28 de janeiro de 2012

Relato: Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu - Descendo a Serra do Mar até a Praia de Boiçucanga - São Sebastião/SP

Na década de 90 li um artigo no Jornal Folha de SP que falava de um roteiro de trekking pela Serra de Juqueriquerê (próximo à Caraguatatuba), com início no alto da serra e término na Praia de Boiçucanga, em São Sebastião com percurso de + - 7 hrs pelo Ribeirão de Itu. 
Lembro que informações eram só as básicas, citando que a estrada de acesso se iniciava ao lado de uma Delegacia em Caraguatatuba, passando ao lado de um viaduto abandonado no alto da serra e de várias cachoeiras quase no final da caminhada, mas como era artigo de jornal, lá também estava o nome da agência de ecoturismo e o telefone. 
Sem internet na época e só com o artigo de jornal não dava para arriscar, por isso deixei para lá.

Foto ao lado, na base da Cachoeira da Pedra Lisa, já quase no final da caminhada


Fotos + imagens de satélites mostrando a trilha: clique aqui



Uns 10 anos depois de ler essa reportagem resolvi pesquisar no Google sobre essa travessia, conhecida como Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu ou simplesmente Salesópolis-Boiçucanga.
O nome da estrada estrada de acesso à trilha encontrei com vários nomes: Estrada do Sol, Estrada do Rio Pardo, Estrada Salesópolis-Caraguá, mas o nome mais citado era Estrada da Petrobras, sendo muito usada pelo pessoal do 4x4.
Até encontrei um croqui da trilha, mas sem as informações de onde era o início dela. 
Em um fórum de 4x4 consegui alguma coisa sobre a estrada e por isso resolvi fazer todo o trajeto de moto iniciando em Caraguá e terminando em Salesópolis, para ver se era possível vir do litoral na caminhada até o início da trilha.
Na época a estrada era relativamente conservada até o alto da serra e o trajeto do litoral até o viaduto abandonado deu por volta de 17 Km, chegando na altitude de + - 500 metros, mas existia uma longa subida que levaria 1 dia inteiro (o trajeto completo de moto até Salesópolis não foi fácil, pois peguei chuva e estrada muito precária no planalto).
No site trilhaecia encontrei o tracklog completo dessa travessia que abrindo no Maps dava para ver algumas informações úteis, mas não dizia nada sobre como estava a trilha - no final do relato tem o link para download dele. 
Alguns sites de agências e blogs que comentavam essa trilha só disponibilizavam informação básica. Era aquele velho monopólio de conhecimento das trilhas que eu já tinha presenciado outras inúmeras vezes e quem faz caminhadas sabe que isso é muito comum, mas tudo bem. Já esperava isso. 
Um roteiro de bike pela Estrada da Petrobras escrito pelo famoso montanhista Sérgio Beck e publicado em uma de suas revistas continha um croqui de onde a trilha se iniciava e mesmo de posse dessas informações, fui deixando para lá. Sem saber como era a trilha, achava arriscado. Vai que pego um perrengue daqueles, tendo de varar mato, então fui fazer trilhas mais fáceis. 
Mas em 2011, quando finalizei a Trilha do Corisco (relato aqui) depois de várias tentativas, decidi que era a hora fazer a Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu e marquei para o início do ano para coincidir com as férias da Márcia e com isso levar junto nossa filha Sophia. 
Meu planejamento era fazer essa travessia em 2 dias e no final do segundo dia já encontrar a Márcia e a Sophia hospedados na Praia de Boiçucanga para aproveitar mais alguns dias com elas. 
Dessa forma a Márcia nos levaria de carro até o alto da serra ou um ponto próximo para depois voltar até a Praia de Boiçucanga.
Para essa caminhada chamei o Jorge Soto (velho parceiro de trilha) que por sua vez chamou o Ricardo (um amigo dele), mas escolher a data se revelou um problema que não ia se resolver tão cedo: chuvas que ocorriam quase que diariamente em SP no mês de Janeiro.
E como essa travessia do Ribeirão de Itu segue por suas margens por um longo trecho, meu medo era pegar uma tromba dágua no rio e com isso ficar isolado ou até algo bem mais grave acontecer.
E devido à essas chuvas tive que adiar essa trip algumas vezes e com isso a Márcia desistiu de ir comigo.
Minha intenção era fazer em um fim de semana ou dia de semana mesmo, mas comecei a ficar preocupado porque já passava da metade do mês e a previsão para o litoral sempre apontava chuvas. 
Será que teria de adiar novamente a trip para o ano seguinte? 
Mas uma boa notícia: no dia 20 de Janeiro o tempo iria dar uma melhorada e com isso não pensei 2x, marcando a travessia para os dias 20 e 21 (uma Sexta-feira e um Sábado) e mesmo sendo dia de semana, o Jorge e o Ricardo confirmaram.
Então o roteiro era esse: sairíamos de SP pela manhã para chegar na Rodoviária de Caraguá no máximo até as 13:00 hrs e de lá pegar um táxi que nos deixasse o mais próximo possível do alto da serra.
De lá seguiríamos pela Estrada da Petrobras até o início da trilha, onde íamos acampar e no dia seguinte descer a Serra até a Praia de Boiçucanga.

31 de julho de 2011

Relato: No topo da Pedra da Bacia – Serra da Bocaina/SP

Último fim de semana das minhas férias de Julho e eu ainda na dúvida se faria uma caminhada ou não e nessa hora as Revistas do Sérgio Beck (várias edições da Aventura Já) são uma ótima fonte de pesquisa e lá fui eu procurar uma opção em suas páginas.
Resolvi escolher a Pedra da Bacia, na Serra da Bocaina que também é conhecida como Pedra Alta. Como eu já tinha feito a travessia tradicional da Serra da Bocaina - a Trilha do Ouro - já sabia como era o ambiente.
A subida até a Pedra da Bacia é uma caminhada bem cansativa, mas com trilha demarcada, de fácil navegação e com um belo visual do topo, além de não ser tão longe de São Paulo, podendo ser feita em um fim de semana. 
Só tinha um problema, a logística. 

