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25 de setembro de 2025

Travessia das Sete Quedas – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros/Goiás - Relato e algumas dicas

Nos últimos anos, sempre nas minhas férias do trabalho, tento incluir uma travessia em algum parque nacional. Já fiz a da Serra do Cipó, Lençóis Maranhenses, Chapada Diamantina, Caparaó e algumas outras em parques estaduais.
Mas foram tantos anos sem fazer caminhadas longas em parques que só agora tô tirando todo o atraso.
E ao longo de 2024 e 2025 fui pesquisando caminhadas em vários parques nacionais e pela logística, infraestrutura e atrações escolhi a travessia das Sete Quedas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) para Julho de 2025 com direito a acampamento por 2 dias. 
Lendo alguns relatos e esse track da travessia fiquei sabendo que além da área para barracas, o parque também oferece a opção de uso das redes, com ganchos disponíveis numa área coberta, fato confirmado pelo Parque Nacional. 
Então cheguei a conclusão que valia a pena levar a rede para diminuir o peso da mochila.
Até tentei marcar essa caminhada para o final de 2024, mas o parque proíbe a travessia na época de verão, devido aos riscos de trombas d'água no Rio Preto. 
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros está localizado no estado de Goiás e toda a região faz parte do cerrado, que se caracteriza pela vegetação de árvores baixas com troncos retorcidos e predominância de campos de savana e gramíneas, além do clima seco. 
Ele foi criado na década de 60 e a travessia foi aberta oficialmente ao público em 2013, oferecendo a possibilidade de pernoitar na área do camping Sete Quedas, ao lado do Rio Preto.
Mas como é um parque distante da cidade de São Paulo, me obrigando a seguir de avião até Brasília, seria desperdício de tempo viajar até lá só para fazer essa travessia de pouco mais de 23 Km, que pode ser feita em 1, 2 ou até 3 dias, se for usar área do camping. 
Então incluí também outras trilhas dentro do parque que daria para fazer em 2 dias e com isso a trip já ficava em quase 1 semana, tempo mais que o suficiente para fazer todas as trilhas de 1 dia, para depois fazer a travessia das Sete Quedas, sem pressa.


Fotos acima da Cachoeira Sete Quedas e o pôr do Sol

Fotos dessa travessia: clique aqui

Tracklog da caminhada: clique aqui


Para as caminhadas de 1 dia no Parque fiz da seguinte forma: Trilha dos Saltos num único dia incluindo mirante dos Saltos, Carrossel e as Corredeiras. Já no segundo dia fiz a Trilha dos Cânions, incluindo a Cachoeira das Cariocas e os Cânions I e II nesse relato (clique aqui).
Chegando no Parque
Já para a travessia minha intenção era fazê-la em 3 dias, ficando 2 noites no camping das Sete Quedas e dividindo a caminhada em 2 trechos, sendo um de 17 Km da portaria do Parque até o camping e depois mais 6 Km até a Rodovia, passando por áreas de vegetação de cerrado intocadas e diferentes formações rochosas, tendo também como atração o Rio Preto com seus inúmeros poções e corredeiras e a Cachoeira das Sete Quedas, ao lado do camping.
Início de todas as trilhas
De acordo com o site do parque, essa travessia só é aberta ao público entre Junho a Novembro, por ser um período de clima seco e sem chuvas, além da obrigatoriedade de agendamento prévio, fazendo a reserva e pagamento das taxas com antecedência para que se tenha um controle da quantidade de pessoas que irão pernoitar no camping, já que existe um limite. 
O percurso de 23 Km pode ser considerado de nível moderado devido a exposição ao Sol em todo o trajeto, tornando a trilha muito cansativa, mas que não apresenta grandes dificuldades devido a caminhada ser quase toda ela no plano. 
Setas de sinalização
É uma trilha auto guiada (isto é, não é necessário acompanhamento de um guia) e muito bem sinalizada com setas laranjas pintadas em rochas ou totens de madeira que são encontrados ao longo do trajeto. 
Um item importante a se destacar é a logística no final da travessia, junto a Rodovia GO-239, já que o ônibus circular só passa em um único horário, no início da manhã ou durante a noite no sentido inverso. Uma das opções é tentar carona ou algum resgate que leve de volta para Vila de São Jorge ou Alto Paraíso. Ou até seguir na caminhada pelo acostamento da Rodovia por 12 Km até São Jorge, se ainda tiver folego.
Portal da cidade de Alto Paraíso
A principal cidade para se chegar no Parque é Alto Paraiso de Goiás e a melhor logística é chegar em Brasília de avião (muitas opções de horários e todas as cias aéreas) e da Rodoviária Interestadual seguir em ônibus até Alto Paraiso. 
Nessa cidade tem a opção de conseguir uma carona ou transfer até a Vila de São Jorge (distante 36 Km), que é repleta de pousadas, hostels e campings, assim como muitos restaurantes, alguns mercados e cuja portaria do parque se localiza a cerca de 20 minutos de caminhada da Vila.
No dia da viagem fiz o trajeto que descrevi acima e depois de 2 dias de trilhas pelo Parque, só faltava a Travessia das Sete Quedas, que descrevo no relato abaixo.


