22 de julho de 2024

Relato: Travessia Altamira x Alto Palácio - Parque Nacional da Serra do Cipó/MG

Durante muito tempo mantive uma lista das clássicas travessias que pretendia finalizar e nos últimos anos quase zerei essa lista. As duas últimas foram: Chapada Diamantina e Lençóis Maranhenses.
Mas na Serra do Espinhaço não tem somente a Lapinha-Tabuleiro como uma clássica travessia. Tem também a Alto-Palácio-Serra dos Alves e essa eu não tinha feito. Talvez por falta de oportunidade mesmo e pela proibição do Parque durante alguns anos. 
E com minhas férias marcadas para alta temporada de caminhada pelas montanhas (junho) fui pesquisar essa travessia e planejar a melhor forma de fazê-la.
E encontrei algumas opções para emendar essa caminhada com outras, se tornando uma verdadeira Transespinhaço no sentido sul-norte, com mais de 150 Km de extensão, com inicio na Serra dos Alves, passando pela portaria Alto Palácio no primeiro trecho e de lá seguindo até Lapinha da Serra no segundo trecho para finalizar no Morro do Camelinho, na Rodovia MG-259, que seria o último e mais longo trecho dessa travessia.
Então estava planejada a minha caminhada do ano: Transespinhaço de sul a norte de Altamira até Morro do Camelinho. Porém as coisas nunca acontecem do jeito que nós planejamos e com isso tive que mudar meus planos quase na metade do caminho. Uma pena.
Nesse relato incluí também tópicos abordando o planejamento e a logística de toda essa caminhada que seria uma mega travessia.

Nas fotos acima o visual do Parque no topo da serra e o Vale do Travessão

Fotos da travessia: clique aqui

Tracklog para GPS: clique aqui 



Planejamento
Se iniciasse a caminhada pelo norte, obrigatoriamente eu iria finalizar os últimos 3 dias dentro da área do Parque Nacional da Serra do Cipó e por ser um lugar inédito para mim, vi que não era uma boa opção, pois estaria bem cansado. 
Por já ter caminhado pela Lapinha-Tabuleiro, que fica ao norte, achei melhor iniciar a caminhada pelo sul, já que estaria descansado quando estivesse fazendo o primeiro trecho dessa caminhada.
No site do wikiloc encontrei dezenas e dezenas de arquivos de GPS para usar em toda essa travessia e levei cerca de 5 tracklogs, com um emendando no outro, já que os arquivos completos que encontrei seguiam por trechos que pretendia evitar.
E pesquisando o início da caminhada pela Serra dos Alves, a logística estava bem complicada e por vários motivos: teria de seguir de Belo Horizonte até Itabira e de lá tomar outro ônibus circular até Serra dos Alves, porém ele só operava apenas 1 dia na semana, na sexta-feira no horário das 15h30min, me obrigando a ficar hospedado uma noite no povoado. Não queria isso, então transporte público estava fora de questão.
A outra opção era transporte particular, tipo uber ou mototáxi. Porém o percurso seria longo demais com parada em Senhora do Carmo para depois seguir para Serra dos Alves e como estava sozinho nessa empreitada, era arriscado demais chegar em Itabira e ainda procurar um transporte, perdendo 1 dia nisso. E ir com meu carro, sem chances, já que teria um trabalhão depois para ir pegá-lo de volta. E o último problema era que eu pretendia conhecer a Cachoeira Braúnas e pela trilha da Serra dos Alves seria um trajeto bem mais longo.
Olhando os tracks que estavam no wikiloc, uma outra opção era iniciar a caminhada pelo Distrito de Altamira (pertencente a Nova União). Pelo menos lá eu teria o transporte público diariamente e com a possibilidade de passar ao lado da Cachoeira Braúnas ao longo da caminhada.
E assim fechei o roteiro da minha travessia: início da caminhada no Distrito de Altamira, subindo a Serra do Espinhaço e passando pelos 2 abrigos oficiais do Parque Nacional: Casa dos Currais e o de Tábuas para finalizar na portaria Alto Palácio. Esse trecho inicial possui mais de 50 Kms, ligando o Distrito de Altamira até a primeira sede do Parque Nacional, em Alto Palácio, seguindo por antigas trilhas anterior à criação do Parque Nacional e com traçado quase em linha reta na direção sul-norte, pelo meio do Parque. 
E ao chegar na portaria Alto Palácio, seguiria para o segundo trecho dessa travessia até Lapinha da Serra, passando pela Cachoeira da Capivara.
E o último trecho seria até o Morro do Camelinho, passando próximo da Cachoeira do Bicame e do Vilarejo do Cemitério do Peixe.
Definido o roteiro, agora a parte burocrática. Teria de solicitar autorização ao Parque Nacional da Serra do Cipó e assim fiz através do e-mail do parque.
Depois de informar o meu roteiro, datas e dados dos documentos, recebi a autorização sem muita demora.
Enviaram também tracklogs das trilhas pelo parque e quem sabe algum dia retorne para fazer alguma delas. 
O planejamento era para ser uma caminhada de no mínimo 1 semana, então a minha cargueira estava no limite. Não cabia nada a mais nela e tive até que deixar meu drone de fora dela.
Comida não era muito, porque pretendia fazer um reabastecimento em Lapinha da Serra.
Agua não era um problema, já que os tracklogs indicavam vários riachos ao longo da caminhada.
Nessa travessia, que seria inteiramente pela Serra do Espinhaço de sul a norte, existem algumas peculiaridades: ela é considerada a única cordilheira do país, se estendendo por mais de 1000 Km, desde o norte de MG até ao sul da Bahia, já na Chapada Diamantina, como se fosse uma linha reta e por isso recebeu o nome de Espinhaço, que tem a ver com espinha. Outra característica que acontece somente no Espinhaço são as rochas que emergem do solo inclinando na mesma direção, para oeste. E a teoria é de que no encontro das placas tectônicas houve uma elevação do relevo e consequente soerguimento dessas rochas.

Logística
Como minha intenção era chegar no Abrigo Casa dos Currais antes do anoitecer, eu tinha que iniciar a caminhada em Altamira o mais cedo possível.
E o único ônibus circular que chega em Altamira sai do município de Nova União em apenas 1 horário: por volta das 11:00hr a 11h30min. É um ônibus rural da empresa Transtatão e se perdesse esse não haveria outra opção de transporte público.
Para chegar em Nova União tem o ônibus de BH até essa cidade saindo do Terminal São Gabriel (ao lado da estação de metro de mesmo nome) em 4 horários. É um ônibus metropolitano com linha de número 4882 e os únicos horários úteis para mim eram o das 06h30min ou das 10:00hrs. Se embarcasse em BH nesse das 10:00hrs assim que chegasse em Nova União já embarcaria no circular para Altamira.
Se fosse no das 06h30min chegaria em Nova União por volta das 08:00hrs e teria aguardar algumas horas até embarcar no circular até Altamira, mas preferi ir nesse assim mesmo – vai que consigo uma carona né. E descendo no centro do pequeno Distrito de Altamira ainda teria um trecho de quase 8 Km por estrada de terra até o início da trilha, que daria para fazer em umas 2 a 3 horas de caminhada.
Agora saindo de São Paulo a maioria das linhas de ônibus chegam em Belo Horizonte por volta das 06:00hrs a 08:00hrs. Em cima da hora e arriscado. 
Tive que apelar para a Buser, saindo de São Paulo as 18:00 hrs e chegando em BH por volta das 04:00hrs com desembarque no Terminal Turístico JK, que não é perto de nenhuma estação de metrô, além de ser cedo demais, mas escolhi essa opção mesmo.
Definido os horários e os ônibus que usaria para chegar no início da trilha, em Altamira, agora como sair de lá ao finalizar essa caminhada?
Minha intenção era terminar no Morro do Camelinho, junto a BR 259 e lá tinham algumas opções de ônibus que passavam ali, saindo de Diamantina para Belo Horizonte pelas empresas Pássaro Verde ou Serro. E claro, se uma carona surgir, melhor ainda. Então não estava preocupado.


Relato

Dia 1: Distrito de Altamira x Abrigo Casa dos Currais
Em São Paulo embarquei no inicio da noite em um dia de semana com o ônibus relativamente vazio e confortável de 2 andares. Ao longo do trajeto até BH foram 2 paradas onde alguns passageiros desceram e só fomos chegar em BH pouco depois das 03:00 hrs. 
Assim que desembarcamos fiquei em um pequeno barzinho e vários taxistas vieram me perguntar para onde eu ia, oferecendo o serviço. São insistentes e até chatos. Como era muito cedo e o Metrô ainda iria demorar para abrir, fiquei aguardando um certo tempo.
E quando já eram quase 05:00 hrs já estava embarcando na Estação Central do Metrô em direção a Estação São Gabriel e ao descer nela já segui para o Terminal de ônibus ao lado. Na bilheteria foi cobrado o valor do ônibus e de um cartão que totalizou $25 Reais.
A linha de ônibus é 4882 Nova União, com saída as 06h30min e pelo caminho mantive conversa com um dos passageiros falando da minha intenção de cruzar o Parque Nacional e por sugestão dele, desci na Praça São Cristóvão, em frente a um posto de gasolina, antes de chegar no centro.
Se quisesse pegar o ônibus até Altamira, era só aguardar ali. 
O problema era o horário do ônibus para Altamira, que só seguiria para lá entre 11:00hrs e 11h30min. Com uma padaria junto da praça, não pensei 2x. Fui lá tomar o meu café da manhã tipicamente mineiro e aproveitei para comprar algumas garrafinhas de água. 
Já eram quase 09h30min e perguntei no Bar do Isaac, ao lado do posto, se era fácil conseguir carona para Altamira. A funcionária do bar sugeriu o mototáxi e depois de ligar para um deles, me falou o preço e eu pedi para ele vir.
Uma breve conversa e o combinado era me deixar em Altamira de Cima ou o mais próximo da trilha e o preço normal que ele cobraria seria $70 Reais, porém a estrada estava interditada devido a obras de manutenção e com isso teria fazer um longo desvio, aumentando o preço para $85 Reais.
Ou era isso ou esperar o ônibus circular das 11h30min. E por livre e espontânea pressão, aceitei.
Eram quase 10:00hrs e seguimos na direção do centro da cidade para evitar o trecho interditado. Era como se estivéssemos seguindo na direção contrária. Serpenteando por estradas de terra com muitos buracos, passamos por sítios, subidas e descidas de morros até retornar ao trecho asfaltado e chegar no Distrito do Carmo. Daqui em diante voltamos à estrada de terra e chegamos em Altamira por volta das 10h30min.
O mototáxi continuou em frente, seguindo na direção de Altamira de Cima e da Cachoeira Alta, passando por uma pequena capela isolada e pouco antes do acesso à Cachoeira do Marimbondo, saímos da estrada principal e seguimos numa bifurcação da direita, agora num aclive mais acentuado.
Num pequeno trecho onde a moto quase não subia mais devido a inclinação e a péssima estrada, era hora de descer. Preferi ficar aqui porque o início da trilha estava a alguns minutos à frente.
Eram 10h50min e daqui em diante fui seguindo na caminhada pela estrada.
Com cerca de 15 minutos cruzo um pequeno riacho de água potável – se não trouxe água, esse é um bom local para se abastecer. 
Placas 
Ao longo da subida surgem pequenos sítios abandonados e algumas placas alertando que é proibido acampar no Parque, mas o que chama a atenção são os erros de gramática – várias palavras escritas erradas.