Foto acima no topo da Pedra da Bacia tendo o vale do Rio Formoso, por onde caminhei, ao fundo


Tracklog para GPS dessa caminhada estão na página dos tracklogs na barra acima

Pela trilha ter inicio no Bairro Formoso, em São José do Barreiro, só existe um horário de ônibus saindo de SP direto para lá, que sai no Sábado as 07h30min da manhã e chega lá por volta das 12h30min, mas é um horário muito ingrato para iniciar a caminhada. Restava a opção de seguir até Guaratinguetá e lá pegar outro ônibus para São José do Barreiro, sendo que o melhor horário é chegar em Guará no final da tarde para embarcar as 18h30min no ônibus em direção a São José do Barreiro. 
É uma opção boa, mas o retorno poderia demorar mais ainda e eu não estava a fim de ficar esperando por horas e por isso resolvi ir de carro mesmo.
Outro detalhe que eu tinha de resolver era a hospedagem no Bairro Formoso. Nesse lugar existem 2 opções com preços bem diferentes: uma é a Pousada Formoso, que tá localizada junto a Praça principal do Bairro, com preço baixos e a outra é a Pousada Fazenda da Barra que possui preços altíssimos. Não pensei 2x e reservei a Pousada Formoso que se revelou uma ótima escolha. 
Existem outras opções de hospedagem na cidade de São José do Barreiro, mas que ficam um pouco longe do inicio da caminhada. 
Minha intenção era deixar o carro estacionado na pousada, enquanto eu estivesse acampando no topo da Pedra da Bacia.`
Pousada onde fiquei, na entrada do Bairro
E numa Sexta-feira saí no início da tarde de SP e segui para S. José do Barreiro pela Via Dutra, passando por Queluz e Areias até chegar na cidade por volta das 20h30min, mas ainda restavam quase 10 Km até o Bairro, seguindo pela mesma Rodovia e 10 minutos depois chegava na Pousada, onde Dona Pedrita (proprietária) já me aguardava. 
Depois de uma noite tranquila, acordei as 06h30min e tomado o café da manhã deixei a Pousada as 07h20min em direção ao topo da Pedra da Bacia.
Lendo as anotações do relato do Sérgio Beck, volto uns 500 metros pelo asfalto e depois de cruzar a ponte sobre o Rio Formoso, deixo o asfalto e sigo por uma estrada de terra (Estrada do Barão) à esquerda, com placas apontando Cachoeirão, Fazenda da Barra e Cachoeira da Mata.

25 de julho de 2011

Relato: Travessia da Serra do Papagaio/MG – Aiuruoca x Baependi

Das clássicas e longas travessias da Mantiqueira e que dispõe de um dos mais belos visuais, a Serra do Papagaio é uma das que sempre ficou faltando na minha lista e eram inúmeros motivos: a dificuldade de logística, principalmente no final da travessia, a certeza de bom tempo e a disponibilidade de ter no mínimo 4 dias para se fazer essa travessia completa sem correria.
Nos anos em que dispunha de vários dias para essa travessia, o clima não ajudava, prometendo chuvas na região, por isso fui deixando de lado. E naquele meio do ano dei sorte, porque coincidiu do clima ajudar e ainda estar de férias.


Foto acima: na crista da Serra do Papagaio tendo ao fundo o Pico do Bandeira, considerado o ponto mais alto da Serra

