Lembro que informações eram só as básicas, citando que a estrada de acesso se iniciava ao lado de uma Delegacia em Caraguatatuba, passando ao lado de um viaduto abandonado no alto da serra e de várias cachoeiras quase no final da caminhada, mas como era artigo de jornal, lá também estava o nome da agência de ecoturismo e o telefone.
Sem internet na época e só com o artigo de jornal não dava para arriscar, por isso deixei para lá.
Foto ao lado, na base da Cachoeira da Pedra Lisa, já quase no final da caminhada
Fotos + imagens de satélites mostrando a trilha: clique aqui
Uns 10 anos depois de ler essa reportagem resolvi pesquisar no Google sobre essa travessia, conhecida como Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu ou simplesmente Salesópolis-Boiçucanga.
O nome da estrada estrada de acesso à trilha encontrei com vários nomes: Estrada do Sol, Estrada do Rio Pardo, Estrada Salesópolis-Caraguá, mas o nome mais citado era Estrada da Petrobras, sendo muito usada pelo pessoal do 4x4.
Até encontrei um croqui da trilha, mas sem as informações de onde era o início dela.
Em um fórum de 4x4 consegui alguma coisa sobre a estrada e por isso resolvi fazer todo o trajeto de moto iniciando em Caraguá e terminando em Salesópolis, para ver se era possível vir do litoral na caminhada até o início da trilha.
Na época a estrada era relativamente conservada até o alto da serra e o trajeto do litoral até o viaduto abandonado deu por volta de 17 Km, chegando na altitude de + - 500 metros, mas existia uma longa subida que levaria 1 dia inteiro (o trajeto completo de moto até Salesópolis não foi fácil, pois peguei chuva e estrada muito precária no planalto).
No site trilhaecia encontrei o tracklog completo dessa travessia que abrindo no Maps dava para ver algumas informações úteis, mas não dizia nada sobre como estava a trilha - no final do relato tem o link para download dele.
Alguns sites de agências e blogs que comentavam essa trilha só disponibilizavam informação básica. Era aquele velho monopólio de conhecimento das trilhas que eu já tinha presenciado outras inúmeras vezes e quem faz caminhadas sabe que isso é muito comum, mas tudo bem. Já esperava isso.
Um roteiro de bike pela Estrada da Petrobras escrito pelo famoso montanhista Sérgio Beck e publicado em uma de suas revistas continha um croqui de onde a trilha se iniciava e mesmo de posse dessas informações, fui deixando para lá. Sem saber como era a trilha, achava arriscado. Vai que pego um perrengue daqueles, tendo de varar mato, então fui fazer trilhas mais fáceis.
Mas em 2011, quando finalizei a Trilha do Corisco (relato aqui) depois de várias tentativas, decidi que era a hora fazer a Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu e marquei para o início do ano para coincidir com as férias da Márcia e com isso levar junto nossa filha Sophia.
Meu planejamento era fazer essa travessia em 2 dias e no final do segundo dia já encontrar a Márcia e a Sophia hospedados na Praia de Boiçucanga para aproveitar mais alguns dias com elas.
Dessa forma a Márcia nos levaria de carro até o alto da serra ou um ponto próximo para depois voltar até a Praia de Boiçucanga.
Para essa caminhada chamei o Jorge Soto (velho parceiro de trilha) que por sua vez chamou o Ricardo (um amigo dele), mas escolher a data se revelou um problema que não ia se resolver tão cedo: chuvas que ocorriam quase que diariamente em SP no mês de Janeiro.
E como essa travessia do Ribeirão de Itu segue por suas margens por um longo trecho, meu medo era pegar uma tromba dágua no rio e com isso ficar isolado ou até algo bem mais grave acontecer.
E devido à essas chuvas tive que adiar essa trip algumas vezes e com isso a Márcia desistiu de ir comigo.
Minha intenção era fazer em um fim de semana ou dia de semana mesmo, mas comecei a ficar preocupado porque já passava da metade do mês e a previsão para o litoral sempre apontava chuvas.
Será que teria de adiar novamente a trip para o ano seguinte?
Mas uma boa notícia: no dia 20 de Janeiro o tempo iria dar uma melhorada e com isso não pensei 2x, marcando a travessia para os dias 20 e 21 (uma Sexta-feira e um Sábado) e mesmo sendo dia de semana, o Jorge e o Ricardo confirmaram.
Então o roteiro era esse: sairíamos de SP pela manhã para chegar na Rodoviária de Caraguá no máximo até as 13:00 hrs e de lá pegar um táxi que nos deixasse o mais próximo possível do alto da serra.
De lá seguiríamos pela Estrada da Petrobras até o início da trilha, onde íamos acampar e no dia seguinte descer a Serra até a Praia de Boiçucanga.