Relato

Dia 1: Portaria – Camping Sete Quedas
Na manhã do terceiro dia cheguei na Portaria do Parque por volta das 08h30min com minha mochila cargueira para 3 dias de caminhada.
Portaria do Parque
Já com as taxas e reservas pagas, só preenchi o Termo de Responsabilidade e depois fui assistir a um pequeno vídeo sobre regras e cuidados na trilha no auditório do parque.
Pego um pouco de água do bebedouro e em seguida fui para a trilha, seguindo as setas vermelhas (Trilha dos Cânions) e laranjas (Sete Quedas), que seguem o mesmo trajeto até um certo trecho. Depois de uns 15 minutos, viro na bifurcação à direita, sentido Cânions e Sete Quedas. 
Ponte Pênsil
Mais alguns minutos e cruzo uma ponte pênsil sobre um leito seco e logo à frente abasteço o restante dos meus cantis com água que pego de um pequeno riacho de água potável que cruza a trilha.
Nesse trecho ouço um canto muito alto e forte, vindo de algumas árvores ao lado da trilha, me parecendo até serem de alguma grande ave e eram de um casal de araras, que ao me verem levantam voo e desaparecem na vegetação de cerrado. Cena maravilhosa – já ganhei o dia. 
Cerrado
Mesmo que o cerrado tenha uma rica fauna, como antas, capivaras, cervos, tatu canastra, lobo guará e muitas outras espécies de animais, nesse dia só encontrei mesmo essas araras.
Nos primeiros quase 4 Kms o trajeto da travessia das Sete Quedas se sobrepõe à Trilha dos Cânions, até chegar na bifurcação que leva à Cachoeira das Cariocas, exatamente com 3,7 Km. 
Cachoeira das Cariocas
Nem cheguei a seguir em direção a essa cachoeira e ao Cânion II porque no dia anterior já tinha visitado o lugar e aqui sigo para a direita na direção do Cânion I. 
E mais 1 Km chego na última bifurcação. Para a esquerda é a direção do Cânion I, cujo acesso é um pouco mais complicado que as outras atrações.
Cânion I
O Cânion I é na verdade um desfiladeiro com o Rio Preto entrando pela lateral dele e com suas águas seguindo entre 2 paredões, formando pequenas quedas ao longo de sua passagem. É um lugar belíssimo que merece ser conhecido, mas como já tinha visitado no dia anterior, só cheguei até um dos braços do Rio Preto e depois retornei para a trilha em direção à Sete Quedas.
Bifurcação para direita
Depois da bifurcação, a trilha segue próxima ao Rio Preto por entre a vegetação de cerrado e trechos com piso de pedras, voltando a margeá-lo alguns minutos depois até chegar num remanso do rio com enorme poção. É um convite para um banho e não resisti. 
Hora também de comer algumas frutas secas e descansar embaixo de uma grande área de sombra.
Enorme poção
São 11:00 hrs e fico ali por cerca de 1 hora, as vezes mergulhando no poção ou só aproveitando a sombra. 
Mochila nas costas e mais alguns minutos chego na bifurcação que leva até a área do Camping Boa Sorte. O lugar não tem estrutura alguma e somente um banheiro seco. 
Camping Boa Sorte
Achei até um certo exagero uma área de camping naquele local, já que a caminhada é bem curta, saindo da portaria - foram cerca de 2 horas de caminhada até ali.
Só mais alguns metros e hora de cruzar o Rio Preto. Não tem como errar porque nos dois lados do rio existem pequenos postes de metal pintados na cor laranja e preto, assinalando o local exato para entrada do rio e saída dele. 
Cruzando o Rio Preto
A água batia pelas canelas e só tive que tirar as botas e fui cruzando o rio sem grandes dificuldades, só tomando o cuidado para não escorregar nas pedras. Dá para entender porque na época das chuvas o parque mantem a proibição dessa travessia e fico imaginando o rio cheio – bem perigoso.
São 12h40min e a partir daqui é um leve aclive com ponto de água só ao chegar na Cachoeira, a quase 9 Km de caminhada ainda, por isso encha os cantis e se prepare para um trecho longo totalmente sem sombra e bem cansativo.
Outras vegetações de cerrado surgem ao longo da trilha; campos limpos, campos rupestres, arbustos e muitas espécies de sempre-vivas, conhecida também pelo nome de chuveirinho. 
Campos de sempre-vivas
São flores muito pequenas que lembram pétalas e mantem a cor e a estrutura mesmo após a colheita, sendo muito usada para decoração, enfeites de ambientes e arranjos de buquês.
Nesse trecho ainda tem sinal de telefonia celular e converso com a família em SP. Surgem também plaquinhas com as indicações da distancia até o Camping. São placas de 6 km, 3 Km e 2 Km e também alguns pequenos postes na cor laranja e preta.
Descansando
É um trecho desgastante porque é Sol na cabeça o tempo todo com raros os pontos de sombra e nos que eu encontrei não pensei 2x. Parei para descansar e tomar água.
Voltando a caminhar, chego na bifurcação para Capela as 15:00hrs. No local tem algumas placas indicando 10 Km até Capela, 15 Km até São Jorge e apenas 2 Km até Sete Quedas.
Bifurcação para Capela e Cachoeira
Seguindo à direita por mais alguns metros e um aclive bem íngreme onde descanso embaixo de uma bela sombra por alguns minutos. Desse ponto já não consigo sinal no telefone celular e daqui em diante passo por afloramentos rochosos, onde a trilha vai circundando grandes rochas. 
Passo ao lado da bifurcação da trilha que leva até o Vão das Fiandeiras, à esquerda e chego na área do Camping Sete Quedas as 16:00hrs. 
Área do camping
Primeiramente chego numa estrutura coberta com telhas e 3 grandes mesas com assentos e vários ganchos para rede. Um casal preparava o almoço e estavam numa barraca junto da vegetação. 
Área das barracas
A principal área das barracas fica ao lado do Rio Preto e é bem espaçosa em terreno de areia e plano. Contei umas 2 barracas, mas ao longo daquele final de tarde chegaram alguns grupos, totalizando umas 7 a 8 barracas naquela noite. Tinha também uma pessoa usando uma rede, mas tinha montado na área das barracas, que talvez seja um bom lugar também.
Depois de montada minha rede junto da estrutura coberta, fui conhecer o banheiro seco que está localizado a alguns metros do camping. 
Banheiro seco
Seu funcionamento não exige agua e o vaso sanitário está localizado num nível mais alto para que os dejetos caiam num grande barril. Depois de fazer o numero 2 e jogar os papéis dentro do tambor, deve-se adicionar serragem de madeira para que se inicie o processo de decomposição dos dejetos. É uma maneira ecologicamente correta e que exige pouca manutenção, pelo que eu pude constatar.
Assento
Sinceramente nunca vi um banheiro tão limpo e organizado como esse. Me pareceu ser até um bom lugar para pernoitar em casos de emergência. Só elogios ao Parque.
Já de volta ao acampamento fiz amizades com um casal de Brasília e outro casal de Salvador e ficamos um bom tempo batendo papo. Peguei o zap de um deles, mas acho que errei num dos números, porque ao voltar a SP, não consegui contato com eles.
Sete Quedas
Antes do fim da tarde fui curtir as várias quedas que dão nome ao camping e alguns poções no rio que ficou marcado pelo lindo pôr do Sol em tons de laranja e vermelho. Pelo calor que estava foi um banho agradável com água transparente e não tão fria.
Pôr do Sol
De volta ao acampamento, agora preparar o jantar cuja opção era macarrão ou sopão com alguns pedaços de salame e sardinha. E claro com um pouco de suco em pó industrial. Um dos casais também estava fazendo o jantar e conversamos sobre futuras caminhadas
E por volta das 21:00 hrs me enfiei no saco de dormir fui para a rede. Durante a noite teve uma queda da temperatura, mas nada que pudesse atrapalhar o sono. Só de vez em quando aconteciam algumas rajadas de vento e tive que me levantar para me arrumar dentro do saco de dormir e na rede, devido a ela ter ficado frouxa, talvez por não ter apertado bem os nós.
Só lembro de acordar por volta das 2:00 hrs da madrugada com clarão enorme atrás de mim. Pensei que já estava amanhecendo, mas não era nada disso. Era a Lua cheia. 
Voltei a dormir e por volta das 05:00 hrs era hora de levantar.

