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26 de janeiro de 2008

Relato: Pico da Macela + Trilha dos 7 Degraus + Pico do Cuscuzeiro + Saco do Mamanguá - Paraty/RJ

Esse aqui é um relato de uma longa trip que eu e a Márcia fizemos na região de Paraty.
O Jorge Soto participou da subida à Pedra da Macela, Trilha dos 7 Degraus (conhecida também como Caminho do Café)  e o Pico do Cuscuzeiro. O Saco do Mamanguá eu fiz somente com a Márcia.
Pegamos dias de muito Sol, às vezes com uma pequena garoa no final da tarde.
O nosso roteiro seria o seguinte: seguir para Cunha e de lá subir a Pedra da Macela e depois descer a Trilha dos 7 Degraus até Paraty. Em seguida subir o Pico do Cuscuzeiro e fazer o Saco do Mamanguá. E para finalizar, ficar alguns dias na Enseada da Cajaíba curtindo as praias de lá.



Na foto acima, na Praia do Curupira, última praia do Saco do Mamanguá




Fotos

- Pico da Macela: clique aqui
- Trilha dos 7 Degraus e Pico do Cuscuzeiro: clique aqui
- Saco do Mamanguá: clique aqui
Tracklog para GPS da Trilha dos 7 Degraus: clique aqui 
Portal de Cunha
Há muito tempo tentava arranjar uma forma de voltar à Paraty para subir o Pico do Cuscuzeiro. No final de 1998 fiz a Trilha do Corisco entrando por Ubatuba e terminando em Paraty e passando ao lado da trilha que acessa o topo do Pico - relato aqui.
Surgiu a oportunidade quando o Jorge Soto também quis participar da empreitada.
Por estar de férias, resolvi também fazer a trilha da Pedra da Macela entrando por Cunha e em seguida fazer algumas explorações pelas trilhas da região do Saco do Mamanguá finalizando nas praias da Enseada da Cajaíba, onde se localiza a Praia do Pouso. 
Atrações turísticas de Cunha
Saímos de Sampa eu, a Márcia e o Jorge de ônibus em direção à Guaratinguetá no horário das 11:00 hrs a tempo de pegar o ônibus das 14:00 hrs que seguia para a cidade de Cunha. 
Como o início da trilha para a Pedra da Macela está a + - 30 km da cidade, tínhamos que arranjar algum transporte quando chegássemos em Cunha, pois caminhar da cidade até a Pedra não estava nos nossos planos.
Chegamos em Cunha pouco depois das 15:00 hrs e próximo da Rodoviária procuramos alguns táxis e encontramos uma van que nos deixaria no início da estrada de terra, junto da Rodovia. Nem fomos atrás de outro transporte mais barato, porque o tempo que nos restava era curto e se demorássemos mais ainda, poderíamos não chegar no topo da Pedra antes do anoitecer. 
Desde o portal da entrada de Cunha são cerca de 21 Km pela Rodovia Cunha-Paraty até a bifurcação à esquerda que leva até a Pedra. A saída da Rodovia é próximo do Km 65,5 onde a van nos deixou as 16:00 hrs.
Aqui tem uma placa apontando Bairro das Gramas e Bairro Pedra da Macela. Placas da Cervejaria Wolkenburg e Sítio Tupã também apontam na mesma direção. Mochilas nas costas, agora seguíamos por estrada de terra com algumas leves subidas.
Seguindo pela estrada
Vamos caminhando por um vale, sempre subindo com um rio à esquerda, passando ao lado de alguns sítios e chácaras e uma pequena cachoeira em forma de tobogã do lado direito. Em vários trechos da estrada, encontramos muita hortênsia.
Pela estrada
Quando a estrada segue no plano e uns 200 metros antes de chegar na base que acessa a Pedra da Macela, encontramos uma pequena porteira à direita que marca o início da Trilha dos 7 Degraus, que iríamos fazer no dia seguinte. Essa trilha também é conhecida como Caminho do Café.
Mas nosso objetivo naquele dia era acampar no topo da Pedra da Macela. 
Porteira de acesso ao Pico da Macela
