaria 2 onde a infraestrutura do parque conta com estacionamento, banheiros, lanchonete, churrasqueiras e bebedouros localizados junto da administração.
As trilhas são sinalizadas com placas e setas indicativas, então é impossível se perder.
Um dos lugares mais visitados do parque é a Cachoeira das Andorinhas, localizada no meio de uma fenda, numa espécie de gruta, cujo acesso é descendo por uma estreita trilha entre as pedras até chegar na base da cachoeira, onde é possível ver toda a queda. Com cerca de 10 metros, ela é magnifica e não é muito difícil encontrar uma pequena fila para fotos em frente à queda.
Veja nesse vídeo:
Próximo à parte alta dessa cachoeira existe um dos principais mirantes do parque. É a famosa Pedra do Jacaré, que é uma saliência em um enorme paredão com vista para o vale do Rio das Velhas. 
Descendo por uma trilha bem sinalizada que se inicia junto a esse mirante, a próxima cachoeira é a dos Pelados, que possui um pequeno poço e onde se chega somente na base dela. 
A cachoeira tem uma queda de uns 5 metros e é necessário retornar à trilha principal para continuar a caminhada em direção a Cachoeira Véu das Noivas.
Com pequenos poços junto ao topo, essa cachoeira é a maior do parque com 2 quedas que somam 50 metros.
Dispõe de um lindo mirante, mas para chegar na base dela não é tão fácil, por isso nossa visita às atrações do Parque finalizaram aqui.
Descendo o rio, existe outro poção, chamado de Folhinha, em meio à vegetação, mas a trilha até lá se inicia próximo da portaria e a distancia é um pouco longa: quase 5 Km entre ida e volta.
Por isso ficamos curtindo os pequenos poços do Véu das Noivas e antes do final da tarde, retornamos pela trilha, para seguir em direção a Ouro Preto.
Para vir ao parque seguimos por uma estrada de terra que se inicia na praça principal da parte mais alta do bairro São Sebastião e foi cruel porque era um poeirão só.
No retorno preferimos seguir por uma trilha que se inicia junto ao mirante do parque e segue em aclive suave, paralelamente à estrada que tínhamos vindo, cruzando até com o Rio das Velhas que é apenas um pequeno curso d’água.  É uma trilha que segue por dentro do parque e parece que é muito usada pelos bikers.
Outra opção é seguir de ônibus circular até a parte mais alta do bairro São Sebastião (exatamente nesse local) evitando todo o trecho de subida pela ladeira, porém em fins de semana o intervalo entre um ônibus e outro chega a quase 2 horas. São as linhas:
- 241: São Cristovão x Morro São Sebastião e
- 250: CooperOuro x Morro São Sebastião. 


Alimentação
Nos dias que ficamos na cidade jantamos em vários restaurantes diferentes.
A maioria está localizada na nos arredores da Praça Tiradentes e na Rua Direita (conhecida também como Rua Conde de Bobadela). São vários para escolher, de todos os gostos e bolsos.
Tutu à mineira
Um dos lugares que jantamos e recomendo é o 
Restaurante Contos de Réis, que fica ao lado da Pousada Solar Do Carmo (que ficamos hospedados).
O lugar tem muita história, pois antigamente era a senzala do casarão, onde hoje funciona a pousada. 
É um restaurante típico da comida mineira e os pratos são generosos e dá tranquilamente para 2 pessoas. Só não espere comida barata, mas assim mesmo valeu a pena.


Hospedagem
Café da manhã
Por termos ido para Ouro Preto num feriado prolongado, as pousadas não estavam com bons preços e já era de se esperar.
Escolhemos uma não muito longe da Praça Tiradentes, devido a proximidade com as Igrejas e bons restaurantes.

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