30 de junho de 2011

Relato: Cruzando a Serra da Mantiqueira de norte a sul pela antiga linha férrea Passa Quatro/MG-Cruzeiro/SP

Depois de ter feito a trilha do Rio Branquinho, descendo a Serra do Mar de Sampa até Itanhaém (relato aqui), onde alguns trechos seguem por linha férrea, me deu vontade de fazer alguma outra caminhada que também fosse por trilhos de trem.
Como o tempo estava colaborando e prometia ser de muito Sol no feriado de Corpus Christi, escolhi a caminhada de Passa Quatro (MG) a Cruzeiro (SP) pela antiga linha do trem. 
Essa caminhada até dá para se fazer em apenas 1 dia, mas acho muito puxado, por isso resolvi fazê-la em 2 dias. 
Com apenas 1 pernoite e a fartura de água na trilha, a mochila foi com o mínimo de peso, colocando só o básico.
Nem chamei outras pessoas porque organizei a caminhada quase em cima da hora e resolvi ir sozinho.


Foto acima, na entrada do Túnel da Mantiqueira, na divisa MG/SP


Fotos dessa caminhada + imagens de satélite com trilha plotada: clique aqui
Tracklog para GPS dessa caminhada: clique aqui


Estação de Passa Quatro
Do trecho entre Passa Quatro até quase a divisa MG/SP, junto ao túnel da Mantiqueira, uma empresa (ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) opera trens turísticos só nos fins de semana com 2 vagões para cerca de 150 pessoas com uma Maria Fumaça puxando.
Já a partir da divisa até Cruzeiro seria de muito vara-capim e alguns vara-mato, mas sem problemas de navegação já que eu seguiria pelos antigos trilhos que ainda estavam lá.
Linhas na direção do túnel
Comprei a passagem para o horário das 07:00 hrs pela Viação Cometa, numa Sexta-feira saindo do Terminal Tietê em SP e pouco antes do meio dia já desembarcava em Passa Quatro. Fui ainda conhecer a estação ferroviária de onde sai o trem turístico até o túnel da Mantiqueira e como era um feriado prolongado, iria sair um as 14h30min, mas já estava lotado.
Depois de comprar água e alguns clics, inicio a caminhada pelos trilhos às 12h10min, saindo da altitude de 915 metros. 
Cruzando rios
Esse trecho inicial cruza algumas pontes, mas sem maiores dificuldades e por um longo tempo vou seguindo por uma trilha paralela à linha férrea.
Como ainda estou no perímetro urbano de vez em quando alguns garotos perguntam se estou indo para a Pedra da Mina; digo que não e quando ficam sabendo que vou até Cruzeiro pela linha férrea ficam até espantados, dando a entender que pouca gente faz esse roteiro ou que preferem iniciar a caminhada já no alto da serra.
É interessante notar que muitas das pontes estão conservadas, com exceção de alguns dormentes, mas será que são originais de 1884, quando foi inaugurada essa linha?
Chegando na Estação Manacá
Dúvidas à parte, as 12h55min chego na Estação Manacá, onde encontro uma mesinha pronta para receber produtos e vendê-los aos turistas que passarão mais tarde por aqui. 
Pela linha
Com ela fechada, passo direto e logo à frente encontro um biker que estava explorando a região. 
Depois de trocar algumas idéias de roteiros de bike, volto a caminhar sempre com o Sol incidindo e à sudeste é possível ver todo o perfil da Serra Fina com seus principais picos se destacando no céu azul e limpo.
Depois da Estação Manacá, sigo paralelamente ao Rio P4 e as 13h20min avisto algumas pequenas cachoeiras e poços ao lado da linha férrea. 
Poções do Rio P4
Resolvo dar uma explorada, mas não consigo chegar até o leito, já que o rio escavou o solo formando enormes voçorocas que ficaram bem profundas, como se fossem grutas e vejo que nem é possível chegar na Cachoeira do Manacá que fica em um lugar de difícil acesso. 
Rio ao lado da linha 
O lugar tem o nome de Poço do Manacá e depois de alguns clics retorno para os trilhos, agora em um pequeno trecho de mata, mas que não dura muito, já que logo saio em campo aberto. 
As 13h30min cruzo com a estrada que segue para a base do Pico do Itaguaré ainda bem longe e escondido pelas escarpas da serra que vão me acompanhando por um bom tempo.
Ponte sobre o Rio Passa Quatro
