25 de setembro de 2004

Relato: Travessia da Ponta da Joatinga - Paraty/RJ + Trilha Trindade-Camburi - Divisa SP/RJ

Esse é um relato de mais duas travessias (Ponta da Joatinga e Trindade-Camburi) que eu e a Márcia fizemos no feriado de 7 de Setembro na região de Paraty e Ubatuba. As duas eu já conhecia bem. A Joatinga já tinha feito anos atrás (relato aqui) e é bem tranquila. A Trindade-Camburi também já tinha feito, mas no sentido inverso (relato aqui). Pegamos dias de muito Sol na Joatinga, mas passamos por apuros em uma delas e a experiência que tivemos serviu como lição.

Foto acima: Márcia na trilha com a Praia de Ponta Negra ao fundo


Fotos da Travessia da Joatinga: clique aqui
Tracklog para GPS da travessia da Ponta da Joatinga: clique aqui

Fotos + croqui da trilha Camburi-Trindade: clique aqui
Tracklog para GPS da travessia Camburi-Trindade: clique aqui
Seguindo de barco para a Praia do Pouso
Saímos de São Paulo de ônibus no feriado da Independência bem de manhãzinha e chegamos em Paraty por volta das 14:00 hrs. Como pretendíamos retornar a SP no Domingo, resolvemos comprar as passagens para o horário das 16h30min. Cinco dias de caminhada eram mais do que o suficientes para fazermos as 2 travessias.
Estávamos com dúvida se ainda conseguiríamos algum barco que nos deixasse na Praia do Pouso da Cajaíba, mas assim que chegamos no cais, encontramos uma escuna que estava retornando para a Praia do Pouso. 
Barco Paratii 2
Ela deixou o cais por volta das 14h30min e ainda foi reabastecer. Depois passamos ao lado do barco do Amyr Klink (Paratii 2) que estava ancorado. 
Na entrada do Saco do Mamanguá pegamos o mar um pouco revolto (foi um tal de sobe/desce onda) e chegamos no Pouso por volta das 16h30min.
Dali procuramos a trilha que sobe o morro em direção a Praia Martim de Sá, que sai do lado esquerdo do orelhão, mas se tiver dúvidas é só perguntar para qualquer morador, que eles indicam o caminho certo.
Depois de uma longa subida até o selado que é o topo da trilha, fomos chegar nessa praia pouco antes das 18h30min, já no escuro.
Na Praia Martim de Sá
Lá encontramos algumas barracas ao lado da casa do Sr. Maneco e outras próximas da areia da praia, onde montamos a nossa também e fomos fazer o jantar. Como chegamos já escurecendo, nem fomos para a praia e depois do jantar já estávamos dentro da barraca para descansar.
O dia seguinte amanheceu com um Sol muito forte, mas nem aproveitarmos a praia e só tiramos alguns clics da areia da praia.
Iniciamos a caminhada em direção a Praia de Ponta Negra as 10h30min junto a casa do Sr. Maneco por trilha que sai à oeste e segue um pouco longe do costão.
A trilha é bem demarcada e não tem como se perder.
Cruzando riachos
Ao longo da trilha vão aparecendo alguns poções nos rios que vamos cruzando, mas não entramos em nenhum.
Passamos por uma bifurcação à direita que leva até um poção e pouco mais de 1 hora chegamos no Saco das Anchovas, onde existem várias casas de pescadores à esquerda, junto ao costão. 
Aqui paramos para descansar um certo tempo, onde 2 trilhas se encontram (uma que vem das casas e outra de Martim de Sá).
Um pouco mais a frente existe uma bifurcação para a Praia do Cairuçú, mas nem chegamos a ir, já que nossa intenção era aproveitar a Praia de Ponta Negra.
Praia Martim de Sá ao fundo
Mais alguns minutos e depois quase 3 horas desde Martim de Sá se chega na Casa do Sr. Aplígio, à esquerda.
Atualmente o lugar conta com um camping e com acesso fácil a Praia do Cairuçú. Uns 50 metros depois, a trilha passa por um riacho onde alguns os moradores usam para lavar as roupas e logo a frente existe uma casa à direita. A trilha é bem demarcada e uns 100 metros depois tem a bifurcação que segue para o costão (à esquerda), mas a trilha correta é a da direita, que logo chega em uma bifurcação em “T”. Seguimos para esquerda e entramos definitivamente na mata fechada.
Até Ponta Negra, a trilha é bem tranquila, podendo existir alguma dúvida no início dessa subida, até chegar na altitude de quase 600 metros, que é topo da trilha.
Praia de Ponta Negra
Nesse trecho inicial de mata, a trilha segue no plano por alguns minutos para só depois iniciar a longa subida, mas sem maiores problemas. Pouco abaixo do ponto mais alto da trilha existe uma pequena gruta, conhecida como Toca da Onça, que pode ser útil em casos de emergência.
