Era a 5ª vez que caminhava nessa região e alguns trechos dessa trilha já eram bem familiares. Nas outras 4x eu estava em busca da Trilha do Corisco (trilha histórica que liga Paraty até Picinguaba, em Ubatuba) e numa dessas incursões encontrei trechos da Trilha do Telégrafo, que liga Paraty até o Bairro de Ubatumirim. E isso ficou na minha cabeça como uma trilha a ser finalizada, mas o tempo foi passando e deixei de lado. Até que pouco mais de 1 ano atrás, troquei várias mensagens com a Emanuele (montanhista do RJ), dizendo que pretendia fazer essa trilha e só não a acompanhei devido ao meu trabalho. Com a ajuda de um morador local, o grupo teve sucesso na empreitada e com isso ela disponibilizou o arquivo GPS dessa trilha no site wikiloc. Agora estava fácil e só me faltava encontrar alguma data com clima favorável e alguns dias de folga no trabalho para fazer essa trilha, mas na Natureza as coisas não são tão fáceis assim. Não é à toa que a última cidade do litoral norte de SP recebe o apelido de Ubachuva.
O relato abaixo é sobre os problemas que tive nessa trilha e as consequências da minha teimosia que quase me levou para um hospital.
O relato abaixo é sobre os problemas que tive nessa trilha e as consequências da minha teimosia que quase me levou para um hospital.
Foto acima, no marco de concreto da divisa RJ/SP
Naquele mês de Novembro de 2019 peguei 15 dias de férias e fiquei com minha namorada por quase 1 semana curtindo algumas praias no sul da Bahia e quando retornei, ainda restavam 5 dias. Tinha que fazer alguma coisa. O problema de planejar uma caminhada é sempre o clima, já que fazer trilha com chuvas pode se tornar um perrengue daqueles e uma perda de tempo. Na minha lista tinham várias opções para os últimos dias das férias e todas relativamente próximas de São Paulo, mas a previsão de chuvas me fez desistir de algumas delas. E depois de consultar vários sites de previsão do tempo, escolhi a Trilha do Telégrafo, ligando Paraty até Ubatuba pela Serra do Mar. A logística é tranquila e achei melhor ir de ônibus.
No meio da semana, embarquei durante à noite no Terminal Tietê em direção à Paraty, chegando ainda de madrugada na cidade e na mesma Rodoviária peguei o primeiro circular para o Bairro do Coriscão, por volta das 05h30min da manhã.
No meio da semana, embarquei durante à noite no Terminal Tietê em direção à Paraty, chegando ainda de madrugada na cidade e na mesma Rodoviária peguei o primeiro circular para o Bairro do Coriscão, por volta das 05h30min da manhã.
Ponto final da linha Coriscão |
Nos dias anteriores estava chovendo naquela região e nos sites de clima que eu tinha pesquisado, diziam que exatamente naquele dia a chuva iria cessar. Eu confiei, mas quando desci do ônibus caia uma leve garoa e uma neblina cobria a região, o que não era um bom sinal.
Mesmo assim segui conforme o planejado, colocando a capa de chuva e iniciei a caminhada em direção ao alto da serra seguindo pela estrada, que de agora em diante era de terra.
Mesmo assim segui conforme o planejado, colocando a capa de chuva e iniciei a caminhada em direção ao alto da serra seguindo pela estrada, que de agora em diante era de terra.
Estrada de terra serra acima |
Rio Corisco visto da estrada |
Cruzando afluentes do Rio Corisco |
Entrada do Sitio São Francisco (atual Reserva Chão de Estrelas) |
Rio Corisco |
Última casa |
Área do Parque Nacional da Serra da Bocaina |
Residência demolida |
São pouco mais de 08h30min e depois de uma breve descansada, retomo a caminhada seguindo o tracklog. A trilha se fecha mais ainda e inúmeras bananeiras vão surgindo ao longo da subida. Nesses trechos tive uns perdidos, onde não encontrava a continuação dela de jeito nenhum, devido a vegetação cobrindo a trilha.
Trilha pela mata fechada |
Trilha |
Lago junto de bananeiras |
Cruzando Rio Corisco |
Cruzando o rio |
O cabo ou o encaixe no telefone está com problemas; na verdade um problemão. O tracklog me informa que o marco de concreto da divisa de Estados está próximo e ainda consigo chegar nele com bateria a 4%, mas só foi andar mais alguns metros e o celular desliga. Fud....