Foram pouco mais de 4 Km desde a Rodovia e caminhando por mais alguns minutos pela estrada, chegamos na porteira de metal que dá acesso ao topo da Pedra e ao cruzá-la, a estrada passa a ser de concreto com alguns trechos de asfalto e subida bastante íngreme. 
Junto da porteira passa um pequeno riacho - pegue água aqui, pois daqui para frente não tem mais. 
Subindo
Agora estamos na propriedade de FURNAS que instalou as torres no alto da Pedra. 
A estrada segue em zig zags, com bastante inclinação e tivemos que ir parando em vários momentos para descansar, com o Jorge indo à frente e eu e a Márcia ficando para trás.
Como tínhamos iniciado a subida às 17h20min, a neblina tomava conta de toda região e não conseguíamos ver muita coisa ao redor. 
Contornando a Torre de Furnas 
De vez em quando o tempo abria e já víamos as torres lá no alto e até ameaçou vir uma garoa, que por sorte não veio.
E as 18h35min chegamos no final da estrada, marcada por uma porteira de arame que dá acesso às torres. 
Encoberto
Aqui é proibida a entrada e existem algumas setas apontando para a direita, para contornar a área das torres e do outro lado e alguns metros abaixo encontramos um lugar plana para montar nossas barracas. 
O local é bem aberto, mas protegido por algumas rochas. 
A neblina cobria tudo ao redor e depois de montadas as barracas, fomos conhecer a área do topo, onde ficam as torres. 
Nesse momento encontramos o Seu Lourival, que trabalha como vigia das torres, que nos pediu para que assinássemos o livro de visitas. 
Acampando no topo da Macela
Ele disse que cuidava dos equipamentos para que não apresentassem problemas.
No livro percebemos que outras pessoas acampam por aqui regularmente e que éramos as primeiras três pessoas a acampar por aqui em 2008. 
Depois disso voltamos para as barracas e fui fazer o jantar.
Coloquei o celular para despertar pouco depois das 05:00 hrs para pegar o nascer do Sol. 
Amanhecendo no topo
Quando acordamos o tempo estava totalmente aberto, mas um pouco escuro ainda, mas já dava para visualizar facilmente as luzes de Paraty e alguns outros bairros ao longo da Rodovia Rio-Santos. 
A temperatura não estava tão baixa, mesmo por estarmos no topo de um pico.
As 06h10min os primeiros raios surgiram por entre as águas do mar e já se conseguia visualizar toda a serra em volta, com o Pico do Frade à esquerda, onde nós três já estivemos em 2005 e à direita aparecia o Pico do Cuscuzeiro que seria nosso objetivo para o dia seguinte. 
Topo
Depois de desmontar as barracas, as 07h30min iniciamos a descida para a trilha que iríamos fazer nesse dia, chegando à porteira pouco depois das 08:00 hrs onde paramos para tomar o café da manhã. 
Ao cruzarmos a porteira, seguimos por uns 200 metros pela estrada até encontrar uma outra de madeira à esquerda, onde se inicia a Trilha dos 7 Degraus. 
Estávamos com um croqui da trilha, mas estava bem desatualizado, pois não encontramos algumas das porteiras descritas. Eu tinha encontrado ele numa matéria de Revista sobre Paraty. Era bem básico, por isso que nem vou deixar disponível aqui.
Início da Trilha dos 7 Degraus
A trilha segue no plano até chegar na borda de um vale à esquerda e mais alguns minutos seguindo para a direita, passamos ao lado de uma casa abandonada.
Depois de caminhar por cerca de 30 minutos desde a estrada, a trilha passa por uma área de brejo por alguns metros e logo chegamos a uma cerca de arame onde uma porteira de madeira dá acesso a um pasto onde estão plantados inúmeros eucaliptos. 
Trilha inicial
Devido ao croqui estar desatualizado, passamos direto pelos eucaliptos e seguimos por um caminho de vacas até chegar à casa do Seu Tinho, a segunda casa que encontramos. Depois de conversarmos com ele, nos disse para retornarmos até a porteira e de lá seguir morro acima.

