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20 de novembro de 2003

Relato: Trilha Camburi-Trindade - Ubatuba x Paraty próximo ao costão

Esse relato da travessia da Praia de Camburi (Ubatuba) até a Vila de Trindade (Paraty) é uma continuação da subida ao Pico do Corcovado que eu e o Jorge Soto tínhamos feito no dia anterior - relato aqui. Não demos muita sorte no Corcovado e torcíamos para que nessa travessia não pegássemos chuvas. O início dela fica próximo da praia e dali segue por trilha em mata fechada quase próxima ao costão até terminar na Praia do Caxadaço, já na Vila de Trindade.

Na foto acima, no meio da trilha chegando em Trindade

Fotos + croqui da trilha: clique aqui
Tracklog para GPS dessa trilha: clique aqui

Naquela Quarta-feira, ao descermos do Pico do Corcovado nossa intenção era emendar com a Trilha Camburi-Trindade e pelo menos agora a chuva tinha cessado. Depois de sair do Bairro do Corcovado e seguir até a Rodoviária de Ubatuba, tínhamos de pegar um outro circular que saia as 14:00 hrs. Era a linha Picinguaba/Divisa e saímos no horário, descendo no ponto final, pouco mais de hora depois, junto à Rio-Santos e em frente da Cachoeira da Escada. Descemos do circular e aqui fomos na caminhada por uma estrada de terra que leva até a Praia de Camburi.
Na Praia de Camburi
É uma estrada em bom estado de conservação, mas em épocas de chuvas muito fortes alguém pode ter problemas para sair da praia.
E pouco antes de chegar no Camping Ypê (onde íamos ficar) encontramos o Sr. Antônio (caiçara local). Perguntamos a ele sobre a trilha Camburi-Trindade e ele disse que morava próximo ao início dela, nos dando dicas valiosas, já que estávamos indo sem informação nenhuma de como era a trilha. Dessa vez o Sérgio Beck não tinha relatos dessa trilha, tanto na Revista Aventura Já, quanto no livro Caminhos da Aventura. Na verdade ele só foi escrever sobre essa trilha uns 6 meses depois dessa caminhada, publicando um pequeno relato na Aventura Já.
Deserta Praia de Camburi
Depois do bate papo com Sr. Antônio, já ficamos menos preocupados e seguimos para o Camping Ypê (muito bom) onde chegamos por volta das 16:00 hrs. O local é plano, com várias áreas de sombra e saída direto para a areia da praia. 
O Sol brilhava que era uma beleza e o dia seguinte prometia.
Depois de alguns clics da praia, ficamos no camping até o final da tarde. A noite foi tranquila e fizemos nossa comida junto da barraca e logo fomos dormir. 
Acordamos sem sinal de chuva ou nuvens e fomos para a trilha. Voltando alguns metros pela estrada, pegamos uma bifurcação à direita que passa por algumas casas de caiçaras à esquerda e direita.
Na dúvida é só perguntar da casa do Sr. Antônio ou Sr. Genésio, outro caiçara que conhece muito bem a trilha (não tem erro).
Passando ao lado da casa do Sr. Antônio você irá subir um morro até o topo onde existe uma enorme plantação de mandioca.
Foi ali que encontramos o Sr. Genésio e que nos forneceu mais dicas da trilha.
Estando nesse alto do morro, aí é só seguir a trilha que vai pela crista, evitando entrar nas bifurcações, tanto à esquerda quanto a direita da trilha principal.
