20 de março de 2004

Relato: Trilha das 7 Praias Desertas + Travessia do Saco das Bananas - Ubatuba/SP

Essas 2 trilhas fizemos no meio da semana de Sol muito forte.
Em 1 dia fizemos a trilha das 7 Praias e no outro a do Saco das Bananas. 
A maioria das praias são de difícil acesso e algumas são literalmente desertas. As trilhas são demarcadas e sem problemas de navegação, por isso é uma caminhada perfeita para quem quer curtir uma praia tranquila e quase deserta. Estava com a Márcia nessas caminhadas.

Na foto acima, Praias do Deserto e do Cedro ao fundo, visto da trilha

Fotos dessas 2 caminhadas: clique aqui
Tracklog para GPS da Travessia do Saco das Bananas: clique aqui

                      Trilha das 7 Praias 

Essas 2 trilhas são muito conhecidas dos mochileiros. A da 7 Praias muitos a chamam de trilha da Praia do Bonete ou trilha das 7 praias desertas e até para quem gosta de bike, dá para se fazer tranquilamente. Já a do Saco das Bananas recebe esse nome por causa do imenso bananal no trecho. Muitas das praias são literalmente desertas e nessa caminhada o trajeto é um pouco mais longo.
Para a trilha das 7 Praias levamos um pequeno mapa que conseguimos na Revista Família Aventura e no Saco das Bananas pegamos um relato do Sérgio Beck, que ele tinha publicado na Revista Aventura Já. E com isso, lá fomos nós.
A saída de São Paulo foi ainda de madrugada, por volta das 05:00 horas da manhã.
Seguimos de carro pela Rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto para depois descer em direção ao litoral pela Tamoios, com trânsito bem tranquilo de uma Quarta-feira e a chegada na Praia da Lagoinha, pouco à frente da divisa entre Caraguatatuba e Ubatuba, foi sem grandes problemas 3 horas mais tarde.
Camping Super Star
Deixamos o carro estacionado no Camping Super Star da Praia da Lagoinha, já que foi o único que conseguimos encontrar mais próximo do início da trilha. O lugar é bem organizado, banheiros separados com chuveiro quente, gramado bem plano e junto da areia da praia. Depois de montar a barraca na grama, Sr. José, dono do camping, nos indicou o lado onde começa a trilha e lá fomos nós.
Como o camping estava localizado no meio da praia, tivemos que caminhar para caramba até chegar no no início da trilha, que é bem fácil de encontrar. Seguimos até o extremo da praia, à esquerda, por onde passa um rio que desagua na praia e aqui iniciamos a caminhada pela trilha do outro lado da margem. Para não molhar as botas é preciso tirá-las para atravessar o rio; na parte mais rasa a água não passa do joelho. 
Nosso guia
Eram por volta das 09:00 horas e com trilha demarcada devido a passagem frequente de moradores e mochileiros, seguimos sem problemas.
As primeiras praias são a do Oeste (uns 15 minutos depois do início da trilha) e do Perez (quase ao lado) e nesta praia encontramos um típico morador local que pelo visto costuma acompanhar os mochileiros ou os moradores sempre que passam por aqui.
A figura foi se aproximando, meio na cara de pau e começou a andar junto com a gente, como se achasse que precisávamos de um guia e como já haviam passado alguns moradores por ali, achávamos que talvez estivesse indo pra alguma praia e fomos deixando a companhia ir com a gente; afinal qual o problema, né?            
Praia Grande do Bonete
Passamos pelo acesso à trilha que leva à praia do Bonete cerca de 30 minutos depois e em seguida chegamos na Praia Grande do Bonete (a mais extensa de todas), onde encontramos alguns moradores trabalhando nos preparativos da próxima pesca.
A trilha segue em frente e neste trecho encontramos uma placa indicativa sinalizando a Praia da Fortaleza para esquerda sem passar pelo costão, mas também sem os belos visuais de outras praias que nos esperavam.
Trilha demarcada
