29 de junho de 2016

Relato: Pico do Garrafão - Serra do Mar de Biritiba Mirim/SP

Sabe aquele momento em que você tenta conhecer um lugar, mas não dá certo de jeito nenhum?
Pois foi isso que aconteceu na primeira vez que fui tentar chegar no topo desse pico. A caminhada era para chegar nos Picos da Esplanada e do Garrafão, no mesmo dia.
Até consegui chegar no topo do Pico da Esplanada, mas por não encontrar uma trilha que ligasse os dois, tive que abortar e depois do Esplanada seguir para o Pico do Itapanhaú (nesse relato). Só que dessa vez estava indo somente para o Garrafão e pela trilha tradicional, que segue um longo trecho pela Estrada da Adutora, para depois seguir por estradas secundárias até a base do pico. O início da caminhada foi também no Km 74,3 da Rodovia Mogi-Bertioga, onde desci do circular Manoel Ferreira, seguindo depois pela Estrada da Adutora Rio Claro e usando um tracklog para GPS. Foi uma caminhada longa e na volta, finalizei o trecho final no escuro, mas sem maiores dificuldades. 
Era um dos últimos picos que planejava fazer nessa região (Pedra do Sapo, Pico da Esplanada e Itapanhaú já tinha concluído) e com previsão de um Domingo de muito Sol, lá fui eu.

Na foto acima o Pico do Garrafão visto do topo do Pico da Esplanada



Fotos dessa caminhada: clique aqui
Vídeo com vários comentários ao longo da caminhada: clique aqui
Tracklog para GPS: clique aqui


Ponto final do circular no Bairro Manoel Ferreira
Aquele Domingo de manhã não estava tão frio quanto os outros dias e depois de embarcar na Estação Itaquera da CPTM em direção à Mogi das Cruzes até a Estação de Estudantes. Do lado direito existe o Terminal Estudantes de onde sai o onibus circular Manoel Ferreira.
Até tinha chegado cedo no local, mas só fui sair de lá por volta das 09h30min.
O ônibus, para variar, estava com vários trilheiros sentados no fundo, mas ninguém desceu no ponto de ônibus do Km 74,3 junto da Estrada de acesso ao Bairro. 
E exatamente as 10h20min iniciava a minha caminhada pela Estrada de terra que leva ao Bairro Manoel Ferreira. Aqui também é o ponto final do circular, mas como ele demora um pouco para chegar aqui, preferi descer na Rodovia. 
A partir daqui sigo pela Estrada da Adutora, rumo leste, paralela a tubulação de Água da SABESP.
Adutora Rio Claro
Ao passar ao lado de uma plantação de pimentões toda queimada pela geada, dá pena de ver, pois parece que a perda foi de 100%. Nas bifurcações o rumo é bem obvio: seguir próximo da Adutora, às vezes pela direita ou esquerda para contornar um ou outro pequeno morro.
Lá pelas 11:00 hrs a Pedra do Sapo surge em destaque à direita e com cerca de 1 hora de caminhada, passo ao lado do Restaurante da D. Maria, que atualmente está fechado, devido ao falecimento da proprietária. Não perguntei, mas me pareceu ser uma agencia de trekking com 23 pessoas se aprontando para sair em direção a Pedra do Sapo. Só cumprimentei um dos guias e segui em frente. Mais uns 5 minutos de caminhada e chego na bifurcação que leva a essa Pedra e ao Pico do Itapanhaú, mas continuo seguindo em frente, paralelo à tubulação (atualmente o acesso está com uma cerca de arame no local).