Fotos da travessia + trilha plotada em carta topográfica: clique aqui
Tracklog para GPS da travessia: clique aqui
Chegando em Aiuruoca
Com a Natureza prometendo dias de muito Sol por vários dias, saímos de Sampa no dia 9 julho (feriado) de carro para chegar em Aiuruoca antes do anoitecer. 
Pico do Papagaio
Para me guiar nessa caminhada de novo recorri ao Sérgio Beck. Eram 2 relatos: um no livro Caminhos da Aventura e outro mais recente na Revista Aventura Já. Peguei também a trilha plotada em carta topográfica, em caso de precisar dela.
Saímos de carro no Sábado pela manhã em direção a Aiuruoca passando por Cruzeiro, Passa Quatro e Itanhandu, Caxambu até chegar em Aiuruoca pouco antes das 17h30min, seguindo direto para a Pousada, que já estava nos aguardando. Depois de visitar algumas cachoeiras e poções no Domingo nesse post aqui, no dia seguinte era o início da minha travessia.
Saímos da Pousada Ajuru as 11h15min em direção ao início da trilha que leva ao topo do Pico do Papagaio.
O proprietário da Pousada é o guia Marcus, muito conhecido na cidade e que forma grupos e leva para algumas cachoeiras e outros pontos turísticos.
Era isso o que a Márcia contava: se encaixar em algum grupo nos dias em que ela ficaria com a Sophia na Pousada.
Seguindo em direção ao Vale do Matutu, a Márcia me deixou as 12:00 hrs em frente a uma porteira, ao lado da entrada do Sitio do Saulo. Aqui se inicia uma das tantas trilhas que levam ao topo do Pico. 
Pico do Papagaio em frente
A altitude aqui é de aproximadamente 1200 metros e eu teria que chegar a pouco mais de 2100 metros no final daquele dia.
Marquei com a Márcia de me encontrar em Baependi 5 dias depois, mas não foi preciso, pois consegui finalizar essa travessia em 4 dias.
Subindo
Depois das despedidas, as 12h10min cruzo com a porteira de ferro e sigo por uma estrada íngreme que leva ao Sitio do Sr. Batista, mas vou parando em alguns momentos porque o Sol não dava trégua e na subida encontro um casal de siriemas assustados. Depois que a estrada termina, passo ao lado de uma pequena garagem improvisada até chegar na residência do Sr. Batista as 12h30min.
D. Maria - esposa do Sr. Batista
Quem está na casa é a D. Maria (esposa do Sr. Batista) e pego água em uma torneira que jorra de uma nascente ao lado, mas por sugestão dela só pego um pouco, pois ela diz que antes de chegar no topo vou encontrar um riacho que cruza a trilha, por isso nem encho os cantis para não aumentar o peso.
As 12h40min retomo a caminhada e depois de passar ao lado da horta e cruzar com uma porteira, a trilha sai em campo aberto e na 1ª bifurcação, sigo para esquerda, sempre me mantendo próximo de uma pequena mata do lado esquerdo.
A partir daqui a trilha segue por uma inclinação maior, encontrando outras trilhas até adentrar em um pequeno trecho de mata fechada. 
De frente para o paredão do Pico do Papagaio
Outras bifurcações aparecem, mas procuro sempre me manter na mais demarcada, onde a erosão provocada pela água da chuva e por animais é bem visível. 
Depois de sair em campo aberto novamente, a trilha vai ziguezagueando tendo o paredão do Papagaio bem à frente e à esquerda é possível ver uma parte do Vale do Matutu com a Cachoeira do Fundão no final do vale.
Quase à nordeste vejo a pequena Aiuruoca e uma parte do Vale dos Garcias.
As 13h45min saio desse trecho de vegetação baixa e entro definitivamente na mata fechada com a trilha se tornando um pouco mais íngreme, chegando no paredão pouco depois das 14:00hrs, na altitude de 1750 metros. 
Pequeno riacho na trilha
Subindo por voçorocas, vou contornando o paredão para esquerda e mais alguns metros a trilha tem uma leve descida até pegar um trecho plano por dentro da mata e as 14h25min chego no ponto de água, na altitude de + - 1750 metros. 
Gruta com água
É um pequeno riacho que corta a trilha, sendo que a água é muito fria e os dedos das mãos chegam a doer em contato com ela. 
Resolvo medir a temperatura que estava em 8ºC - quase temperatura de geladeira - e com cantis cheios, agora era retomar a caminhada.
Uns 5 minutos depois encontro outro ponto de água à direita, junto a uma pequena gruta, boa para bivacar em uma emergência.
Topo do Pico do Papagaio ao fundo
Esse é o último ponto de água que encontro, já que no topo e arredores não achei o precioso líquido. O ideal é pegar água aqui; outro ponto de água só fui encontrar no dia seguinte, no Retiro dos Pedros, a cerca de 3 horas do topo.
Pouco antes das 15:00 hrs saio em um enorme descampado à esquerda com vistas para a crista da Serra do Papagaio e com o Pico da Bandeira se destacando à frente.
Passando pelo descampado
O trecho pelo descampado não dura muito e logo volto a seguir por dentro da mata, passando por trechos de lajotas de pedras.
Aqui a trilha formou voçorocas e está bem demarcada, sendo possível caminhar até durante a noite.
As 15h40min saio em um descampado onde a trilha se divide em 2: para a esquerda é a continuação da travessia do Papagaio que segue para o Retiro dos Pedros, enquanto que para a direita leva ao topo do Pico.
Aqui encontrei 2 homens montados em seus cavalos (Sr. Antonio e seu filho) que estavam procurando 6 vacas perdidas e vieram à cavalo pela mesma trilha que eu.
Trilha em meio á mata
Depois de um rápido bate-papo retomo a caminhada em direção ao Pico e vou seguindo no plano ora por trechos descampados ora pela mata fechada. 
Ao longo desse trecho existem bons lugares para montar barracas e até encontrei vestígios de um acampamento, inclusive com fogueira (um lixo) e as 16h15min chego na base do Pico. 
Esse trecho inicial de subida é atravessando arbustos de capim elefante para depois seguir por dentro de um pequeno trecho de mata e emergir no topo, onde chego as 16h45min, na altitude de pouco mais de 2100 metros, marcado erroneamente na carta topográfica como tendo 1975 metros.
Topo do Pico do Papagaio
A vista daqui chega a ser de 360º tendo o vale do Rio Aiuruoca a leste; a norte/nordeste a Serra de Carrancas; ao sul o Vale do Matutu com alguns dos picos do Parque Nacional do Itatiaia bem ao fundo e a oeste/sudoeste a crista da Serra do Papagaio que ainda me aguarda para o dia seguinte.
Visual do topo
A Serra de Carrancas ao norte me chama a atenção porque vista daqui nota-se que ela é bem extensa e se destaca das outras. Penso comigo: com certeza preciso fazer uma caminhada nessa serra e alguns anos depois eu fiz: clique aqui.
