Dessa vez escolhi um no meu Estado natal, mas como iria fazer a caminhada sozinho, levei também um outro relato mais recente dele que fazia parte da Revista Aventura Já. Com os dois relatos impressos, pelo menos não teria problemas de navegação, mas um problema surgiu quando cheguei lá: o clima.
Esse não dá para evitar. Foram chuvas torrenciais, o que causou alguns problemas.
Mas como já tinha marcado alguns dias de folga no trabalho, não tinha como mudar as datas e o jeito era ir assim mesmo.
Pelos relatos do Beck, dizia que a caminhada era puxada, mas o visual compensava, então fui para lá animado.
Foto acima: na subida da crista com Pico do Paraná bem ao fundo
Fotos e um croqui estão nesse álbum: Clique aqui
Saí de São Paulo em direção à Curitiba em um Domingo, planejando retornar na Quarta ou
Quinta-feira.
No Terminal Tietê peguei o ônibus das 07:00 hrs e
já quase na divisa de SP/PR peguei chuva forte, o que já era um mau presságio.
No posto do Tio Doca, de bandeira Shell (atual Posto Mahle), no Km 48 já no PR,
cheguei por volta das 12:00 hrs com tempo bom. O posto é bem fácil de
encontrar, pois é muito grande e fica logo após a Represa do Capivari.
Descendo no Posto tive que retornar uns 2 Km até a
2ª ponte, junto ao Km 46, onde se inicia a estrada de terra à direita em direção
à Fazenda Pico do Paraná. Já na estrada
de terra, cerca de uns 15 minutos depois de iniciada a caminhada, passei ao
lado de vários pés de caquis ao longo da estrada, que estavam abarrotados.
Porteira da Fazenda PP |
Passei ao lado de uma Igreja da Assembléia de Deus à
esquerda e mais alguns minutos uma outra bifurcação, onde sigo para a esquerda novamente.
Daqui para frente o trecho começa a ficar mais
íngreme e será assim até a porteira de entrada da Fazenda, onde
termina a estrada, cerca de 1 hora e 30 minutos desde a Rodovia, chegando aqui pouco depois das 14:00 hrs.
Assim que se passa a porteira existe uma descida
forte até a sede da Fazenda e à direita já é possível ver uma pequena crista
por onde passa a trilha, conhecido como Morro do Getúlio e com alguns picos ao fundo (Caratuva e Itapiroca em primeiro plano).
Finalizado o trecho de descida, cruzo com um riacho e chego na sede da Fazenda, onde se deve pagar uma taxa.
O lugar também dispõe de um grande estacionamento, lanchonete e camping com chuveiros.
O lugar também dispõe de um grande estacionamento, lanchonete e camping com chuveiros.
Existe um controle de acesso com cadastro e não vejo necessidade de pegar água aqui, pois é um peso extra à toa, já que a cerca de 2 horas à frente, a trilha passa ao lado de uma bica dágua.
No dia que passei aqui o estacionamento tinha aproximadamente uns 10 carros, então eu iria cruzar com muita gente voltando do Pico.
No dia que passei aqui o estacionamento tinha aproximadamente uns 10 carros, então eu iria cruzar com muita gente voltando do Pico.
Morro do Getúlio |
Com vistas da Fazenda, Rodovia e a Represa, vou passando por alguns mirantes naturais, onde encontrei vários montanhistas descansando.
Logo a trilha se estabiliza e segue para a
esquerda, passando por um lago de água parada não-potável à esquerda e algumas
clareiras onde podem ser montadas barracas.
Parada para descanso na subida |
Atrás de mim a Represa do Capivari se destaca ao
fundo e vou seguindo por trilha bem demarcada.
Até esse ponto devem ter passado por mim cerca de 15
pessoas, entre grupos e alguns solitários voltando do pico e assim que a trilha
volta a entrar em mata fechada novamente, existe uma clareira do lado direito,
onde cabem umas 5 barracas e onde montei a minha e passei a 1ª noite.
Camping com Pico do Caratuva ao fundo |
Naquele final de tarde inúmeros montanhistas
passaram por ali e perguntando para eles como estava a trilha do PP, diziam que
estava muito escorregadia e o entorno do Pico estava encoberto a maior parte do tempo.
Como não tinha trazido água lá da Fazenda, agora
era buscar em uma bica que se localiza um pouco à frente, cerca de uns 10
minutos de onde eu estava.
Peguei cerca de 2 litros de água, que era o
suficiente para fazer o meu jantar.