Dia 2: Camping Sete Quedas
Depois de um breve café da manhã, fui arrumar a minha rede que tinha ficado frouxa ao longo da noite.
Só estiquei ela e apertei os nós com mais força e problema resolvido.
Fauna
Ao lado do camping vejo um gavião carcará em cima de uma rocha, junto de um galho, talvez esperando eu alimentá-lo. Me aproximo dele para algumas fotos e não parece se assustar porque continuou lá. Deve ter se acostumado com a presença de pessoas.
Esse foi um dia para aproveitar as atrações do lugar, já que era outro dia de muito Sol e preferi ficar nas cachoeiras e nos poções.
Praias no rio
Subindo o rio, além do trecho onde se cruza para finalizar a travessia, existe até uma pequena praia com areia branquíssima e um enorme poção que fui lá conhecer. Só tive dificuldades para ir pulando pedras e o ideal é seguir pela lateral direita.
Outra opção era o Vão das Fiandeiras e sinceramente não estava a fim de caminhar mais 10 Km entre ida e volta, naquele Sol escaldante. 
Poção de borda infinita
Os mergulhos nos poções e nas cachoeiras estavam sendo muito mais relaxantes. E fiquei ali quase o dia todo nas pedras até o pôr do Sol.
Depois de um banho no rio, voltei para ao acampamento e fiquei batendo papo com um monitor que faz serviço de guia no parque. O nome dele não lembro agora.
Ele estava fazendo a travessia sozinho com o mínimo de peso na mochila e fiquei muito surpreso quando disse que não estava com barraca e nem rede, citando até que poderia dormir no banheiro seco ou outro lugar.
Mergulhando
Último jantar da trip e consumi toda a comida restante, apesar que não era muita, mas pelo menos diminuiu o peso da mochila.
Nessa noite a rede não me causou problemas e só os ventos que de vez em quando varriam o lugar, mas estava bem agasalhado e com uma lona de plástico cobrindo toda a rede. 
No final valeu a pena ter trazido ela em vez da barraca por causa da praticidade e da mochila com menos peso, que ajuda em muito quando fazemos essas travessias longas. Talvez no retorno compre uma outra que tenha mosquiteiro e cobertura acopladas.

