31 de janeiro de 2007

Relato: Travessia Angra dos Reis x Lídice - Subida da Serra do Mar pela linha férrea + topo da Pedra Chata

Esse é um relato da caminhada de Angra dos Reis (RJ) até Lídice pela linha do trem, subindo a Serra do Mar e de lá até o topo da Pedra Chata, retornando depois para Angra dos Reis pela trilha do Sertão do Sinfrônio, realizada no início de 2007, juntamente com a Márcia, o Jorge Soto e a  Luciana que desistiu na metade. 
Pegamos trechos com muito Sol e alguns períodos de chuva, mas que não atrapalharam a caminhada.


Na foto acima estamos em uma piscina natural junto ao um rio e a linha férrea no alto


Fotos

- Caminhada pela linha férrea + trilha plotada em carta topográfica: clique aqui
- Trilha da Pedra Chata: clique aqui

Tracklog para GPS da caminhada pela linha férrea e trilha da Pedra Chata: clique aqui

Caminhar por trilhos de uma linha férrea e conhecer lugares onde nunca tinha ido. Era isso o que queria fazer nas minhas férias e já que a Márcia conseguiu emendar um feriado de Janeiro, lá fomos nós. 

Depois de ter lido uma matéria do Sérgio Beck (famoso montanhista) na sua Revista Aventura Já, sobre uma caminhada pela linha férrea na região de Angra dos Reis, me deixou curioso e animado em fazê-la. 
Quem também resolveu embarcar nessa trip foram o Jorge Soto e a Luciana. Compramos a passagem para o horário das 22h40min de uma véspera de feriado em SP em direção a Angra dos Reis, nosso ponto de partida e no horário combinado, encontramos o Jorge e a Luciana na Rodoviária do Tietê. 
Por algum problema da empresa nosso ônibus só foi sair lá pelas 23h15min, mas deu para dormir um pouco e as 06h30min chegamos em Angra dos Reis. 
Linha férrea perto da Rodoviária
Agora era achar a linha do trem que sobe para Lídice, mas antes tínhamos de passar em alguma padaria para tomar um café da manhã. 
Pergunta daqui, pergunta dali e encontramos uma próxima da linha do trem. Era pequena, mas vendia um pão que era uma delícia. 
A linha que sobe para Lídice é a que sai do porto de Angra dos Reis e passa próximo da Rodoviária. Não é difícil encontrá-la. 
Na dúvida é só perguntar para qualquer morador, que eles indicam e por volta das 08h30min iniciamos nossa caminhada pela linha do trem. 
Depois de uns 15 minutos já encontramos nosso primeiro túnel, onde existe uma pequena bica, mas como ainda estamos em zona urbana, resolvemos não usar essa água. Nunca se sabe se está poluída ou não. 
Serra do Mar
Para atravessar o túnel o ideal é usar uma lanterna e ir pisando nos dormentes. 
Ele até que não é longo e alguns minutos depois já estávamos saindo dele. 
Passando ele, ainda existem algumas casas ao longo da linha férrea e lá pelas 09h30min passamos em cima da Rio-Santos.
Daqui para frente, a linha férrea segue subindo em ritmo lento e com o Sol forte sobre nossas cabeças. 
De vez em quando cruzávamos com algum riacho ou bica de água. 
Como já estamos subindo a Serra do Mar, quase não encontramos vestígios de casas ou alguém passando pela linha do trem.
Por volta das 11:00 hrs pegamos uma ponte extensa bem longa e alta. Aqui se vier um trem o jeito é sair correndo, pois não existem refúgios ao longo da ponte. 
Cruzando pontes
Mais alguns minutos e chegamos em um outro pequeno túnel que no final dele, existe uma pequena cachoeira. 
Deu para se refrescar e bater bonitas fotos do local. 
Voltando para caminhada, a linha do trem segue por entre a serra sem perspectiva de visual nenhum. Não demora e o tempo começa a ficar nublado, caindo uma pequena garoa, mas a tempo de atravessarmos uma ponte, pois quando os dormentes se molham eles ficam extremamente escorregadios e é risco de vida tentar atravessar uma ponte pisando neles.
Notamos que embaixo da ponte que tínhamos atravessado, o rio forma uma cachoeira e uma piscina natural, então resolvemos descer até lá para tomar um banho, deixando nossas mochilas próximas aos trilhos. 
Algumas cachoeiras pelo caminho
O Jorge foi o primeiro a entrar e logo em seguida entramos todos. 
Quando estávamos voltando para pegar as mochilas, ouvimos uma buzina, mas pensei comigo: buzina no meio do mato ???? 
Era um pequeno trenzinho de apenas 1 vagão que estava descendo para Angra dos Reis. 
Passou tão rápido, que nem consegui bater uma foto dele. 
Ao voltar para pegar minha mochila, sem perceber, deixei cair meus óculos em algum lugar e não mais o encontrei. Todo mundo ajudou a procurar, mas em vão. 
Pelo menos os óculos não eram de grau elevado, então não tive problemas de enxergar sem ele. 
Voltando para caminhada agora com mais disposição, logo passamos por mais outros túneis e encontramos uma fruta que seria nosso alimento por um bom tempo: banana. 
Conhecida como banana macaco, era bem pequena e cheio de caroços. 
Ao longo da linha do trem existem inúmeros bananais e sempre em algum deles tinha um cacho de bananas maduro.