Reflorestamento
Aqui uma boa noticia: o Sol resolveu dar as caras e com ele, é bem melhor caminhar. Claro que sem exagerar.
Depois de passar embaixo da Adutora, a Estrada chega numa bifurcação à esquerda, mas continuo seguindo pela estrada principal, agora com a tubulação de água do lado esquerdo e enterrada.
O que chama a atenção aqui é o vasto trecho de reflorestamento de eucaliptos pertencente à Suzano Papel e Celulose. 
A paisagem se abre à esquerda, revelando morros e mais morros só com reflorestamentos. E com cerca de 1h30min de caminhada desde a Rodovia, chego numa bica dágua do lado direito, perfeito para uma pequena parada. Depois de devorar um lanche, encho o cantil, mas não precisava, já que na base do Garrafão existe um riacho. 
Pico da Esplanada
Voltando à caminhada, em algumas aberturas no morro do lado direito, o Pico da Esplanada aparece por entre a mata atlântica, com altitude um pouco abaixo do Garrafão.
Um pequeno sítio abandonado com o nome de Esplanada surge no meio da mata e alguns minutos desde a bica dágua, chego na última casa, onde um pequeno cachorro de nome Tripa resolver correr atrás de mim, mas sem representar perigo. 
Nos fundos da casa um belo lago com patos e peixes (acho que era isso).
Mais alguns metros e chego na placa da Fazenda Casa Verde (pertencente a Suzano) e é aqui que se inicia a trilha que leva ao topo do Esplanada. 
Alguns clics e volto a caminhar, pois tenho ainda um longo trecho até o Garrafão. 
Adutora novamente
A estrada é plana, com pequenos trechos em declive e com a vantagem de ser no meio dos eucaliptos, escondendo os raios do Sol, para alivio da minha cabeça.
De vez em quando a totalidade do topo rochoso do Esplanada surge por entre o reflorestamento juntamente com o Garrafão, que só aparece com uma pequena pontinha de seu domo arredondado, logo ao lado.
Com quase 2 horas de caminhada, passo embaixo da Adutora, mas dessa vez não é a tubulação redonda e sim um enorme duto de concreto por onde a água passa. Lembra um pouco aqueles antigos dutos de água da época colonial, que ainda resistem em algumas capitais pelo país.
E exatamente com 2h20min desde a Rodovia, chego a um pequeno portão metálico de cor amarela do lado direito. 
Cruzando a porteira
É aqui que saio da estrada principal e sigo por estradas secundárias até a base do Garrafão. 
O rumo agora é sentido sul e oeste, como seu eu estivesse retornando tudo o que eu caminhei, mas não tem como evitar. A caminhada segue pela estrada, contornando um morro pela esquerda até chegar a um fundo de vale, onde encontro uma bifurcação. Aqui é preciso tomar cuidado, porque o caminho mais demarcado parece ser a bifurcação em frente, mas o rumo a tomar é o da esquerda, passando por uma pequena ponte de concreto sobre um riacho com laterais de tubos de metal
A caminhada é sem maiores dificuldades contornando morros à esquerda e direita com algumas pequenas bifurcações ao longo do trecho, mas a navegação é bem óbvia. 
Garrafão ao fundo
A totalidade do Esplanada e a lateral do Garrafão surge nas encostas de um vale e é um visão de encher os olhos. 
Logo a estrada adquire um aclive um pouco mais acentuado com trechos de paralelepípedos e vou caminhando pelo vale entre o topo do Garrafão à esquerda e o Esplanada à direita. Um riacho ao lado é perfeito para um reabastecimento de água, pois daqui em diante não encontrei nenhum outro ponto com o precioso líquido.
E exatamente as 13h05min chego na clareira à esquerda que marca o início da trilha que leva ao topo do Garrafão. Foram quase 3 horas desde a Rodovia e daqui em diante chega de estrada. Agora era por dentro da mata, pela trilha, finalmente. 
Marcações
Pelo descampado, vou seguindo a trilha até encontrar o local exato onde ela entra definitivamente na mata fechada e segue crista acima. Um pouco complicado esse início, mas deixei algumas fitas amarradas em pequenas árvores que podem ajudar o mais perdidos.
Se tiver problemas nesse trecho e não encontrar a trilha, o ideal é retornar até a estrada secundária e seguir em frente, já que ela vai contornar todo o Pico do Garrafão e do outro lado, existe uma outra trilha que se inicia por lá saindo em um pequeno ombro do Garrafão – é como se fosse um atalho, já que ela evita passar por um trecho complicado.
Mas se resolver seguir pela trilha do descampado, a navegação segue por dentro da mata sempre ascendente.
Topo
Depois de uns 50 metros de aclive, se chega a um pequeno ombro do Garrafão e aqui a trilha vira bruscamente para a esquerda, rumo nordeste – existe uma fita bem visível assinalando o local. É daqui em diante que ela apresenta os trechos mais íngremes, sempre subindo rumo ao topo, sem bifurcações e com trechos que lembram a subida do Pico do Corcovado, em Ubatuba, por ser íngreme demais. Mas a maior parte da subida é tranquila, passando por trechos de bambuzinhos e vegetação alta que não permite que se vê nada na subida. 
E exatamente as 13h20min e com 3h20min de caminhada desde a Rodovia e 30 minutos de subida pela crista chego no topo, que é um pouco frustrante.
O lugar é coberto de vegetação alta e árvores para todos os lados, com somente um marco geodésico de concreto de mais ou menos 1 metro de altura, assinalando que ali é o ponto mais alto do Pico do Garrafão.
Litoral tomado pelas nuvens
Junto do marco também existe uma área descampada e plana que pode acomodar várias barracas, mas o visual de toda a região que é mais importante, isso não tem.
Ao sul, até existe uma abertura por entre as árvores, mas só conseguia visualizar um vasto colchão de nuvens que encobria tudo ao redor. Esperava ver o litoral, mas não deu.
Até dei uma explorada no topo, na direção norte e leste e o visual é um pouquinho melhor, mas cheio de vegetação do mesmo jeito.
A altitude aqui é de cerca de 1070 metros e com subida pela crista de cerca de 250 metros de desnível desde o descampado.
E para não voltar com peso na mochila, agora era hora comer todos os lanches e sucos que eu tinha trazido, além de dar uma descansada também. 
Névoa sobre o vale
Fiquei aqui no topo pouco mais de 1 hora e já pensando que poderia seguir no escuro o trecho final de retorno, então era hora de descer e as 14h40min iniciei a caminhada de volta.
Quando terminei a trilha de descida e cheguei no descampado, uma névoa espessa cobria todo aquele vale e não permitia que eu visse nada ao redor e com isso a temperatura também tinha diminuído bastante. Paciência né, pelo menos meu objetivo eu tinha alcançado.
E ao longo do caminho encontro alguns trilheiros que estavam voltando da Pedra do Sapo e vou conversando com eles até chegar no centro do Bairro Manoel Ferreira, pouco depois das 18:00 hrs e aqui só fico aguardando o circular até o Terminal Estudantes e de lá trem até SP.