Beirando vales
Pegamos água de uma pequena nascente ao lado da casa e voltamos até os eucaliptos. Aqui é só continuar subindo próximo à cerca de arame até o topo por cerca de 100 metros. 
Início da trilha na mata
E a continuação da trilha esta lá no alto junto ao final do pasto, quando a trilha entra na mata fechada. 
A partir daqui aparecem algumas bifurcações à direita e à esquerda, mas a trilha principal é bem demarcada e na direção do topo, lembrando muito uma antiga estrada que foi tomada pelo mato. 
Subindo
Depois de uns 10 minutos no plano, a trilha começa a tomar um rumo descendente seguindo em linha reta e daqui para frente começam a aparecer antigos vestígios do caminho, como o calçamento de pedras e alguns muros de arrimo que ficaram intactos mesmo após 200 anos.
Muro de arrimo na trilha
Em alguns trechos a mata tomou conta, mas o antigo caminho está lá. 
Passamos também por trechos em que a trilha está semelhante a uma estrada, de tão aberta que está.
Antiga estrada
Depois de pouco mais de 2 horas desde o topo chegamos a um pequeno riacho do lado esquerdo junto da trilha e aqui paramos para comer alguma coisa e descansar um pouco. 
A trilha continua descendo e cruza esse mesmo riacho,  seguindo para a esquerda.
Cachoeiras pelo caminho
Daqui para frente surgem algumas bifurcações, passa por um descampado e às 14h30min chegamos a uma pequena ponte de madeira, onde dois rios se encontram. A trilha termina aqui e se inicia a estrada que ainda segue descendo em direção ao bairro da Pedra Branca.
Final da trilha
Ainda passamos pela Cachoeira Sete Quedas, alguns poções e por alguns carros, mas nada de carona.
Pouco antes das 17:00 hrs a Fazenda Murycana aparece do lado direito e uns 15 minutos depois chegamos na estrada que liga Paraty a Cunha. onde existe um marco de concreto da Estrada Real. 
Depois de atravessar o rio paramos em um bar e ficamos aguardando o ônibus que ia nos deixar na Rodoviária de Paraty e lá iríamos pegar outro que nos levaria para o Bairro do Corisco, onde se inicia a trilha para o Pico do Cuscuzeiro, nosso objetivo no dia seguinte.  
O ônibus passou as 18h15min e na Rodoviária pegamos outro para o Bairro do Corisco que saiu por volta das 20:00 hrs, descendo no ponto final do Bairro do Corisquinho. 
Camping na trilha para o Cuscuzeiro
Junto com a gente desceu uma senhora que é moradora ali da região e que tomou o mesmo caminho que seguíamos. 
Perguntamos sobre a trilha do Pico do Cuscuzeiro e a trilha para Ubatuba. 
Ela nos disse que estávamos no caminho certo e era só se mantermos na estrada principal sempre subindo e com o Rio Corisquinho do lado direito. 
Como já era noite e estávamos muito cansados, resolvemos procurar um lugar para montar as barracas ao lado do Rio Corisquinho que estava do lado direito.
Depois de caminhar + - 15 min desde o ponto de ônibus encontramos uma trilha que sai da estrada e que leva até o rio onde existiam algumas clareiras. Com a ajuda de lanternas, achamos alguns lugares planos para montar as barracas e com o rio bem ao lado, aproveitamos para tomar um belo banho e relaxar da longa caminhada daquele dia. 
Na trilha do Pico do Cuscuzeiro
No dia seguinte, o Jorge já veio bater na nossa barraca logo pela manhã para iniciarmos a caminhada o quanto antes. 
O dia prometia, pois seria somente de subida e tentaríamos pegar a trilha que poucos tinham feito. 
Depois de desmontar as barracas voltamos para a estrada de terra e continuamos a subida e uns 5 min depois chegamos a uma bifurcação e seguimos para a direita. 
A partir desse ponto um senhor - Seu João - nos acompanhou estrada acima e disse que era dono de um pequeno sítio que se localizava morro acima e no caminho foi contando sobre sua vida na cidade do Rio de Janeiro.
Chegamos na primeira porteira pouco antes das 09:00 hrs e aqui existem inúmeras placas com o nome dos sítios que estão localizados estrada acima. 
Cruzando rios
Uns 10 min depois passamos por outra porteira onde existe uma pequena ponte de concreto a esquerda sobre um rio e logo a frente outros sítios aparecem e logo chegamos no sítio do Seu João (ele ficou aqui e nós continuamos a subida pela estrada). 
Logo chegamos a um ponto da estrada, onde ela vira bruscamente para a direita e continua subindo a serra para chegar a uma casa muitos minutos acima. 