Essas bifurcações chegam a confundir, mas se você percebeu que não está mais na crista, então está na trilha errada. Provavelmente as bifurcações da direita devem levar a algum ponto de pesca junto ao costão, e nas da esquerda a algumas plantações ou uma casa isolada à esquerda. 
No marco da divisa SP/RJ
Depois de uns 30 minutos de caminhada as bifurcações terminam e aí a trilha se mantém com um ou outro aclive ou declive leve. Já nesse trecho ela não fica tão demarcada quanto estava no início, então é preciso tomar um pouco de cuidado. 
Passando + - 1 hora haverá a última bifurcação, onde seguimos para a direita. Nesse ponto encontramos marcações de fitas presas nas árvores e se você as encontrou e a numeração está regredindo, logo você estará em Trindade, mas antes tem de passar por alguns apertos logo à frente.  
Encontramos as fitas com o numero 42 e regredindo. Pensamos: quando chegar no zero estamos em Trindade. Ledo engano. O zero é a divida SP/RJ.  
Depois de um trecho no plano, cruzamos com um pequeno riacho, que fornece água de qualidade e pode ser um ótimo local para reabastecimento. Existe um outro ponto de água também, depois da divisa.
Pouco minutos antes de chegar no zero existe um bambuzal muito fechado e cheio de espinhos. Tava cobrindo toda a trilha, por isso em vários lugares tivemos que nos arrastar, fora os arranhões. 
Na divisa existe um marco de concreto à esquerda com a data impressa de 1957 e nesse local o bambuzal tomou conta e não víamos a trilha de jeito nenhum. Para complicar ainda mais, uma enorme árvore tinha caído bem no meio da trilha e junto com ela caíram outras menores e algum bambuzal também. 
Costão com Praia do Caxadaço ao fundo
E com isso não tínhamos outra opção senão abrir no peito mesmo e foi o que fizemos. E sem algum tipo de facão, demoramos mais ainda para varar toda aquela vegetação.
Passando esse marco e esse bambuzal aí a trilha tá bem demarcada e sempre descendo, com mais fitas também regredindo, porém com a numeração de 15 para baixo. Desse ponto em diante, já era possível ouvir as ondas. 
Depois de cruzar com um pequeno riacho, terminamos dentro do Camping Casa Torta, na Praia do Caxadaço e ao sair desse camping encontramos duas francesas fazendo topless na praia. Só foi elas nos verem, acabou a alegria.
Agora era conseguir um camping para ficar e uma das francesas nos indicou uma cabana (uma espécie de hostel, que fica quase no meio do mato) onde elas estavam, junto do Camping que passamos por dentro.
No topo da Pedra do Índio
Depois de vermos o local e conversar com o dono, resolvemos ficar nessa cabana. 
O proprietário se chama Gusmão e além de cuidar do lugar, ele também confecciona placas de estabelecimento em madeira. É uma verdadeiro artesão. Nos mostrou algumas que ele estava produzindo e a maioria era de pousadas e restaurantes da Vila de Trindade.  Deu para perceber que ele é um cara meio largado, mas gente fina para caramba. 
Piscina do Caxadaço à esquerda
Lugar para pernoite relativamente barato, Sol de rachar e duas francesas hospedadas no mesmo lugar. 
Você deve pensando que a gente se deu bem e não queria mais nada, não é?
Mas quebramos a cara. Com as francesas não teve jeito, viu. 
Ainda ficamos mais dois dias hospedados no lugar para aproveitar todas as praias e a 
Piscina do Caxadaço. 