Dia 3: Camping Sete Quedas – Final da travessia
Acordei por volta das 06:00 hrs com o Sol já iluminando o lugar e sem pressa vou desmontando acampamento e arrumando as coisas na mochila para seguir em direção ao final da travessia. 
Poção ao lado das barracas
Outro breve café da manhã e próximo das 08:00 hrs me despeço do lugar e vou seguindo na direção do rio. Ao passar pela área das barracas pensei ter visto uma pessoa dormindo ao relento e fui me aproximar para ver melhor e qual não foi a surpresa; era o guia que bati um papo no dia anterior – até tirei essas 2 fotos dele (aqui e aqui). 
Correnteza
Seguindo a trilha por alguns metros chego novamente na margem do Rio Preto e vou me orientando pelas marcações de setas laranjas.
O local para travessia dele possui uma sinalização com postes de ferro fixados no outro lado do rio e até dá para ir pulando algumas pedras para não molhar os pés, mas achei perigoso. 
Cruzando o Rio
Vai que escorrego numa delas e preferi tirar as botas e atravessar o rio com água pelas canelas, que é bem mais seguro.
Serão 6 Km até a Rodovia, mas por ter um trecho em aclive, vou caminhando sem pressa.
E antes de me despedir do Rio Preto, encho meu cantil porque não haverá outro ponto de água ao longo desse trecho final.
Trilha por aqui
Volto a caminhar em meio ao cerrado, mas agora por entre árvores retorcidas bem maiores das que já vinha presenciando e vou ganhando altura por entre pequenos morros, passando por afloramentos rochosos com estreitas fendas. Cruzo com 2 funcionários do parque e converso um pouco com eles e no bate papo dizem que o parque está abrindo uma trilha que finalizará em Alto Paraíso. Comentei que fiquei por 2 dias no camping e só tenho elogios a estrutura disponibilizada. Em seguida 
perguntam o meu nome, talvez para checar se estou ilegal ou não no parque e em seguida me despeço deles.
Trilha por estreitas fendas
O trecho de subida vai se tornando mais íngreme e agora tenho de usar braços para ajudar a ganhar altura. Num mirante à esquerda da trilha o visual é fantástico de todo o vale do Rio Preto e até onde a vista alcança. Bem ao longe é possível visualizar um ponto amarelado que é o telhado da estrutura coberta, onde montei a minha rede.
Mirante
Mais alguns minutos e o trecho de subida termina depois de quase 200 metros de aclive de acordo com o GPS do celular. 
Não demora muito e chego no Posto da Mata Funda, que é um antigo ponto de apoio para o pessoal do Parque, consistindo numa enorme torre de rádio e uma casa velha abandonada. 
Posto da Mata Funda
Pelo local encontro uma picape do parque que provavelmente trouxe os 2 funcionários que encontrei na trilha.
São quase 10:00 hrs e daqui em diante a caminhada é por uma estrada de terra em meio a um enorme descampado.
De longe uma cobra coral aparece no meio da estrada e paro por alguns segundos, mas percebo que ela não se mexe. Aproximo um pouco mais e vejo o motivo.
Cobra coral
Está morta e percebo que o pneu da picape passou por cima do corpo dela. Uma pena. Outra espécie da fauna do cerrado que encontro, infelizmente morta por alguém do parque, que talvez nem teve culpa.
Vou seguindo pela estrada só contemplando aquele imenso chapadão e com o imponente Morro da Baleia emergindo à esquerda, que também faz parte da área do parque nacional.
Lindo visual
Já próximo da Rodovia surge uma caixinha de metal do lado direito, parecida como essas de Correios, na qual deve ser usada para devolver o cartão de identificação que tinham me entregue lá na entrada do Parque Nacional. É um controle do parque e não esqueça de devolver o seu.
Coleta dos cartões
Mais alguns metros e chego no portão que marca o limite do parque, separado da Rodovia GO-239. 
São 10h40min e o final da travessia das Sete Quedas.
Aqui tenho algumas opções: tentar carona para São Jorge ou Alto Paraíso de Goiás ou acionar um resgate para qualquer um dos lados - no final do relato coloco alguns contatos de resgate.
Fim da travessia
Eu vou tentando carona para Alto Paraiso, mas tá difícil, por isso resolvo ir seguindo na caminhada na direção de São Jorge e quem sabe até consiga encontrar alguma cachoeira de fácil acesso ao longo desse trecho de 12 Km até a Vila.
Quando vou pegar água de uma nascente ao lado da Rodovia, um veículo encosta e oferece carona sem eu pedir. É o casal de Salvador que encontrei lá no Camping Sete Quedas. Me deixam em Alto Paraíso e no dia seguinte sigo para Brasília de ônibus pela madrugada para depois avião até São Paulo.
Foram 5 dias de caminhadas pelo Parque Chapada dos Veadeiros maravilhosos. Nunca tinha caminhado por tantos dias num ambiente de cerrado ainda intocado como esse. Foi inesquecível e sem dúvida alguma um dos melhores parques para caminhadas no país.
As paisagens do cerrado como as cachoeiras e poções ao longo do Rio Preto são belíssimas, assim como a vegetação. E claro a infraestrutura oferecida pelo parque nacional, tanto nas trilhas que fiz de 1 dia, quanto na travessia das Sete Quedas. Com certeza está na minha lista para retornar algum dia e incluir outras atrações fora do Parque.


Dicas e informações úteis

# Ônibus Brasília – Alto Paraiso de Goiás
2 empresas que fazem o trajeto com horários noturnos:
- Opção mais barata: Blablacar que é um tipo de carona paga: www.blablacar.com.br

# Ônibus Alto Paraiso de Goiás – Vila de São Jorge
- Viação Reobote Leão de Judá – apenas 1 horário: 17h20min e retorno: 06h20min - clique aqui.
- Ponto de carona solidária – Local de embarque junto ao Portal da cidade.
- Comunidades de caronas no Facebook: Conexão Chapada e o Carona Solidária Chapada dos Veadeiros.