Ruínas da Estação Jussaral
E por volta das 15h30min chegamos na antiga estação Jussaral. 
Totalmente abandonada, a estação possui só as paredes, mas toda pichada. 
Passamos direto, pois tínhamos planejado parar por voltas das 17:00 hrs em algum local plano e montar as barracas.
A partir daqui a paisagem se abriu e conseguíamos ver parte da baia de Angra e estava parecendo que a gente não tinha caminhado nada. 
Como a Márcia estava caminhando em um ritmo mais lento, fiquei para acompanhá-la e o Jorge e a Luciana foram caminhando mais a frente. 
Ainda passou por nós o trenzinho que tinha descido à Angra dos Reis, dessa vez subindo a serra. 
Local do nosso Camping
A hora estava passando e nada de encontrar um local plano para acampar e lá pelas 17h30min eu e a Márcia encontramos a Luciana descansando em um descampado bem plano junto a linha do trem, do lado direito. 
Era o lugar perfeito para acampar, pois existia uma pequena bica de água próxima. O Jorge tinha caminhado um pouco mais para ver se encontrava outro local plano, mas decidiu voltar logo em seguida. 
O local ficava uns 20 metros antes de uma ponte e ali mesmo montamos as barracas.
Quando já estava começando a anoitecer, ouvimos um trem que estava descendo para o litoral. 
Trem de carga descendo
Era de carga, pois de longe conseguíamos ver inúmeros vagões. 
O trem possuía 2 locomotivas e com vagões de carga carregando chapas de aço, provavelmente da CSN. Depois de passar o trem de carga, fomos preparar nossa comida e todos foram dormir cedo. 
Durante a noite caiu uma leve garoa, mas bem pouca. 
No dia seguinte, por volta das 07:00 hrs todos já estavam levantando. Tomei um susto muito grande quando fui fazer as necessidades matinais e lavar o rosto, pois nessa hora eu quase piso em uma cobra, filhote de cascavel, que identifiquei pelos anéis na cauda e pela cor.
Na hora gelei e a primeira coisa que pensei foi: onde é que tá a mãe? Se ali tinha um filhote, a mãe também estava perto, mas não a encontrei, graças a Deus. 
Túneis em meio à mata
De volta ao acampamento e mochilas prontas, continuamos nossa caminhada. Estávamos contando os túneis, pois o Jorge tinha lido um relato que dizia que lá pelo 10º túnel chegaria a bifurcação para a saída da estrada de ferro e pelas nossas contas só restavam mais dois túneis, mas foi uma decepção. 
Chegou o nono e o décimo túnel e nada da bifurcação. 
O que encontramos foi mais outro túnel e mais outro. E quase todos eles bem extensos. 
Pena foi termos passado ao lado de um enorme paredão com o visual obstruído pela neblina. 
Parada para descanso
Desses paredões desciam inúmeras cachoeiras e todas muito lindas, sendo que uma delas caia bem no meio da linha do trem.
Se o tempo estivesse bom, seria uma coisa para encher os olhos. 
Outra indicação de que a bifurcação estava chegando foi do Jorge ter lido também que assim que passarmos as linhas de alta tensão, a bifurcação estaria chegando. 
Pelo menos essa informação estava certa, já que assim que passamos as torres e o 14º túnel, às 12h30min avistamos a antiga estação de trem Alto da Serra.
Foi aqui que saímos da linha do trem e seguimos por uma estrada de terra à direita.
Ruínas da Estação Alto da Serra
Ainda paramos em uma pequena casa para perguntar sobre a trilha para a Pedra Chata e o Sinfrônio, só para tirarmos as dúvidas. 
Continuando a caminhada, logo começamos a seguir o Rio Piraí, que passava do lado direito. 
Foi o convite para pular na água e não deu outra; assim que encontramos um trecho de remanso, mergulhamos no rio, mas ficamos só pouco tempo. 
Logo voltamos à caminhada e pouco mais à frente perguntamos para um cavaleiro sobre a estrada para Casa do Bispo, ponto inicial da trilha para Pedra Chata, mas o mesmo nos deu uma informação errada, fazendo a gente tomar a estrada para o Sertão do Sinfrônio e com isso perdemos cerca de 30 minutos. 
Seguindo pela estrada