Quando a estrada entra definitivamente numa área de mata fechada, existe uma bifurcação num trecho plano à esquerda, onde encontrei vestígios de acampamento. Parece ser um local de quem chega aqui final de tarde e quer entrar na área do parque só no dia seguinte.
Só paro para alguns clics e retomo a caminhada agora num aclive mais acentuado.
Serra do Espinhaço
E conforme vou ganhando altura, cruzo com algumas porteiras e a estrada se torna definitivamente uma trilha até sair do trecho de mata e a partir daqui já surgem a vegetação típica do Espinhaço: os campos rupestres.
Placa do Parque
E com pouco mais de 1 hora de caminhada chego numa porteira de arame onde a trilha em aclive suave segue por cima de lajotas e afloramentos de pedras. 
Passo ao lado de uma pequena garganta e alguns metros à frente a placa do Parque Nacional sinaliza que estou entrando em área de Unidade de Conservação.
Daqui em diante já estou no topo da serra e lindos vales para todos os lados.
Mais alguns metros e as 12h30min chego no Abrigo da Garça, onde só permitem seu uso por brigadistas e um deles (Warley) toma conta do local. 
Abrigo Garça
Depois de uma breve conversa, retomo a minha caminhada 
na direção nordeste com o Sol a pino. Cruzo um pequeno riacho e logo à frente numa bifurcação, sigo para esquerda por trilha demarcada em campos rupestres e trechos planos. Se seguisse na bifurcação da direita, a trilha me levaria para algumas cachoeiras próximas.
Alguns pequenos riachos pelo caminho e a trilha inicia um declive na direção do Rio Bandeirinha, no fundo de um pequeno vale, onde existe um trecho de mata ciliar. A descida até o rio é por lajes de pedra inclinadas e para quem dispõe de tempo, dá para aproveitar alguns poções e cachoeiras um pouco mais acima, mas a água é muito fria. Eu preferi continuar.
Riacho Bandeirinha
Agora um pequeno trecho de capim até sair novamente nos campos rupestres e com relevo suave, a caminhada é o tempo todo com o Sol na cabeça. Aqui uma coisa me chama a atenção: marcas de pneus de moto. Será alguém entrando clandestinamente no Parque?
No tracklog que estava usando, existe uma bifurcação à direita, próxima da Cachoeira Braúnas, que me levaria até o Abrigo Casa dos Currais e somente as 14h40min cheguei nela, depois de uma área de mata. Tá bem fácil identificar e aqui escondi minha mochila atrás de algumas enormes rochas e segui para a cachoeira por trilha demarcada, com vistas para um longo cânion do mesmo rio da cachoeira – É o Cânion das Bandeirinhas. 
Cânion dos Bandeirinhas
Depois de alguns lindos mirantes de frente para a Cachoeira Braúnas mostrando o topo dela e algumas outras pequenas cachoeiras rio acima, se inicia uma pirambeira daquelas e com vários cascalhos soltos. É preciso tomar muito cuidado para não escorregar. Aqui os joelhos sofrem. 
Cachoeira Braúnas
Chegando perto da base da cachoeira, encontrei vestígios de acampamento num local plano, porém não muito confortável, já que o solo é cheio de pedras. 
Foram pouco mais de 12 Km até aqui e a cachoeira tem cerca de 70 metros de altura (uma das maiores do parque) ao lado de imensos paredões verticais. Na base, o poção é enorme também e fiquei ali alguns minutos descansando e só curtindo o visual.
São quase 15h30min e não estava nos meus planos acampar por aqui. Tinha que subir toda aquela pirambeira de volta e ainda seguir na trilha até a Casa dos Currais, por isso era hora de bater em retirada.
Nessa subida percebi que tinha abusado um pouco dos meus limites, porque na lateral do joelho esquerdo comecei a sentir fortes dores, então tive que diminuir um pouco o ritmo de caminhada.
Bifurcação para Casa dos Currais
De volta à bifurcação, às 15h50min peguei minha mochila e segui na direção da Casa dos Currais à esquerda, mas em ritmo lento, devido às dores no joelho. 
Esse trecho inicial é por trilha demarcada, com vegetação de arbustos e capim alto, e nas bifurcações consultava o tracklog do celular. Surgem algumas trilhas paralelas, mas todas se encontram com a principal um pouco mais à frente.
Depois de cruzar um riacho, onde tive que tirar as botas, voltei a subir em aclive suave e adentrei uma área de mata fechada por alguns minutos para emergir numa área de campos rupestres. A caminhada era constante e tranquila; o problema era o horário. O Sol já estava se pondo e logo teria usar a lanterna.
Ribeirão Mutuca
Ao cruzar o Ribeirão Mutuca, a trilha segue próxima à ele, às vezes pela margem esquerda, às vezes pelo lado direito e assim vou caminhando por relevo plano, seguindo em alguns trechos ao lado da mata ciliar. 
Já no escuro só me orientava pelas luzes da lanterna e nas várias trilhas paralelas, segui por uma outra mais longa e só fui perceber o erro quando consultei o tracklog no celular. Aí já era tarde demais e resolvi seguir em frente, já que uma hora iria encontrar a trilha principal mais à frente. 
Fui chegar no Abrigo as 18h25min e foram quase 8 horas de caminhada até aqui, passando pela Cachoeira Braúnas, totalizando pouco mais de 19 km.
Quem me recebeu foram 3 brigadistas, sendo Sr. Antônio o mais experiente de todos.
Fiquei ainda um bom tempo conversando com eles na cozinha, onde existe um fogão a lenha e alguns utensílios domésticos usados para fazer comida. 
O abrigo até que é grande e usado somente por brigadistas e funcionários do parque. O Riacho do Mutuca, que eu segui por um tempo, se localiza nos fundos, junto a uma mata ciliar.
Abrigo 
A enorme área de camping tá na parte leste da casa, toda gramada e totalmente plana, podendo montar barraca até próximo do riacho.
Na parte externa do abrigo ficam juntos o banheiro e o chuveiro que funciona da seguinte forma: se coloca água quente em um grande balde do lado de fora da cozinha e dele sai uma tubulação que leva a água até uma ducha e aí o banho é quentinho. E assim foi o meu banho da noite. 
Com a temperatura muito baixa tive que ir para dentro da barraca para fazer o jantar. Salame e macarrão foi o prato do dia e por volta das 21:00hrs já me recolhia para dentro do saco de dormir. Só uma coisa me incomodava: algumas dores no joelho e bolhas nos dedos dos pés.