# Resgate/transfer Alto Paraíso até São Jorge ou no final da travessia das Sete Quedas
- Taxi Rosy: (62) 99845-7317
- Táxi Carrara: (62) 99980-9517
- Taxi Smith: (62) 99961-1425
- Taxi Antônio: (61) 99855-1921.
Preços entre $100 a $150 Reais dependendo do trajeto.
- Ou até o Blablacar: www.blablacar.com.br

# Taxas do Parque (Setembro/25):
- Ingresso: $47 Reais (inteira).
- Pernoite no Camping 7 Quedas: $25 Reais/dia
- Estacionamento: $35 Reais

# Travessia das Sete Quedas só está aberta ao público no período das secas, entre Junho e Novembro com reserva feita diretamente pelo site e com agendamento.

# Limite de pessoas no Camping Sete Quedas: 40 pessoas.

# Infraestrutura no Camping Sete Quedas: 2 banheiros secos, um galpão coberto com mesas, bancos e ganchos para redes.

# Em qualquer emergência, o parque não possui serviço de resgate. É necessário acionar os Bombeiros.

# Obrigatório uso de protetor solar, repelente e também boné com abas para não sofrer com o Sol escaldante.

# Há sinal de telefonia celular em boa parte dessa travessia. Com exceção da região das Sete Quedas.

# Os pontos de água são ao longo do Rio Preto e potáveis. Alguns usam clorin, mas eu não usei em nenhum momento.

17 de setembro de 2025

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – Relato e dicas das trilhas dos Saltos e dos Cânions

Há muito tempo que venho tentando finalizar algumas travessias nos principais parques nacionais e sempre nas minhas férias tento incluir alguma na minha lista. 
E nas minhas férias do trabalho em 2025 escolhi a Chapada dos Veadeiros e por vários motivos: 
- a região é repleta de cachoeiras e de todos os tipos, então teria muitas opções, além das que existem no Parque Nacional.
- outro motivo foi a concessão do parque a uma empresa privada anos atrás e saber que melhorou muito a infraestrutura e o acolhimento aos visitantes, além do parque não obrigar a contratar monitores para as trilhas, pois todas elas são auto guiadas e muito bem sinalizadas com setas pintadas em pedras e totens, permitindo caminhar pelas trilhas até durante a noite - e o PN explora isso também.
- o parque nacional está relacionado numa lista entre os melhores do mundo e o primeiro no país para viagens ao ar livre por vários anos seguidos.
- no final de 2024 (nas férias do trabalho) escolhi Brasília para visitar os pontos turísticos por alguns dias e vi que os valores das passagens aéreas eram relativamente baixos (mesmo em alta temporada) e a logística para chegar no Parque da Chapada dos Veadeiros (que não fica muito longe dali) passava pela cidade e me pareceu ser bem fácil chegar lá.
Definido o lugar das minhas férias, até tentei visitar o lugar no final de 2024 (período de chuvas), mas na época de verão o parque proíbe a travessia que eu queria fazer (7 quedas) devido aos riscos de trombas d'água no Rio Preto, dificultando ou até impedindo que se cruze ele em certos trechos.
Meu planejamento era visitar o parque em 5 dias, sendo que nos 2 primeiros iria entrar e sair no mesmo dia, fazendo as trilhas do Salto num dia e dos Cânions em outro dia. E nos outros 3 dias a intenção era fazer a travessia das 7 quedas, pernoitando por 2 noites na área de camping oficial do parque.
Com alguns meses de antecedência, adquiri as passagens aéreas SP- Brasília por bons preços e com 1 semana antes da viagem comprei também as passagens de ônibus Brasília-Alto Paraiso de Goiás, cidade essa onde está localizado o Parque Nacional.
Nessa postagem vou relacionar informações, relato detalhado e a experiência dos primeiros 2 dias no parque e em outra postagem coloco os detalhes da travessia das 7 quedas feita em 3 dias.  

Fotos acima de poções, cachoeiras e cânions ao longo do Rio Preto no interior do Parque Nacional


Fotos da Trilha dos Saltos: clique aqui

Fotos da Trilha dos Cânions: clique aqui

Tracklog da Trilha dos Saltos: clique aqui

Tracklog da Trilha dos Cânions: clique aqui



Localizada no cerrado, a Chapada dos Veadeiros é repleta de cachoeiras, cânions e poços em meio a rios de águas transparentes. 
A região é muito famosa pelos cristais, pois está localizada sobre uma imensa placa de quartzo e segundo os místicos esse mineral emana uma energia positiva, que é vista como propícia para meditação e o autoconhecimento, levando diversos grupos espirituais a se deslocarem para o lugar. 
E claro, surgem muitos relatos de avistamento de ovnis nas conversas com os locais, mas eu só estava a fim de fazer algumas caminhadas.
E.T. na Vila de São Jorge
Os principais pontos turísticos da Chapada estão tanto no interior do Parque Nacional quanto em propriedades particulares, onde é cobrado acesso e a principal cidade é Alto Paraiso de Goiás juntamente com a Vila de São Jorge. Porém para se chegar nas cachoeiras, poços e outras atrações fora do circuito do Parque Nacional a logística é complicada, exigindo o uso de veículos. Mas como minha intenção era somente visitar o Parque, a locação de um veiculo era desnecessária. E também o fato de que a Vila de São Jorge (onde ficaria hospedado) está a cerca de 20 minutos de caminhada até a portaria.
Saída da Vila de São Jorge
Já para quem pretende conhecer outros pontos turísticos, a Vila é parada obrigatória para explorar a região, pois além do Parque o lugar conta com diversas atrações próximas como o Vale da Lua, as Cachoeiras Almécegas I e II, Cachoeira do Segredo, Cachoeira do Cordovil, Poço das Esmeraldas, 
Jardim de Maytrea, Mirante da Janela e Cachoeira do Abismo, entre tantas outras.
O Parque foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO e atualmente está sob concessão da empresa Parquetur que cobra ingresso para visitação e também para uso do camping 7 Quedas para quem for realizar a travessia.