Nessa bifurcação errada, a Luciana resolveu desistir de nos acompanhar e seguiu para Lídice (problemas pessoais, segundo ela). De volta à estrada certa, nosso objetivo era chegar no barzinho, que marca o início da estrada para a Casa do Bispo e por volta das 13h30min chegamos nele. Bem ao lado existe uma pequena escola e o Rio das Pedras com algumas piscinas naturais, tobogãs e pequenas cachoeiras. 
É um bom local para um descanso, mas nosso objetivo ainda estava a algumas horas de caminhada serra acima. 
A partir do barzinho, a subida até a Casa do Bispo vai ficando cada vez mais íngreme pela Estrada Rio das Pedras, passando por um vale muito bonito. 
Pouco antes das 15:00 hrs, quando estávamos descansando em cima de uma pedra, o Jorge avista uma Toyota subindo a estrada pelo mesmo caminho. Pensamos com a gente: era a nossa carona. 
Dom Vital
Ela parou do nosso lado e só tinha um senhor idoso dirigindo e uma mulher ao lado, mas estava cheio de malas atrás. Parecia uma mudança e era. Disse que só poderia levar uma pessoa. Foi a Márcia junto com as mochilas. 
Eu e o Jorge continuamos a subida e sem o peso das mochilas chegamos rápido na Casa do Bispo e por incrível que pareça quem nos ofereceu carona era o próprio Bispo (Dom Vital) e a pessoa que estava com ele era uma freira, a Iza. 
Para chegar na Casa do Bispo era bem fácil. Passando uma pequena Igreja (Paróquia Santana) e uma Escola, logo à frente a estrada cruza o Rio das Pedras para a direita. 
Casa e Paróquia de D. Vital
Antes de atravessar o Rio surge uma pequena subida de concreto para a esquerda e que dava em frente à Casa. Nesse link dá para ver o lugar no Google Maps: clique aqui
Quando chegamos em sua casa, perguntou para a gente se queríamos comer e beber algo. É claro que não recusamos não é. Ficamos ali conversando com ele por um bom tempo. Nos contou sobre a trilha que íamos fazer e suas caminhadas pela região. 
E quando deu por volta das 16h30min resolvemos iniciar a subida.
O relato do Sérgio Beck, de agora em diante, ia ser nosso guia até o topo da Pedra. 
A trilha se inicia bem ao lado da Casa, que segue subindo para a direita e depois esquerda.
Passamos por uma plantação de feijão e milho e o final desse trecho é marcado por uma cerca de arame fechada. Do outro lado dessa cerca se chega a um rio, mas a continuação da trilha é voltar uns 5 metros antes da cerca e subir à esquerda. 
Seguindo para o topo da Pedra Chata
Essa trilha vai ficando mais íngreme e logo cruza com um pequeno riacho e uma cerca de arame. 
Passando a cerca, a trilha sai em um descampado com várias bifurcações, mas aqui é só seguir a trilha da esquerda que segue sempre subindo até o ponto mais alto do enorme descampado.
Aqui a trilha entra novamente na mata fechada à direita e logo cruza com um outro riacho, depois segue para a esquerda, com o riacho ao lado e sempre subindo. A trilha é bem demarcada, não tem erro. 
Depois de uns 20 minutos desde o riacho chegamos ao último ponto de água, que desce da direita. Cruzando esse pequeno riacho e uns 20 metros à frente a trilha encontra outra bifurcação. 
Visual do vale por onde caminhamos
A da esquerda deve levar ao Bico do Papagaio, mas a trilha correta é a da direita que devemos seguir, agora com a subida bem mais íngreme. Eu e a Márcia íamos parando a cada 10 minutos e o Jorge seguindo bem a frente. E para não ficarmos ainda mais desanimados, íamos sempre perguntando para o Jorge se ele já tinha chegado no topo da Pedra e sempre dizia que não. 
Mas chegou uma hora em que ele disse que já estava quase no topo e aí eu e a Márcia ficamos mais animados e apertamos o passo. 
Ainda descemos um certo trecho para passarmos em uma água empoçada pelas chuvas para depois chegarmos no cume da Pedra Chata, pouco depois das 20:00 hrs, já totalmente no escuro. 
No topo da Pedra Chata
Aqui o piso é um pouco irregular e inclinado. Tivemos que montar nossas barracas em cima da vegetação rasteira e cheio de tufos, em uma área exposta. 