Uns 10 minutos depois passo ao lado de um trecho com desmoronamento do lado esquerdo, que num futuro próximo pode chegar até os trilhos.
As 13h45min passo pela última ponte sobre o Rio P4, que agora se distancia cada vez mais da linha férrea. Em todas as pontes alguns dormentes aparentam estar apodrecidos ou foram retirados, mas sempre é possível encontrar alguma tábua que ajuda nessas travessias.
As 14:00 hrs passo ao lado de um pequeno curral, onde encontro alguns porcos e vacas que estavam para serem ordenhadas e nesse lugar os cachorros resolvem não me deixar em paz e ficam latindo até eu sair de seus territórios.
Estação Coronel Fulgêncio
Mais uns 15 minutos e encontro outra cachoeira à esquerda, com muitas crianças e familiares, mas como estava um pouco longe da linha férrea, resolvo passar direto.
As 14h35min chego na Estação Coronel Fulgêncio, último ponto onde o trem turístico chega, que nesse momento deve estar saindo da estação de P4.
Aqui encontro algumas mesas que são usadas para expor produtos à venda pelos habitantes locais como pinhão, mexericas, pães, laranjas.
Interior da estação
A estação está aberta e no interior dela existe uma exposição de fotos antigas mostrando imagens da antiga minissérie Mad Maria da Rede Globo, que em parte foi gravada nessa linha férrea. 
Há também fotos da antiga ferrovia Madeira-Mamoré e dos soldados mineiros que combateram os paulistas na Revolução Constitucionalista de 32. 
Cruzando o Túnel Mantiqueira
Depois de algumas aulas de história, sigo minha caminhada em direção ao túnel que está bem próximo dali, mas antes pego água para o jantar em uma fonte com várias bicas, que foi inaugurado em Março de 1964.
Saída do túnel
Com cerca de 2 litros de água, sigo até a boca do túnel, onde chego pouco antes das 15:00 hrs e olhando para o final dele vejo uma luzinha, mas ainda tenho de caminhar + - 1 Km. Na minha medição o túnel tem 1011 metros, mas alguns sites citam ele com 996 metros, outros com 1085 metros.
O túnel está na altitude de 1060 metros e no fim do dia seguinte terei que chegar a 517 metros (altitude da cidade de Cruzeiro).
Totem da Estrada Real
Vou atravessando somente com uma pequena lanterna de leds (que é dispensável) só ouvindo o som de água escorrendo nas laterais da linha que chega a ser quase um riacho. 
As 15h15min saio do túnel com todo o visual do vale do Paraíba à frente e logo na saída encontro um senhor cuidando de uma pequena horta e um totem de concreto da Estrada Real. 
Cruzeiro ao fundo
Desse lado do túnel a ferrovia está totalmente abandonada contrastando com a parte conservada de MG e daqui para frente serão inúmeros trechos de vara-capim, vara-mato, pontes mal conservadas, alguns túneis, áreas de brejo e muitas voçorocas que estão destruindo os trilhos e os dormentes.
Mato tomando conta
Depois de cruzar com o cavalo branco de Napoleão pastando na relva, entro definitivamente na mata fechada e vou seguindo junto aos antigos trilhos do trem. 
Olha o cavalo aí
Cruzo com uma pequena trilha que deve levar a algum sítio na encosta à esquerda e as 15h45min a trilha que eu estava seguindo desce à direita, mas os trilhos seguem para esquerda. Nesse ponto passam por mim alguns bikers descendo para a Rodovia. 
As 16h10min chego no 1º túnel e mais alguns metros em uma entrada de trilha onde é possível acampar à esquerda.
O lugar é perfeito e totalmente plano, só precisando dar uma limpada nas folhas e pequenos galhos que estão forrando o solo. 
Fazenda ao longo do caminho
Foi um achado porque outro bom lugar como esse só fui encontrar a umas 2 a 3 horas de caminhada, junto da antiga estação Perequê. 
A trilha onde montei a barraca tem acesso a um pequeno rancho localizado na encosta de um morro e onde pode ser outra boa opção de camping. 
Montada a barraca, fui fazer algumas anotações e conferir a minha carta topográfica e o altímetro, que marcava por volta de 1000 metros de altitude.
Começou a escurecer pouco depois das 17h30min e não demorou muito fui preparar meu jantar. 