Dia 2: Abrigo Casa dos Currais x Abrigo Casa de Tábuas
Acordei com a barraca molhada pelo orvalho da madrugada, comi alguns bolinhos recheados e deixei a barraca secando junto ao Sol.
Amanhecendo
Ainda conversei com os 2 casais mineiros que estavam fazendo a travessia de Alto Palácio até Serra dos Alves e tinham montado as barracas próximo do riacho.
Já com todas as coisas na mochila era hora de continuar a pernada em direção ao outro Abrigo do Parque: o Casa de Tábuas. 
Brigadista Sr. Antônio
Eram 09h15min e esse é o trecho mais tranquilo dessa travessia. Me despedi dos 
montanhistas e dos brigadistas que afirmaram que eu chegaria lá por volta das 04:00hrs da tarde. O caminho sai a leste e é bem fácil identificar, seguindo na direção de um trecho de mata fechada. A trilha é bem demarcada e cruza um pequeno riacho afluente do Mutuca – aqui vou abrir um parênteses sobre a agua. Na época que fiz essa caminhada não encontrei água potável nesse trecho (até encontraria, mas um pouco longe da trilha), então recomendo que pegue desse riacho o suficiente para umas 5 hrs (tempo que leva até Casa de Tábuas). 
Campos floridos
Após finalizar o trecho de mata, a trilha segue por campos floridos, capim e gramíneas.
Algumas bifurcações surgem à direita depois de cruzar uma porteira de madeira, mas a trilha principal segue levemente para esquerda, com aclive bem suave.
Porteira pelo caminho
Ao longo desse trecho encontrei várias estacas de madeira pintadas em amarelo e também setas pintadas em amarelo com uma marca de pegada dentro dela.
Entre suaves aclives e declives, cruzei com algumas cercas de arame, que provavelmente delimitavam áreas de antigas fazendas. 
Trilha pelo cume
E não demorou muito já caminhava pelo cume do parque com vistas amplas para os Distritos de Cabeça de Boi à leste e a São José da Serra à oeste. E nesse trecho consegui sinal de telefonia celular e mandei algumas mensagens para atualizar a família.
Seguindo pela trilha demarcada e vegetação de campos rupestres, o que chama a atenção são as enormes canelas de ema, que é uma planta que se divide em vários galhos e as rochas inclinadas para oeste, que são marca registrada do Espinhaço.
Típicos afloramentos
Conforme sigo pela cumeada, o Pico do Curral com seus quase 1700 metros se destaca 
do lado direito, junto da trilha e até encontro uma cerca que segue na direção do topo, mas eu passo batido. As dores no joelho e algumas bolhas nos pés incomodam um pouco.
Visual do Parque
Em todo esse trecho a caminhada é sempre por campos rupestres floridos ou não e com Sol a pino, mas ao passar por uma encosta à esquerda de outro morro, surge um pequeno trecho de mata em declive. São 13:00hrs e foi um alivio, porque o Sol castigava muito, sem uma sombra sequer desde o Abrigo. Parei alguns minutos para descansar e tomar o restante da minha água.
Trilha sinalizada
Ao fim do trecho de mata e alguns minutos à frente a trilha cruza um pequeno riacho, que eu não achei ser de água potável. 
Um último declive e da trilha já conseguia visualizar a Casa de Tábuas, onde cheguei as 13h40min. 
Do Abrigo dos Currais até Tábuas foram 11,5 Km num ritmo bem leve, com algumas paradas, que fiz em 4h30minutos e creio que dê para fazer até com menos de 4 horas de caminhada. 
Abrigo
O lugar estava vazio e o Abrigo é bem rustico e pequeno, construído com tábuas de madeira e somente 1 cômodo que dispõe de algumas catres, que são camas de madeira. 
Um fogão a lenha, que é remanescente de tempos antigos, não pode ser usado e as catres são exclusivas dos brigadistas do parque.
Dentro do Abrigo
Dentro do Abrigo tem uma placa com aviso de que é proibido usar o local para pernoite pelos montanhistas com a recomendação que se acampe somente no lado externo e que o lugar deverá ser usado somente como local de convivência e no preparo das refeições, usando fogareiros de montanha.
Fogão a lenha
O ideal é acampar na parte de trás do abrigo, junto de uma antiga varanda sem teto, protegido dos ventos e com solo sem muitas pedras, vez que outro local disponível é um grande descampado em terreno inclinado e com muitas pedrinhas. 
Existe um cano de PVC que desvia agua do Riacho Palmital para uma pequena pia ao lado da casa, sendo um bom local para banho e coleta da água para as refeições.
Como cheguei relativamente cedo no abrigo, fui cuidar das minhas bolhas e das dores no joelho.
E por volta das 19:00hrs preparei o jantar no interior do abrigo e com noite muita tranquila e sem ventos, mas com temperatura muito baixa, me enfiei no saco de dormir para mais uma noite de sono.

Dia 3: Abrigo Casa de Tábuas x Portaria Alto Palácio
Fui acordar lá pelas 06h30min já com os primeiros raios do Sol surgindo no horizonte. Foi uma noite tranquila e preparei o meu café da manhã sem pressa.
E pouco antes das 08:00hrs já estava retomando a caminhada, sentido nordeste, sendo que são várias trilhas que saem do abrigo na direção da jusante do Riacho Palmital – devem levar a alguns poções e cachoeiras.
Esse seria ao dia mais cansativo e longo dessa travessia, já que do outro lado do Vale do Travessão o aclive seria bem acentuado.
Cruzando riachos
Seguindo por entre a vegetação de arbustos, a trilha cruza alguns afluentes do Palmital e segue no plano até bifurcar para esquerda. Daqui em diante é um trecho de subida leve entre campos rupestres e algumas canelas de emas. Surge uma bifurcação à direita que leva ao Distrito de Cabeça de Boi, que futuramente pode ser uma opção de travessia. Quem sabe.
Vale do Travessão chegando
Algumas estacas de madeira vão surgindo ao longo da trilha e na parte mais alta dela é possível visualizar parte do Vale do Travessão, que daqui já se revela impressionante.
Agora é só descida e com vários trechos de cascalho, afloramentos rochosos e muita vegetação arbustiva, tendo que diminuir o ritmo porque as dores no joelho tinham voltado.
Ribeirão do Peixe
O Ribeirão que segue quase paralelo à trilha é o do Peixe e quando precisei cruzá-lo para direita por entre muitas pedras, resolvi me refrescar. São 10h15min e fiquei alguns minutos com os pés e o joelho na água, que deram uma melhorada na dor, mas era temporária.
Até queria ficar mais tempo, porém ainda tinha um trecho de declive para depois seguir numa subida interminável.
Mochilas nas costas, retomo a pernada e mais à frente cruzo novamente o Rio do Peixe, seguindo agora pela margem esquerda dele.
Trilha ao lado do cânion
Alguns mirantes à direita vão surgindo ao lado da trilha, sendo possível chegar em alguns poços e pequenas cachoeiras, descendo pelas pedras. Para quem dispõe de tempo, tem aproveitar.
O rio vai ficando cada vez mais encachoeirado e segue na direção leste, rasgando o vale. 
Vale do Travessão
São 11h15min e quando cheguei na parte plana, que serve de divisor de águas, encontrei vários mirantes do Vale do Travessão e a minha vontade era ficar ai só contemplando aquele maravilhoso visual à leste. Suas escarpas, que descem suavemente do topo, impressionam. 
Nesse ponto 2 rios seguem para bacias hidrográficas diferentes; pelo lado leste o Rio do Peixe é só mais um afluente do Rio Doce e pelo lado oeste o Riacho Capão da Mata é um afluente do Rio São Francisco.
Sem palavras
Enquanto pelo lado leste o visual é maravilhoso, não se pode dizer o mesmo pelo lado oeste e até encontrei algumas trilhas que levam naquela direção, provavelmente a poções e cachoeiras.
Nessa parte plana é bem fácil identificar a continuação da trilha e iniciar a longa subida para sair daquele fundo de vale. O aclive é constante por entre vegetação de arbustos com um trecho de mata à direita e um pequeno riacho à esquerda. Esse é um bom local para reabastecimento de água, já que a subida é muito cansativa, tendo um trecho final por entre muitas pedras. 
Subindo
Se o meu joelho já estava ruim para caminhada, nesse trecho é que as dores pioraram e tive que caminhar quase mancando.
Lapa dos Veados
Pouco antes das 13:00hrs e ao final da subida, me deparo com a Lapa dos Veados, que é uma rocha inclinada que pode servir de abrigo do Sol. É um bom lugar para descansar da longa subida e nas pedras encontro as famosas pinturas rupestres de uns 8000 anos atrás, mostrando figuras de animais, como por exemplo o veado campeiro. 
Pinturas rupestres
O que chama a atenção é o ótimo estado de conservação das pinturas - nunca toque nelas, pois o suor dos dedos pode danificá-las.
Do lado esquerdo, na direção oeste, tem uma trilha demarcada que leva à algumas cachoeiras e poções rio abaixo, finalizando num lugar conhecido como 2 Pontes, já na Rodovia. Para quem tá sem água, esse é o lugar para se reabastecer, já que a partir daqui não encontrei água até a Portaria (tem um pequeno riacho alguns metros à frente pela trilha e só).
A trilha que vou seguindo é para o norte, com trilha demarcada por algumas estacas de madeira e marcações de pinturas nas pedras. Só para não confundir com a trilha à oeste.
Subindo
Outra subida à frente e fui ganhando altura com grande esforço, devido às dores no joelho. E eu pensando que as subidas já tinham terminado.
A vegetação volta ser de campos rupestres e o cenário vai se abrindo em todas as direções quando chego no alto da trilha, sendo possível visualizar a portaria Alto Palácio e alguns trechos da Rodovia.
Daqui em diante sigo acompanhando uma cerca de arame à esquerda que é o limite do Parque Nacional, sendo que em alguns trechos ela vira uma autentica estrada de terra. 
Trilha ao lado da cerca
Às vezes ao lado da cerca ou se afastando dela, vou seguindo com grande esforço, o que me faz repensar a continuidade da minha travessia. Mas só vou decidir ao chegar na Portaria.
Depois de cruzar pequenos vales e um longo trecho no plano, passo ao lado de uma Estação Meteorológica e a trilha vira repentinamente para direita, na direção da portaria.
Estação Meteorológica
E pouco depois das 16h30min chego na Portaria Alto Palácio. Não encontro nenhum funcionário pelo local e somente alguns trabalhadores de uma construtora que estavam fazendo uma construção nos fundos do prédio.
Portaria Alto Palácio
Agora a dúvida cruel, continuar ou não a minha caminhada até a Lapinha? Até poderia seguir num ritmo bem lento e acampar em selvagem em algum lugar ao longo da trilha, porém as bolhas nos dedos do pé e as dores no joelho esquerdo me fizeram desistir. Foi dolorido tomar essa decisão, mas o corpo já não é mais de um jovem que já tinha feito a Transmantiqueira (clique aqui) em 9 dias. 
A travessia do Espinhaço sempre estará aqui e em outro momento eu retorno para fazê-la por completo em melhores condições.
Para quem irá fazer no sentido inverso
Esse trecho final totalizou 18,3 Km em pouco mais de 8 hrs de caminhada e com certeza dá para fazer em bem menos tempo. O total, desde Altamira, chegou a mais de 50 Km com cargueira bem pesada para 1 semana de caminhada. Talvez se fosse com cargueira mais leve e uma bota que não me deixasse na mão, acho que conseguiria continuar a caminhada.
Se alguém realizar essa mesma travessia no sentido contrario, finalizando em Altamira, terá menos dificuldades, já que o aclive em um mesmo dia será menor.
Considero essa travessia tranquila, do ponto de vista da navegação, mas cansativa seguindo por trilhas demarcadas com muitas cachoeiras e poções. Valeu muito a pena.
Não terminei como tinha planejado, mas pelo menos finalizei uma das últimas trilhas clássicas que me restava fazer.
Já que tomei a decisão de voltar para casa, agora como sair dali. Logo começaria a escurecer e ia ser muito difícil conseguir uma carona. Fui para a Rodovia e consegui com o primeiro que parou: um caminhoneiro que estava seguindo para Conceição do Mato Dentro, chegando na Rodoviária da cidade pouco antes das 18:00hrs. 
Embarquei para Belo Horizonte no horário das 18h15min e de lá para São Paulo, chegando pela manhã do dia seguinte.


