1 de dezembro de 2022

Relato: Travessia do Pico do Itacolomi (ida por dentro do Parque e retorno por fora) - Ouro Preto/MG

Já tinha viajado para as cidades históricas de MG algumas vezes, mas sempre para visitar as Igrejas católicas com sua arquitetura colonial em estilo barroco.
Dessa vez tinha ido com minha namorada e por ser a primeira vez dela, tínhamos que incluir as Igrejas no roteiro novamente, mas com 4 dias dava para fazer também algumas caminhadas em parques da região. Nossa intenção era visitar o maior número possíveis de igrejas em 2 dias e nos outros 2 conhecer os parques.  
Não estávamos indo com planejamento já pronto, pois íamos fazer o roteiro de acordo com o clima ao chegar lá.
Dos parques pesquisados, um foi o Parque Natural das Andorinhas, mas como esse é muito tranquilo e de acesso muito fácil às trilhas que levam a poções e cachoeiras, nem resolvi criar um relato: só esse, que inclui dicas de Ouro Preto. O parque é relativamente pequeno e sua principal atração é a Cachoeira das Andorinhas cujo acesso é descendo uma fenda entre enormes rochas até chegar numa espécie de caverna, onde a cachoeira tem sua queda escondida por entre as pedras.
O outro parque é uma caminhada obrigatória: o Itacolomi, cujo pico pode ser avistado de vários pontos de Ouro Preto, sendo bem fácil identificá-lo pelo enorme monolito inclinado no alto da serra.
Depois de uma breve pesquisa sobre o parque e a trilha que leva ao topo do pico, marcamos a caminhada para o dia seguinte.


Fotos acima: chegando ao mirante do Pico e todo o esplendor dele

Fotos dessa travessia: clique aqui 
Tracklog de ida e volta: clique aqui
Vídeo dessa caminhada: clique aqui