Só torcia para que o tempo bom continuasse
e melhorasse ainda mais, mas infelizmente não foi o que aconteceu.
Assim que
jantei e me recolhi para dentro da barraca, o tempo fechou totalmente e durante a noite não dava para ver nada fora da barraca.
No dia seguinte, saí em direção ao PP por volta das
07h30min, com o tempo totalmente fechado e uns 20 metros à frente há uma
bifurcação, à esquerda que leva ao Pico do Caratuva e um pequeno riacho onde
se pode pegar água.
Não recomendo subir por essa trilha, já que o
trecho é muito íngreme.
Segui pela bifurcação da direita, que vai contornando o
Caratuva.
A trilha agora é quase toda por trechos de raízes
expostas, onde o caminhar se torna mais lento.
Do Pico do Itapiroca com neblina tomando conta |
Nesse ponto procurei um lugar para esconder minha mochila e subi até o
topo somente com a máquina fotográfica.
Chega-se primeiro a uma parte plana bem abaixo do
topo e daqui sai uma outra trilha que entra por uma mata fechada e depois
emerge quase próximo do topo.
Livro do cume no topo do Pico do Itapiroca |
Cheguei aqui por volta das 09h30min e naquele
horário não dava para ver nada, já que o local estava totalmente encoberto, por
isso não fiquei muito tempo aqui e voltei para a trilha.
Já com a mochila nas costas, fui seguindo na direção do PP e ainda passei por
mais 2 riachos e como nos dias anteriores tinha chovido bastante, encontrei
varias poças de água e um lamaçal só.
Crista do PP ao fundo |
Dessa clareira sai uma trilha à esquerda para o
Pico do Caratuva que é fácil encontrá-la. Mais alguns metros e chego a uma
outra clareira, mas tomada pela lama.
Cheguei aqui por volta das 11:00 hrs com o tempo
totalmente encoberto e encobrindo todos os picos ao redor.
Se o tempo estivesse bom daria para ver
perfeitamente todo o maciço do PP e o percurso para se chegar no topo dele, mas
eu não estava dando sorte.
PP ao fundo |
Aqui se inicia uma longa subida íngreme, sendo que
no 1º momento há um paredão a ser ultrapassado, mas que alguns grampos fixados
na rocha ajudam. E tome subida. Quem tem medo de altura, pode ter problemas aqui e não conseguir avançar nesse trecho.
Passado esse trecho vertical e com cerca de 40 minutos chego no Abrigo 2, com algumas pequenas clareiras muitos boas para montar
barracas e onde existe um antigo refúgio semi-destruído na borda à esquerda e
somente suas paredes estão de pé, não havendo teto.
O lugar é um verdadeiro
lixo, sendo transformado em um banheiro a céu aberto.
Aqui também é o ultimo ponto para se pegar água,
que se localiza seguindo por uma trilha que passa ao lado do antigo refúgio e
segue pela encosta à esquerda. A bica é bem pequena, mas tem água potável.
Ponta do Pico do Ibitirati |
Voltando a subir pela trilha, de vez em quando o
tempo abria e dava para ver toda a crista restante de subida do PP, distante
ainda cerca de 1 hora.
Conforme chegava mais próximo do topo, a caminhada
se tornava cada vez mais lenta e difícil, com lances de escalaminhada em rocha, que são bem perigosos.
É necessário tomar muito cuidado para não sofrer
algum acidente e cerca de 2 minutos antes do topo chego a uma pequena clareira
à direita, suficiente para umas 2 ou 3 barracas.
Chegando no PP, ao fundo |
Seguindo uma trilha à direita da clareira chego no
cume do PP sem maiores dificuldades, com pouco mais de 1h30min, desde o trecho vertical.
A altitude aqui é de 1877 metros e o topo é plano, possuindo algumas clareiras
desprotegidas (umas 3 ou 4), suficientes para umas 10 barracas ou mais.
No momento em que cheguei o tempo estava
relativamente bom, com algumas aberturas.
A visão daqui alcança o litoral, uma parte da
cidade de Curitiba e todos os picos ao redor, que são vários: Ferraria, Cerro Verde, Camapuã, Tucum e o Ciririca com suas famosas placas são alguns dos picos avistados e quem sabe, ficam para uma outra oportunidade.
Topo do Pico do Paraná |
Pelo teor das mensagens dava para notar que a
maioria que sobe até o topo retorna no mesmo dia, por isso lixo inexistia aqui.