Dicas e informações úteis

# Horários e itinerário do ônibus da linha 4882 (Terminal São Gabriel/Belo Horizonte – Nova União) da Transporte Coletivo Metropolitano de MG - (SEINFRA)
www.consultas.der.mg.gov.br
E procurar pela linha 4882

# Ônibus circular Nova União - Altamira – empresa Transtatão
www.facebook.com/www.transtatao.com.br/about?locale=pt_BR-

# Mototáxi em Nova União se consegue no Bar do Isaac, junto ao Posto São Cristóvão

# Horários dos ônibus da Empresa Serro saindo de Conceição do Mato Dentro até BH, passando pela Portaria Alto Palácio

# Para fazer essa travessia é necessário solicitar a Autorização do Parque Nacional, através do e-mail: parna.serradocipo@icmbio.gov.br
Ou pelo telefone: (31) 3718-7469

# De acordo com o Parque os locais permitidos para acampamentos ao longo da travessia são apenas em 2 Abrigos: Casa dos Currais e na Casa de Tábuas

# O Parque não permite acampar em outros locais que não seja nesses 2 Abrigos

# Os 2 tracklogs que usei nessa travessia são esses:

# Caminhada quase que na totalidade realizada sem áreas de sombra, por isso protetor solar e um chapéu de abas são itens obrigatórios 

# No trecho Casa dos Currais - Casa de Tábuas só encontrei água potável no início da caminhada. Nos outros trechos há uma grande oferta de agua potável nos riachos. Então não vi necessidade de garrafas Pets de 1,5litros.

# Melhor época para se fazer essa travessia é no inverno, por ser um período seco, evitando com isso dias chuvosos, que seriam perigosos devido aos raios e rios que podem ficar muito cheios

# Essa trilha possui algumas bifurcações que podem confundir e muitas delas estão demarcadas, por isso recomendo levar um tracklog para GPS confiável

# Só encontrei sinal de telefonia celular da Vivo nas partes mais altas do trecho Casa dos Currais – Casa de Tábuas e próximo da portaria Alto Palácio


19 de dezembro de 2023

Relato: Caminho do Frei Galvão - São Bento do Sapucaí/SP até Guaratinguetá/SP na caminhada

Quando finalizei o Caminho da Fé em 2007, ficou na minha cabeça retornar para essas caminhadas de peregrinação pelo país algum dia. E são muitas rotas: Caminho da Luz, Caminho das Missões, Caminho de Aparecida, Caminho do Sol, Passos de Anchieta, Caminho do Frei Galvão e muitas outras que foram criadas. E dentre essas, uma delas me chamou a atenção porque o trajeto se inicia e segue na totalidade pela Serra da Mantiqueira em trechos que eu não conhecia. É o Caminho do Frei Galvão e imediatamente já coloquei na minha lista de futuras caminhadas.
O Caminho de Frei Galvão é uma rota frequentada por peregrinos e caminhantes cujo trajeto segue em sua maioria por estradas de terra e trilhas, na região da Serra da Mantiqueira, abrangendo municípios de SP e MG.
Alguns trechos são antigas trilhas tradicionais que eram utilizadas por tropeiros em séculos passados, cruzando com lindos cenários naturais como: riachos de água cristalina, cachoeiras, fazendas, pequenas vilas e muito sobe/desce de serras. Em geral é para quem busca um contato mais próximo com a Natureza.
O percurso tem cerca de 135 km no total e pode ser realizado a pé ou de bike, atravessando a Serra da Mantiqueira em vários lugares e sua orientação é seguir as setas azuis, que estão sendo desgastadas pelo tempo, infelizmente. 
Iniciando em São Bento do Sapucaí/SP, o Caminho passa por Brazópolis, no Distrito de Luminosa, Piranguçu, Wenceslau Braz e a Fazenda Boa Esperança em Delfim Moreira, todas essas cidades mineiras até chegar em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba.
Desse total percorrido, apenas 3 trechos são por estradas asfaltadas: pequeno trecho de 1,8 Km próximo de Luminosa, outro de 16 Km antes de chegar na pousada em Wenceslau Braz e ao sair dela e o último que é o trecho final de 15 Km antes de chegar no centro de Guaratinguetá. 
Quem criou o Caminho e demarcou com setas azuis foi Luiz Zingra, porém de alguns anos para cá ele se afastou da responsabilidade e atualmente quem é o encarregado pela manutenção, fornecimento da credencial e de um pequeno croqui do percurso é Ademilson Claro Santos, também conhecido como Brinco. Tanto Luiz quanto Ademilson são moradores de São Bento do Sapucaí/SP, onde se inicia essa caminhada.
Ao longo do percurso é necessário que se carimbe a credencial em cada pousada que pernoitar para que no final da caminhada, na antiga casa de Frei Galvão, o caminhante/peregrino receba o último carimbo e um certificado.
Para quem pretende fazer essa caminhada, o roteiro mais recomendado é esse abaixo, apesar que algumas pessoas passam direto pela Fazenda Boa Esperança e seguem até Pilões, finalizando em 5 dias:
1ª dia- São Bento do Sapucaí – Distrito de Luminosa (Brazópolis/MG).
2ª dia - Luminosa - Piranguçu/MG
3ª dia - Piranguçu - Wenceslau Braz/MG
4ª dia - Wenceslau Braz - Fazenda Boa Esperança (Delfim Moreira/MG)
5ª dia - Fazenda Boa Esperança - Bairro dos Pilões (Guaratinguetá/SP)
6ª dia - Bairro dos Pilões – Centro de Guaratinguetá

Um pouco de história
Para quem não conhece, Frei Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu na cidade de Guaratinguetá/SP em 1739 e sua família de formação cristã, lhe passou valores e fidelidade a Cristo. 
Depois de passar por congregações religiosas, foi ordenado sacerdote e em 1774 fundou o que é conhecido atualmente como "Mosteiro da Luz", na cidade de São Paulo, prédio esse considerado como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
O edifício abriga um Convento, a Igreja e o Museu de Arte Sacra de São Paulo, sendo visitado por muitos peregrinos e fieis em agradecimento às graças alcançadas, como também para obter das freiras as famosas e milagrosas “Pílulas do Frei Galvão”.
Sua morte ocorreu em 1822 no Mosteiro, quando já tinha 83 anos. Com vários milagres atribuídos a ele, em 2007 foi canonizado pelo Papa Bento XVI vindo a se tornar santo e nesse mesmo ano foi criado o Caminho em sua homenagem com início em São Bento do Sapucaí e tendo ponto final a Casa onde nasceu, na cidade de Guaratinguetá. 

Nas fotos acima trechos do Caminho 

Fotos da caminhada dividido em 2 partes
Primeiras 500 fotos: clique aqui
Últimas 500 fotos:    clique aqui

Vídeo da caminhada: clique aqui

Tracklog para GPS: clique aqui



Relato
Naquele mês de Outubro, quando voltei da travessia dos Lençois Maranhenses, ainda tinha uns 15 dias de férias e só contava que o clima melhorasse para fazer essa caminhada. Na região sudeste estavam ocorrendo chuvas e com isso tive que adiar por alguns dias o início da caminhada.
Enquanto isso fui ligando em todas as pousadas ao longo do Caminho para posterior reservas e saber os valores. Apenas em uma pousada tive que fazer um pagamento de 50%. As outras só reservaram e pagamento foi na hora por PIX.
Contatei também o Ademilson e conversei com ele sobre alguns detalhes, tirando todas as minhas dúvidas.
Depois de ter a certeza que o clima estava melhor, arranjei a minha mochila de 40 litros com pouca coisa e embarquei para São José dos Campos e de lá outro ônibus para São Bento do Sapucaí, chegando no início da noite na cidade com tempo nublado, mas sem previsão de chuvas. 
A pousada que eu tinha reservado era a Vovó Hilda, bem próxima da rodoviária. 
Tinha marcado de encontrar o Ademilson para me entregar a credencial e o croqui do Caminho, mas por circunstancias alheias, só encontrei ele no dia seguinte, quando fui tomar café numa padaria próxima. 
Depois que deixar as coisas na Pousada, fui jantar no Restaurante Sabor da Serra, que possui uma boa variedade no cardápio - escolhi uma truta que era só elogios. Muito recomendado o lugar.
Voltei para Pousada e fui dormir cedo, já que minha intenção era sair por volta das 06:00hrs. 