Com uma pequena mochila de ataque e alguns lanches preparados na Pousada, seguimos por volta das 08:00 hrs para a Praça Tiradentes em busca de algum transporte que nos deixasse na entrada do Parque ou pelo menos em frente ao Hospital Santa Casa, que fica a poucos metros da guarita do parque.
Chamamos um Uber algumas vezes, mas não encontramos motoristas disponíveis. Desistimos.
Consultamos alguns taxistas da Praça e como era de esperar numa cidade turística: valores exagerados.
O jeito era pegar algum ônibus circular em frente à Igreja São Francisco de Assis.
Já no ponto de ônibus, alguns passageiros nos recomendaram seguir também de taxi-lotação, cujo valor era o mesmo do ônibus (pouco menos de $5 Reais) e seguem o mesmo trajeto do circular e não demorou muito um desses parou no ponto. Perguntamos se passava ao lado da Santa Casa e embarcamos.
Cruzando a Rodovia
Em pouco menos de 15 minutos já estávamos chegando no Hospital e agora era cruzar a Rodovia junto do trevo para acessar a guarita do parque, que já podia ser visto do outro lado. 
Com algumas nuvens escuras no céu, parecia que o dia seria nublado e com chuvas, mas por sorte nossa, o Sol de vez em quando surgia entre as nuvens nos deixando um pouco mais tranquilos.
Credenciamento
Passamos pela guarita e mais alguns metros chegamos num escritório do parque, onde tivemos que registrar nossos dados em um livro e pagar a taxa de visitação. Falamos nossa intenção de subir até o topo do pico e nos passaram algumas dicas e informações sobre a trilha.
Eram pouco mais de 9:00 hrs da manhã e a partir daqui a caminhada é por estrada de terra com leve inclinação contornando o Morro do Cachorro com suas inúmeras antenas. 
Mirantes na subida
Surgem alguns mirantes naturais do lado direito, mostrando um mar de morros com partes de Ouro Preto e a Rodovia que segue até Mariana.
Conforme vamos avançando a vegetação também vai mudando e notamos que próximo da guarita ela está se regenerando de um incêndio que ocorreu recentemente ali. É uma vegetação rasteira com arbustos, típico do cerrado, mas não demorou muito e uma mata densa surgiu ao longo da estrada.
No céu, as nuvens escuras já tinham se dispersado e o Sol tomava conta.
Mirante do Eco
Com cerca de 30 minutos desde a portaria, surge uma bifurcação que leva até o Mirante do Eco. Parada para sacar umas fotos e apreciar o visual que vale a pena.
De volta à estrada, seguimos por mais alguns minutos em meio à área de mata atlântica e por um pequeno trecho em declive até chegar na primeira bifurcação, onde seguimos para a direita.
Bifurcação
Logo à frente passamos próximo de uma pequena lagoa e ao lado da Casa de Hospedes, onde seguimos para esquerda. Mais alguns metros e outra atração do Parque: a Casa do Bandeirista e em frente a ela encontramos o único ponto de água desse trecho de subida até o pico: é uma bica d'água potável. 
Bica dágua
Foram pouco mais de 5 Km desde a portaria e aqui paramos para um breve descanso, já que em todo o percurso pela estrada não passou um único carro por nós, para uma carona.
Casa do Bandeirista
Para quem dispõe de tempo, desse ponto é fácil chegar em várias outras atrações do parque ou seguir por algumas trilhas próximas, como por exemplo o Centro de Visitantes ou o Museu do Chá e as trilhas da Lagoa, do Forno e da Capela, mas nosso objetivo era somente chegar no topo do Itacolomi, por isso abastecidos com o precioso líquido, seguimos pela estrada até chegar numa porteira, bem próxima de um outro lago à esquerda.
Porteira de aceso à trilha
Aqui não tem erro, já que placas de sinalização indicam o caminho. Cruzamos a porteira e continuamos a caminhada por estrada de terra. Mais alguns minutos e outra bifurcação para um mirante, mas nem chegamos a ir.
Início da trilha
Esse trecho final pela estrada é rápido e tranquilo e com pouco menos de 2 horas desde a portaria chegamos na bifurcação para a trilha.
Com algumas placas de sinalização apontando a direção da trilha, agora abandonamos a estrada e seguimos por trilha demarcada à direita.
Trilha por ali
Mais alguns metros e surge uma bifurcação à esquerda, sendo essa a trilha que se inicia próximo da guarita do parque, mas é considerada pela Administração como clandestina. 
Seguindo pela trilha principal, que é plana no início, não demora muito e chegamos num pequeno trecho de escadas para ir ganhando altitude.
Subindo
Nesse momento a mata atlântica vai ficando para trás e os campos de altitudes com afloramentos rochosos vão se tornando predominantes.
Com cerca de 30 minutos de trilha chegamos num local chamado de Mirante do Vale que possui um lindo visual ao redor.
Mirante
E mais alguns metros chegamos no platô da serra. É um longo trecho no plano contornando afloramentos sem grandes dificuldades e tendo a crista do Itacolomi bem ao fundo. 
No plano
Algumas fendas vão surgindo ao lado da trilha, por isso é preciso tomar um pouco de cuidado. 
Com cerca de 3 horas desde a Portaria chegamos na base do pico. De agora em diante é um trecho relativamente íngreme até chegar ao topo, onde os afloramentos rochosos tomaram conta.
Trecho final
Logo no início da subida nos deparamos com uma trilha à esquerda que pode ser uma boa opção para retornar à Ouro Preto.
Bordejando a encosta íngreme vamos ganhando altitude até passar por um pequeno trecho entre grandes rochas e chegar no mirante principal do Itacolomi em frente a placa de sinalização, as 12h40min.
Chegamos
Estamos a cerca de 1700 metros de altitude e de frente para o enorme monolito inclinado e que nada se parece com a pedra vista de Ouro Preto. 
Aqui ela se assemelha mais a um dedo apontando para o céu.
Pico