Pela quantidade de pessoas que eu tinha cruzado
pela trilha era um bom sinal de que a consciência ecológica estava se
sobrepondo aos porcalhões.
Um problema de se acampar aqui é que o topo é um
local muito exposto, mas prendendo bem a barraca não haverá dificuldades.
Devido às chuvas dos dias anteriores, o solo estava
bem encharcado e quando chegou a noite ela voltou com força total.
Picos ao redor |
Se eu não estivesse com o isolante, o saco de
dormir já estaria todo molhado e foi o que me salvou naquela noite.
Por volta das 03:00 hrs da madrugada a chuva parou
e notei que a temperatura não estava tão baixa (cerca de 4°C).
Me enfiei novamente no saco de dormir e voltei a
dormir por mais algumas horas.
Por volta das 08:00 hrs da manhã acordei, tomei um belo café da manhã e passei boa parte do tempo
tentando limpar embaixo da barraca, o que foi tempo perdido, pois a chuva iria retornar com mais força ainda.
Saí por volta das 09h30min em direção ao Pico do
Caratuva.
Picos encobertos |
Quando estava chegando no Abrigo 2, a chuva
retornou e com muita mais intensidade.
Como estava com parte da roupa toda molhada, a
chuva resolveu fazer o restante do serviço. Pelo menos estava com uma capa para
a mochila, evitando que a mesma também se molhasse.
Devido a chuva que estava muito forte, resolvi nem
pegar água na bica, pois já nem contava em subir o Pico do Caratuva.
A água da chuva ia formando um verdadeiro riacho
pela trilha que ia descendo, mas depois de 1 hora, quase chegando no Abrigo 1 a
chuva cessou e o tempo abriu de vez e deu até para ver toda a crista do PP.
Ao redor |
A opção que eu tinha era subir o pico e acampar no
topo, descendo no dia seguinte pelo outro lado, mas havia um problema de eu não
ter água. Eu contava em achar algum riacho na subida da trilha.
A segunda opção era voltar pela mesma trilha para a
sede da Fazenda e acampar por lá, para no dia seguinte ir embora.
Fiquei alguns minutos pensando no que fazer e
resolvi seguir a 1ª opção.
Pego uma bifurcação que
sai das clareiras do Abrigo 1 e sigo quase em linha reta, sempre subindo.
Nesse início do trecho não encontrei bifurcações,
então é uma trilha relativamente fácil, mas logo a chuva retornou e tomei outro
caldo. Roupa ensopada novamente. Faz parte.
A subida vai alternando por vegetação de capim
baixo e árvores pequenas, porém sem escalaminhadas por rochas.
Antenas no topo do Pico do Caratuva |
Já eram por volta das 13:00 hrs e não encontrei
riacho nenhum mesmo, o que era um problema, pois estava sem uma gota de água.
Até tentei procurar alguma bica, mas nada. Sem o precioso liquido, seria muito complicado
montar acampamento aqui. Até poderia pegar a água da chuva, mas já estava
estressado demais e por isso resolvi descer pelo outro lado e acampar lá
embaixo.
O topo desse pico é marcado pela colocação de
antenas de retransmissão de rádio.
Existem boas clareiras onde dá para montar barracas
sendo algumas protegidas do vento.
Existe até um livro do cume, que fica dentro de um
cano de PVC, preso em uma das antenas.
A trilha de descida é bem fácil de encontrar, porém
é ainda mais íngreme que a do PP, por isso todo cuidado é pouco.
Fiquei imaginando alguém subindo por essa trilha.
Deve ser bem difícil e cansativo. A vantagem é que a trilha é
feita em mata fechada e as raízes expostas e os galhos ajudam muito na descida.
Existe uma pequena bifurcação à direita depois de
uns 30 minutos, mas a trilha correta é
sempre descendo.
Logo cheguei a um pequeno riacho, onde peguei água e continuei descendo e mais à frente a trilha passa por um outro
riacho e logo chega em uma bifurcação.
Para a direita é a trilha que volta para sede da
Fazenda e à esquerda ao PP.
O lugar fica bem lado de onde acampei no primeiro
dia.
Secando as coisas da mochila no retorno |
Do topo do Caratuva até ali tinha levado quase 1
hora. Resolvi então procurar um local plano junto à trilha, onde pudesse secar
algumas peças de roupas e a barraca.
O topo do Caratuva e os picos ao redor estavam
totalmente abertos e com muito Sol. Depois de secar boa parte das minhas
coisas, resolvi montar a barraca por ali mesmo.