Tive uma noite tranquila e no meio da madrugada dei uma olhada no termômetro que marcava por volta de 12ºC.
Túneis ao longo do caminho
Depois do celular despertar as 06h30min fui preparar o café da manhã e as 07h20min de barraca desmontada e mochila nas costas, fui seguindo pelos trilhos.
Uns 5 minutos depois passo pela 1ª ponte, sobre o Ribeirão Passa Vinte, onde os dormentes estão podres e não é confiável ir pisando neles, sendo ideal ir pelos trilhos. 
Logo depois da ponte intercepto uma trilha à esquerda que deve levar ao pequeno rancho que eu tinha visto atrás.
Outro túnel
Mais alguns metros e chego ao 2º túnel e este até com bons lugares para montar barraca, mas se forem bem pequenas. 
Logo na saída encontro uma área de brejo que me faz ir pulando por cima da vegetação, tomando o cuidado para não encharcar a bota de lama, mas não teve jeito. 
Seguindo os trilhos e alguns postes que devem de ser de telégrafo, as 07h40min cruzo com um pequeno riacho que desce pela encosta em forma de cascata. 
Nascentes cruzando a linha
Desse ponto vejo atrás de mim, à nordeste, o rancho próximo de onde acampei e as cristas da Serra da Mantiqueira com inúmeros picos. 
À sudoeste, o Pico do Itaguaré em todo seu esplendor e bem ao fundo, o Marins.
Pico do Itaguaré
Depois de lavar a bota no riacho, pego um pouco de água e as 08:00 hrs volto a caminhar. 
Esse trecho é um pouco ruim porque tem muito vara capim e carrapichos que insistem em ficar grudando nas roupas. 
As 08h25min chego na maior de todas as pontes que ultrapassei, de uns 30 metros de comprimento e de uma altura considerável. 
Maior ponte do caminho
O grande problema aqui é onde ir pisando, já que muitos dormentes estão podres, então o ideal é ir seguindo pelos trilhos que nesse ponto foram colocadas 3 bitolas, mas como segurança pouca é bobagem, resolvo seguir agachado e pisando no meio dos trilhos.
Logo que atravesso essa ponte, que é a mais complicada de todas, chego em uma outra, mas essa tomada pela erosão, já que os trilhos e os dormentes que sobraram estão suspensos no ar. 
Nesses pontos sempre é possível descer até o fundo da voçoroca ou contorná-las pela esquerda. 
Às vezes é até mais seguro do que seguir pela linha férrea.
Linha férrea
As 08h45min chego no 3º túnel e este com muitas pedras e complicado para montar barracas. 
Pouco depois das 09:00 hrs vou seguindo rente a uma cerca de arame do lado direito com vistas para a sede de um Sítio logo abaixo, sendo esse um bom lugar para um resgate de emergência.
A partir daqui a trilha se alterna entre capim ralo com vegetação alta e um ou outro pequeno vara mato, mas sem dificuldades.
Os Picos do Itaguaré e Marins cada vez se mostram mais e mais à oeste e aqui muito cuidado com carrapatos porque encontrei alguns cavalos e vacas próximas da trilha.
Antiga Estação Perequê
Pouco depois das 10:00 hrs os trilhos fazem uma curva de quase 180º como se estivessem retornando, mas logo seguem para leste e depois sudeste, passando por trechos de muito vara-mato e vara-capim. 
As 10h40min passo sobre um pequeno riacho e alguns minutos à frente chego na antiga Estação Perequê que está tomada pelo mato, só se vendo a plataforma e uma parede da estação em ruínas.
Junto da linha
O local é bem escondido e a estação pode passar despercebida tranquilamente.
Mais uns 10 minutos e chego na Capela do Perequê, toda fechada e que aparece de costas para a ferrovia. 
Interior da Igreja
No seu interior só restam um pequeno altar e algumas cadeiras amontoadas ao fundo e aqui sim é outro bom lugar para montar barracas.  
Junto da capela uma estrada cruza a linha férrea e deve levar a algum Sítio mais acima. 
Outro riacho
Depois de vários clics, as 11h15min retomo a caminhada e uns 10 minutos depois ouço um riacho do lado esquerdo que passa embaixo da ponte onde iria cruzar e resolvo descer até o leito onde encontro algumas pequenas quedas, tobogãs e poços; perfeito para um descanso e um banho de água gelada. 
Depois de mais de 1 hora e revigorado pelo banho, volto a caminhar as 12h40min e as 13:00 hrs encontro outra voçoroca onde os trilhos estão suspensos. 