O relevo ao redor é acidentado com muitas rochas escarpadas apontando para uma única direção, semelhante ao que já tinha presenciado na travessia Lapinha-Tabuleiro, nessa mesma serra a do Espinhaço.
Relevo do topo
No mirante em frente ao Pico dá para visualizar várias trilhas na direção de Mariana, seguindo pelo interior da serra e que pode ser uma bela travessia ligando as 2 cidades.
Trilhas abaixo
O mirante possui uma linda vista e ficamos ali só observando aquele visual e comendo alguns lanches. Não demorou muito e alguns pássaros pousaram ao lado querendo comida. 
Depois de saciado fui explorar o lugar, mas é preciso tomar muito cuidado porque a vegetação alta esconde algumas fendas e buracos.
Pedra Rei Leão
Fui até a Pedra do Rei Leão tirar aquela clássica foto do Simba na pedra pontiaguda, tendo uma vista de 360º com as 
cidades de Ouro Preto e Mariana ao norte e bem ao fundo a região da Serra do Caraça.
Ao sul, temos Lavras Novas e o ponto mais alto dessa serra com altitude de 1772 metros, seguindo por uns 300 metros desde a placa de sinalização do pico, sendo que essa altitude é erroneamente assinalada pelo parque e por muitos sites e blogs como sendo o topo do Itacolomi, o que não é verdade.
Topo da Serra
O Sol não dava trégua e sem áreas de sombra, resolvemos que era hora de irmos embora pouco antes das 14hrs.
O trecho de descida é tranquilo e em menos de 10 minutos chegamos na bifurcação e aqui resolvemos seguir para direita. Essa é a trilha que pode ser vista lá do mirante principal e é uma alternativa para quem não quer seguir por dentro do parque pela trilha oficial.
Descendo
Descendo por uma trilha erodida pelo interior de uma mata de encosta, vamos perdendo altitude rapidamente e ao chegar num riacho com pequenas piscinas naturais, é o convite para um banho refrescante.
Pequenos poços
De acordo com a carta topográfica do IBGE esse é o Ribeirão Belchior, sendo um ó
timo local para reabastecer os cantis com agua cristalina, cuja nascente é bem próxima dali.
Pequenas quedas
É um riacho com pouco volume de água e at
é fui atrás de cachoeiras e mais poções rio abaixo, mas só encontrei pequenas quedas, então resolvemos ficar ali mesmo por quase 1 hora, ao lado da trilha num descampado de lajotas, só aproveitando os pequenos caldeirões.
Pico Itacolomi e outros mais
Nas escarpas mais altas da serra, o pico do Itacolomi já pode ser visualizado na sua forma inclinada ao lado de outros monolitos, que parecem ser o paraíso dos escaladores.
A continuação da trilha depois do riacho pode confundir devido a uma bifurcação seguindo para esquerda, mas parece que ela só leva às nascentes do pequeno Belchior. 
Descampado ao lado do rio
Por volta das 15h30min retomamos a pernada, seguindo em linha reta por alguns minutos até outra bifurcação à direita.
Ao lado da trilha encontramos um Oratório de Nossa Sra. Aparecida colocado num amontoado de pedras, formando uma espécie de altar.
Oratório
Outras bifurcações à direita vão surgindo, mas é só manter na trilha principal que não tem erro. Numa bifurcação à esquerda, a trilha leva a uma espécie de caverna onde encontramos um colchão e alguns pertences. 
Trilha clandestina
Numa dessas bifurcações uma placa sinaliza que a trilha que estamos percorrendo é clandestina e nos convida a entrar no Parque pela sua Portaria (foi o que fizemos; na verdade só estamos saindo do parque por ela).
Depois de um pequeno trecho de subida, a trilha arrefece e a vegetação muda para alguns arbustos e capim ralo, tendo o pico ao fundo bem destacado. 
Pico ao fundo
Seguindo na direção noroeste a trilha é bem demarcada, cruzando pequenas áreas de brejo até chegar num pequeno riacho, que descendo à jusante se chega na Cachoeira da Mentirosa e das Vozes um pouco mais abaixo.
Pequeno riacho cruzando a trilha
Porém devido ao horário - 16:00hrs, preferimos deixar para uma outra oportunidade conhecer essas 2 cachoeiras.
Com a trilha nos levando na direção da Rodovia, parece que o final estava bem próximo, mas de repente ela faz uma curva bem acentuada para esquerda, como estivesse retornando, para evitar uma encosta muito íngreme onde era impossível passar.
Ouro Preto logo ali
Daqui em diante entramos num pequeno e estreito vale cercado de gigantescas formações rochosas nas laterais e tomado por samambaias e mata ciliar nas encostas.
Trilha pelo pequeno vale
A trilha é acidentada, mas por não ter bifurcações é bem tranquila para navegar e assim vamos perdendo um pouco de altitude passando ao lado de um pequena bica de água 
escorrendo por entre as rochas, à esquerda.
Muita samambaia
O trecho agora é de subida por entre as samambaias até sair em campo aberto novamente e interceptar uma trilha que segue à esquerda, na direção 
da trilha oficial e do centro de visitantes. 
Trilha subindo
É uma antiga estrada tomada pela vegetação e que segue à direita para Rodovia e é esse o nosso caminho.
São 16h50min e numa das rochas junto da bifurcação, sinalizaram a direção do Pico seguindo pelo mesmo caminho que viemos, talvez para evitar a trilha  oficial do Parque.
Na bifurcação
Daqui em diante vamos perdendo altitude, contornando o Morro do Cachorro, com suas inúmeras antenas, que de vez em quando surgia à esquerda.
Esse trecho final é bem tranquilo, passando por um pequeno riacho escondido à esquerda e alguns desmoronamentos. 
Altos da serra
Com o Sol se pondo no horizonte, as formações rochosas vão se tornando raras e a trilha vai ficando mais aberta.
A Rodovia com alguns bairros de Ouro Preto estão bem próximos indicando que a trilha está chegando ao fim e pouco depois das 17h30min chegamos no portão que separa a trilha do asfalto.
Proibida a entrada
Mais alguns metros e chegamos na Rodovia, ao lado da entrada do Parque.
Agora é embarcar no ônibus circular em frente ao Hospital Santa Casa e seguir para a Pousada.