Só torcíamos para que não ventasse muito. Foram cerca de 3h30m desde a Casa do Bispo com mochilas cargueiras quase cheias e cansados da longa caminhada na linha do trem. 
Até que não demoramos tanto assim.
Preparamos nossas comidas e fomos dormir por volta das 22:00 hrs. 
Eu coloquei o celular para despertar as 05:00 hrs para bater algumas fotos do nascer do Sol.
No dia seguinte quando acordei, fiquei olhando para o vale, por onde tínhamos caminhado e imaginando se não existiria alguma trilha que interligasse com o outro vale da esquerda, sem precisar descer até o barzinho, já que era por lá que retornaríamos para Angra dos Reis.
Nascer do Sol no topo
O Bispo Dom Vital até comentou que já tinha feito essa trilha a uns 20 anos atrás, mas sem dar maiores detalhes. Se ela existisse mesmo, nos economizaria uma boa caminhada, além de algumas horas preciosas. E por volta das 08h30min iniciamos nossa descida até a Casa do Bispo, aonde chegamos pouco antes das 10h30min. 
Lá o Bispo nos recebeu novamente com algumas frutas e mostrou a capela octogonal em frente à Casa e falou sobre a trilha que subia o vale. 
Depois de algumas fotos da freira Iza e do Bispo, iniciamos nossa descida lá pelas 11:00 hrs rumo ao Barzinho, já que as informações sobre a trilha que cortava o vale eram muito poucas, mas assim que chegamos na Igreja Santana e na escola ao lado, encontramos o Sr. Adão da Silva. 
Pinguela sobre o rio
Ele me perguntou de onde estávamos vindo e depois de explicar a ele, perguntei se conhecia a trilha que ia para o Sinfrônio. 
Para nossa surpresa ele morava ali perto e nos levaria até o início dela. 
Pelo jeito o Bispo Dom Vital tinha intercedido junto a uma "Certa Pessoa" onipresente para nos ajudar. 
Passando pela Igreja e uns 100 metros depois cruzamos o Rio das Pedras por uma ponte suspensa e chegamos na chácara onde ele mora. 
Ali ele deixou algumas coisas e voltou para nos levar até o início da trilha, que não estava muito longe. 
Dizia para a gente se orientar por um coqueiro lá no alto do morro e quando chegasse perto dele haveria uma cerca de arame que seguia a esquerda e sempre subindo. Isso foi a nossa referência. 
Subindo morros, com casa do Bispo no fundo do vale
Na subida, quando chegamos em um pequeno curral tivemos que cruzar um pequeno riacho para a direita e depois continuamos subindo pelo pasto. 
No topo chegamos pouco depois das 14:00 hrs e lá existe uma porteira trancada com correntes e cadeado e nela tem uma inscrição de ENTRADA PROIBIDA. 
O Sr. Adão falou que não teríamos problema para passar na propriedade e foi a que a gente fez. 
Paramos para comer alguma coisa e depois pulamos a cerca e iniciamos a descida do outro lado do vale em direção ao Sinfrônio. Passamos ainda por um pequeno curral de vacas leiteiras e fomos seguindo um pequeno rio que estava à direita, até chegarmos em uma casa. Perguntando para o senhor que estava na casa, parecia que falava outra língua. 
Cruzando rios
Ele falava, mas a gente não entendia o que ele dizia, mas seguimos em frente assim mesmo. 
E por volta das 16:00 hrs chegamos no final da estrada que vem de Lídice. 
Aqui passamos por uma enorme casa com apenas 1 morador e logo cruzamos o Rio Papudo. 
Até tentamos falar com esse morador, mas parecia que o mesmo tinha algum problema na fala, porque ele só nos ouvia, mas não dizia nada. 
Atravessando o rio chegamos em uma enorme cachoeira que fica atrás de uma casa de madeira pintada em vermelha com muros de pedra, mas que estava deserta no dia. 
Nesse link do Maps, dá para ver onde essa cachoeira tá: clique aqui.
Nessa hora, chega o tiozinho que tentamos falar com ele anteriormente. 
Cachoeira ao lado de uma casa
Ele disse que poderíamos pular na piscina natural da cachoeira, pois a casa estava deserta a muito tempo e foi o que a gente fez, mas com um detalhe que a gente não contava: agora tínhamos uma plateia de 2 caras meio estranhos, nos olhando tomar banho. 
O tiozinho e o outro morador. 
Dava a impressão que os que eles queriam mesmo era ver a Márcia ficar de biquíni, mas se ferraram, pois ela entrou de roupa e tudo na água. 