Dicas e algumas informações úteis (Atualizado Julho/2020) 

Nos comentários do tracklog que criei dessa trilha, a usuaria Emanuele postou um relato bem detalhado dessa trilha e o que é melhor; é o mais recente, já que ela fez em Agosto de 2016.
Ela colocou ótimas informações da trilha e algumas dicas que podem ser muito úteis.
Recomendadíssimo para quem pretende caminhar por lá.
http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=1579570

# Fizemos a trilha Camburi-Trindade em cerca de 5 horas, perdendo alguns minutos em bifurcações e no bambuzal. Dá para se fazer tranquilamente em 4 horas ou pouco menos.

# Antes de iniciar a trilha pegue água em uma das casas em Camburi. E também pouco antes da divisa há uma nascente que cruza a trilha.

# Se você se perder nas bifurcações tente ir em direção ao costão. É a sua referência.

# Acampamento na trilha é bem complicado. Não encontramos lugares o suficiente para montar uma barraca, a não ser que tenha de cortar mato e limpar a vegetação.  

# Na Praia de Camburi existem vários campings estruturados. Alguns próximos da praia e outros mais distantes. Sem dúvida o Ypê é o melhor e maior de todos.
https://pt-br.facebook.com/ypecampingcamburi/

# Consulta aos horários dos ônibus urbanos de Ubatuba

# Ao lado da Praia de Camburi, existe a pequena Praia Brava de Camburi, com ondas fortes e acessível por trilha.

# Em algumas épocas do ano não é bom contar com restaurantes na Praia de Camburi, pois eles ficam fechados. Só tem a opção de uma pequena lanchonete na Rio-Santos, junto da Cachoeira da Escada.

# Na Vila de Trindade existe uma enorme variedade de opções de restaurantes, campings e pousadas, para todos os gostos e bolsos.

10 comentários:

  1. e ai augustao, essa trilha vai sair do papel agora. vou para la.

    voce acha necessario levar facão para aquela parte que estava coberta ?



    ABS

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    1. Fala Raffa, blz?

      Não acho necessário levar facão p/ lá nao.
      Na segunda vez em que fizemos a trilha, já no sentido inverso, encontramos um pouco mais aberta, principalmente onde fica aquele marco de concreto da divisa.
      Ali o problema eram algumas arvores caidas e o bambuzal, mas que melhorou bastante.

      Pode ficar tranquilo.
      E aproveite

      Abcs

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    2. Bom, como eu postei recentemente no blog, fiz esta trilha em nov 2013 e está super fechada em alguns pontos pois várias árvores cairam sobre a trilha e não é possível avistar para onde vai a trilha. Recomendo não só facão devido as plantas arranha gato como também barraca por emergencia. A trilha que era pra durar apenas 5-7 horas durou 1 dia e meio com muitos pontos onde vc se perde. Recomendo muita atenção.

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    3. Caso alguém vá novamente e quiser companhia, favor me chamar. abs

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    4. Teve um pessoal que foi lá em Abril e pegou mesmo trilha bem fechada.
      O ideal não é seguir pela trilha que sai da praia.
      É preferível seguir pelo vale à esquerda da trilha e só chegar na crista já próximo da divisa.
      Ou fazer essa trilha sentido Trindade/Camburi, pois ao chegar pouco depois do marco de concreto da divisa de Estados, é só descer p/ o vale na direçao da Rio-Santos. Com isso vai evitar um longo trecho de trilha fechada que segue próximo ao costão.


      Abcs

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  2. Na pagina de Cambury no face tem um cara que fez essa trilha em dez/2013 e diz que não esta muito dificil....so ta ruim no bambuzal, olha ai a foto dele no marco da divisa
    https://www.facebook.com/photo.php?fbid=684671888221949&set=p.684671888221949&type=1

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    1. Obrigado pela atualização.
      Só não estou conseguindo abrir a foto.
      Está com a seguinte mensagem: Este conteúdo está atualmente indisponível.

      Nesse trecho do bambuzal também tivemos problemas.
      O pior é que esse tempo de bambu é cheio de espinhos e que cortam mesmo. Tem de tomar muito cuidado p/ não sair todo arranhado de lá.

      Pelo menos uma boa notícia.


      Valeu pelo toque.

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  3. Karina Lemes31 janeiro, 2014

    Morro de vontade de fazer essa travessia, mas nunca arrumo companhia, tenho só uma amiga q encara essas trilhas comigo e acho não recomendável duas mulheres fazerem sozinhas Camburi X Trindade... Infelizmente =/

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    1. Não vejo problemas em mulheres fazendo essa travessia.
      Se tiver experiencia em trilha em mata fechada e conseguir caminhar nas mais variadas situações, pode ir.
      É só ter muito cuidado com a trilha que se fecha em vários trechos.
      Já recebi um e-mail de uma pessoa que levou 2 dias p/ terminar essa travessia e saiu todo arranhado de lá.
      Então é uma caminhada casca grossa.
      Essas 4 horas que eu tinha colocado, já não bate com a realidade.
      Creio que vindo de Trindade seja mais fácil.


      Abcs

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    2. olá a todos,sou de MG e estou indo pra camburi na semana santa de 2017, gostaria de saber se alguém está disposta a encarar esta aventura comigo
      whatsapp 31984222810

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