Linha férrea se acabando
O ruim é que nesse trecho encontro inúmeras vacas pastando junto aos trilhos e o risco de se pegar carrapatos aqui é muito grande, já que a vegetação está alta.
Andando em trilhos suspensos
Mais alguns metros e encontro outras enormes voçorocas com trilhos suspensos, mas nessa resolvo seguir caminhando pela linha, colocando um pé em cada trilho e assim vou caminhando devagar com as pernas bem abertas, já que estava ficando nervoso de tanto varar capim e mato. 
As 13h20min chego no 4º túnel onde um enorme brejo me aguarda dos dois lados e aqui foi difícil não encharcar a bota de lama.
Mais uns 5 minutos e chego a um bambuzal onde a vegetação dá uma diminuída e daqui sigo por um caminho de vacas bem demarcado. 
Furtos de trilhos
Junto ao bambuzal encontro uma nascente que segue por um túnel concretado e aqui paro novamente para lavar a bota que estava uma lama só.
Mais à frente cruzo com mais uma pequena ponte sobre uma nascente que desce pela encosta e daqui para frente fico puto da vida com que eu vejo: estão furtando os trilhos da linha e em vários pontos é possível ver o uso de maçaricos para cortá-los. Uma pena.
As 13h55min cruzo com uma estrada de terra que possui um mata burro junto à uma cerca de arame e provavelmente é nesse ponto que os trilhos furtados são retirados por algum veiculo.
Picos ao fundo
Quando voltei para casa dessa caminhada, mandei e-mails para a Prefeitura de Cruzeiro e para a empresa que opera a linha turística de P4 e espero que tenham tomado alguma providencia.
Muita vegetação
Nesse ponto consigo um pequeno sinal de celular da Vivo e as 14h15min os trilhos fazem uma curva bem acentuada para esquerda e seguem na direção leste para entrar em um dos trechos mais complicados dessa caminhada. 
Aqui o capim e o mato estão muito altos e tomaram conta dos trilhos e fica até difícil caminhar e não teve jeito; tive  que abrir a trilha no peito e por causa disso saí bem arranhado e com um corte na coxa provocado pelos espinhos, mas nada que meu estojo de 1º socorros não pudesse resolver.
Área de reflorestamento junto da linha
Foram uns 20 minutos intermináveis misturado com o cansaço dos inúmeros vara-capim e a expectativa dessa trilha terminar logo, que sem saber, esse era o último trecho de mato, pois logo à frente saio em campo aberto ao lado de um grande reflorestamento de eucaliptos à direita.
As 15:00 hrs cruzo com uma cerca de arame que obstrui a passagem pela linha férrea, para logo chegar em um dos trechos mais tranquilos dessa caminhada.
Aqui paro para descansar por alguns minutos, tentando se esconder do Sol que não dá trégua.
Nesse ponto a linha férrea está em perfeitas condições e sem vegetação nenhuma nos trilhos. 
Ao lado da estrada
Vejo algumas vacas pastando ao lado e começam a aparecer algumas casas próximas à linha.
Depois de cruzar com mais outra cerca de arame, chego a um trecho onde a vegetação, que estaria no meio dos trilhos, está toda queimada.
Daqui já é possível avistar uma estrada de terra paralela à linha férrea e conforme as duas vão chegando próximas, resolvo abandonar os trilhos de vez às 16:00 hrs e daqui em diante sigo por essa estrada por uns 15 minutos até a Rodovia. 
Como não estava afim de esperar algum ônibus que me levasse até o centro de Cruzeiro, vou seguindo pela Rodovia.
Estação Rufino de Almeida restaurada
Alguns metros à frente e resolvo subir uma pequena encosta junto da Rodovia, onde é possível ver a única estação restaurada e conservada de todo esse trecho: a Rufino de Almeida e até tento seguir pelos trilhos, mas ao chegar no 5º túnel (o último), a caminhada é por áreas de charco e daqui para frente os trilhos desaparecem e por isso resolvo voltar para a Rodovia.
Sigo por quase 1 Km até um trevo ao lado do Restaurante/Fábrica de doces Essência do Vale e aqui sigo para esquerda por uma estrada asfaltada por cerca de 1 hora que me leva até a Rodoviária, onde pego ônibus das 20:00 hrs de volta para São Paulo.