Dicas e informações úteis

# O Parque do Itacolomi foi criado em 14 de julho de 1967 e o horário de funcionamento é:
Terça a Domingo, das 8:00hr às 17:00hrs. Telefone (31) 3551-6193.
O horário limite para fazer a trilha do Pico é até as 11:00hs, por questão de segurança.
Site do parque com informações úteis: clique aqui.

# Pela trilha oficial do Parque o percurso só de ida totalizou cerca de 11 Km.
Já o percurso total de ida e volta que fizemos foi de pouco mais de 18 Km.

# Tempo de caminhada só de ida foi pouco menos de 4 horas desde a guarita, com algumas paradas.

# O trecho até próximo do início da trilha pode ser feito também de carro, moto ou bicicletas, já que o parque dispõe de estacionamentos.

# O parque disponibiliza aos visitantes:
- área de camping sombreada com capacidade para 30 barracas com vestiários e banheiros, próximo ao centro de visitantes. Taxa: $40 Reais/pessoa.
- 4 alojamentos e 1 casa de hospedes. Taxa: entre $40 a $50 Reais/pessoa, dependendo da quantidade de pessoas.

# O Pico do Itacolomi não possui 1.772m de altitude como muitos sites e blogs assinalam. 
O topo está a cerca de 300 metros ao sul das placas que sinalizam a chegada ao mirante do pico.

# Taxa de visitação é de $20 Reais/pessoa e deve ser paga no escritório, que fica próximo da guarita do Parque, onde é feito o registro de entrada.

# Obrigatório o uso de protetor solar e alguma proteção para a cabeça.

# Pela trilha oficial do parque só existe um pequena bica de água, ao lado da Casa do Bandeirista. Existem alguns riachos que cruzam a trilha clandestina, que usamos para retornar do Pico.

# Além da trilha oficial, existem vários outros acessos que levam até o Pico, sendo considerados clandestinos pelo parque. Do mirante do Pico é possível visualizar inúmeras outras trilhas

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