Nosso companheiro intrometido, que pensava ser nosso guia ainda continuava firme, caminhando junto com a gente e quando estava na nossa frente de vez em quando, ficava esperando a gente.
No caminho ainda encontrou um conhecido, tendo uma rápida conversa que nem pudemos acompanhar e.................... bingo; agora conseguimos mais uma companhia pra continuar a trilha. O primeiro, além de intrometido, fedia um absurdo, e sem saber, ganhou de nós o apelido de Fedorento. O outro, também bastante chato (afinal não os tínhamos convidado), ganhou outro apelido que caracterizava bem sua personalidade, Medroso, porque ficava o tempo todo atrás; parecia ter medo de ir na frente, de encontrar uma cobra ou outra coisa qualquer.          
Praia do Bonete ficando para trás
Ao sairmos da Praia Grande do Bonete, pegamos  um trecho bem íngreme até chegar no alto do morro e termos uma bela visão da praia que nos aguardava. Descendo por trilha bem demarcada, chegamos na Praia do Deserto umas 2 horas depois da saída da Lagoinha. Essa é uma praia também extensa e onde encontramos um casal acampando. O Sr. Serafim, no único bar em frente, nos passou algumas informações. A próxima praia seria a Praia do Cedro, conhecida também como Cedro do Sul, acessível pelas rochas que separavam as duas.
Praia do Deserto
Na Praia do Deserto o Fedorento resolveu ficar, pois percebeu que a gente não ia dar nada a ele. 
Dava para perceber que ele estava cansado também.
A praia do Cedro é ótima para banho e mergulho com snorkel e mascara (aqui a gente fez o nosso almoço que dividimos com o Medroso).
Do canto esquerdo continua uma trilha, aqui um pouco confusa, não tão bem demarcada, porém com um marco importante, a passagem por um limoeiro, que fica exatamente dentro do riacho que deságua nessa praia. 
Costão
Também é possível evitar esse trecho, voltando alguns minutos pra trás e pegar a trilha melhor demarcada, que sai da Praia do Deserto, atrás do Bar do Sr. Serafim.
Seguindo pelo trecho que começa na Praia do Cedro, a trilha sobe alguns minutos até encontrar a outra que vem do Deserto, muito bem demarcada daqui pra frente. 
Até a Praia da Fortaleza foi quase 1 hora de trilha bem demarcada e tranquila e saímos um pouco dela para apreciar o costão, que é muito bonito. 
Praia da Fortaleza
Nesse trecho são várias bifurcações e fomos chegar na Praia da Fortaleza por volta das 16:00 hrs acompanhados do Medroso, pois o Fedorento, para alegria do meu nariz, resolveu desistir da caminhada.
A Praia da Fortaleza conta com belas casas, construídas próximo da areia. O lugar estava relativamente vazio e a partir desse ponto dá para tomar um ônibus de volta para a Rodovia que pode economizar algumas horas de caminhada até lá. Eu até recomendo porque dessa praia até a Rodovia não é um trecho com acesso fácil as praias, quase que particulares e também porque é um tal de sobe morro/desce morro, quase interminável e sempre pelo asfalto.
Praia Brava
O circular que segue em direção ao centro de Ubatuba tinha acabado de sair e por isso resolvemos caminhar na esperança de que chegaríamos mais rápidos na Rodovia. Ledo engano. Passamos ainda pela Praia Brava, vista somente do alto, pouco extensa e com ondas bem fortes.
E chegamos na Rodovia por volta das 18:00 hrs, mas ainda era preciso caminhar mais 1 hora e meia para voltar à praia da Lagoinha, onde a caminhada começou pela manhã e onde nos despedimos do Medroso. Poderíamos ter pego algum circular que passasse pela Rodovia, mas seguimos na caminhada mesmo.
O problema era que o Medroso ainda não queria ir embora e achou que iria dividir a barraca também, ou sei lá, queria se adotado talvez.
Como não pretendíamos trazer nenhum cachorro para casa, foi preciso quase obrigar o bicho a ir embora. A sorte é que o outro maior e mais cansado não aguentou chegar no final, senão o trabalho de despistá-los seria maior ainda.