Algumas dicas e informações úteis (Atualizado Julho/2020)


# A distancia total desde a Rodovia até o topo do Pico do Garrafão é de cerca de 14 Km sem muita diferença de altitudes, caminhando entre 770 metros a 830 metros. 

# Para quem pretende vir de carro, a melhor opção é deixá-lo junto ao ponto final do circular Manoel Ferreira, ao lado de um barzinho. 

# Para a logística de ônibus, segue o link dos horários do circular Manoel Ferreira, que sai do Terminal Estudantes, ao lado da Estação de mesmo nome, já que o intervalo entre um ônibus e outro passa de 1 hora - Linha E392: É só clicar aqui. Valor: $5 (Jan/2023)


# Para quem curte andar de bike, essa região é um paraíso. Muitas estradas de terra e lindos visuais. Só não dá para chegar no topo desse pico levando a magrela. Subida muito íngreme.

# Evite fazer essa trilha em dias nublados. É uma caminhada longa e ao chegar no topo o visual é bem restrito. Se estiver nublado não dá para ver nada. 

# Para quem pretende reduzir um pouco o total dessa caminhada existe uma outra opção: seguir até o topo do Pico do Itapanhaú (veja esse relato) e no lado leste da Torre, inicia uma trilha demarcada descendo na direção da base do Pico do Garrafão.

# No Play Store são encontrados inúmeros apps de GPS para telefone celular. Alguns até possibilitam ir plotando a trilha. 
Para navegação e gravação do tracklog uso e recomendo 3 app para o GPS do telefone celular.
- A-GPS Tracker ou o GPX Viewer para navegar nos tracklogs. Tendo algum deles no celular, é só fazer o download do tracklog e depois abrir no app. É bem simples.
- E o Wikiloc para gravar o tracklog do percurso.