Exatamente nesse ponto da estrada existe uma trilha que entra na mata à esquerda e seguimos por ela. 
A trilha é bem demarcada e não tem como errar. 
Cerca de 100 metros e chegamos a um pequeno rio onde existe uma rústica ponte com corrimão de cabo de aço. Desde o início da trilha cruzamos com vários riachos, sendo dois deles de pequeno volume. 
Trilha complicada
Alguns minutos à frente seguimos por uma larga trilha rente a uma cerca de arame, terminando em uma pequena porteira de arame, junto a um pequeno riacho. 
Cruzando a cerca de arame, a trilha termina em uma casa no meio da mata, mas nossa direção não é essa. 
Antes de cruzar a cerca seguimos à esquerda rente à ela por uma trilha um pouco escondida pela vegetação que vai subindo até cruzar perpendicularmente com outra trilha que vem da casa e segue para esquerda. 
A trilha continua subindo em frente, mas a partir desse ponto ela já começa a ficar fechada e só conseguimos avançar por alguns metros. 
Chegamos a um ponto da trilha onde haviam inúmeras árvores caídas, com muita vegetação crescendo em volta delas dificultando totalmente a caminhada. 
Trilha fechada
Aqui a trilha se perdia totalmente e eu e o Jorge tentamos várias vezes encontrar uma trilha pelo lado esquerdo, mas a dificuldade de avançar serra acima era muito grande. Pelo lado direito existiam as árvores caídas e com isso chegamos a conclusão que era melhor retornar outra vez com um facão porque abrir a trilha no peito era difícil. 
A informação que tínhamos era que ao chegar no topo da serra encontraríamos um marco de concreto que é a divisa SP/RJ e junto dele haveria a bifurcação para o Pico do Cuscuzeiro à esquerda. 
A continuação dessa trilha finaliza na Casa da Farinha, já em Ubatuba, de um total de 8 horas de caminhada.
Tínhamos chegado na altitude de aproximadamente 550 metros e o pico está a 1277 metros, então não estávamos tão longe assim. 
Descansando
Essa tentativa frustrada serviu para pelo menos tirar uma conclusão: a travessia que eu tinha feito em 1998 de Ubatuba à Paraty pela trilha do Corisco era essa mesma que estávamos tentando fazer agora no sentido inverso.
Provavelmente eu fiz a trilha quando ela estava sendo muito usada por agências de ecoturismo e por pessoas da região. 
O problema é que a trilha atualmente está bem mais difícil e tomada pelo mato, principalmente no início. 
O pico está lá, outro dia a gente volta, com certeza. Refeitos da frustração, ficamos por certo tempo em um dos rios para tomar um banho e logo descemos estrada abaixo. O Jorge não queria continuar com a gente para explorar trilhas pelo Saco do Mamanguá e naquele mesmo dia ele seguiu para Paraty e de lá para São Paulo.
No ponto de ônibus
Eu e a Márcia resolvemos voltar para o mesmo local onde tínhamos acampado na noite passada para somente no dia seguinte seguir para Paraty. 
Mais uma noite tranquila ao lado do rio e no dia seguinte, por volta das 10h30min seguimos para o ponto de ônibus, onde pegamos o circular que nos deixou na Rodoviária e de lá pegamos um outro que nos deixasse na estrada que leva até Paraty Mirim. 
Nossa pretensão naquele dia era chegar numa das últimas praias do Saco do Mamanguá – a Praia do Curupira e de lá tentar achar lugar para acampar, mesmo sabendo que no local não existia camping estruturado. 
Trilha para o Saco do Mamanguá
O início da trilha fica na estrada que leva até a Praia de Paraty Mirim, a 2 km da Rio-Santos, junto a um ponto de ônibus do lado direito (é o primeiro ponto da estrada). Clique aqui e veja no Google Maps.
Junto a uma curva da estrada, o lugar é bem fácil encontrar. Dali sai a trilha que segue morro acima. 
Ao lado do ponto de ônibus existe uma casa com garagem e algumas outras um pouco mais acima. Na dúvida, é só perguntar ali que qualquer pessoa indica o caminho até Saco do Mamanguá.
Às 14:00 hrs iniciamos a trilha, mas paramos várias vezes para descansar e uns 40 minutos depois chegamos no topo. Seguimos agora pela crista até chegarmos a uma pequena casa uns 10 minutos depois. 
A trilha continua na direção sudeste até passarmos ao lado de outra casa. 
Voltamos a subir novamente por trecho íngreme até entrarmos na mata fechada e cruzar uma pequena nascente, onde pegamos água. 
Saco do Mamanguá
Alguns metros à frente surge um enorme descampado onde já visualizávamos o fundo do Saco do Mamanguá. 