Ao chegar no topo da trilha, a partir dali é um trecho com descida muito íngreme, cruzando um pequeno riacho. O ideal é ir segurando nas raízes e nos galhos das árvores para não levar tombos.
Fomos chegar em Ponta Negra por volta das 16h30min e depois de montarmos nossa barraca no Camping em frente da praia, fomos atrás de algum tipo de refeição, que incluísse peixe, mas não encontramos nada. O Camping da Branca que também funciona como restaurante (é o que diz a placa) não tinha nada disponível também. Tivemos de nos contentar com a nossa comida mesmo. A praia é convidativa para um mergulho, pois possui uma costeira excelente para uso do snorkel.
Praia dos Antigos
No dia seguinte, depois de aproveitar um pouco da praia, saímos por volta das 11:00 hrs em direção à Vila Oratório e Vila de Trindade, onde íamos seguir por mais uma outra trilha: a Trindade-Camburi.
Saindo de Ponta Negra, a trilha é bem demarcada e depois de alguns minutos chegamos na Praia das Galhetas onde só encontramos pedras, mas nada de areia.
Outra subida de morro e depois de iniciar o trecho de descida, pegamos uma bifurcação à esquerda que leva até a Praia do Antiguinhos, onde chegamos depois de umas 2 horas.
Não ficamos muito tempo aqui e logo voltamos para a trilha e seguimos para a outra praia, a dos Antigos, onde paramos um certo tempo para tomar um banho de mar.
Nessa praia existem algumas nascentes que desaguam aqui, então é um local bem convidativo para um mergulho. 
Chegando na Praia do Sono
O Sol, que estava muito quente, nos fez demorarmos um pouco mais nessa praia.
Depois de um pequeno banho na água dos riachos, voltamos a subir outro morro até chegarmos na Praia do Sono por volta das 14:00 hrs e encontramos várias barracas montadas na areia e uma fruta que nos fez perder um certo tempo: a pitanga.
Fruta bem pequena e avermelhada que se assemelha à framboesa. Muito gostosa.
Nessa praia também fomos abordados por dois senhores indagando se estávamos fazendo a travessia da Joatinga. Nos encheram de perguntas e eu sem saber que essa conversa iria ser extremamente útil mais tarde.
Depois de sairmos da praia, seguimos por trecho inicial de trilha íngreme até cair em uma antiga estrada e chegar na Vila Oratório às 15h30min. 
Aqui ficamos sabendo que só haveria ônibus em direção a Paraty depois das 16h30min, mas como não estávamos a fim de aguardar 1 hora, resolvemos continuar na caminhada até a bifurcação para a Vila de Trindade, nosso destino naquele dia.
Na estrada, tentamos carona, mas em vão e depois de já termos caminhado mais de 1 hora, resolvemos descansar um pouco, junto à estrada, mas adivinhem quem encostou para nos oferecer carona sem a gente pedir? Aqueles dois senhores lá da Praia do Sono. Eles estavam retornando para o Rio de Janeiro. Essa carona veio em boa hora e nos economizou uma caminhada de cerca de 1 hora ou mais até a bifurcação para Trindade, onde ficamos aguardando o circular para Vila, chegando lá por volta das 17h30min famintos e cansados.
A primeira coisa a fazer era saciar a fome, já que estávamos a 3 dias comendo macarrão, sopa e salame.
Fome saciada, agora era procurar algum camping e opções não faltavam. Escolhemos um da rua principal com direito a banho quente. Depois de montada a barraca só passeamos pela rua principal para comer algum sorvete e doces e depois fomos dormir com direito a visita de um pequeno rato no meio da noite à procura de comida (não chegou a entrar na barraca, mas deu para ver que ele tentava).
No costão da Praia do Meio em Trindade
No dia seguinte acordamos bem de manhãzinha e ainda tínhamos uma outra trilha pela frente, a Trindade-Camburi. Saímos bem cedo do camping, porque ainda queríamos aproveitar o final da tarde na Praia de Camburi, em Ubatuba. Paramos para tomar um café da manhã em um barzinho e seguimos em frente por volta de 09h30min.
Depois de pegar um pequeno trecho da Praia do Caxadaço chegamos ao início da trilha, que se inicia dentro do Camping Casa Torta, quase no meio da Praia do Caxadaço. Entrando no camping, siga para esquerda até atravessar um riacho. 
Poucos metros à frente a trilha cruzará com outro riozinho, que estará à esquerda. Siga pela trilha, sempre subindo e saia na 2ª bifurcação à esquerda.