1º dia: São Bento do Sapucaí/SP – Distrito de Luminosa (Brazópolis/MG) - 24 km
Km 0 - Pousada Vovó Hilda
Km 7,8 – Topo da Serra
Km 11,6 – Início da descida pelo vale de Luminosa
Km 24 - Pousada Nossa Senhora das Candeias.
Eu e o Brinco
Depois de uma bela noite de sono fui tomar um café da manhã na Padaria São Bento, bem próxima, onde encontrei o Ademilson. Tivemos uma breve conversa, onde me entregou a credencial e o croqui do caminho e as 
06h45min e depois das despedidas, mochilas nas costas e pé no asfalto. 
O tempo estava um pouco nublado com algumas aparições do Sol de vem em quando. 
Esse trecho inicial é por uma das avenidas principais da cidade e depois de cruzar o Ribeirão Paiol Grande, sigo na direção do bairro do Quilombo, onde algumas placas sinalizam para a direita. Vou passando por pequenas chácaras e sítios, sempre pela estrada principal.
Trecho inicial
O ganho na altitude é muito pouco; é quase no plano com pequenas subidas e descidas.
O visual até que é bonito; só é um pouco chato caminhar no asfalto, que naquele horário estava com pouquíssimos carros passando.
E com pouco mais de 2 Km e por volta das 07h30min vou adentrando o bairro do Quilombo, com vários comércios, algumas pousadas e com a Igreja da Nossa Senhora da Imaculada Conceição bem na praça principal do bairro.
Colocação de bloquetes de concreto
Ao final do bairro e ainda no plano, junto de uma curva, encontro alguns trabalhadores da prefeitura realizando a colocação de bloquetes de concreto, onde antes era estrada de terra. Aqui marca o início de um longo trecho de aclive. É uma ladeira serra acima que parece interminável e vou subindo quase em zig zag. Conforme vou avançando o visual atrás de mim vai se abrindo com boa parte da cidade ao fundo.
Não demora muito e a estrada volta a ser de terra e o aclive fica mais suave, mas sempre subindo. Um pequeno pasto com vacas, que me pareceu serem leiteiras surge do lado esquerdo e uma pequena capela do lado direito. Entrei para ver e estava bem conservada. 
Retomo a pernada e com pequenas paradas ao longo dessa subida, vou progredindo com um pouco de esforço.
Pela estrada
Ao longo desse trecho vou encontrando as setas azuis pintadas em alguns postes e ganhando altitude sem pressa.
E as 08h35min cruzo o primeiro riacho de água potável. Era hora de um breve descanso e aproveitei para encher minhas garrafas de água.
Retomando a subida, o aclive volta a ficar acentuado novamente e antigos sítios abandonados vão surgindo. Passo ao lado de uma placa sinalizando RUA SEM SAIDA e continuo avançando com pouco de esforço. 
A estrada segue quase que em zig zag e quanto mais me aproximo do topo, as araucárias e a neblina se tornam constantes.
Araucárias
Aqui já é uma área com muita vegetação, destacando araucárias gigantescas e exatamente as 09h20min chego na única porteira até aqui, fechada a cadeado com segredo.
Só foi transpor e caminhar uns 200 metros até encontrar um vestígio de trilha à esquerda, logo depois de uma curva, junto de uma araucária. A seta azul está fixada nessa araucária e quase passa despercebida. Quem não estiver com um arquivo de GPS é preciso tomar muito cuidado porque o croqui contém um erro, apontando a trilha para a direita (comentei com Ademilson sobre isso - talvez já tenha consertado).
Seguindo para esquerda, agora saio da estrada e vou adentrando por uma estreita trilha escavada pelas enxurradas em meio à vegetação, repleta de araucárias.
A trilha é relativamente demarcada e vou ganhando altitude pela vegetação molhada. Algumas voçorocas pela trilha e as 09h45min chego no topo da minha caminhada do dia, na altitude 1630 metros e como iniciei em São Bento na altitude de 870 metros, então foram quase 800 metros de desnível em 3 horas. Foi um trecho árduo.
Trilha pela mata
Aqui tem uma cerca separando propriedades com porteira de arame e a marcação da seta azul. 
Breve parada para um lanche e depois de cruzar a cerca, a trilha entra definitivamente na mata fechada, passando ao lado de um pequeno riacho de água potável e seguindo no plano. Mais alguns minutos e uma cerca de arame surge do lado esquerdo e aqui é preciso estar atento já que o trecho é escorregadio.
Ao final da trilha, volto a caminhar por uma antiga estrada e algumas placas fixadas em totens sinalizam VOLTA DE SÃO BENTO e TRILHA DA REPRESA.
Seguindo pela estrada de terra, cruzo uma porteira de madeira e outro riacho de água potável até sair dessa mata em definitivo depois de pouco mais de 1 Km, junto a um lago, onde vou contornando ele pela direita.
Passando o lago, daqui em diante é um trecho em declive até chegar no asfalto, que liga os bairros do Cantagalo (esquerda) ao Paiol Grande (direita).
Trecho de asfalto
A estrada asfaltada é relativamente estreita e está sendo tomada pela vegetação nas laterais – está precisando de uma roçada.
Agora é seguir para direita por alguns sobe/desce, passando ao lado de alguns sítios, chácaras e condomínios residenciais por quase 2 Km até uma bifurcação à esquerda, onde uma grande placa sinaliza ESTRADA VICINAL JOSÉ MARIA GONÇALVES. 
Nessa bifurcação saio do asfalto e sigo por uma estrada de terra por alguns metros até chegar ao início de uma descida por um imenso vale. A altitude aqui é de 1590 metros e daqui em diante é sempre em descenso, cruzando várias bicas de água potável e algumas chácaras. Quando a vegetação permite um visual panorâmico, dá para ver nas encostas do vale inúmeras plantações de banana que tomam conta de toda a região.
Descendo para Luminosa
É um trecho longo, sempre descendo e devido ao Sol forte fui parando em alguns momentos, chegando na entrada do Distrito de Luminosa por volta das 15h20min.
Fui direto para a Pousada Nossa Sra. das Candeias, sendo recebido pela Dona Ditinha e sua irmã, que ajudava na limpeza da caixa dágua. Então banho naquele horário sem chances.  
Distrito de Luminosa pertence ao munícipio de Brazópolis, estando localizado no fundo de um vale entre várias serras e onde 2 Caminhos se encontram (Frei Galvão e da Fé), sendo essa a única pousada do Caminho do Frei Galvão que também é usada por quem faz o Caminho da Fé, mas infelizmente nesse dia não encontrei nenhum peregrino hospedado.
Depois de breve bate papo com Dona Ditinha, fui conhecer o centro do Distrito e nesse momento os alunos de uma escola pública embarcavam no ônibus escolar de volta para suas casas. 
Luminosa
Alguns clics da praça principal e da Igreja Católica e um merecido descanso nos bancos da praça.
De volta à pousada aproveitei também para lavar as roupas que usei no dia.
O jantar foi durante a noite e eu tinha um quarto só para mim. Fui dormir cedo novamente, pois Deus ajuda quem cedo madruga não é?