Depois de explorar o topo, onde encontro poucos lugares para montar barracas, escolho um local junto a trilha de descida por ser plano, com gramado e protegido. 
As 17h25min os raios do Sol começam a se despedir no horizonte e já escurecendo, entro na barraca porque a temperatura cai para menos de +10ºC rapidamente. 
Por do Sol visto do topo do Pico 
Pouco depois das 19:00 hrs saio da barraca para fazer o meu jantar que inclui sopão de batata, miojo, salame, linguiça defumada e um suco. 
Vou dormir por volta das 20:00 hrs e durante a madrugada checo o termômetro que está em +2ºC. Pouco antes das 06:00 hrs acordo com o alarme do celular para ver os primeiros raios do Sol e como ainda está um pouco escuro é possível visualizar ao norte luzes de inúmeras cidades ao redor.
Depois de vários clics dos primeiros raios do Sol desmonto a barraca e preparo o café da manhã com direito a chocolate, bisnagas, bolachas e barra de cereais. Embaixo de uma pedra encontro uma latinha com alguns dados de geocaching e deixo do jeito que achei.
Gelo na trilha
Pouco antes das 07h30min me despeço do topo e vou descendo pela trilha até chegar na mata e em um dos descampados que ficam antes da bifurcação encontro gelo no gramado, confirmando que a temperatura baixou para menos de 0ºC.
Vale dos Garcias
As 08:00 hrs chego na bifurcação que leva de volta para Aiuruoca à esquerda ou a continuação da travessia à direita e aqui não tem erro, já que a trilha é bem demarcada, com vegetação baixa.
Em vez de subir pela crista em linha reta, a trilha vai contornando pela direita sempre no plano e mais alguns minutos o visual da direita se abre para o Vale dos Garcias e tento ver na beirada de um paredão a cachoeira, mas é impossível.
Paredão de escalada
Volto para a trilha e passo ao lado de uma enorme rocha com um paredão propício para escalada e bem à frente o Morro do Tamanduá se destaca na crista. O nome desse Morro consta na carta do IBGE como Tamanduá, mas nos croquis que encontrei em Aiuruoca, o pessoal cita um outro nome: Santuário.
Morro do Tamanduá ao fundo
Mais alguns minutos e a trilha entra na mata passando por trechos erodidos e aqui vou ganhando altitude até encontrar uma bifurcação.
A da esquerda segue por um pequeno trecho de mata e a da direita segue crista acima em campo aberto.
Conforme vou subindo constato que a trilha principal vai contornando o Morro do Tamanduá (ou Santuário para alguns) para a esquerda, mas minha intenção é conhecer o topo e sigo em frente.
Morro do Tamanduá ou Santuário para alguns
Chego as 08h50min no conjunto de pedras e vou contornando ele para esquerda e dou de cara com um belo mirante com vistas para norte/noroeste e oeste. 
Fico por alguns minutos aqui só apreciando o visual, que é de quase 360º.
Não muito longe à oeste, a Serra da Gamarra surge emergindo, que pode ser uma boa opção de travessia futura.
Fico aqui por um bom tempo e vou consumindo o restante da minha água e não me preocupo com a falta dela, pois sei que daqui a 1h30min estarei chegando no Retiro dos Pedros, onde existe um riacho com água de qualidade.
Cerca de pedras na crista da serra
As 09h20min retomo a caminhada, voltando para a trilha principal na direção sudoeste e vou descendo pela vegetação baixa até interceptar a trilha principal bem demarcada que segue agora na direção do muro de pedras, construído no acesso a próxima crista.
Trilha pelas lajes
O muro é bem antigo e seu objetivo parece que era conter o gado para que não passasse de um lado ao outro da serra, comprovado por algumas cercas de arame escondidas pela vegetação.
A trilha segue a esquerda do muro, passando próximo a ele e daqui para frente alternam-se escalaminhadas de lajes expostas com trechos de mata com vegetação, seguindo sempre em linha reta.
Seguindo pela crista
Nos trechos pela lajes de pedras existem vários totens que orientam por onde ir subindo, mas que não apresentam maiores dificuldades, já que sua direção é no sentido sudoeste, tendo sempre o Pico do Bandeira ao fundo e à esquerda como referencia.
Trecho de mata
As 10:00 hrs atravesso o último trecho de mata fechada para sair em campo aberto onde visualizo a esquerda a trilha que leva ao topo do Pico do Bandeira, mas pela falta de água, sigo em frente na direção do Retiro dos Pedros.
A noroeste vejo a antiga estrada que ligava a Pousada do Lado de Lá ao Retiro dos Pedros e que muita gente usava para chegar de carro e que felizmente isso acabou.
Retiro dos Pedros
Descendo pela trilha, logo chego a uma enorme voçoroca, onde provavelmente era uma nascente de riacho que secou.
Seguindo agora no plano, já vejo o Retiro à frente, onde chego as 10h20min. 
O lugar é como se fosse um cercado para animais rodeado de muros de pedras e no centro dele um antigo cocho.
Mais para dentro existem vestígios de construção e resolvo ficar aqui por um tempo e fazer algumas anotações para depois subir ao topo do Pico da Bandeira. Pego somente um pouco de água em um pequeno riacho à esquerda, pois sei que mais a frente vou encontrar mais água.
Pico do Papagaio ao fundo
Depois de mais de 1 hora descansando na sombra retomo a caminhada por volta das 11h30min, mas assim que atravesso o riacho escondo minha mochila na vegetação ao lado e vou subindo por uma trilha na direção sul, que segue para a face oeste do Pico do Bandeira. 
A trilha é bem demarcada e segue próxima a uma mata do lado esquerdo até chegar na base de um pequeno morro com rocha exposta e aqui encontro a trilha à oeste que leva direto ao topo do Bandeira. 
Bem demarcada a trilha segue quase em zig zag por uns 10 minutos até chegar no topo, onde a vegetação baixa é predominante e que provavelmente era coberta de mata, mas que foi quase toda derrubada, restando só um trechinho.
Cachoeira do Fundão
O lugar é o ponto mais alto de toda essa travessia com pouco mais de 2350 metros de altitude (é o que consta na carta topográfica), mas no meu altímetro apareceu com altitude de quase 100 metros a menos. 
A visão daqui é de 360º e o Vale do Matutu com a Cachoeira do Fundão se destacam à sudeste e o Pico do Papagaio à nordeste. 
Ao sul vê-se inúmeros trechos de mata fechada, onde ainda vou passar e a sudoeste vejo o Pico da Canjica, com altitude um pouco menor que o Bandeira.