Conforme íamos descendo, outras bicas de água iam aparecendo, mas surgiu um pequeno problema. 
O Sol forte tinha ido embora e nuvens negras começaram a tomar conta da região e não demorou muito, começou a chover forte. 
Chegamos às primeiras casas da praia pouco antes da 17:00 hrs sob chuva intensa e acampar na trilha estava fora de questão, pois não achamos lugares planos. 
O jeito era pedir para algum morador ou tentar acampar na areia da praia às escondidas mesmo. 
Quando chegamos na Praia do Curupira, um garoto de nome Ezequiel ficou assustado com a gente, dando a impressão que mochileiros por aqui eram uma coisa rara e disse que a praia era particular e quem cuidava era o Charles e não demorou muito para ele aparecer. 
Praia do Curupira
O Charles disse que tinha como função cuidar da casa de seu patrão que ocupava todo o terreno da praia.
Conversando com ele, conseguimos com que autorizasse que acampássemos naquela noite aqui, nos deixando até ficar na varanda da casa. 
Porém a chuva não parava de cair e surgiu outro problema: os borrachudos que infestavam o lugar. 
Éramos a atração do dia, pois alguns garotos e outro morador vieram conversam com a gente para saber o que um casal de mochilas nas costas estava fazendo por ali. 
A conversa com o Charles e o outro morador foi produtiva, pois ficamos sabendo de outras trilhas pela região que em outra oportunidade voltaremos para fazer. 
Chovendo na Praia do Curupira
Lá pelas 19:00  hrs, depois da barraca montada na varanda da casa, tivemos que entrar porque os borrachudos não nos deixavam em paz e a chuva caia intensamente do lado de fora. 
Achávamos que dentro da barraca estávamos livres deles. 
Ledo engano, pois eles conseguiam atravessar os furinhos da tela de tão minúsculos que eram. 
A noite não foi das melhores tanto pelos borrachudos quanto pelo piso de concreto da varanda e chegamos a conclusão que deveríamos ter acampado no gramado ou na areia mesmo. 
Levantamos por volta das 07:00 hrs do Domingo e fui encher o bote inflável para usarmos na travessia do Saco do Mamanguá, pois queríamos conhecer uma praia do outro lado – a Praia do Espinheiro. 
Indo remar no Mamanguá
Levamos pouco mais de 30 minutos para atravessar junto com as mochilas cargueiras, que ficaram um pouco apertadas dentro do bote.
O Sol já tinha aparecido e a Praia do Espinheiro não tinha borrachudo, por isso deu para tomar um banho de mar tranquilo. 
É uma praia deserta com algumas árvores frutíferas (mexerica, banana, manga e coco) na areia.
Logo apareceu um senhor de barco dizendo que cuidava da praia e que era proibido acampar no local e por volta das 11h30min começou a chover e com isso acabaram as esperanças de fazer alguma trilha em direção a entrada do Mamanguá ou tentar chegar a alguma outra praia. 
Nossa intenção agora era seguir para Laranjeiras e de lá retornar à Paraty e no dia seguinte seguir para a Enseada da Cajaíba de barco. 
Praia do Espinheiro
Na praia onde estávamos, a chuva ia e voltava e com o vento muito forte era até arriscado nós chegarmos na Ponta da Foice (local onde termina a estrada que vem de Laranjeiras), por isso em vez de irmos direto para o início da estrada para Laranjeiras, resolvemos voltar para a Praia do Curupira e lá pegar a trilha que contornava o mangue no fundo do Saco do Mamanguá.
A travessia de volta no bote foi um pouco mais difícil, pois o vento estava contra e sempre havia a possibilidade da chuva retornar e quando chegamos na Praia pedimos ao Charles para nos levar de barco até o início da estrada para Laranjeiras, pois ir pela trilha seria bem mais demorado. 
Ponta da Foice
Assim que descemos do barco na Ponta da Foice já iniciamos a caminhada pela antiga estrada, que no passado era para ser um acesso dos moradores do Condomínio Laranjeiras até o fundo do Saco do Mamanguá, onde haveria uma marina. 
Antiga estrada
A obra toda foi embargada pela justiça e hoje só restou a estrada, que atualmente está sendo tomada pelo mato em alguns trechos. 
Iniciamos a caminhada na estrada por volta das 17:00 hrs e chegamos na Vila Oratório (vizinha ao Condomínio Laranjeiras) as 18h30min. 
Depois de tomar o circular para Paraty vimos que não daria tempo para pegar um barco para Cajaíba e por isso resolvemos ficar no Camping Beira Rio em Paraty, onde passamos a noite. 