                       Travessia do Saco das Bananas

Já de volta ao Camping preparamos nosso jantar e fomos dormir cedo para descansar bem e iniciar a caminhada de manhãzinha, evitando com isso o Sol mais forte.
Tinha chovido durante a noite e estávamos um pouco receosos, mas amanheceu um belo dia, perfeito para uma caminhada. Depois de desmontar a barraca, acertar com o Sr. José e colocar tudo no carro, seguimos na direção de Caraguá, para a Praia de Maranduba que é uma continuação da Lagoinha e que também pertence a Ubatuba.
Estacionamos em frente à praia, num local em que nos finais de semana é considerado zona azul e o pessoal da prefeitura cobra um certo valor pelo estacionamento do dia inteiro, mas como era uma Quinta-feira, nem nos preocupamos.           
Bifurcação para Praia do Pulso
No relato do Sérgio Beck, dizia que a trilha é tranquila e com lindos visuais. Ele estava certíssimo.
A caminhada começou na Praia de Maranduba e a partir dali mesmo, seguimos pela Rodovia sentido Caraguá e depois de cruzar uma pequena ponte, pegamos uma estradinha de terra à esquerda, que leva até as Praias do Pulso e da Caçandoca. 
No início é tranquila e depois vai se tornando mais inclinada, tendo um belo visual da Praia de Maranduba e Lagoinha. O problema era o Sol que já estava bem forte.
Depois que a estrada segue no plano, chegamos em uma bifurcação que leva até a Praia do Pulso à esquerda, junto a uma casa de religiosos chamada Arautos do Evangelho (nessa praia nós nem passamos). 
Praia da Caçandoca
Aqui seguimos para a direita e pegamos um trecho de mata fechada onde encontramos algumas placas que indicavam que grande parte daquela região pertence a um Quilombo existente ali.
Nesse trecho da estrada existem algumas bicas de água e parece ser bastante utilizada pelos moradores, pois vários cruzaram o caminho de carro ou à pé.
Chegar de carro na Caçandoca teria poupado 1 hora e meia de caminhada na ida, mas resolvemos seguir à pé mesmo para conhecer o lugar. O problema é que no final da tarde para pegar o carro na volta, já estaríamos bem cansados.
Praia da Caçandoquinha
A praia da Caçandoca é bem extensa, de ondas calmas e um imenso pasto em frente. São poucas as áreas de sombra e percebemos que ali existe alguns borrachudos, então é recomendável trazer repelente. 
No final da praia à direita é preciso passar um rio, onde a água não passa dos tornozelos, mas o bastante para molhar as botas.
Bem ao lado do rio inicia-se uma trilha bem visível que leva em uns 5 minutos à Praia da Caçandoquinha, mais reservada que a primeira e com extensão de areia bem menor.
Costão
Saindo da praia é possível seguir em direção ao costão, onde se tem uma bela visão das ondas quebrando direto nas pedras e alguns bons pontos de pesca onde rolam fotos bem legais.
Continuando a caminhada  pelo costão chegamos à praia da Raposa cerca de 30 minutos depois da Caçandoquinha, de águas bem tranquilas, quase sem onda e com muita alga nas rochas. 
Um mergulho com snorkel e mascara à uns 3 metros de profundidade, ainda próximo da praia, permite uma visão de cardumes de diferentes tamanhos que são atraídos pelo alimento abundante. Vale a pena ficar algumas horas mergulhando aqui.
Costão para pesca
Essa, como várias outras praias da região, tem uma mangueira colocada por algum morador que traz água direto de algum riacho próximo, o que permite um banho pra tirar o sal depois do mergulho no mar. Uma ótima praia para uma parada um pouco mais demorada, mas novamente o problema dos borrachudos, que são os donos do lugar.
Junto da Praia da Raposa a trilha continua sentido Saco das Bananas, bem demarcada e com algumas bifurcações para algumas casas de moradores.
Subindo alguns minutos é possível ter um visão maravilhosa das distantes Ilhas de Búzios e Ilhabela.
Saco das Bananas
Com um céu azul, que foi o caso desta vez, o cenário é perfeito pra curtir a vista que vale muito a pena.            
Passamos pelas casas dos moradores no caminho, algumas abandonadas, outras habitadas, mas ninguém por perto. Essa é uma região de goiabeiras e jacas, tanto que o cheiro chega a enjoar.
Quando vamos chegando próximo ao Saco das Bananas (cerca de 1 hora depois da Praia da Raposa), muitas bananeiras vão surgindo pelo caminho.
O Saco das Bananas é um ancoradouro natural de barcos, um trecho do costão que faz um U na entrada na Costa. De frente para o lugar, a vegetação mostra tantos pés de banana colados um ao outro, como se tivessem sido colocados à mão.             
Cachoeira no Saco das Bananas
A trilha continua seguindo, toda ela bem demarcada. Desde a saída da Raposa até a próxima Praia, a do Simão (ou do Frade como alguns preferem) são 1 hora e meia de caminhada, com a oportunidade de seguir com a vista da costão do lado esquerdo.
A Praia do Simão, de ondas muito fortes e de tombo é muito frequentada por alguns surfistas que procuram boas e perigosas aventuras. Bem no meio da praia sai a trilha que sobe sentido Praia da Lagoa com alguns trechos de subida bem forte, passando por mais goiabeiras e uma boa quantidade de aranhas grandes que são características da região, já que encontramos muitas teias fechando o caminho. A trilha chega a uma altitude de 300 metros antes de começar a descer.
Praia Mansa
Passamos por vários riachos e chegamos em uma estrada de terra que marca o fim da trilha, sendo esse trecho desde a Praia do Simão de pouco mais de 1 hora (aqui tem uma casa de um morador).
Junto à casa sai uma trilha que leva até a Praia da Lagoa, deserta e com acesso fácil e que fica para uma outra oportunidade. 
Daqui segue uma estrada de terra até a Rodovia e depois de uns 20 minutos passamos ao lado da Pousada Estação Ecológica Ponta Aguda (Antiga Pousada Taoland). 
Praia da Figueira
Ao lado dessa Pousada existe uma bifurcação que leva à Praia de Ponta Aguda, mas nem chegamos a ir.
É uma outra praia muito tranquila e quase deserta.
Mais alguns minutos subindo pela estrada é possível ter uma bela visão das Praias da Lagoa, da Ponta Aguda, da Figueira e Tabatinga bem ao fundo, que ficam à esquerda da estrada de terra que sobe. 
A proximidade como os vilarejos tornam as praias mais movimentadas, mais turísticas mesmo. 
A partir da Pousada caminhamos cerca de 1 hora até a Rodovia por estrada de terra em estado precário, onde chegamos por volta das 19:00 horas.
Aqui ficamos aguardando o circular para Ubatuba e que nos deixou na Praia da Maranduba onde havíamos deixado o carro pela manhã e de lá retornamos para Sampa.