Agora é só tocar para cima, porque a subida é bem acentuada e sempre com um rio a direita, que logo será cruzado.
Subindo pela trilha
Na altitude de pouco mais de 300 metros chegamos na divisa de RJ/SP, onde existe um marco de concreto de aproximadamente 0,5 metro de altura, junto da trilha. 
Até aqui foram pouco mais de 1 hora desde a praia. Descansamos alguns minutos com direito a alguns clics. O lugar está bem diferente de quando passei aqui em 2003, pois está com a trilha mais aberta. Isso é muito bom.
Passado essa divisa haverá ainda um pouco de subida e logo a trilha se estabiliza e cruzará com um pequeno riacho.
Chegando no final da trilha em Camburi
Daqui para frente surgirão várias bifurcações para a direita, mas se você quiser se manter na crista, siga sempre para a esquerda. As bifurcações para a direita conduzem a trilhas paralelas, mas em declives acentuados, levando a um riacho que pode ser uma boa opção se você tiver tempo para conhecer. Indo para a esquerda, você terá sempre o costão como guia. Em uma dessas bifurcações, fomos para a direita e perdemos um certo tempo até retornar para a trilha correta.
Fomos terminar a trilha pouco depois das 15:00 hrs, sendo que o final dela é marcado por uma enorme plantação de mandioca. Não resisti e peguei algumas, pois poderiam ser úteis. Da Praia do Caxadaço, onde começamos a trilha até aquele ponto levamos cerca de 5 horas de caminhada com algumas paradas.
Existem algumas trilhas que descem até a Praia e pegamos uma bem à oeste da plantação.
Ao chegarmos na Praia de Camburi fomos direto para o Camping Ypê (o mais bem estruturado de toda a praia), mas não havia ninguém para nos atender. Resolvemos então procurar outro e ficamos no Camping do Dadá, em local de terreno bem plano.
Praia de Camburi
Como iríamos ficar por 2 dias, resolvemos procurar algum lugar que vendesse refeições, mas por incrível que pareça não encontramos nada, mesmo nas barracas da praia. 
E a nossa comida acabando (é difícil quando se tem dinheiro e não tem onde se gastar, viu!!!!!).
Aí não teve jeito, tivemos que fazer uso da mandioca. Cozinhamos em pequenos pedaços e depois misturamos no macarrão e no pouco de salame que restava.
Para o almoço do dia seguinte (Sábado) teríamos que procurar alguma refeição nas barracas da Cachoeira da Escada, localizada na Rodovia e na tarde de Sábado foi o que a gente fez.
O problema é que só encontramos uma porção de calabresa e refrigerantes e foi o que nos salvou naquele dia, mas a coisa ficou pior quando retornamos para o camping.
Vazia Praia de Camburi
Ao chegarmos lá, encontramos nossa barraca rasgada na lateral por um cachorro e o salame e o macarrão do lado de fora.
É, parecia que os cachorros estavam com mais fome do que a gente. Mas, ainda nos restou a mandioca. Talvez se demorássemos um pouco mais, nem mais encontraríamos o salame e o macarrão. E como tinha sobrado um pouco de margarina, que tínhamos comprado para o café da manhã, resolvemos fritar a mandioca. E esse foi o nosso jantar: macarrão, um pouco de salame e mandioca frita.
E para não dizer que tragédia pouca é bobagem, o Domingo amanheceu chovendo, sem qualquer expectativa de praia.
Iríamos voltar para SP no ônibus das 16h30min (já tínhamos comprado as passagens de ônibus), então até dava para aproveitar a praia, mas sem chances. E a chuva nada de parar.
Camping do Dadá
Como o terreno do camping era plano, começou a acumular água em certos pontos e um deles era junto da nossa barraca. Não demorou muito e a água começou a invadir a barraca pelo piso.
Era muito pouco, mas incomodava e aí tivemos de sair e ir para a varanda da casa do dono do camping, onde aguardamos até a chuva parar (na verdade, só deu uma pequena trégua, pois ela sempre retornava).
E aí não teve jeito, tivemos que pagar a uma pessoa para nos levar de carro até a Rodovia, já que não queríamos tomar chuva no caminho. Lá pegamos o circular até Paraty, aonde chegamos pouco depois das 14:00 hrs e tiramos todo o atraso: fomos em um restaurante do centro histórico e nos fartamos com um belo almoço. 
Depois ainda passeamos pelo centro histórico para depois retornar a SP, onde chegamos por volta das 23:00 hrs.