Algumas dicas e informações úteis (Atualizado Julho/2020)


# Quando sair de P4, traga água para umas 3 hrs de caminhada, pois só fui encontrar o precioso líquido de qualidade em uma fonte, próximo do Túnel da Mantiqueira.

# A partir da divisa, a linha férrea cruza inúmeros riachos e nascentes, por isso não se preocupe com água. 


# Melhor lugar para acampar nessa travessia (se feita em 2 dias) sem dúvida nenhuma é logo depois do 1º túnel do lado de SP. Dali para frente outro bom ponto só vai estar a umas 2 ou 3 hrs de caminhada. Dentro dos 3 primeiros túneis também é possível montar barraca, mas é apertado e o piso é todo de pedra britada.


# Muito cuidado quando cruzar as pontes, já que muitos dormentes estão podres.


# Em vários trechos o mato e o capim tomou conta dos trilhos, por isso luvas e calça comprida são itens essenciais.


# Não é difícil se deparar com carrapatos, já que muitos animais são encontrados ao longo dos trilhos.


# Foi difícil encontrar sinal de telefonia celular. São pouquíssimos lugares.


# Se quiser economizar na caminhada no trecho final quando chegar na Rodovia, existem ônibus da empresa Cidade do Aço que vem de P4 com vários horários:

www.cidadedoaco.com.br

# Um facão é bem útil em alguns trechos, assim como um protetor solar.


# Não recomendo fazer essa caminhada no sentido Cruzeiro-Passa Quatro. É bem mais cansativa. 


# De Cruzeiro direto para São Paulo pela Pássaro Marrom são poucos horários. Atente a isso.


# Site do trem turístico da Maria Fumaça em Passa Quatro:

www.tremdaserradamantiqueira.com.br

# Quem pretende repetir essa caminhada recomendo que leia o comentário do Hugo Metz. Ele fez essa caminhada no início de Maio/2015 e encontrou vegetação muita alta em alguns trechos e teve que desistir ao chegar na Capelinha do Perequê. Uma pena. 

# Para quem curte caminhadas por linhas férreas, uma das primeiras que eu fiz e que recomendo é a subida da serra do mar de Angra dos Reis até Lídice seguindo sempre pelos trilhos. Túneis, pontes, rios, nascentes e muitos poções surgem a todo momento. Atualmente eu não recomendaria iniciar a caminhada próximo da cidade, porque os traficantes tomaram conta de muitos bairros ao longo da linha férrea. Uma pena.
http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-subida-da-serra-do-mar-pela.html

# Outra caminhada que fiz recentemente e considero para poucos é a da Linha Funicular, que desce a Serra do Mar entre Paranapiacaba e Cubatão. São inúmeras pontes em ruínas com risco de queda e vegetação alta em todo o trecho. O relato é esse: http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2014/04/relato-2-travessia-da-funicular-de.html

# Um pouco de história: essa linha férrea foi inaugurada em 14/06/1884 por D. Pedro II, sendo construída pela The Minas e Rio Railway Company. 
O trecho de Cruzeiro até P4 funcionou com trem turístico de 1998 até o final de 2001. 
Depois disso, o trecho de MG voltou em Janeiro de 2004 e se mantem até hoje.
Existe um projeto da Prefeitura de Cruzeiro de reformar todo o trecho de SP e reativar o trem turístico também no trecho paulista.

24 comentários:

  1. negrabela08 maio, 2013

    Muito bom o relato Augusto.
    Pretendo desenrolar essa caminhada em breve, afinal tenho um carinho todo especial por esse trecho da Mantiqueira, pelas diversas vezes que subi e desci a estrada da Garganta do Embaú indo pra Passa Quatro....

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    1. Oi Cris.
      O que estraga um pouco a beleza dessa caminhada são os trechos de capim alto e um ou outro vara mato.
      E tome cuidado que os lugares de pernoite são bem poucos.
      Depois de passar o 2º túnel no lado SP, outro lugar bom só vai estar a quase 3 hrs de caminhada.
      No mais é aproveitar enquanto os trilhos estão lá.
      Se ninguém fizer nada com os furtos que já ocorreram, aí é que eles vão furtar muito mais.


      Valeu

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  2. Adorei o relato, Augusto!! Suas pernadas me dão várias ideias!! Quem sabe um dia ainda consiga fazer como você?!