Melhor época para visitar o Parque Nacional

Se quiser fazer a travessia das 7 Quedas o parque não permite que se faça no verão e a melhor época é de Junho até o final do Inverno, em Setembro. 
Rio Preto
São meses secos e considerados de alta temporada na Chapada, por isso reserve com antecedência os ingressos para não correr o risco de não terem mais vagas no camping. 
Já se não pretende fazer essa travessia e quiser visitar as cachoeiras quando estão muito cheias, a melhor época é o verão.
E além do Parque tem as atrações nas propriedades particulares e nesse caso o ideal é fazer o circuito de carro alugado porque são inúmeras estradas de terra e não há transporte público que passe por esses locais turísticos. Um aplicativo muito bom para usar nesses deslocamentos é o wikiloc.

Logística para chegar no Parque Nacional

A maioria dos horários dos ônibus que seguem de Brasília para Alto Paraiso de Goiás saem no início da noite e para não ficar perdendo muito tempo na Rodoviária de Brasília, cheguei no Aeroporto da capital cerca de 2 horas antes, em voo saindo de Guarulhos. 
A Rodoviária Interestadual de Brasília é bem próxima do Aeroporto e dá para chegar lá de Uber (trajeto de uns 15 minutos) ou transporte público usando o ônibus circular do Aeroporto até a Estação Asa Sul do Metrô e lá embarcando em direção à Estação Shopping, com a Rodoviária localizada ao lado. 
Sem muitas opções de restaurantes na Rodoviária, tive que me contentar com um lanche no Bobs.
O ônibus da Viação Guanabara saiu com um pouco de atraso – quase 19h30min e no trajeto ele também parou por cerca de 30 minutos em um restaurante na estrada, chegando em Alto Paraíso quase as 23h30min. 
Rodoviária de Alto Paraiso de Goiás
A pousada que tinha reservado antecipadamente (Pousada Estrela Veadeiros) é bem próxima da Rodoviária da cidade e a proprietária já tinha me avisado que não estaria na recepção e a porta de entrada estaria destrancada, me informando o numero da minha suíte – coisa de interior mesmo. 
Pousada confortável e fui dormir depois de um belo banho.
No dia seguinte acordei por volta das 07:00hrs e já com a mochila pronta e sem encontrar ninguém, mandei mensagem para a proprietária dizendo que estava saindo da pousada. O café da manhã foi numa padaria em frente à Rodoviária. Agora como chegar na Vila de São Jorge?
Portal da cidade
O único transporte público ligando Alto Paraíso a São Jorge só sairia no final da tarde, então tive que seguir para o trevo da cidade, em frente ao Portal que se se assemelha a um Disco Voador. 
Eram 09h30min e ali tem um ponto de ônibus que também serve de parada para carona solidária. E tome polegar estendido para todo carro que passava, mas os minutos passavam e ninguém parava. Outras pessoas também chegaram e só fui conseguir carona uns 40 minutos depois com um motorista de uma Ecosport, que mora na Vila de São Jorge – o carro lotou e mesmo assim algumas pessoas ficaram de fora. Trajeto de 30 minutos e engraçado que a maioria dos veículos que passavam ninguém oferecia carona – nas minhas caminhadas por MG era bem mais fácil conseguir (o povo de Goiás tem de aprender com os mineiros).
No final desse relato coloco mais opções de transporte.
Ruas da Vila
Fomos chegar em São Jorge pouco antes das 11:00 hrs e segui direto para o hostel (Savana Hostel), que já tinha reservado alguns dias antes, onde só deixei a mochila na recepção e segui para a portaria do Parque Nacional que se localiza a uns 20 minutos dali. 