O Jorge falou para montarmos nosso acampamento ao lado da casa em um enorme gramado plano, mas insisti que ali eu não ficaria. 
Acampar perto da casa de 2 caras estranhos que ficam olhando a gente tomar banho ???? Tô fora. Se estivesse só eu e o Jorge, tudo bem, mas com a Márcia ali, nem a pau Juvenal. O Jorge entendeu e então continuamos pela trilha em direção a antiga estação Jussaral. 
A trilha na verdade é uma antiga estrada que segue à direita da casa sempre subindo. Passamos uma porteira de arame e ignorando uma outra à esquerda mais acima.
Cachoeira e poção próprios para banhos
Logo atravessamos outra porteira de arame e depois a estrada segue por um pequeno leito de um riacho, por uma área de descampado. Depois de uns 20 minutos chegamos a uma antiga casa, que parece mais um barracão à esquerda e cerca de 50 metros depois dessa casa chegamos a um rio. Aqui não tem como atravessar. Para fazer isso volte uns 10 metros e entre em uma trilha à direita e que vai dar em um ponto mais abaixo do rio. 
Aqui atravessamos sem problemas e depois do rio seguimos por uma trilha que vai dar novamente na antiga estrada. Aqui surge uma cerca de arame à esquerda que vai seguindo a estrada e logo ela começa a virar uma trilha na mata fechada e assim vamos contornando o morro pela esquerda, mas a maior parte no plano. As longas subidas íngremes, pelo menos tinham terminado. 
Os vestígios da antiga estrada estão lá, então é só seguir na trilha, não tem erro. 
Ainda passamos por uma bifurcação que desce a esquerda, que deve ser desprezada. Minha pretensão era tentar chegar na antiga estação Jussaral ou o mais próximo dela. 
Cruzamos ainda com vários riachos e devido a insistência da Márcia, resolvemos acampar em um local plano junto da trilha às 18h30min. 
Como a gente não sabia se estávamos longe ou perto da estação Jussaral, combinamos de acordar as 05:00 hrs para sairmos o mais cedo possível. A noite foi tranquila, mas com uma pequena garoa. Acordamos um pouco tarde e só fomos sair lá pelas 07:00 hrs. 
Descampados pela trilha
Voltando à trilha, ainda seguimos no plano por cerca de 30 minutos e no final dessa antiga estrada e trilha existe uma curva em "S" que sobe à esquerda. 
Passando esse pequeno trecho de subida iniciamos agora a longa descida até a antiga estação Jussaral. 
Ainda passamos por outra bifurcação, onde seguimos a da direita e depois de + - 1h30min chegamos na última bifurcação. 
Aqui chega a confundir, pois a trilha que vem da direita é a mais demarcada, mas seguimos em frente. 
A da direita provavelmente vai dar em algum ponto acima da antiga estação Jussaral. 
Retornando para linha férrea
Continuando pela trilha logo saímos em um descampado que marca o início de uma cerca de arame à esquerda. 
Ainda passamos por alguns bananais, onde encontrei um cacho de bananas maduro. 
Não resisti e enchi a mochila. 
Ainda caminhamos poucos metros na trilha e antes das 10:00 hrs chegamos na antiga estação Jussaral, onde tínhamos passado 2 dias antes. 
Cruzamos a linha do trem e ainda subimos cerca de 100 metros até encontrar uma trilha que desce à esquerda para um bairro de Angra de Reis. Aliviados por estarmos adiantados (ainda íamos pegar o busão das 15:00 hrs) resolvemos parar aqui e ficar comendo as bananas.
Descansando
Agora era descida fácil até o bairro do Belém e depois de + - 1 hora de caminhada chegamos a uma bifurcação e algumas casas. 
Seguimos para a direita e mais uns 30 minutos chegamos no asfalto e fim da caminhada. 
Aqui paramos em um bar para comemorar e bebemorar e ficamos por pouco mais de 1 hora e depois tomamos o circular para o centro de Angra dos Reis que nos deixou perto da Rodoviária. 
Só tivemos problemas mesmo com o ônibus de Angra para SP que levou demoradas 8 horas e 30 minutos até o Terminal Tietê, aonde chegamos as 23h30min. 
Foi um absurdo, mas conseguimos chegar a tempo de pegar o Metrô e chegar em casa.