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    1. Oi Fabiana.
      Legal que algumas idéias de caminhadas vêm dos meus relatos. Eles estão aí p/ isso mesmo.
      Uma outra pessoa que sempre faz belas caminhadas é a Cris.
      A da postagem aqui de cima.
      Com ela não tem tempo ruim não.


      Abcs

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  3. bcsanches08 maio, 2013

    Olá Augusto,

    conseguiria precisar no google earth o local dos furtos? Teria mais fotos do local, com fotos eu conseguiria identificar.

    Obrigado

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    1. Oi Bruno.
      Só tenho aquelas 3 fotos.
      Não tirei mais.

      Me passe seu e-mail em pvt que eu te passo um print screen da tela onde é possivel ver o local dos furtos.


      Abcs

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  4. Cara!
    Gostei muito de ver e ler esta sua aventura.
    Me imaginei fazendo esta caminhada e curtindo todo este caminho que as vezes eu faço, mas pelo google heart (KKKKK).
    Você conseguiu juntar nesta sua aventura, duas das minhas maiores paixões, que é a caminhada e as ferrovias do nosso Brasil.
    Inclusive, esta ferrovia que vc desbravou, faz parte da a muito falecida, Cruzeiro / Juréia, que ligava a cidade de Cruzeiro/SP a Comunidade da Juréia na cidade de Guaxupé/MG, passando pela minha cidade que é Varginha/MG, onde depois da desativação da linha até a Juréia, se tornou a ponta da linha.
    E falando um pouco da caminhada, eu infelizmente não tenho muito tempo para fazer, devido ao trabalho e a família que me travam um pouco, mas uma vez no ano, saímos da nossa cidade e caminhamos a pé até a cidade de Aparecida, onde andamos 250Kms em 6 dias pela serra da mantiqueira e sintase convidado para ir no ano que vem.
    Para finalizar, parabéns pelas suas aventuras e toda vez que for alguma por ferrovias, poste como já faz para viajar em pensamento por essas trilhas.
    Denilson

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    1. Blz Denilson.

      É uma caminhada tranquila essa de P4 a Cruzediro. Têm os trechos de vara mato, mas nada impossíveis.
      Quem sabe vc até possa sair de Varginha e seguindo a antiga linha, chegar até P4 ou quem sabe até Cruzeiro.
      Não se anima não?

      Eu já fiz uma caminhada até Aparecida, mas saindo lá de Tambaú/SP. Deu um total de quase 430 Km.
      O relato e as fotos estão aqui na pagina. É o conhecido Caminho da Fé.
      Quem sabe não te encaraja a fazer o mesmo.

      Eu preciso voltar a fazer caminhadas por (antigas ou não) linhas férreas. Tenho algumas em vistas, mas não p/ agora.

      Valeu pelos parabéns.


      Abcs

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  5. Boa noite Augusto
    Seus relatos têm inspirado e ajudado várias de minhas andanças por aí, e acho que agora chegou a hora de uma pequena contribuição.

    Fiz essa travessia com um amigo neste feriado (1º e 2 de maio/2015) e quero atualizar as informações da trilha.

    Até o acampamento depois do túnel está tudo bem, bonito e bem cuidado. Após o túnel caminhamos cerca de 30 a 40 minutos e a trilha está boa. Bastante mato, mas plenamente transitável. Após este tempo há uma obstrução meio severa nos trilhos, com bastante galhos e mato fechando a passagem. Não tentamos passar por ali pois à esquerda há uma porteira que sobe um morrinho, passando ao lado de uma propriedade particular. Tentamos contornar a obstrução por ali, mas o dono da propriedade criou algum problema. Por fim nos permitiu passar. Cruzamos um riacho e entramos em uma região de pasto, e pouco tempo depois encontramos novamente a trilha.

    A partir dali a trilha está com muito matagal. Há trechos muito longos e muito difíceis de passar, pois o mato e os espinhos tomaram conta. Não dá pra ver os trilhos (apenas resquícios deles).

    Aquela ponte sem dormentes que está aí na sua foto foi praticamente irreconhecível. Só deu pra ver que ela estava lá depois de duas tentativas de varar o mato. Daí vimos os trilhos suspensos, totalmente cobertos pelo mato. Só essa ponte levou quase 10 minutos para ser vencida.

    Essa dificuldade se estendeu por quase duas horas. Um pouco antes da curva bem fechada a trilha se abriu um pouco, mas depois fechou de tal forma que só avançávamos com uma faca. Escutávamos a água, mas não conseguíamos chegar até ela, pelas condições intransponíveis da vegetação.