Depois de vários clics, volto para pegar minha mochila junto ao riacho e as 12h35min retomo a caminhada pela trilha principal, seguindo no rumo sul.
Entrada da trilha na mata
Caminho por cerca de 100 metros em campo aberto por trilha demarcada para entrar novamente em mata fechada e aqui vai ser por um bom tempo. 
Nesse trecho um pequeno riacho que pode estar seco (não conte com a água daqui, traga do Retiro ou pegue um pouco mais à frente) aparece à direita e é preciso tomar muito cuidado, já que a trilha bifurca nesse ponto do riacho. 
Se tiver dificuldades procure a trilha mais demarcada à esquerda na direção sul, já que a trilha que bifurca à direita leva a um descampado na encosta e de lá ao topo do Pico da Canjica.
Logo após o riacho, a trilha vai contornando o Pico da Canjica à esquerda, mas surge um pequeno problema: inúmeras árvores caídas no meio da trilha que atrapalham totalmente a passagem e para isso é preciso ficar atento para encontrar a continuação da trilha.
Trilha pelo descampado
Nesse trecho de mata fechada encontrei cerca de 8 árvores caídas sobre a trilha e 2 delas impediam totalmente a passagem me obrigando a ir pulando por cima dos galhos caídos ou abrir trilha varando mato pelas laterais. 
Depois de alguns minutos descendo, a trilha se estabiliza e saio em campo aberto as 13h10min.
Aqui a trilha é instintiva e segue por esse trecho até atravessar uns 100 metros de mata novamente e vai seguindo na direção sul por vegetação baixa até encontrar outra bifurcação, mas não se preocupe; as duas vão se encontrar mais a frente. 
Vale do Ribeirão Santo Agostinho
Nessa bifurcação a trilha da esquerda vai contornando um trecho de mata e alguns minutos a frente cruza com uma outra trilha que vem da direita, a oeste. 
Seguindo por uns 5 minutos por essa trilha à direita, logo se chega a borda de um penhasco com mirante e a visão de todo o vale do Ribeirão Santo Agostinho (conhecido também como Ribeirão do Charco) com a Cachoeira do André vista à sudoeste e o Pico da Canjica ao norte. 
O lugar merece uma parada, pois o visual é lindo demais.
Volto até a trilha principal e alguns metros de descida na direção sudeste me levam a entrar novamente em trecho de mata fechada até sair em campo aberto uns 10 minutos depois, as 14:00 hrs.
Totem do Santo Daime
Já no trecho pelo descampado, sigo em declive suave até chegar no plano onde encontro uma estrada que segue na direção da mata à esquerda.
Bem à direita, à sudoeste vejo um totem que pertence ao Santo Daime, mas não vou até lá, pois ainda tenho muito o que caminhar.
A estrada que segue na direção da mata cruza com um riacho onde encho meus cantis, pois não sei se vou acampar próximo a algum naquele dia.
Com cantis cheios e saciado da sede, retomo minha caminhada as 14h40min.
Seguindo na direção sudeste por vestígios de uma antiga estrada, a partir daqui estou deixando a Serra do Papagaio para mais a frente seguir pela Serra do Charco.
Estrada até aqui
Seguindo próximo ao riacho que está do lado esquerdo, essa antiga estrada logo entra em um trecho de mata e segue no plano por uns 500 metros.
Ao final dela cruzo com outro riacho que vem da direita e uns 20 metros à frente a antiga estrada vira para a direita uns 90º. 
Ainda caminhando por uma antiga estrada, vou alternando entre sobe morro/desce morro, que parecem não acabar mais.
O cansaço aqui vai ser grande, pois o Sol está muito forte e a estrada está cheia de voçorocas, mas pelo menos do visual não tenho do que reclamar, pois atrás de mim o Pico do Papagaio e a crista da Serra emergem no horizonte.
Trecho por antiga estrada
O Vale do Matutu aparece em quase sua totalidade em algumas janelas e a Cachoeira do Fundão está cada vez mais próxima.
Na 3ª subida de morro, encontro uma bifurcação com vestígios de uma antiga estrada à esquerda, que parece seguir na direção do Vale do Matutu, mas não recomendaria descer por aqui, já que mais à frente ela se fecha. 
Final da subida
Desprezando a bifurcação e depois de alguns minutos a estrada nivela e agora começa a fazer uma curva para a direita, como se estivesse retornando, mas é só um trecho pequeno. 
E as 16:00 hrs chego na crista da Serra do Charco e aqui a antiga estrada vira bruscamente para esquerda e inicia a descida na direção sudoeste/oeste (poucos minutos antes de iniciar essa descida passo ao lado de uma bifurcação à esquerda bem demarcada, mas escondida pela encosta, que segue até Alagoa - quem passa por ali é só prestar atenção a uma trilha que sai da antiga estrada).
Descampados pela trilha
Pelo horário não me resta muito tempo de Sol, por isso logo terei de procurar um lugar para acampar, mas pretendo chegar até o próximo riacho ou ir um pouco mais além.
As 16h30min, depois de descer muito chego no final da antiga estrada e aqui só fui encontrar a continuação da trilha à esquerda, na direção sul, atravessando algumas árvores para sair em um descampado coberto de vegetação baixa.
Vou descendo pelos vestígios de uma trilha que ainda é visível e alguns metros abaixo termino em uma mata ciliar, que esconde um pequeno riacho.
Nesse ponto tive de ficar procurando a entrada da trilha na mata ciliar e fui encontrá-la um pouco à esquerda.
Cruzando riachos
Ao cruzar o pequeno riacho, a trilha se torna mais visível daqui para frente e a vegetação não é tão alta. Passo ao lado de um enorme cupinzeiro, do lado direito e alguns minutos à frente chego em um outro riacho, esse de volume um pouco maior, tendo uma pequena cachoeira ao lado.
Logo depois do rio, encontro somente vestígios de trilha, que está coberto pelo capim. 
Resolvo então subir em linha reta e intercepto uma trilha bem demarcada que segue para a esquerda e para a direita. Por curiosidade resolvo seguir na direção da direita, por vegetação não muito alta, tendo o riacho bem próximo. 
Por do Sol no vale
Alguns minutos depois a trilha entra na mata ciliar e passa a seguir próximo do riacho, mas ela só me leva até uma cachoeira um pouco mais abaixo e em seguida cruza para o outro lado do rio. 
Provavelmente essa é uma outra opção de trilha que deve vir do final da antiga estrada, pela qual eu estava vindo e agora tenho a certeza que a continuação da caminhada é no sentido oposto, para onde eu deveria ter seguido.