Durante a noite o tempo se fechou, mas a chuva não
veio.
No dia seguinte acordei
cedo, procurei organizar bem a mochila e desci em direção à sede da Fazenda, em
um percurso bem rápido e com algumas paradas, chegando na sede por volta das
10:00 hrs.
Lá tinha um funcionário da Fazenda e pedi a ele para tomar um banho de chuveiro quente.
De banho tomado, segui em direção à Rodovia por
volta das 11:00 hrs e tinha a informação de que o ônibus para Curitiba passava
entre 15:00 e 16:00 hrs, por isso fui numa caminhada bem lenta e sem pressa.
Passei ainda na plantação de caquis que estavam ao
longo da estrada, peguei alguns e fui comendo até a Rodovia, onde cheguei por
volta das 14:00 hrs.
Existe um ponto de ônibus na Rodovia que fica junto
do final da estrada de terra, mas resolvi ir até o Posto do Tio Doca, onde
fiquei aguardando o ônibus até quase as 16:00 hrs em direção à Curitiba, chegando lá pouco
antes das 17:00 hrs e em São Paulo pouco minutos antes 00:00 hrs, a tempo de
pegar o Metrô e voltar para casa.
Dicas e algumas informações úteis (Atualizado Julho/2020)
# Alguns anos depois voltei a essa região para fazer uma outra trilha: a Picada do Cristóvão. É uma trilha histórica que se inicia próximo da Fazenda PP e desce a Serra do Mar, finalizando em Antonina. Relato com fotos:
http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-picada-do-cristovao-uma.html
# Se quiser economizar na caminhada, um dos frentistas do Posto Tio Doca oferece transporte até a Fazenda Pico do Paraná, onde se inicia a trilha. É só perguntar no Posto.
# Essa região agora faz parte do Parque Estadual do Pico do Paraná e existe uma cobrança de taxa, que é feita pelo proprietário da Fazenda, no valor de $15 (ano de 2020).
http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-picada-do-cristovao-uma.html
# Se quiser economizar na caminhada, um dos frentistas do Posto Tio Doca oferece transporte até a Fazenda Pico do Paraná, onde se inicia a trilha. É só perguntar no Posto.
# Essa região agora faz parte do Parque Estadual do Pico do Paraná e existe uma cobrança de taxa, que é feita pelo proprietário da Fazenda, no valor de $15 (ano de 2020).
Contato - Dilson: (41) 99906-5574.
# Água potável na estrada de acesso até a Fazenda
não existe.
Água de qualidade só é encontrada:
- na sede da Fazenda;
- na base do Caratuva, onde existe uma bifurcação
(nas duas trilhas é só caminhar uns 5 minutos e encontrará um riachinho);
- poucos minutos antes de chegar no Abrigo 1;
- e no Abrigo 2, à esquerda, a cerca de 1 hora do cume do PP.
# No Abrigo 2, a água é em pequena quantidade.
Talvez no inverno, quando chove menos, a qualidade da água pode não ser boa.
# Sinal de telefonia celular se consegue na crista
e no topo dos picos.
# Existem várias clareiras na trilha para montar
barracas, antes de se chegar nos Abrigos 1 e 2.
# Se vier de carro economizará uma boa caminhada
desde a Rodovia e estacionamento não é problema, porque ao lado do início da
trilha há um imenso gramado.
# Existe uma opção de se fazer uma travessia,
entrando pela Fazenda Pico do Paraná, passando pelo Pico do Itapiroca, Cerro Verde e outros picos para finalizar na Chácara do Bolinha.
Ainda volto lá para fazer essa caminhada.
Ainda volto lá para fazer essa caminhada.
Gostaria de saber se, pegando o ônibus no terminal tietê sentido curitiba, o ônibus para nesse posto do tio doca sem precisar pegar outro ônibus no terminal de curitiba.
ResponderExcluirSim, o onibus que vem de SP para nesse Posto.
ExcluirMas é preciso deixar a mochila dentro do ônibus. Se ela estiver no bagageiro, é capaz que o motorista não permite abri-lo e com isso vc terá de ir até Curitiba.
Ao entrar no ônibus é só dar um toque p/ o motorista que vai parar no Posto Tio Doca (pouco depois da Represa do Capivari). Todos conhecem o lugar.
E no próprio Posto, se vc quiser, é possivel contratar um transporte até a entrada da trilha, que vai te economizar algumas horas.
Abcs