    Essa situação se manteve por pelo menos 5 horas, que foi o tempo que levamos para chegar na Capelinha. Lá decidimos abandonar a trilha. Conseguimos percorrer 20 dos 30 km previstos.

    Nas condições atuais não recomendaria mais a trilha completa. Muito esforço, pouco rendimento, dificuldades com água e pouco visual.Eu recomendaria ir apenas até a área de acampamento com o monumento da divisa SP-MG.

    Espero ter ajudado. Abraço Augusto, obrigado por tantos relatos e tanto material de qualidade disponibilizado a nós. Sucesso!

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    1. Oi Hugo, tudo bom?

      Foi bom esse desvio que vcs pegaram logo depois do primeiro acampamento. Com certeza vcs pegariam um trecho com muito brejo e vegetação alta.
      Minha intenção com esses relatos é que outras pessoas possam repetir a caminhada e tornar a trilha mais demarcada, mas parece que poucos estão criando coragem para isso.
      É uma pena mesmo, porque é uma bela trilha seguindo os trilhos. Acho que daqui a algum tempo são os dormentes que estarão podres nas pontes.

      Eu também tive problemas para atravessar esse trechos dos trilhos suspensos.
      Inicialmente fui procurar uma trilha que contornasse os trilhos, mas não achei, por isso tive que ir caminhando em cima dos trilhos. Não foi fácil.

      Vc deixou de fazer um dos trechos mais tranquilos. Depois da capelinha, a vegetação não estava tão alta e deu p/ seguir caminhando em cima dos trilhos por um bom tempo.
      Alguns minutos logo depois de terminar o Túnel da Mantiqueira, existe uma trilha que sai à direita. Talvez essa seja a melhor opção mesmo.
      Só lamento por vcs não terem finalizado essa caminhada como tinham planejado.

      E agradeço pela atualização e boa sorte em alguma outra caminhada que queira fazer.
      Estarei editando o relato com suas informações.
      E precisando de ajuda em alguma outra trilha, é só perguntar.


      Gde abc
      E precisando de ajuda

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  6. Oi, Augusto,
    Tenho gostado muito de suas postagens.
    Tenho um pequeno jornal em Três Corações (FOLHA TRICORDIANA) e vou contar umas estórias do rio Verde. Por acaso chegou a ir até a nascente dele em Passa Quatro? Tem alguma foto próxima dali?
    Um grande abraço, e apareça qualquer hora por aqui. Vamos muito a São Thomé, Cambuquira e Luminárias. Abraços,

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    Respostas
    1. Oi Flávio, tudo bom?
      Agradeço pelas palavras de apoio. Esse é meu intuito. Escrever relatos leves e detalhados dessas minhas trips.
      Três Corações. A terra do Rei.
      Qto ao Rio Verde, já passei pela nascente dele 2x, quando estava fazendo a travessia da Serra Fina.
      Vc vai encontrar detalhes nos relatos que eu escrevi dessas travessias:
      www.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/a-travessia-da-serra-fina-que-levou-6.html
      www.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-transmantiqueira-marins-itaguare.html
      E tenho algumas fotos do vale onde fica a nascente. Estão nos álbuns desses 2 relatos.
      Espero que seja útil.
      Sobre as cidades que vc citou, uma que está na minha lista é São Tomé.
      Apesar que são muitas cidades de MG que ainda pretendo conhecer.
      O estado é o paraíso para os montanhistas e adeptos do trekking.

      Valeu.

      Abcs

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  7. Fiz este trajeto hoje dia 11/06/2016. Está péssima as condições aparti da cachoeira das 3 quedas vc não anda mais, não dá para chegar na ponte de ferro. Pena que Cruzeiro SP não faz nada por suas relíquias e histórias.

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  8. Fiz este trajeto hoje dia 11/06/2016. Está péssima as condições aparti da cachoeira das 3 quedas vc não anda mais, não dá para chegar na ponte de ferro. Pena que Cruzeiro SP não faz nada por suas relíquias e histórias.

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  9. Triste notícia.
    Já tinha passado por trechos com vegetação muita alta e dava para notar que pouquissimas pessoas passam por lá.
    Acho que caminhar por antigos trilhos de uma linha férrea não é interessante para as pessoas.
    Lamento por isso.
    Valeu pela atualização.