Só me resta uma dúvida: onde acampar, já que pelo horário (17h10min) o Sol logo estaria se pondo e a noite cairia sobre aquele vale.
Acampando na trilha
Nesse trecho de mata ciliar, a trilha é bem demarcada e perfeita para montar a barraca, só precisando fazer uma limpeza para a retirada de galhos e folhas caídas. O rio ao lado colaborou, pois resolvo tomar um banho completo já que tinha caminhado por quase 10 hrs seguida naquele dia.
Montada a barraca, banho tomado e de roupas limpas agora era checar os relatos do Sérgio Beck e as cartas topográficas para ver onde errei.
A altitude aqui é de pouco mais de 1650 metros e percebi que se eu tivesse lido os relatos e olhado a carta e a bússola não teria cometido o erro de seguir pela trilha errada. 
Acho que o cansaço foi o principal causador, já que tinha caminhado muitas horas naquele dia e nessas horas o cansaço atrapalha o raciocínio.
Já mais tranqüilo e descansando dentro da barraca, resolvo fazer o jantar, que foi igual ao da noite anterior, só mudando um pouco no tipo de macarrão e talvez por estar bem ao lado do rio, a temperatura foi bem agradável, chegando por volta de 12ºC.
Café da manhã junto de uma pequena cachoeira
Acordei as 06h30min e pouco depois das 07:00 hrs já estava retornando pela trilha até o rio de volume um pouco maior e aqui fui preparar o café da manhã.
Alguns clics da cachoeira e mochila nas costas, retomo a caminhada na trilha, dessa vez seguindo para a esquerda, na direção oeste, seguindo bordejando a encosta à direita sem ganhar muita altitude. 
Do lado esquerdo uma mata ciliar segue próxima da trilha e uns 15 minutos depois a trilha cruza com uma cerca de arame escondida pela vegetação e daqui sigo rente a ela, agora no sentido sudoeste por vegetação de capim ralo. 
Já próximo da parte mais alta da trilha surgem bifurcações para a direita que seguem para a crista que divide 2 pequenos vales. 
O ideal é seguir na trilha da esquerda mesmo, pois dessa forma a descida até o fundo do vale será bem mais suave, e lá embaixo a trilha vai passar ao lado de antigas ruínas de um rancho com um cocho coberto por telhas.
Vales e mais vales
Como eu vim na trilha que seguia pela crista, assim que avistei os vestígios do antigo rancho lá embaixo à esquerda, fui descendo pela encosta íngreme em zig zag para interceptar a trilha principal a poucos metros antes de cruzar um pequeno riacho, próximo de uma araucária solitária. 
A trilha segue na direção oeste e alguns metros à frente se tem um belo visual da imensa cachoeira com poção que me aguarda no fundo do vale.
Desse ponto vejo um casebre à esquerda, rio acima, mas ainda vou ter de cruzá-lo para o outro lado. Instintivamente vou descendo pela encosta de capim ralo, indo ao encontro do topo da Cachoeira aonde chego as 09h10min.
Cachoeira no Ribeirão Sto Agostinho
O rio é conhecido como Santo Agostinho ou Charco e atravessá-lo é muito complicado, já que a correnteza é forte. 
Junto da cachoeira é impossível e por isso vou subindo o rio até encontrar um trecho mais raso e quase sem correnteza, onde é possível cruzar.
Uns 50 metros da cachoeira rio acima encontro o lugar ideal, mas para isso tenho de tirar a bota e a calça para evitar molhá-las.
Nesse ponto a água chega até próximo da cintura, mas consigo chegar em algumas pedras no meio do rio e daqui sou obrigado a pular já que a correnteza na outra metade do rio é um pouco mais forte. 
Perigoso rio
Depois de jogar a mochila em cima de uma pedra na outra margem do rio e ficar lá, a bota não tem a mesma sorte.
Depois de jogá-la do outro lado do rio a bota bate nas pedras e cai em um remanso do rio, sendo quase levada pela correnteza, mas ela só se molha um pouco, para o meu alívio.
Refeito do susto e mochila nas costas, vou subindo pela encosta íngreme segurando na vegetação ao lado do rio.
Alguns metros acima intercepto uma trilha que segue bordejando a encosta e aqui sigo para esquerda na direção do casebre e as 09h35min chego nele. 
Cabana pela trilha
O lugar é bom para um pernoite com um pequeno riacho ao lado e depois de alguns clics retorno para a trilha, mas agora sigo vale acima, na direção oeste por uns 5 minutos até iniciar a subida pela encosta íngreme à direita.
Conforme vou subindo encontro uma outra trilha que vem da cachoeira abaixo e segue para esquerda na direção de uma cerca de arame e chegando nela só foi atravessá-la. Agora vou subindo por uma crista em trilha bem demarcada até encontrar uma estrada que desce à esquerda em direção a Alagoa (outra opção para quem quer terminar essa travessia em Alagoa).
Trilha demarcada
A trilha agora é no sentido noroeste passando próximo de uma mata do lado direito e ela chega a ser quase uma avenida de tão demarcada que é.
Depois de passar entre dois pequenos morros a trilha vai seguindo em declive suave por algumas voçorocas até chegar no fundo do vale, as 10h20min.
Cruzo um pequeno riacho que vem da esquerda e já do outro lado vou subindo por encosta íngreme e desse ponto é possível visualizar um pequeno rancho à esquerda com alguns animais.
Após esse pequeno trecho de subida, a trilha segue por dentro de uma mata sombreada, mas que não dura muito.
Apreciando o Rio Piracicaba
Logo saio em campo aberto contornando um morro pela sua direita e as 10h50min chego em um belo mirante com vistas para o norte e oeste, tendo o vale do Rio Piracicaba em primeiro plano com suas inúmeras cascatas. 
Paralela ao rio, a Serra da Chapada segue na direção sudoeste até encontrar a Serra da Careta bem ao fundo e este trecho eu considero o mais belo de toda essa travessia.
Descendo pela larga trilha logo cruzo uma cerca de arame e aqui viro à esquerda na encosta e vou descendo pelo capim ralo na direção do fundo do vale, onde chego as 11h20min na parte alta da Cachoeira do Juju. 
Cachoeira do Juju
O lugar está deserto e possui um descampado bem ao lado do rio onde comporta inúmeras barracas, mas pelo horário ainda tenho tempo de sobra para chegar no Morro do Chapéu, onde vou acampar.
Por ser meu último pernoite nessa travessia, vou consumindo alguns alimentos que iriam sobrar e o salame, algumas bolachas e sucos estão entre eles.
Agora é acionar a Márcia para me pegar um dia antes em Baependi, já que pelos meus cálculos, o último pernoite meu seria no Morro do Chapéu, que não está muito longe, mas não consigo sinal de celular. 