2º dia: Luminosa/MG – Fazenda Maratea (Piranguçu/MG) - 23 km
Km 0 - Pousada Nossa Senhora das Candeias
Km 8,7 – Topo da Serra
Km 20,7 – Entrada da cidade de Piranguçu
Km 23 - Fazenda/Pousada Verde Maratea
Dona Ditinha
Depois de um breve café da manhã e me despedir da Dona Ditinha, deixei a Pousada por volta das 07:00 hrs, seguindo na direção da praça principal. Com alguns metros de rua, logo volto a caminhar por estradas de terra e nesses primeiros minutos a paisagem se resume a pastos com muitas vacas leiteiras, alguns riachos para cruzar e serras para subir em qualquer direção que se olha. 
Com uns 20 minutos de caminhada e na direção leste chego na bifurcação dos 2 Caminhos. Para direita é o Caminho da Fé que eu já havia feito em anos anteriores (como sinalizado numa grande placa de metal); já para esquerda é o Caminho do Frei Galvão. Até tentei procurar as setas azuis, mas não encontrei ou alguém retirou sem perceber.
Divisa de Caminhos
Aqui parei para alguns clics e gravar um vídeo e quando já estava seguindo pelo Caminho do Frei Galvão, de longe um motociclista começa a gritar que estou no caminho errado. Respondo para ele que não pretendo seguir pelo Caminho da Fé e sim pelo do Frei Galvão - deu para perceber que o Caminho tá em desuso.
Continuando pela estrada principal, evito outra bifurcação à esquerda alguns metros à frente e agora sigo paralelamente a um riacho, o Córrego do Paiolzinho que está do lado direito. É um trecho com fazendas nos 2 lados da estrada e pouco antes das 08:00hrs passo ao lado da pequena Igreja de Santo Antônio, pintada em azul. 
Alguns caminhões carregando bananas e outros transportando leite passam por mim na direção do Distrito e assim vou ganhando altitude aos poucos, sem muito aclive.
Muita banana
E na medida que avanço serra acima, agora os pastos de gado leiteiro dão lugar as plantações de bananas que tomam conta das encostas. O visual atrás de mim é de um cenário maravilhoso.  
Outro vale surge à esquerda e vários pequenos riachos de água potável cruzam a estrada e seguem na direção dele.
O trecho é bem sombreado, marcado por grandes árvores da mata ciliar e os bambuzais que estão nas laterais da estrada. E assim fui ganhando altitude sem muito esforço por trechos de aclives não tão íngremes, em comparação com o dia anterior.
De vez em quando o silencio era quebrado pelos latidos de alguns cachorros de pequenos sítios ao longo da subida. As residências até que ficavam um pouco longe da estrada, mas o faro de um cachorro é sensacional.
Vale ficando para trás
Conforme vou ganhando altitude num aclive suave, a paisagem vai se abrindo atrás de mim mostrando belos visuais do vale de onde eu vim. Olhando para trás, do lado direito uma gigantesca rocha e do lado esquerdo pastos e mais pastos para vacas leiteiras e muita banana.
Com fartura dessa fruta, era de se esperar que animais poderiam ser vistos e encontrei esquilos, teiús e muito canário. Alguns eu consegui o registro, outros eram muito ariscos.
Já próximo do topo, cruzo o último riacho de água potável e aqui as plantações de banana dão lugar a um pequeno trecho de mata primaria.
Totem da divisa
E finalmente, pouco antes das 10:00hrs, alcanço o topo da minha caminhada do dia, na altitude de 1420 metros. Aqui é a Serra da Boa Vista e no local tem um totem com uma placa demarcando a divisa dos municípios de Brazópolis e Piranguçu. 
Depois de um breve e merecido descanso retomo minha caminhada, agora sempre em declive suave.
Em algumas aberturas na paisagem, a cidade de Piranguçu pode ser vista lá no fundo do vale e não parece estar tão longe.
Passo por 3 trabalhadores que estão almoçando naquele momento (10h20min) e me oferecem. Agradeço e continuo descendo pela estrada.
Pequeno Bairro
Nesse trecho inicial de declive, passo ao lado de uma pequena bica d’água à direita e deu para perceber que as bananas também tomam conta das encostas e até encontrei algumas verdes jogadas ao lado da estrada. Pelo que vi, me pareceram que estavam fora de um padrão e eram muitas. Veja nessa foto.
O declive vai aumentando e os joelhos sofrem um pouco. Fico imaginando numa chuva passando por aqui – deve ser um tombo atrás do outro. 
Conforme vou perdendo altitude, as bananas vão dando lugar aos pastos verdes com algumas vacas e cavalos. Sítios surgem ao longo da descida nos 2 lados da estrada e um pequeno bairro do lado esquerdo se destaca pela sua Igreja; é o bairro dos Lemes e a Igreja é a de São Sebastião.
Trecho plano
A partir desse bairro a estrada quase nivela por completo e a declividade é mínima. Um pequeno riacho do lado direito acompanha a estrada até cruzá-la para esquerda e ao passar por uma pequena plantação de banana um senhor (Seu Francisco) que está roçando o mato, me aborda perguntando sobre a minha caminhada. Diz que é raro encontrar peregrinos fazendo o Caminho do Frei Galvão. Ficamos batendo papo alguns minutos e depois de nossa conversa me oferece algumas bananas maduras. Ele queria me dar uma penca (kkkkk..), mas era muita coisa. Só peguei algumas mesmo.
Um pouco mais à frente outras casas vão surgindo e dessa vez o piso da estrada muda para bloquetes de concreto. Uma placa sinaliza Usina Hidrelétrica São Bernardo para a direita, dando a entender que o bairro é de mesmo nome. Os riachos vão aumentando de volume se tornando verdadeiros rios e conforme avanço pelo bairro, pousadas e um comércio diversificado tomam conta. Se tiver sem água, aqui é um lugar para comprar em alguns bares ou pequenos mercados. Saindo do bairro, os bloquetes de concreto não duram muito e volto a caminhar numa estrada de terra, dessa vez bem mais larga.
Placas
E por volta das 13:00hrs finalizo na rodovia que liga Campos do Jordão a Piranguçu. É uma estrada de terra também, porém bem mais larga e com espaço para caminhar sem o risco de ser atropelado. Devido ao Sol forte, fico descansando um pouco em um ponto de ônibus coberto, mas desisto. Por ser uma rodovia de terra e passar muitos veículos, eles levantam um pó que atrapalha demais. 
Retomo a caminhada e nas árvores ao longo da Rodovia encontro alguns tucanos e muitos canários. Os tucanos só deu para vê-los mesmo, porque ao me aproximar para fotos, eles voavam.  
É um trecho totalmente plano e as 14h20min estou adentrando no perímetro urbano de Piranguçu.
A Pousada Verde Maratea, que eu tinha reservado, está localizada na Rodovia que segue para Itajubá, já no outro extremo da cidade e com isso tive que cruzar Piranguçu de uma ponta a outra. 
Chegando na cidade
E antes de chegar na entrada da Pousada, passo ao lado da fábrica de doces Piranguçu e vendo que eles possuem uma lojinha, eu não resisto. Comprei vários doces e com preço de R$0,80 cada. Muito barato.
Mais alguns metros pela Rodovia e pouco antes das 16:00 hrs chego na entrada da Pousada, que é uma Fazenda também. 
Passo por uma plantação de milho e chego nas primeiras casas dos funcionários. Ao lado delas tem o estábulo onde inúmeras vacas estão sendo ordenhadas de forma mecânica, com o uso de equipamentos.
Depois de inúmeros clics sigo para os fundos da propriedade. Lá é que estão os chalés e onde sou muito bem recebido pela Sra. Silvania.
Sra. Silvania
O lugar é bem acolhedor, muito tranquilo e os chalés são bem equipados. Algumas aves e micos leões costumam aparecer nas árvores junto dos chalés. Pousada só elogios.
Depois de instalado, fui conhecer um pouco mais das dependências da Fazenda, mas devido às chuvas que começaram a cair naquele final de tarde, tive que voltar correndo para o chalé.
Vacas leiteiras
A pousada não oferece jantar, que deve ser solicitado em um restaurante da cidade via delivery, com preços muito baratos, entre $13 e $17 Reais (Sra. Silvania me passou o contato).   
Pedi a opção média de frango a parmegiana e era muita comida. 
Agora era dormir cedo para descansar, porque o dia seguinte é o trecho mais difícil de toda a caminhada com subidas íngremes, trecho de asfalto (muito ruim) e muito longo.

3º dia: Piranguçu/MG - Wenceslau Braz/MG - 34 km
Km 0 – Fazenda/Pousada Verde Maratea
Km 7,6 – Topo da Serra
Km 26 – Chegada ao asfalto
Km 34 - Pousada Castelinho Amarelo
Ordenha matinal
Outro dia acordando por volta das 06:00hrs e um café da manhã farto e bem variado (sem duvida nenhuma, um dos melhores de todas pousadas que passei). Despedidas da Sra. Silvania e alguns clics da ordenha matutina, vou seguindo em direção à Rodovia.
Saí da Pousada pouco depois das 07:00hrs e ao chegar na parte urbana da cidade, cruzei ela novamente de ponta a ponta, como se estivesse retornando. Alguns comércios já estavam abrindo suas portas e ao chegar no outro extremo da cidade, sigo para esquerda, onde encontro uma placa sinalizando o Caminho do Frei Galvão fixada pela prefeitura da cidade. Deu para observar também a seta azul, pintada em um poste. Então estava no caminho certo.  
Pequena capela
Agora a caminhada é por estrada de terra larga e num primeiro momento é no plano passando ao lado de uma belíssima capela com imagem de Nossa Senhora de Fátima e água potável disponível nos fundos. Na única bifurcação desse trecho inicial encontrei também outra placa sinalizando o Caminho do Frei Galvão que foi colocada pela prefeitura. Ponto para eles.
A partir daqui o aclive vai aumentando e sem sombras. Essa é a Serra dos Coelhos e o visual dela é maravilhoso. Pastos a perder de vista em todas as direções com cenários maravilhosos, olhando aquele vale atrás de mim.
É um trecho muito bonito, extremamente cansativo e com aclive bem semelhante ao do primeiro dia. O pior é o Sol forte que desgasta mais ainda.
Parada para descanso
Em frente à entrada de uma fazenda, faço uma breve parada embaixo de uma árvore para um descanso. Do lado dela tem um tanque com uma bica d'água intermitente e me pareceu ser para os animais da fazenda, mas a água é potável. Folego retomado, volto a caminhar com aclive cada vez mais íngreme, passando ao lado de uma pequena cachoeira junto da estrada, onde também é possível observar outra maior ainda, pouco mais acima. Algumas motocicletas passam por mim conduzindo grandes mochilas que depois fui saber que eram paraquedas, já que no topo existe uma rampa de voo livre para decolagem de paraglider (ou parapente).
Seguindo quase em zig zag vou ganhando altitude com grande esforço e depois de várias paradas para descanso e hidratação chego na parte final dessa subida. É um pequeno trecho quase no plano e finalmente, às 10h30min alcanço o topo da minha caminhada. 
No topo
A altitude aqui é de 1410 metros e do lado esquerdo segue uma estrada na direção da rampa de voo livre, mas o meu caminho é seguir em frente, cruzando o mata-burro. Foi um aclive de 550 metros vencidos por um grande esforço em pouco mais de 3 horas. Não foi fácil.
Um breve descanso de uns 10 minutos para apreciar a ampla vista dos 2 lados da serra e retomo a minha caminhada, agora descendo. Na verdade é uma bela ladeira e exige muitos dos joelhos. Eu não recomendaria passar por aqui na chuva, pois as chances de levar um tombo e se machucar são muito grandes.
E mesmo pela estrada estar seca, alguns trechos estavam escorregadios, principalmente pelo meio.  
Bifurcação
É uma declividade violenta e muito rápida, passando por algumas chácaras e residências bem cuidadas e em menos de 1 hora finalizava no fundo do vale, junto do Rio Sapucaí, na altitude de 955 metros. Foram quase 500 metros de desnível em 2,5 Km de extensão.
Junto ao final da descida uma placa aponta Cachoeira de São Bernardo para direita com acesso pago, mas o meu caminho é seguir paralelamente ao rio, à esquerda. Um pequeno restaurante (Doce Vida) surge a lado da estrada e é perfeito para uma breve parada. Peço um copo de açaí com algumas frutas e aproveito para encher os cantis, apesar que daqui em diante vários bares e pequenos mercados estão ao longo da estrada.
É meio dia e sem perder tempo, retomo a caminhada já que tinha muito chão pela frente (16 Km até o asfalto e depois + uns 8 Km até a Pousada).
Com Sol a pino e com pouquíssimas áreas de sombra, o cansaço era bem maior do que nos dias anteriores, me obrigando a parar algumas vezes.
Rio Sapucaí
O Rio Sapucaí segue do lado direito e o percurso é quase sempre no plano com uma ou outra subida leve. Muitas chácaras e um ou outro comércio surgem nos dois lados da estrada.
Não demorou muito depois do restaurante e encontro uma ponte sobre Rio Sapucaí, marcando a divisa de Campos do Jordão de Wenceslau Braz. É estrada de terra e percebi que é muito usada pelos moradores. 
Já no trecho final da estrada de terra, uns cachorros resolveram me seguir. Tentei espantá-los a todo custo, mas não conseguia e acho que gostavam de caminhar.
E por volta das 16h50min finalizo no asfalto, onde existe um pequeno barzinho. Comprei alguns sucos para hidratar e fiquei descansando na sombra junto da Rodovia. Acho que estava adquirindo coragem para o trecho final pela Rodovia.
Trecho pelo asfalto
Daqui em diante achei melhor seguir com papete, já que caminhar com bota no asfalto não é fácil. 
Esse trecho pela Rodovia é desanimador, pois não existe acostamento e até um pouco perigoso nas curvas. Com alguns metros cruzo o Rio Sapucaí, onde vejo alguns pescadores na margem e com mais alguns minutos um outro Caminho se junta ao do Frei Galvão. É o Caminho de Aparecida, que se inicia em Alfenas/MG, sendo que nesse encontrei algumas placas sinalizando o trajeto.
Ao longo de quase todo esse trecho final, o Caminho segue paralelo ao Rio Bicas à esquerda com suas pequenas cachoeiras e corredeiras. 
Assim que começou a anoitecer tive que ligar minha lanterna, mas a Rodovia é de pouco movimento e mesmo que estivesse sem ela, não teria problemas em seguir em frente.
O percurso pelo asfalto é num aclive bem suave e somente ao chegar no perímetro urbano de Wenceslau Braz é que tem um trecho de subida.
E sem pressa fui adentrando a cidade até chegar na Pousada Castelinho por volta das 19:00hrs, que se localiza no outro extremo dela, seguindo pela Rodovia. Bem fácil localizá-la, pois ela se assemelha mesmo a um castelo.
Quem me recebe é o Luciano, marido da Patrícia e depois de instalado numa suíte e tomado um belo banho, vou jantar na Lanchonete da Derly, bem ao lado da Igreja Matriz. O lanche até que é bom e farto, mas o serviço foi bem demorado. Infelizmente cidade pequena tem disso.
Estava bem cansado e fui dormir o mais cedo possível para recuperar do dia mais longo dessa caminhada.