Algumas dicas e informações úteis (Atualizado Julho/2020)

# No cais de Paraty é possível encontrar barcos em direção à Praia do Pouso da Cajaíba., com média de preço de $100.
Se quiser pagar um valor menor, existem também barcos saindo de Paraty Mirim. 
Da Rodoviária sai um circular para esse bairro.

Ao sair do Camping do Seu Maneco evite o trecho antigo por onde eu segui, que sai de dentro do Camping, próximo da casa. Siga até o extremo da praia e lá sai uma trilha demarcada e bem mais tranquila que segue próxima do costão até a Enseada das Enchovas, onde as 2 trilhas se encontram.

Não deixe de conhecer a Praia do Cairuçú, apesar de ser bem pequena. Agora no local existe uma “jacuzzi” que é fantástica e com uma única casa que pertence a D. Joelma e Sr. Pedro.

# É possível também acampar próximo da Praia do Cairuçú, mas não na areia, mas no Camping junto da casa do Sr. Aplígio, subindo um pouco a trilha que sai da praia.

# Atualmente na Praia de Ponta Negra existem 3 campings:
- Camping da D. Dilma (às vezes quem está lá é seu filho Bob) – junto da escada de acesso à praia.
- Camping da Branca (24) 99938-1614; (24) 99920-0036; (24) 99815-3780;
- Camping do barqueiro Ismael (24) 99973-8365.

Existem alguns chalé e quartos para alugar na Praia de Ponta Negra.
- Teteco (24) 3371-2673 e (24) 99956-8822 

# Leve bastante repelente, porque os pernilongos estão presentes em todas as praias.

# Praias dos Antiguinhos e Antigos são praias desertas, mas o camping selvagem é proibido. Vale a pena passar uma noite em campings da Praia do Sono para conhecer melhor essas 2 praias, que na minha opinião são as mais bonitas dessa travessia.

# Horários do circular que faz a linha Laranjeiras-Paraty:
https://vaiparaty.com.br/horacolitur/

Da Praia do Sono ou de Ponta Negra é possível também contratar um barco que te leve até o cais de Laranjeiras e de lá uma kombi te levará até a portaria do condomínio, onde fica um ponto de ônibus. 

Sinal de telefonia celular da Vivo é muito difícil conseguir nessa travessia. Na Praia do Pouso e em Ponta Negra existem telefones públicos. Em Ponta Negra costuma estar quebrado.

Água não é problema nessa travessia, já que se cruzam inúmeros riachos e nascentes.

Barqueiros que fazem o trajeto Praia de Ponta Negra-Laranjeiras ou vice-versa:
- Ismael: (24) 99973-8365
- Fábio: (24) 99959-7841
- Xandi: (24) 99981-9499

# Se puder, vá à Praia Brava de Camburi, onde se chega por trilha a partir da Praia de Camburi. É a preferida de surfistas e deserta.

# Sem dúvida nenhuma o melhor camping da Praia de Camburi é o Ypê

4 comentários:

  1. Oi Augusto,
    Gostaria de te parabenizar pelo blog, que está bem legal. Em 10 de abril eu e uns amigos fizemos a travessia da Joatinga e as suas dicas foram muito úteis.

    Como gosto muito de escrever, há algum tempo montei um Blog (coisa simples), no qual escrevi sobre essa aventura. Se tiver interesse pode ler em www.naturezaadentro.blogspot.com. Espero que goste!

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    1. Legal Rafael que o relato foi util.
      Essa é a minha pretensão.
      Que outras pessoas também possam repetir as trilhas.
      Já estou seguindo seu blog.

      Abcs

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  2. caalvernaz18 abril, 2013

    Olá Agusto,
    tudo bem?
    Vi que vc fez a trilha entre camburi e trindade ja tem um tempo,
    eu e meu namorado estamos com vontade de fazer essa trilha, no sentindo camburi trindade.
    Porém, estamos meio receosos em relação a condição da trilha, e qual é o real tipo de dificuldade dela.
    se puder entrar em contato para esclarecer minhas duvidas, eu agradeceria de coração.
    Um grande abraço e feliz ano nova a vc e sua famila.
    Att. Camila

    e-mail para contato.
    camilaugb@yahoo.com.br

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    Respostas
    1. Oi Camila.

      O que eu tenho são esses dois relatos: um em cada sentido e os croquis, mas como faz muito tempo que fiz essa trilha, não dá p/ saber como ela tá agora.
      Nas 2x só encontrei algumas arvores caidas, mas nada impossivel. Era só contorná-las e continuar pela trilha.
      Pessoas que fizeram essa trilha mais recentemente me disseram que as dificuldades estão quase na divisa, onde encontraram trechos se fechando.
      Mas se vcs conseguirem chegar no marco de concreto que marca a divisa SP/RJ dali p/ frente é só descida e bem mais tranquila.


      Abcs

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