Dicas e algumas informações úteis (Atualizado Julho/2020)

# Recomendação importantíssima:
Recentemente tem acontecido alguns assaltos e abordagem por traficantes no trecho urbano dessa caminhada, por isso evite iniciar a caminhada perto da Rodoviária. 
Mesmo no trecho pouco depois da Rio-Santos, algumas construções irregulares estão sendo construídas e tá sendo perigoso passar por lá também. 
Veja nesses links os relatos postados por Elton Rodrigues e pelo pessoal do CEMAR: Clube de Escalada e Montanhismo de Angra dos Reis.
É uma pena, mas divulguem:

A subida pela linha do trem de Angra até Lídice é extremamente cansativa, pois caminhar entre dormentes é horrível. O que compensa mesmo é o visual das cachoeiras, pontes e túneis. Se os dormentes estiverem molhados ou que esteja chovendo é extremamente perigoso atravessar as pontes, pois se escorrega facilmente nos dormentes.

Sempre que for atravessar um túnel ou uma ponte extensa, procure atentar quanto a chegada de algum trem. Em alguns túneis e pontes não existem refúgios para se proteger.

Pela linha férrea se cruza inúmeros pontos de água. 

São poucos os pontos de acampamento ao longo da linha férrea. Com exceção da antiga estação Jussaral e o local onde acampamos. 

Cuidados com cobras peçonhentas que podem estar embaixo de dormentes podres jogados ao longo da linha do trem. 

A caminhada pelos trilhos da linha férrea deve ter chegado em um total de + - 35 Km, já que na estação Alto da Serra há uma placa de Km 35.

#  (Atualizado Junho/2014) Quando for fazer a Pedra Chata, procure passar pela casa do Bispo Dom Vital. Apesar de ele ter falecido no início de Junho de 2014, pode ser que outra pessoa esteja cuidando do local.
D. Vital faleceu em um acidente de transito, quando sua Toyota veio a cair em uma ribanceira na subida da Estrada das Pedras. Essa estrada é a mesma que sai de Lídice e segue até a casa do Bispo. (Quem me passou essa informação foi um trilheiro que mora pela região - o Carlos Eduardo). Veja nesses links: aqui e aqui.

Se vier a fazer a Pedra Chata e a descida para Angra passando pelo Sinfrônio, procure a chácara do Sr. Adão da Silva. Ele pode explicar como se chega a essa trilha. O acesso é próximo da Igreja Santana e da casa onde o Bispo Dom Vital vivia. É só perguntar. Ou voltar pela estrada até o Barzinho e de lá seguir por uma estrada à esquerda para o Sertão do Sinfrônio.

Essa trilha que desce para Angra dos Reis pela trilha do Sertão do Sinfrônio era a muitos anos atrás uma estrada, que atualmente tá abandonada e que virou uma trilha. Por isso a dificuldade dessa trilha é muito pouca. 


# A parte final da trilha do Sinfrônio para a estação Jussaral é bem íngreme, mas ela é tranquila.

2 comentários:

  1. O bispo Vital faleceu ao cair numa robanceira na estrada para sua casa nas montanhas. Não na estrada Angra-Lidice.

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    1. É verdade.
      Quando tinha lido que a Toyota dele caiu em uma ribanceira de 300 metros, não imaginei que fosse na mesma estrada que passamos para chegar na casa dele - Estrada Rio das Pedras.
      Já alterei o relato e coloquei 2 links para a notícia e 1 vídeo do local.
      Valeu pela informação.
      Abcs

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