4º dia: Wenceslau Braz/MG - Fazenda Boa Esperança (Delfim Moreira/MG) – 17 Km
Km 0 - Pousada Castelinho Amarelo
Km 8,6 – Saída do asfalto no Bar Ponte de Zinco
Km 15 - Pousada Saborzinho da Roça
Km 17 - Pousada Boa Esperança
Pousada Castelinho
Acordei um pouco mais tarde que nos dias anteriores, já que o trecho nesse dia não possui aclives muito íngremes e por ser também um dos mais curtos. O café da manhã já estava preparado e depois do desjejum, deixei a Pousada por volta das 08:00hrs sem pressa. 
O caminho é para direita e logo na saída da cidade tem uma fonte de água mineral, onde aproveitei para encher meus cantis.
O Sol já brilhava num céu sem uma nuvem sequer, mas pelo menos é um trecho com muitas árvores ao longo da Rodovia e assim fui seguindo pelo asfalto. É uma Rodovia bem tranquila e com pouquíssimos carros. Em alguns momentos cheguei a contar 1 ou 2 carros a cada 10 minutos.
Por estar protegido pela vegetação ao longo da Rodovia, o Sol não chegava a incomodar e o caminho era bem agradável com pequenos trechos de aclive e declive suaves.
Pela Rodovia
Nesse trecho encontrei pela primeira vez alguns bikers, seguindo para a mesma direção. Passaram por mim e me cumprimentaram, mas não deu tempo de bater um papo.
E com pouco mais de 8 Km, alcanço um pequeno barzinho do lado direito localizado no bairro Ponte de Zinco. O lugar pertence ao município de Delfim Moreira e percebi que ali só é vendido bebidas alcoólicas. Estava atrás de algum suco, mas tive que me contentar com minha água.
Ao lado do barzinho encontrei algumas placas de madeira quase irreconhecíveis, sinalizando Bairro dos Pilões, Caminho da Fé e a seta azul, que também está bem desgastada apontando para direita. 
São 10h30min e é aqui que saio do asfalto e sigo por uma estrada de terra em leve aclive, paralelamente à Rodovia até seguir no plano por um bom tempo. 
Procurei as setas azuis nesse trecho, mas não encontrei, pelo menos é um caminho usado para chegar no bairro dos Pilões, então estou no lugar certo.
Trecho plano
A estrada é plana passando por uma pequena bica d'água e por áreas de grandes árvores. É até um alivio depois de dias seguindo por trechos ensolarados e sem vegetação.
Com cerca de 2,5 Km desde a Rodovia a estrada se encontra com uma outra que vem da esquerda, bem mais larga e sigo em frente, passando ao lado do que parecem ser tanques de piscicultura e algumas chácaras alguns metros à frente. 
O trecho possui um ou outro aclive bem suave e por volta do meio dia encontro outra bica d’água ao lado da estrada. Parada para reabastecimento.
Motos de trilha passam por mim em comboios ou algum solitário e vou prosseguindo com um pouco mais de cuidado, até para não ser atropelado por algum deles. Por ser um Domingo de Sol é natural as motos estarem percorrendo essas estradas da região.
E as 12h30min passo ao lado da Pousada Saborzinho da Serra, que pode ser uma boa opção de hospedagem e mais alguns minutos chego na entrada da Fazenda Boa Esperança. Tem uma portaria, mas ninguém no local e vou adentrando com alguns chalés do lado direito, até chegar no Restaurante da Fazenda, onde fica a recepção, de frente para uma bela cachoeira. 
Cachoeira da Fazenda
São 13:00hrs e por ser peregrino e pelo valor pago, iria ficar num alojamento, mas como o lugar estava vazio, me deixaram num chalé com lareira e frigobar sem cobrar nada a mais por isso.
Depois de um merecido banho, fiz um tour pelo lugar que é um Hotel Fazenda. Localizado em meio à mata atlântica, ele abriga algumas cachoeiras e trilhas que podem ser acessadas facilmente. A altitude aqui é de 1435 metros e por estar cercado de mata, a temperatura é bem amena. Para quem curte um contato bem próximo da Natureza, vai gostar muito. As trilhas que levam a 7 cachoeiras de diferentes quedas são de fácil acesso e podem ser visitadas seguindo próximo do rio principal que circunda a propriedade. A mais famosa e bonita das 7 é a Cachoeira Formosa, onde 2 rios (Boa Vista e da Onça) formam uma mesma queda com altura de uns 30 metros.
Cachoeira Formosa
Quando o final da tarde se aproximava a temperatura baixou rapidamente e só eu de hospede no lugar. O jantar foi truta na manteiga e logo depois me recolhi no chalé, que é bem confortável e com camas gigantes. Peguei algumas madeiras do lado de fora e acendi a lareira, deixando a temperatura mais agradável para uma ótima noite de sono.

5º dia: Fazenda Boa Esperança - Bairro dos Pilões (Guaratinguetá/SP) - 16 km
Km 0 – Fazenda/Pousada Boa Esperança
Km 1,8 – Cachoeira Belíssima
Km 9,5 – Oratórios e início da descida da serra
Km 16 – Chegada na Pousada da Sueli
Trecho da trilha
Com um café da manhã bem completo, retomei minha caminhada por volta das 08:00hrs com pouquíssimo peso, já que ao longo desse trecho serão vários pontos de água potável. 
Saindo do restaurante é só voltar alguns metros e cruzar uma ponte, passando ao lado de uma residência e agora seguir por antiga estrada em aclive suave. Algumas porteiras para cruzar e entro finalmente num ambiente que eu estou bem acostumado – trilha em mata fechada. Aquele frescor e o silencio que só é quebrado pelo canto dos pássaros e o murmurar do rio que vai surgindo ao lado, no meio daquela mata. É maravilhoso seguir caminhando assim. Algumas placas sinalizando Pousada da Sueli e FG aparecem em alguns pontos desse trecho, então não tem como se perder.
Seguindo próximo do Rio Boa Vista, passo ao lado de grandes muros de concreto que me pareceram serem vestígios de uma antiga ponte nunca finalizada, mas depois numa pesquisa pela internet descubro que os muros são na verdade fortificações da época da Revolução Constitucionalista de 1932, onde o Estado de SP se opôs à União.
Cachoeira Belíssima
Mais alguns minutos de caminhada cruzando várias nascentes de água que desaguam no Boa Vista e alcanço a Cachoeira Belíssima, com um enorme poção. Porém sem chances de mergulhar, pois a água é muito fria.
Prosseguindo em meio à mata fechada, a trilha passa por áreas de charco, onde fui pulando pedras para não enfiar a bota na lama, literalmente.  
Ainda passei por um pequeno trecho de uma grota e pouco depois das 09:00hrs cruzo o Boa Vista através de uma pinguela de concreto, construída somente para passagem de uma tubulação de água. No local tem um corrimão de cabos de aço que ajudam a cruzar sem o risco de cair no rio.
Entre árvores
Mais alguns metros e a trilha finaliza em uma larga estrada. Para a esquerda é o caminho natural, passando pelo antigo Hotel do Barão, mas devido à várias reclamações do proprietário sobre lixos deixados pelos peregrinos, agora o Caminho segue para direita, evitando passar pelas dependências do Hotel, que atualmente está desativado.
Mais placas da Pousada da Sueli nas bifurcações pela estrada e não demora muito tem início um trecho de subida até uma grande curva à esquerda. Nesse ponto o Caminho sai da estrada e avança por uma trilha na direção do interior da mata. Várias placas sinalizando a bifurcação estão fixadas nas árvores, sendo bem fácil identificar o local.
Trecho pela vegetação
É um trecho curto pela mata cruzando um pequeno riacho de água potável e um ótimo ponto para reabastecimento dos cantis.
A trilha finaliza numa área de vegetação baixa e muitos arbustos, para alguns metros à frente retornar para a estrada. A paisagem é maravilhosa nesse trecho com vistas para o alto da serra e muitos morros desnudos ao redor.
Se mantendo à direita na próxima bifurcação, o caminho segue em aclive, cruzando vários riachos até chegar aos oratórios de Nossa Senhora as 11h50min, no início da descida para o Vale do Paraíba.
Aqui várias trilhas se cruzam e descem a serra em direção à Aparecida. O lugar também é conhecido como Trilha da Santa e passagem quase que obrigatória para quem pretende visitar Nossa Senhora ou retornar dela.
Vários oratórios e uma pequena gruta de Nossa Senhora Aparecida com algumas fotos, terços, pedidos, graças e orações à Nossa Senhora Aparecida e ao Santo Frei Galvão que também foram colocados ali.
Oratórios
Agora um merecido descanso numa sombra de árvore e um lanche para repor as energias e enquanto isso um esquilo passou ao meu lado.
A altitude aqui é de 1715 metros e é o ponto mais alto de toda a minha caminhada. Daqui em diante é só descida por estreitas e profundas canaletas que podem se tornar verdadeiros rios em casos de enxurradas.
Conhecida também Trilha dos Romeiros, esse trecho é um caminho histórico utilizado desde a época de extração de ouro em MG. Todo o percurso é coberto por vegetação e em caso de chuvas, não se recomenda fazê-lo.
E por volta de meio dia e meio inicio uma das últimas etapas desse Caminho, descendo a Serra da Mantiqueira até a Pousada da Sueli.
Depois de uma breve oração vou seguindo pela canaleta que a cada metro avançado, vai se tornando cada vez mais íngreme e mais profunda.
Trilha descendo
É necessário descer com extremo cuidado para não levar algum tombo ou torcer os joelhos, já que a pressão é toda sobre eles nesses trechos muito íngremes. Só fico imaginando como alguém sobe por essa trilha. Maluquice ou com paradas a cada 10 minutos.
E pouco antes das 14:00hrs finalizo a descida, quando cruzo um pequeno riacho.
Depois de uma breve parada para hidratar e descansar os pés, volto a seguir pela trilha no plano e agora novamente caminhando sob um Sol escaldante. Cruzo algumas porteiras de madeira e desemboco numa estradinha sempre descendo.
Passo ao lado de algumas fazendas com plantações de bananas e até um pequeno barzinho para chegar na Pousada da Sueli exatamente as 15:00hrs.
Sueli
Sueli é extremamente hospitaleira e me conta boas histórias de pessoas que já passaram por ali e sobre romarias que desceram ou subiram a serra. Como a pousada estava vazia, ela me deixou em uma suíte de casal. O problema eram os pernilongos e tive que matar alguns para ter sossego. Melhor trazer um repelente.
Foi uma caminhada maravilhosa com lindos visuais e sem dúvida o melhor trecho de todos, devido às trilhas em mata fechada, tanto no inicio da caminhada, quanto no final, na descida da serra. Depois de um relaxante banho, marquei o jantar para a noite, indo dormir cedo novamente.