Dicas e algumas informações úteis (Atualizado Julho/2020)

# Pelo lado da trilha das 7 praias, os melhores lugares para se acampar em selvagem são na Praia do Bonete (ou Bonetinho) e na Praia do Deserto.

# Já pelo lado do Saco das Bananas, o melhor lugar para acampar em selvagem é na Praia do Frade.

# Se não quiser caminhar o trecho final pelo asfalto da Praia da Fortaleza até a Rodovia, existe um circular que faz a linha até o centro de Ubatuba:

# Na Praia da Lagoinha existe o Camping Super Star, que é bem estruturado e não fica muito longe do início da trilha.

# Quem prefere um pouco mais de conforto, na Praia da Lagoinha e Maranduba existem inúmeras pousadas.

# Junto da Praia de Ponta Aguda se localiza a Pousada Estação Ecológica Ponta Aguda (Antiga Pousada Taoland) que não é tão cara.

# Na Praia Grande do Bonete é possível encontrar restaurante e comer algum PF.

# Na Praia do Bonete (ou Bonetinho) se encontra água potável de um pequeno riacho que desagua na praia.

# Na Praia de Ponta Aguda existe um camping estruturado de frente para a praia que é uma boa opção para quem gosta de curtir praias desertas.

# Junto da Praia da Lagoa é possível acampar em selvagem em inúmeros descampados próximo da areia da praia.

# É obrigatório levar um snorkel e mascara para essas 2 caminhadas (no costão de várias praias é possível ver inúmeros peixes).

# A travessia do Saco das Bananas também é conhecida como Travessia Caçandoca-Tabatinga e tem uma extensão de aproximadamente 17 Km.

# Em 2009 retornei para algumas praias que fazem parte do Saco das Bananas: as Praias da Lagoa e Ponta Aguda. Foi uma caminhada de 1 dia só, mas deu para conhecer melhor essas praias desertas. Relato com fotos:

http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/05/dicas-algumas-praias-desertas-de.html

2 comentários:

  1. Olá Augusto,me chamo Everton e moro em Caragua. Parabéns pelo blog!A travessia do Saco dá Banana eu já fiz, inclusive o seu relato ajudou, pretendo fazer as duas de uma vez, a cachoeira do saco dá Banana eu não conheço, tem algum ponto de referência pra eu poder acha lá? Abraços e obrigado.

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  2. Oi Everton, tudo bem?
    A cachoeira é só a da foto.
    Ela fica bem naquela enseada em formato de U.
    Lembra do riacho que vc cruzou ao passar pelas bananeiras?
    É ali no encontro do riacho com o mar.
    Valeu pelo elogio.
    Obrigado.

    Abcs

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