Divisa RJ/SP |
Trilha percorrida até o marco da Divisa |
Antigo acampamento abandonado |
Retorno até o antigo acampamento para descansar um pouco e refletir sobre o que faria dali em diante. Chego a conclusão que não vale o risco, pois sem tracklog ali, o perigo de perder é grande e tudo por causa de um mero cabo de carregador de celular.
Volto até o marco de concreto para gravar um vídeo sobre o que aconteceu e pouco depois do meio dia retorno pela mesma trilha que eu vim.
Sem ajuda do track e com poucos trechos de trilha demarcada, é preciso tomar muito cuidado para não me perder, mas vou lembrando de alguns trechos e não tive grandes problemas até chegar na margem do Rio Corisco pouco antes das 14:00hrs.
Chegando na margem do Rio Corisco |
Casebre junto da margem |
Cruzando o Rio novamente |
Saindo da mata e de volta à civilização |
Troco todas as roupas por outras secas e fico aguardando o ônibus, mas uma moradora da região passa de carro e me oferece carona até o centro de Paraty. Conversando com ela, diz que se chama Adriana Mattoso e é a proprietária da última casa da estrada: a Vista Alegre. Diz que está disponível no AirBnB para locação.
Quando chego em Paraty por volta das 16:00 hrs, já fui atrás de alguma loja de eletrônicos para ver se conseguia comprar um novo cabo de carregador de bateria - se o problema do celular fosse esse não pensaria 2x e no dia seguinte já estaria de volta na trilha. A funcionária testou vários no meu celular e nenhum deles funcionou, o que me levou a concluir que o problema não era o cabo - o jeito era voltar para SP mesmo.
Fui para a Rodoviária e lá embarquei para Ubatuba e de lá no final da tarde retornei para SP, chegando aqui pouco depois das 23:00hrs, muito frustrado e p. comigo mesmo.
E como desgraça pouca é bobagem, eis que assim que retorno a SP começo a ter uma leve febre e do lado esquerdo do meu peito começa a ficar um pouco inchado e uma coceira muito forte surge ali. Achando que seria uma simples infecção ou talvez uma reação alérgica, só tomo um remédio e nem vou procurar algum médico. Graças a Deus alguns dias depois, a infecção e a febre regridem sem maiores consequências. Não sou especialista, mas converso com quem já teve problemas semelhantes e chego a conclusão que os sintomas que eu tive foram provocados por reação alérgica a alguma picada de inseto ou aranha.
Caminhada que ficou como lição; foram várias situações que eu poderia ter evitado se tomasse um pouco mais de cuidado.
Algumas dicas e informações úteis
# Seguem os 4 relatos de caminhadas nessa região da Serra do Mar:
- www.trilhasetrips.blogspot.com/2013/05/relato-na-busca-da-trilha-do-corisco.html
- ww.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/perdidos-na-trilha-do-corisco-caminhada.html
- www.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-caminhada-aos-picos-macela-e.html
- www.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/05/relato-2-vez-na-trilha-do-corisco.html
- ww.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/perdidos-na-trilha-do-corisco-caminhada.html
- www.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-caminhada-aos-picos-macela-e.html
- www.trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/05/relato-2-vez-na-trilha-do-corisco.html
# Essa Trilha do Telégrafo é uma trilha histórica e seus registros são anteriores a construção da Rio-Santos. Em alguns trechos dela é possível observar antigos postes de telégrafo e atualmente só guias experientes e alguns moradores locais ainda percorrem esse trecho da Serra do Mar.
# São vários trechos onde a vegetação alta e a mata atlântica fecham totalmente a trilha.
# Apesar do tracklog, essa é uma caminhada casca grossa e sem visual nenhum, já que a maior parte do tempo a caminhada é feita em mata fechada.
# Linda residência da Adriana Mattoso localizada no final da Estrada do Coriscão que tá disponível no AirBnb: clique aqui.
# Os horários do circular que faz a linha Rodoviária de Paraty-Bairro do Coriscão:
# No trecho inicial eu recomendaria seguir por um caminho diferente do tracklog, para evitar trechos com vegetação alta e trilha fechada em alguns pontos, fazendo da seguinte forma:
- vindo na caminhada desde o ponto final do ônibus até a entrada do Sitio São Francisco (atual Reserva Chão de Estrelas) são pouco menos de 1 hora de subida e assim que chegar na entrada do Sítio à direita, pegue uma bifurcação com trilha demarcada para esquerda e dali é só subida serra acima (foi por essa trilha que eu retornei).
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ResponderExcluirThank you Tom.
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