Piscina no topo da Cachoeira
Talvez junto ao Morro eu consiga sinal ou se não der, ligo do telefone público que tem no bairro da Vargem mesmo.
Por ter tempo sobrando, resolvo tomar um banho, mas com a água bastante fria não fico muito tempo molhado. 
A cachoeira tem uns 130 metros e chega a dar medo, quando chego na borda. 
O lugar é lindo mesmo e com poços de vários tamanhos no topo e em um deles dá-se a impressão que a borda é infinita. 
Ao norte algumas casas e sedes de fazenda estão junto ao rio e algumas estradas seguem na direção de Baependi e daqui para frente a trilha é pela crista de uma outra Serra: a da Chapada.
Trilha pela crista da Serra da Chapada
Com uma pequena quantidade de água e com mochila mais leve, retomo a caminhada as 12h40min pelo outro lado do rio e aí sigo pela encosta íngreme bordejando o vale do rio, ganhando altitude para depois nivelar, ora pela crista, ora pela esquerda dela.
Da trilha vou observando cascatas e alguns poços no Rio Piracicaba que são um convite a um banho, mas fica para uma outra vez. 
O que atrapalha é o Sol, que é escaldante naquele horário e para piorar, esse trecho não passa por nenhuma mata fechada.
Atrás de mim e a leste tem-se a visão de boa parte da crista da Serra do Papagaio no horizonte e uma grande cachoeira na encosta: é o Canyon do Cavalo Baio, que possui uns 200 metros de queda.
Nascentes do Rio Piracicaba
Após quase 1 hora de caminhada avisto uma pequena casa na encosta à esquerda, junto ao rio e que recebe até energia elétrica através de alguns postes.
Com o Rio Piracicaba cada vez mais se distanciando da trilha, resolvo descer até o seu leito, próximo a uma mata de araucárias e encher os cantis já que nos arredores da base do Morro do Chapéu a água é um item escasso, segundo Sérgio Beck.
Já com os cantis cheios volto para a caminhada por trilha bem demarcada, sempre no sentido sudoeste e vou parando em vários momentos porque de vez em quando surgem alguns aclives que cansam demais, mas na maior parte do tempo sigo sempre bordejando a crista pela esquerda.
Morro do Chapéu surgindo
Por volta das 15h15min o Morro do Chapéu começa a surgir bem ao fundo na Serra da Careta, mas que ainda restam cerca de 1 hora de caminhada até chegar lá. 
Abandonando a Serra da Chapada, sigo agora no sentido norte para contornar o trecho de mata que surge à esquerda e próximo dela alguns cavalos estão pastando. 
Sempre bordejando a mata à esquerda e pouco antes 16:00 hrs a trilha se bifurca e sigo agora na direção dela para adentrar por um pequeno trecho de mata e uns 3 minutos depois saio em campo aberto de capim ralo, de frente para o Morro do Chapéu.
De frente para o Morro do Chapéu
Aqui já procuro um lugar plano para montar a barraca e encontro um descampado de lajotas de pedras.
Deixo a mochila aqui e vou na direção do Morro com o intuito de chegar no topo. 
A trilha que leva ao cume está no lado esquerdo do morro, na direção sul e não é difícil encontrá-la. 
Passando por um pequeno trecho de mata fechada, vou subindo por trilha demarcada e bem íngreme até atingir um amplo gramado.
Aqui não levo mais que 15 minutos para atingir o topo que possui 2 cumes, sendo que o menor deles está coberto por mata, enquanto que no outro mais alto está forrado de capim, com vários lugares planos. 
Topo do Morro do Chapéu
É até um lugar bom para acampar, mas é um verdadeiro lixo com varias pichações nas pedras.
Encontrei também antigos restos de fogueira de outros que acamparam aqui.
A vista daqui é de 360º e a noroeste é possível ver as cidades de Caxambu e Baependi bem próximas uma da outra. 
Ao norte é a continuação da Serra da Careta e a sudoeste o Bairro da Vargem que ainda me aguarda para o dia seguinte.
Aqui encontrei um pouco de sinal de telefonia celular e enviei mensagem para Márcia me pegar no dia seguinte em Baependi.
Depois de vários clics volto para a base as 16h30min, para montar a barraca entre as lajes de pedras.
Fico aguardando o pôr do Sol, que se despede cerca de 1 hora depois, as 17h25min.
Camping junto do Morro do Chapéu
Enquanto que de um lado a luz do Sol se escondia no horizonte, no lado oposto a Lua se iluminava cada vez mais, apesar de não ser a Cheia.
Por volta das 19:00 hrs saio da barraca para preparar a última refeição e uso toda a linguiça defumada e outros ingredientes que iam sobrar.
Depois de um belo jantar por volta das 20:00 hrs já dentro do saco de dormir, aguardo o sono chegar e sem vento e com temperatura agradável ele não demora muito.
Coloco o celular para despertar as 06:00 hrs, já que o circular do Bairro da Vargem para Baependi sai as 09:00 hrs.
Visitantes pela manhã
Na manhã do dia seguinte, depois de desmontar a barraca e arrumar a mochila recebo a visita de vários cavalos e todos bem mansinhos.
E as 06h30min, sem ter tomado o café da manhã, inicio a descida até o Bairro na direção sul, seguindo por trilha com algumas voçorocas. 
Atravesso uma cerca de arame e uns 30 minutos depois sigo por dentro de uma mata até cruzar com um pequeno riacho, uns 15 minutos depois.
Aqui tomo meu banho na água gelada e troco de roupa. Aproveito para fazer o café da manhã e comer as minhas últimas barras de cereais e algumas bolachas que ainda restavam.
Bairro da Vargem ao fundo
Já bem alimentado e com roupas limpas, as 07h35min retomo a caminhada, sempre descendo. Alguns minutos à frente saio da mata e passo a caminhar em campo aberto, cruzando algumas cercas de arame e já visualizando o Bairro da Vargem lá embaixo. 
Após cruzar mais algumas cercas, chego a uma residência do lado direito e daqui é só mais alguns minutos até cruzar o Rio do Jacu e chegar na rua principal do Bairro, as 08h10min. 
Vou direto para um pequeno mercado para ter a certeza da saída do circular as 09:00 hrs, que é confirmado.
Agora era ligar para a Márcia no único orelhão do bairro para me pegar em Baependi 1 dia antes do combinado e pouco depois das 09:00 hrs o circular segue para Baependi por estrada de terra com uns 10 passageiros.
Rua principal do Bairro da Vargem
A viagem é longa (uns 40 Km) e pouco depois das 10:00 hrs o circular chega na Rodovia e de lá segue por dentro da cidade de Caxambu, passando pelo centro da cidade.
Depois segue para Baependi, onde fico aguardando a Márcia me pegar por volta das 12h30min e de lá voltarmos para SP.