    Abcs

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  10. Bom dia...
    Fiz a travessia esse final de semana, ou melhor tentei. Até atravessar o túnel na região de camping, foi tudo muito tranquilo e pudemos aproveitar bem as paisagens e até mesmo curtir um rapel na boca do túnel (Que visual!)

    Mas infelizmente devido a mata EXTREMAMENTE fechada, após muitos arranhões e mesmo com um facão decidimos abortar a trilha na Capelinha também. Conversamos com um morador da região passava por ali no momento em que descansávamos e ele nos informou que seguindo em frente o caminho estava ainda pior.
    Após resolvemos descer até a estrada e seguimos pra Cruzeiro de ônibus.

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  11. Oi Giselle.
    É uma pena mesmo.
    Eu também saí de lá todo arranhado e com um corte na perna.
    O vara mato e os espinhos é de fazer qqer um desistir.
    Mas chegando na capela vcs já percorreram um longo trecho dessa caminhada.
    Infelizmente o mato vai tomar conta dos trilhos e só vai ficar na memoria de alguns essa linha férrea.
    Mas parabéns po terem chegado tão longe.

    Abcs

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  12. MEU NOME É LUIZ ANDRE , EU, MEUS DOIS FILHOS E MAIS UM AMIGO FIZEMOS ESTA TRILHA NO DIA 12/11/2016 SEGUIMOS BEM ATÉ A PROPRIEDADE CITADA POR (HUGO METZ) ONDE AGORA O DONO MANTEM DOIS CACHORROS DE VIGIA , POREM DEVIDAMENTE AFASTADOS COM UMA PEDRADA, SEGUIMOS PELA MATA AGORA MUITO DENSA, ONDE PERDEMOS OS TRILHOS VARIAS VEZES , ALGUM TEMPO DEPOIS CHEGAMOS AO PRIMEIRO TÚNEL, ONDE FINDAMOS A CAMINHADA DEVIDO AO CLIMA , COMEÇOU A CHOVER AS 17:40 .
    POR CONTA DISTO MONTAMOS ACAMPAMENTO NO TÚNEL MESMO E COMO NÃO PAROU MAIS DE CHOVER DEMOS POR ENCERRADA A CAMINHADA NO DIA SEGUINTE DEVIDO AO POUCO TEMPO RESTANTE.
    AGORA OS TRECHOS DE MATA SOMENTE COM FACÕES
    POREM FOMOS DESAFIADOS PELA NATUREZA A VOLTAR NUMA OUTRA OPORTUNIDADE

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    1. Oi Luiz Andre, tudo bom?
      A partir do primeiro túnel vcs iriam pegar trechos muito ruins por causa da chuva. Mesmo em época seca existe uma área de brejo e dificil de atravessar.
      E com chuva ia ser pior.
      Sem contar o vara mato que vcs iriam encontrar dali para frente.
      Com vegetação molhada não ia ser facil caminhar.
      Tomaram a decisão correta, com certeza.
      E qdo voltarem lá, só com tempo firme e um facão para abrir trilha.
      Boa sorte.

      Abcs

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  13. ME COLOQUEI COMO ANONIMO POREM MEU NOME ESTA AI , QUALQUER CONTATO LOLIVEIR21122012@outlook.com
    abraços

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  14. Boa tarde Augusto, gostei muito do seu relato.Moro em Cruzeiro e Amanha estaremos saindo para fazer essa caminhada pela linha férrea até a Santa, ou pelo menos tentar . Minha maior preocupação e com a maior ponte.

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    1. Oi Alda, tudo bem?
      Agradeço pelas palavras.
      Só quero ajudara outros.
      Vc vai seguir pelo trcho mais dificil hein.
      Muito cuidado.
      Facão, luvas, calça comprida e camisa comprida são itens obrigatórios.
      A maior ponte não achei tão complicada.
      Eu segui por ela agachado, mas se o medo for maior é possivel contorna-la.
      Quando chegar lá, vc verá.

      Boa sorte.

      Abcs

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  15. Que relato fantástico!! Muito bem detalhado e descrito. Eu me senti na trilha. Eu fiz quando muleke duas vezes de Cruzeiro a Passa 4. Nostalgia gritou aqui. Parabéns!!!

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    1. Obrigado.

      Essa é uma linda caminhada.
      Não cheguei a pegar a época com o trem funcionando em toda linha.
      Pena que tá muito largado o trecho de SP.
      O mato tomando conta e trilhos sendo engolidos pela vegetação.

      Valeu

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