1º dia - Trilha dos Saltos, Carrossel e Corredeiras (Trilha amarela)
Ela possui 11 Km de extensão entre ida e volta e segundo o parque é considerada de nível moderado, mas eu achei bem tranquila. Só um pouco cansativa devido a extensão e trechos de subida no retorno.
Altimetria do Parque
As 3 trilhas que o Parque disponibiliza aos visitantes se iniciam juntas, nos fundos da lanchonete e pelo horário que estava entrando (11h30min) só daria mesmo para fazer a Trilha Amarela e no pagamento do ingresso me foi oferecido também a contratação de transporte interno (se entrasse depois do meio dia seria obrigado a contratar esse tipo de transporte), que recusei já que a trilha é totalmente sinalizada com setas e estava ali para caminhar, não para passear de van até os pontos turísticos - nada contra com quem faz uso.
Lobo na sede
Logo na entrada tem uma parte burocrática a cumprir como preencher um formulário com termo de responsabilidade e assistir obrigatoriamente uma apresentação em vídeo no auditório abordando regras e cuidados nas trilhas – coisa de uns 5 minutos. Peguei um pouco de água gelada num bebedouro do parque e segui para a trilha.
Início das trilhas
Depois de cadastrar meu nome no sistema do parque (no retorno é feito a baixa) vou seguindo por trilha no plano em meio à vegetação de cerrado com alguns buracos ao lado da trilha, que são resquícios do garimpo que existiu na região a mais de 60 anos atrás.
Com cerca de 10 minutos se inicia um trecho de declive por terreno acidentado até chegar na bifurcação, com pouco menos de 1 Km. Para a direita é a Trilha dos Cânions e da Travessia das 7 Quedas. Já o meu caminho é continuar em frente, para esquerda.
Sinalização
Alguns minutos depois vão surgir mais 2 bifurcações e nessas é só se manter à esquerda novamente, seguindo as setas que indicam Saltos.
Na última bifurcação tem um abrigo com assentos que é o ponto de parada da van para os que contrataram o transporte. E daqui em diante o declive vai se acentuando cada vez mais, exigindo um pouco mais de cuidado até chegar no mirante dos Saltos do Rio Preto. Foi uma caminhada de pouco mais de 1 hora, quase na totalidade de descida.
Cachoeira dos Saltos
O lugar é sensacional e dá para visualizar de lado a cachoeira de 120 metros. Na verdade são 2 quedas paralelas e um poção gigante na base, mas infelizmente não tem uma trilha que chegue até lá. Só até aqui mesmo do mirante. 
Seguindo pela trilha, continuo a descida passando ao lado de outro mirante até chegar ao leito do Rio Preto. Se quisesse seguir até o topo da cachoeira era só ir pulando enormes pedras, mas preferi seguir para a Cachoeira do Garimpão à direita.
Muita gente no Rio
Muita gente reunida na margem do grande poção da base da cachoeira e uma corda de uma ponta a outra do rio marcava o limite que as pessoas poderiam tomar banho.
A água é transparente, mas é bem fria e nas enormes pedras laterais, o pessoal só aproveitava o Sol.
Cachoeira do Garimpão
Depois de alguns mergulhos e pegar uma corzinha por quase 1 hora, ainda faltavam 2 atrações para conhecer, então voltei para a trilha.
Agora subir tudo o que eu tinha descido até chegar na casinha do transporte por van. E lá segui na bifurcação para esquerda, na direção do mirante do Carrossel. 
 Poções e Cachoeiras
O lugar é um bonito deck de madeira com vista panorâmica do Rio Preto, mostrando alguns poções, um complexo de cachoeiras e pequenos cânions à montante, conhecido também como Carrossel. 
Saindo do deck, vou seguindo por trilha acidentada em meio à mata ciliar, muitas pedras e alguns degraus até chegar no poção do Carrossel. Outra cachoeira e um lugar ótimo para banho. 
Carrossel
Nesse também fiquei por quase 1 hora mergulhando no poção e aproveitando a cachoeira. Por volta das 16:00 hrs o lugar esvaziou e era hora de seguir para a última atração do dia, as corredeiras.
Retornei alguns metros subindo pela trilha e numa bifurcação segui para esquerda, próximo ao Rio Preto até chegar nas corredeiras, que na verdade é só mais um trecho do Rio com uma pequena queda e uma piscina natural na base e outra no topo. 
Corredeiras
Em comparação com as outras atrações do dia, essa é a mais fraca e até dispensável.
Quando o Sol começou a se pôr atrás das serras ao fundo, era hora de ir embora e as 17h15min fui um dos últimos a sair do lugar.
Saída do Rio
Passei ainda por um pequeno trecho com deck de madeira até chegar no ponto da van, que estava lotado. Dali tomei uma bifurcação e fui seguindo as placas sinalizadas de Saída até chegar na sede do Parque poucos minutos depois das 18:00hrs, já anoitecendo.
Mais uns 20 minutos e estava de volta à Vila de São Jorge e num pequeno mercado comprei alguns alimentos para levar na caminhada do dia seguinte e aproveitei para jantar num restaurante próximo.
No Hostel, encontrei mais 2 pessoas que estavam fazendo um tour por cachoeiras da região e batemos um longo papo.