No dia seguinte fomos para a Enseada da Cajaíba conhecer as praias próximas, mas essa fica para outro relato. Esse aqui: 

http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-dicas-da-enseada-da-cajaiba.html


Dicas e Informações úteis (Atualizado Julho/2020)


# Em uma rua acima da Rodoviária de Cunha existe um ponto de táxi, onde vários ficam estacionados. Ali é o melhor lugar para contratar um transporte até a Pedra da Macela.


# Se quiser ir de carro, saindo de Cunha é só seguir até o Km 65 da Estrada Cunha-Paraty e depois pegar uma estrada de terra à esquerda que segue para o bairro da Grama - no final dessa estrada de  terra se chega a porteira que dá acesso a Pedra da Macela.


# Dizem que a Pedra da Macela tem altitude de 1850 metros, mas na carta topográfica do IBGE está com altitude de 1740 metros. 

No meu altímetro chegou somente a pouco mais de 1700 metros.

# São cerca de 5 Km pela estrada de terra desde a Estrada Cunha-Paraty até a porteira de ferro, de acesso ao topo da Pedra da Macela.


# A Trilha dos 7 Degraus possui outros 2 nomes: Caminho do Café ou Estrada Nova da Serra, pois foi construída depois do Caminho do Ouro.


# Atualmente a Trilha dos 7 Degraus faz parte do Caminhos da Mata Atlântica. É uma trilha de mais de 4000 Km e que aos poucos está sendo sinalizada. Quer saber mais sobre o projeto: 
http://caminhodamataatlantica.org.br

# Ao longo dessa trilha se passa por antigos trechos com piso de pedras, construído por escravos durante o ciclo do café no Vale do Paraíba.


# Essa trilha dos 7 Degraus é bem extensa e passa por antigos caminhos de sítios. 

O trecho em mata fechada corresponde a maior parte da trilha. Normalmente se faz essa trilha em cerca de 6 a 7 horas.

# Depois que se termina a trilha dos 7 Degraus, se inicia uma estrada de terra que passa por várias cachoeiras (uma delas é a da Pedra Branca) e poções que valem a pena dar uma parada.


# Quem não quiser descer toda a Trilha dos 7 Degraus até o fim, tem a opção de pegar uma estrada de terra que leva até Rio-Santos. Chegando na Casa do Seu Tinho, é só falar com ele e conseguir informações mais detalhadas desse caminho alternativo.


# A trilha do Pico do Cuscuzeiro tá fechada no início e quem for fazê-la tem de tomar muito cuidado. Passando o trecho das árvores caídas, dali para cima a trilha é tranquila.

O início da trilha para o fundo do Saco do Mamanguá se localiza em frente ao primeiro ponto de ônibus na estrada para Paraty Mirim - é só pedir para o motorista.

# Na região do Saco do Mamanguá existem inúmeras trilhas, tanto de um lado do Saco quanto do outro.


# Alguns anos depois dessas caminhadas, voltei ao Saco do Mamanguá, quando estava indo em direção à Joatinga. Contornamos todo o saco e acampamos no Camping do Sr. Orlando.
Relato: https://trilhasetrips.blogspot.com/2013/05/relato-contornando-saco-do-mamangua.html

# Existe uma trilha que sai à direita da Praia de Paraty Mirim (ao lado do Posto da Polícia Militar) e atravessa um morro, saindo no Saco do Mamanguá e seguindo próximo a margem até os fundos do Mamanguá. 

# Existe um Camping estruturado no Saco do Mamanguá. É o Camping do Sr. Orlando na Praia do Cruzeiro. Ali é uma boa opção de quem quiser contornar o Saco do Mamanguá e depois seguir para a Praia do Pouso.


10 comentários:

  1. Olá Augusto, muito bom seu relato.

    Caro, deixa eu te perguntar: estou pretendendo ir com uns 10 amigos acampar na pedra da Macela, só de um dia para o outro. Chegaríamos umas 15:00 de um sábado, nos instalaríamos, vamos comer ali mesmo, ver o por do sol, dormir, ver o nascer do sol, e ir embora.
    Enfim, algo bem simples. Mas estou com receio quanto a acampar, naquele mesmo lugar onde vc acampou (pelo que eu entendi vc acampou lá né?). Vc acha que há algum perigo em acampar lá em cima? Ladrões? Já ouviu falar? Ah, e vou de carro, na verdade 2 carros, e pretendo deixá-los parados de um dia para o outro lá na porteira. É proibido? E quanto ao acampamento, além de possível perigo com ladrões, é permitido?