Algumas dicas e informações úteis (Atualizado Julho/2020)


# Logística para chegar ou sair da Serra do Papagaio: 
De SP não existe um ônibus direto para Aiuruoca, sendo necessário seguir até Caxambu e de lá até a cidade.
- SP-Caxambu, pela Viação Cometa:
- Caxambu-Aiuruoca são 2 empresas:
- Outra opção é embarcar em qualquer ônibus em direção a Juiz de Fora, saindo de Caxambu, descendo no trevo de acesso à Aiuruoca. Depois pegar uma carona ou seguir na caminhada até a cidade.

# Para quem planeja chegar em Aiuruoca de carro saindo de SP, sem dúvida nenhuma a melhor opção é seguir pela Via Fernão Dias por cerca de 280 Km até o trevo da cidade de Campanha, no KM 774. De lá é só seguir para Caxambu e depois Aiuruoca. O percurso que nós fizemos pela Via Dutra foi muito mais demorado e longo, por isso não recomendo.

# Em Aiuruoca só encontramos um Banco Bradesco e uma Lotérica que funciona como banco da Caixa Federal. 

# Existem uns 3 ou 4 acessos diferentes ao Pico do Papagaio e os mais fáceis são pela mesma estrada que leva até o Vale do Matutu. 
Iniciei a caminhada saindo ao lado da porteira do Sítio do Saulo (nesse ponto) e da cidade até ali foram cerca de 9 Km. 

# Sinal de celular da Vivo só encontrei no topo do Pico do Papagaio e no Morro do Chapéu. 

# Em alguns trechos encontrei a trilha já sendo tomada pelo capim alto e pelo mato, por isso muito cuidado. No trecho de mata, logo depois do Retiro dos Pedros, encontrei muita árvore caída no meio da trilha, obrigando a fazer alguns desvios. 

# Água não é uma preocupação nessa travessia. Dizem que em tempo de seca prolongada, o pequeno riacho na base do Pico do Papagaio costuma estar seco. Já a partir do Retiro dos Pedros, água é encontrada em vários pontos da travessia.

# Existem 2 pontos dessa travessia onde é possível ser encurtada e terminar em Alagoa:
- A poucos metros antes de chegar na crista da Serra do Charco, existe uma bifurcação à esquerda, meio que escondida junto à encosta (é preciso ficar atento, pois essa trilha pode ter se fechado). 
- Outro ponto é pouco depois de passar pelo casebre junto à margem esquerda do Rio Santo Agostinho, já na crista a trilha encontra uma estrada (é uma estrada mesmo, não é trilha) à esquerda que leva até Alagoa (neste ponto)

# São poucos os trechos de mata sombreada. A maior parte da caminhada é sempre em campo aberto.

# O circular que fazia a linha Bairro da Vargem-Baependi só funcionava em alguns dias da semana: segunda, quarta e sexta às 09:00hrs.
Ligue no telefone público do Bairro para confirmar: (35) 3375-0109 e (35) 3375-0103.
Ou na Prefeitura de Baependi: (35) 3343-2375.

# Outra opção é contratar algum resgate para levar ou sair do Bairro da Vargem:
- Marcus (dono Pousada Ajuru): (35) 99944-1601.
- Paulo Vitor: (35) 98821-8267.

# Outra opção que também pode sair barata, dependendo da quantidade de pessoas são os moto-taxistas e taxistas. Seguem alguns contatos: clique aqui.

# Para quem está de carro e pretende fazer essa caminhada no sentido inverso, iniciando no Bairro da Vargem, deve fazer o seguinte: saindo da cidade de Baependi é só seguir pela Rodovia BR-354, sentido Pouso Alto e em frente ao Restaurante Segredo das Águas (neste local) seguir na bifurcação em direção ao Bairro. São várias bifurcações ao longo do caminho e na dúvida é só ir perguntando aos moradores.