14 comentários:

  1. Olá Augusto,

    Deixe-me entender, quer dizer que não há nenhuma vista do topo, é isso..?

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  2. A única vista que vc terá do topo é essa da foto acima ou no link abaixo:
    www.flickr.com/photos/augusto08/27296996383/in/album-72157670253208725/
    E torcer para que o litoral não esteja encoberto por nuvens, como aconteceu comigo.
    Já tinha visto outras fotos onde aparece um imenso vale abaixo e algumas praias do litoral bem ao fundo.
    E se vc der uma explorada no topo, até encontra uma ou outra vista, mas escondida pela vegetação alta.
    O Esplanada, que tá ao lado, até possui um visual melhor.


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  3. Augusto, será que a trilha ainda está aberta?

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  4. Não acho que a trilha se fechou.
    Ela é pouco usada, mas ela ta lá.
    Tendo faro de trilha não terá problemas, já que ela nao tem bifurcações.
    Só as da estrada.
    Abcs

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  5. Olá Augusto. Mais um excelente relato, parabéns! Sabe se dá para fazer esta trilha de bike?

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    1. Blz Gabriel.
      Valeu pelo elogio.

      Fazer de bike é uma ótima opção, porque a caminhada desde a Rodovia até a base do Garrafão é longa.
      Mas tem um porém.
      Da base até o topo a mata é bem fechada e com trechos íngremes, por isso é bastante complicado levar a bike até o topo. A não ser que queira subir com ela empurrando o tempo todo.
      Eu recomendaria deixá-la presa em alguma árvore, quando vc chegar na base. É menos desgastante.

      Abcs

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  6. Já realizar essa trilha de bike,mas saindo do centro de biritiba por dentro...aí pra subir deixamos as biles presa às árvores como foi dito,ah e demos sorte no dia,pois tivemos uma vista até que agradável,podendo ver sim o litoral

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  7. Kkkkk.
    Quando comecei a ler sua postagem, pensei.
    O cara é louco levar a bike até o topo.
    Mas depois que li tudo ai percebi que vc deixou sua bike escondida.
    Parabéns pelo visual.
    Tem que contar com a sorte.
    As estradas da região são perfeitas para as bikes.
    Aproveite.
    Abcs

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  8. Relato Show. Eu Subi no Pico do Garrafão dia 12/12/2010 e tive uma certa frustração também pois a mata tampa toda a visão.
    Parabéns pela Publicação.

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    1. Infelizmente a visão no topo é bem limitada.
      Só para o sul e mesmo assim torcer para que as nuvens deixem ver o litoral.
      Uma pena.
      Só valeu mesmo pelo desafio de subir os picos daquela região.
      Valeu pelo elogio.

      Abcs

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  9. Obrigado pelo fantástico relato amigo! Ia tentar ir de bike, mas não compensa muito, vou tentar a esplanada agora. No do Itapanhaú já fui e é fantástico.

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    1. Eu recomendo vc ir de bike até o Garrafão.
      Até a base dele se consegue chegar de bike sem grande esforço.
      Seguindo pela estrada, boa parte dela é no plano com algumas subidas e descidas.
      O problema que vc pode ter é chegar no topo com a bike, já que terá de empurrar todo o trecho de subida por trilha um pouco fechada.
      Mas é só esconder ela em algum local ou prender em alguma arvore.
      Depois subir na caminhada.
      Valeu.

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  10. A área que deu início a construção da Adutora do Rio Claro , foi do meu bisavô Dolor Bernardino do Carmo , foram 500 alqueires de terra vendido para o governo , dando início na constituição da represa Ribeirão do Campo em Casa Grande Biritiba Mirim SP , região do Alto Tietê ..

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    1. Estava lendo sobre seu bisavô. Bela história.
      Até a área do Aeroporto de Congonhas era dele. Hoje em dia estaria bilionário.
      https://m.facebook.com/people/Dolor-Bernardino-Do-Carmo/100014066256588/

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