6º dia: Bairro dos Pilões - Centro de Guaratinguetá/SP - 27 Km 
Km 0 – Saída da Pousada da Sueli
Km 11,8 - Início do trecho de asfalto
Km 27 - Chegada à Casa do Frei Galvão
Pousada ao lado da Igreja
Último dia da caminhada e resolvi acordar mais cedo ainda. 
As 05h30min eu já estava de pé e após o café da manhã iniciei a minha caminhada poucos antes das 06:00hrs.
Depois das despedidas da Sueli fui caminhando sem pressa, tendo o Rio Pilões como acompanhante de vez em quando à direita, às vezes à esquerda.
Minha intenção, depois de passar pela Casa do Frei Galvão, era também visitar a Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
De agora em diante a caminhada era somente no plano com pequenos trechos de subida ou descida, sendo 12 Km por estrada de terra e mais 15 Km pelo asfalto.
O trecho segue por várias fazendas de gado leiteiro, gado de corte e alguns pequenos bairros com suas paróquias. São belas paisagens, mas é Sol na cabeça o tempo todo, já que não existem trechos de mata. E na hora que eu saí o Sol já inundava aquela região.
Gado leiteiro
Não encontrei dificuldades, mas é bom sair o mais cedo possível da Sueli para evitar o Sol forte.
Antes de chegar no asfalto passou por mim um grupo grande de bikers e me pareceram que tinham descido pela Trilha dos Romeiros. 
E com algumas paradas, as 09h30min finalizo o trecho pela estrada de terra e agora é pelo asfalto.
Outros bairros vão surgindo ao longo da estrada com seu comércio, algumas pequenas Igrejas e no Bairro Santa Edwiges paro no Bar do Nésio para um breve descanso e comprar alguns sucos. 
Quando estava descansando, um casal de bikers para ao meu lado e pergunta sobre qual Caminho estou fazendo e depois de uma breve conversa, me despeço e retomo a caminhada.
Pouco depois do meio dia passo ao lado do Aeroporto da cidade e daqui em diante já vou adentrando o perímetro urbano da cidade, seguindo pela calçada.
É por uma grande avenida, tendo ao lado o Rio Paraíba do Sul e as 14h20min cruzo ele para o outro lado, adentrando a região central da cidade por ruas estreitas até chegar na Casa do Frei Galvão as 14h40min. 
Casa do Frei Galvão
Converso com a pessoa que recepciona os peregrinos e depois de conhecer toda a Casa, ela carimba minha credencial e me entrega o certificado. Em seguida visito também o Memorial e a Catedral, que estão bem próximos.
Agora é a visita à Basílica de Aparecida e por volta das 16h30min embarco no circular em direção à Aparecida, me hospedando em um Hotel ao lado da Basílica. Como estava muito cansado, só fui visitá-la no dia seguinte.
E olha a coincidência, que não foi planejada em nenhum momento - minha intenção era assistir a missa das 09:00hrs e o dia era 25 de Outubro - dia do Santo Frei Galvão. 
Basílica
Fiquei pensando que o Frei Galvão fez com eu finalizasse toda essa minha caminhada exatamente no seu dia. 
Acho que foi uma maneira DELE me dar as bênçãos pela minha peregrinação.



Dicas e informações úteis


# Gastos
São Bento do Sapucaí
Hospedagem: Pousada Vovó Hilda – centro da cidade (12) 99681-3834
$90 sem café da manhã ou $115 com café da manhã
Jantar Restaurante Sabor da Serra: $70

Distrito de Luminosa (Brazópolis/MG)
Hospedagem: Pousada Nossa Senhora das Candeias (35) 99737-6240
$100 com jantar e café da manhã inclusos.

Fazenda Maratea (Piranguçu/MG)
Hospedagem: Fazenda/Pousada Verde Maratea (35) 99820-1401 
$80 com café da manhã.
Jantar: em torno $20 (delivery).

Wenceslau Braz
Hospedagem: Pousada Castelinho (35) 99833-6220
$65 com café da manhã
Jantar: em torno $30 (lanchonete ao lado)

Fazenda Boa Esperança (Delfim Moreira/MG)
Hospedagem: Chalés (35) 99720-8659
$160 com jantar e café da manhã inclusos

Bairro Pilões (Guaratinguetá/SP)
Hospedagem: Pousada da Sueli (12) 99755-0911
$120 com jantar e café da manhã inclusos

# Informações e solicitação da credencial e croqui do Caminho é com Ademilson (Brinco), sendo necessário pagar uma pequena taxa pela credencial. Contato: (12) 99755-3545.

# O que levar:
- Mochila de no máximo 30 litros.
- Ideal levar 2 ou 3 mudas de roupas + 1 roupa para dormir (em algumas pousadas permitem o uso da lavadora).
- Meias: no mínimo 3 pares e se puder 2 especificas para caminhadas.
- Capa de chuva/anorak + 1 blusa ou jaqueta de frio. 
- Protetor solar.
- Repelente.
- Alimentação de trilha: frutas secas, barras de cereais, salgados.
- Garrafa pet 1,5litros de água em cada trecho, apesar de que em todos os trechos encontrei nascentes/bicas d’águas ou algum barzinho. 

# Necessário reservar hospedagem antecipadamente. Algumas pousadas são pequenas e costumam lotar de peregrinos/caminhantes.

# Todas as pousadas incluem toalhas e roupas de cama.

# Uma outra boa opção de hospedagem próxima da Fazenda Boa Esperança é a Pousada Saborzinho da Serra. (35) 99880-5030.

# Não existem bancos nas cidades do percurso. Leve dinheiro. Todos os pagamentos das hospedagens fiz por PIX.

# Sinal de telefonia celular da Vivo funcionou na maior parte do trajeto e wifi é encontrado em todas as pousadas. 

# O caminho apresenta algumas poucas falhas de sinalização. Em várias bifurcações nos trechos as placas com setas azuis estavam desgastadas ou quase não se via mais. Já o trecho Fazenda Boa Esperança-Pilões é o mais sinalizado com placas de FG ou Pousada da Sueli. 

# Imprescindível levar um tracklog (arquivo de GPS) disponível no site Wikiloc para ser aberto em apps de celular. Ou o próprio aparelho de GPS.

# Eu usei um tracklog que foi dividido em vários arquivos. O 1º dia é esse: clique aqui

# Quanto a segurança, pode ficar tranquilo. Riscos de assaltos são nulos. 

# Todas as pessoas que encontrei ao longo do caminho (trabalhadores/agricultores) eram receptivas, simples e sempre procuravam ajudar.

# Evite a todo custo fazer esse Caminho com chuva. 2 trechos podem ser muito complicados e perigosos se estiver chovendo: 
- Trecho Piranguçu- Wenceslau Braz possui um trecho de serra com aclive e posterior declive muito acentuado.
- Outro trecho é na descida da Serra da Mantiqueira, antes de chegar no Bairro de Pilões, em Guaratinguetá. São canaletas estreitas e profundas que foram sendo erodidas pelas enxurradas das chuvas – verdadeiros valões.