2º dia - Trilha dos Cânions I e II e Cachoeira das Cariocas (Trilha Vermelha)
Depois de um café da manhã numa lanchonete próxima do Hostel, que não foi barato, segui rumo ao Parque. Era meu segundo dia nas trilhas do parque e dessa vez sem grandes declives ou aclives.
Saindo da sede do Parque
Cheguei na portaria por volta das 09h30min e depois do preencher o formulário, assistir ao vídeo e encher a minha garrafa pet de água, fui para a trilha. 
A extensão dela tem cerca de 12 Km (ida e volta) e somente para as 2 atrações (Cachoeira + Cânion II), mas se sobrasse tempo incluiria também Cânion I, totalizando 14 Km. Essa é uma trilha um pouco mais longa e quase toda ela no plano.
Direita na bifurcação
Com 15 minutos de trilha chego na bifurcação, onde sigo para direita, rumo seta vermelha. Não tem como errar porque a seta está pintada em vários pontos dessa trilha, porém sem áreas de sombra em meio à vegetação de cerrado. 
Ponte Pênsil
Depois de uma ponte pênsil sobre um rio seco, ainda cruzei um pequeno riacho de água potável e outros de água parada.
Passo por 2 bifurcações onde sigo para esquerda, rumo cachoeira.
O trecho final é descida por escadas em meio a muitas rochas até chegar na base da Cachoeira das Cariocas. O lugar possui vários poços de diferentes tamanhos e profundidades, onde dá para ficar mergulhando e tomando Sol nas pedras.
Cachoeira das Cariocas
Aproveitei também para devorar alguns lanches e fui sair dali depois de quase 2 horas.
Retornando para a trilha, agora sigo nas bifurcações que apontam Cânion II. Foram cerca de 1 Km passando primeiramente pelo desfiladeiro e com altura que deve ser de apenas uns 20 metros. É um local onde o rio se afunila criando uma cachoeira de uns 5 metros de altura para terminar num imenso poço bem profundo. Para quem tem coragem, nas laterais do cânion junto ao poço, é possível subir em algumas pedras e pular na água. 
Cânion II
Arrisquei, mas só pulei de uma altura de uns 2 metros. É um lugar interessante e valeu a visita. E pelo horário vi que era possível chegar no Cânion I também e quando deu por volta das 15h10min voltei para a trilha.
Ao sair do poção falei com um fiscal sobre minha intenção de seguir para Cânion I, me desaconselhando devido ao horário, mas segui assim mesmo. Ele só perguntou meu nome, talvez pensando que eu voltaria depois do fechamento do parque. A trilha é tranquila, mas tive que voltar quase 1 Km até a bifurcação e depois segui na direção das 7 Quedas, que é a mesma trilha para o Cânion I. 
Placa do Cânion I
Alguns minutos seguindo pela trilha em meio a área de cerrado e chego numa bifurcação com uma enorme placa verde com recomendações do Parque. Sigo 
para esquerda até chegar na margem do Rio Preto, que na verdade é somente um braço dele. 
Pequenos poços
É preciso ter um pouco de cuidado, porque do outro lado do rio a trilha se perde. Só visualizei uma seta na cor laranja pintada numa pedra e aí não tive dúvida, o caminho seguia por ali.
Já eram quase 16:00 hrs e vou subindo o braço do rio pela sua esquerda pulando pedras até chegar no início do cânion.
Início do Cânion I
Esse é um pouco diferente do Cânion II, já ele é menor na extensão e o Rio Preto entra no desfiladeiro pela lateral dele, criando uma pequena cachoeira e descendo por entre 2 grandes paredões. Não consegui visualizar um poço no final dele e pode até ser que exista, mas está escondido pelos paredões.
Cânion I
Fiquei alguns minutos ali na borda do desfiladeiro como nessa foto acima só curtindo o visual, mas era assustador porque o lugar é bem estreito. Depois segui para alguns pequenos poços rio acima e quando o horário bateu 16h30min iniciei o retorno até a portaria.
Eu tinha 1h30min antes do parque fechar e cheguei em cima da hora. Outro dia saindo do parque já anoitecendo.
Segui para a Vila, jantando numa hamburgueria e depois passei num mercadinho para reabastecimento dos 3 próximos dias e comprei também um cartucho TEKGAS para meu fogareiro na loja Senhor das Trilhas, já que as empresas aéreas não permitem o embarque com esse tipo de gás, mesmo na mochila despachada.
Foram 2 dias de intensa caminhada e só tenho elogios ao parque nacional.
O dia seguinte prometia. Iria fazer a travessia das 7 quedas com 2 pernoites no camping.
E para que essa postagem não fique muito longa, vou colocar o relato da travessia em outro post, que em breve adiciono aqui no blog.



Dicas e algumas informações úteis

# Logistica: 
Ônibus Brasília – Alto Paraiso de Goiás.
São 2 empresas que fazem o trajeto com horários noturnos:
- Outra opção mais barata é a Blablacar – tipo de carona paga: www.blablacar.com.br

Ônibus Alto Paraiso de Goiás – Vila de São Jorge
As opções são:
- Ônibus circular empresa Leão de Judá – apenas 1 horário: 17h20min com retorno as 06h20min.
- Ponto de carona solidária – Local de embarque junto ao Portal da cidade.
- Comunidades de caronas no Facebook: Conexão Chapada e o Carona Solidária Chapada dos Veadeiros.
- Ou se preferir tem as opções de táxis para transfers e serviços de guias nesses anúncios que encontrei na cidade de Alto Paraíso: Táxi 1, Táxi 2, Táxi 3 e Táxi 4 que cobram entre $120 a $150 Reais o trajeto.

# Taxas do Parque (Setembro/25):
- Ingresso: $47 Reais (inteira) para cada trilha.
- Pernoite no Camping 7 Quedas: $25 Reais
- Estacionamento: $35 Reais
- Transporte de van para Trilha dos Saltos: $30 Reais para ida e $40 Reais para volta.

# O acesso ao parque para quem pretende fazer as trilhas sem o uso de transporte em van é até as 12:00 hrs. Já quem pretende contratar transporte de van o horário limite é até as 15:00 hrs.

# Quem não quiser fazer uso do estacionamento do Parque, que é pago, pode deixar o veiculo no início da estrada de terra que leva até a portaria, ao sair da Vila. É seguro.

# Para essas caminhadas, o ideal é usar uma bota de trekking. Nos trechos próximos do Rio Preto são muitas pedras e terreno acidentado.

# Se puder leve uma mascara e snorkel para mergulhos nos vários poções ao longo do Rio Preto.

# Obrigatório uso de protetor solar, repelente e também boné com abas para não sofrer com o Sol escaldante.

# Muito cuidado no topo dos cânions pois não existem proteções e o risco de queda é grande.

# Há sinal de telefonia celular na maior parte das trilhas.

# Junto à sede do Parque tem uma lanchonete, que pode ser uma opção para os que não querem levar lanches para as trilhas. 

# Em conversas com fiscais do parque, disseram que estão abrindo uma trilha que irá ligar o Parque até Alto Paraiso de Goiás, seguindo próximo do Rio Preto.