    Muito obrigado, abraço,

    Fábio

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    1. Blz Fábio.

      Dá p/ acampar no topo da Macela sem problemas. O lugar é bem tranquilo e sossegado. Não é proibido acampar lá não.
      Só tem um aviso de não se fazer fogueiras no local
      Tem até um vigia que fica cuidando da torre de FURNAS.

      A estrada que dá acesso ao lugar é bem ruinzinha hein. Eu não iria de carro.


      Abcs

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  2. augustoadventure28 abril, 2013

    Fantástico! Valeu pelas dicas que serão importantes quando fizer este caminho em breve!

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  3. Olá Augusto pretendo ir sozinho até a pedra da macela, e estava pensando em fazer a trilha dos 7 Degraus até Paraty. Essa trilha bem demarcada de ou é perigoso se perder pra quem não conhece?

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  4. Olá Augusto pretendo ir sozinho até a pedra da macela, e estava pensando em fazer a trilha dos 7 Degraus até Paraty. Essa trilha bem demarcada de ou é perigoso se perder pra quem não conhece?

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    Respostas
    1. Fala Alexandre, blz?
      Como já fazem 5 anos que fiz essa trilha, nao sei dizer como ela está hoje. Bem demarcada eu acho que ela não está.
      O que vc vai precisar ter é faro de trilha.
      Na parte mais alta da trilha, encontramos muita vegetação já tomando conta da trilha e se ninguém está caminhando por ela, é capaz que tenha se fechado mais ainda.

      Mas se vc perceber que não vale a pena seguir, é só retornar até a casa do Seu Tinho e descer por uma trilha do lado da casa dele, que era uma antiga estrada e é bem mais demarcada.
      O trecho que vc vai pegar de trilha é pequeno. A maior parte é tudo estrada de terra que termina na Rio-Santos.
      Talvez até o Seu Tinho possa te dizer como tá a trilha dos 7 degraus, já que ele mora ao lado.


      Abcs

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    2. Ola José Augusto,
      Como vai?
      Não sei se você lembra de mim de alguns emails atrás, perguntando sobre a Pedra do Frade. Então, conquistei a Pedra do Frade! E não te agradeci ainda pela ajuda. Muito obrigado!
      Mas agora estou com outro desafio, a Pedra da Macela + a Trilha 7 Degraus
      Queria saber se, na parte da ponte onde cruzam os rios (onde a trilha termina, indo de cunha para paraty), há algum lugar para parar carro, ou se é impossível chegar no começo dela por algum meio de transporte?
      Estou pensando em fazer a Macela, depois ir para a trilha dos 7 degraus, mas queria saber se preciso ir até a Fazenda Murycana para pegar um transporte, ou se não há nenhuma outra forma de chegar o mais próximo possível dessa ponte onde os dois se encontram.
      Espero que possa me ajudar nessa. Muito obrigado mais uma vez.

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    3. Ola Luis, tudo bom?

      Muito bom que deu certo lá no Frade.
      Li relatos recentes de pessoas que tiveram que retornar, porque a trilha está fechada em vários trechos.
      Dizem que o trecho mais complicado é perto da árvore com a inscrição das letras "PF".
      Tiveram alguma dificuldade?

      Qto a Trilha do 7 Degraus, logo que vc terminar ela, onde existe aquela ponte, vai passar pela Cachoeira da Pedra Branca. Até ali é possível chegar de carro.
      Eles têm um enorme estacionamento no local, que aos fds fica lotado.
      Só terá de pagar uma taxa, mas vale a pena.
      Creio que ali nessa cachoeira é o melhor ponto para o resgate.


      Abcs

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  5. Augusto, boa tarde.

    Queria informaçoes sobre a trilha dos 7 Degraus?

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  6. Blz Marcus.
    Poderia ser mais especifico.
    Que tipo de ajuda vc queria?
    Informações atualizadas dessa trilha vc encontrará na página do tracklog dela no Wikiloc.
    Dê uma olhada lá e veja o que as pessoas estão comentando dela.
    Se não for essas informações, pode postar as perguntas aqui mesmo.

    Abcs

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