25 de junho de 2007

Relato: Caminho da Fé - 429 Km em 15 dias de caminhada - De Tambaú até Basílica de Aparecida

Este é um relato de uma das caminhadas mais longas que já fiz, saindo de Tambaú/SP até a Basílica de Aparecida com algumas dicas, informações e depoimentos em vídeo, que fui fazendo ao longo do percurso. 
Iniciei sozinho a caminhada no final de Maio de 2007 na cidade de Tambaú e finalizei 15 dias depois com a Márcia que se juntou a mim em Paraisópolis. Ao longo do Caminho encontrei outros peregrinos, alguns de bike e outros caminhando. 
Passei no meio de plantações de café, cana de açúcar, trilhas na mata, trilhos de uma linha férrea e no asfalto.
Atualmente (ano 2020) o Caminho sai de várias cidades diferentes e alguns convergem para Tambaú e outros em Águas da Prata, seguindo dali direto para Aparecida. Se orientando sempre pelas setas amarelas, o Caminho passa por dezenas de cidades e vilas.

Foto acima no Portal do Caminho da Fé, poucos minutos depois de iniciar a caminhada em Tambaú

Dividi as fotos por cada dia de caminhada e ao longo do relato, coloquei os links.

Para quem usa GPS, aqui está o tracklog de toda essa caminhada: clique aqui

No final de cada trecho eu também fazia uma filmagem em vídeo relatando sobre os problemas que passei, como foi o percurso e uma descrição de como é a pousada. O tempo médio de cada vídeo ficou entre 5 a 9 minutos. Aqui estão todos os vídeos: 

Fiz uma atualização do relato com algumas informações mais recentes (Julho/2020)

Tem um trecho de uma música do Gilberto Gil que diz: “Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”. Acho que reflete bem sobre o que eu passei em toda essa caminhada, que me fez reunir forças para caminhar 429 Km.
Os primeiros dias foram os mais difíceis (muitas dores musculares). Começou a melhorar lá pelo 4º dia, quando caminhei 50 Km em 15 horas direto. 
Na maioria dos trechos eu saia por volta das 08:00 hrs e chegava na outra cidade no final de tarde. Alguns trechos cheguei já escurecendo.
A hospedagem é em pousadas, chalés, hotéis ou hostels que foram cadastrados pelos organizadores do Caminho. Quando fiz essa caminhada, as opções eram de apenas 1 ou 2 estabelecimentos em cada cidade, mas atualmente mudou para melhor, já que aumentaram a quantidade de opções de hospedagem - algumas das cidades chegam a ter quase 10 opções. 
Veja a relação atualizada nesse link:
https://caminhodafe.com.br/ptbr/hospedagem

Abaixo um pequeno resumo dessa caminhada:


1º dia: Tambaú/SP até Casa Branca/SP - 35 Km

Poucos minutos depois de iniciar a caminhada
Depois de me hospedar no Hotel Tarzan, saí bem de manhãzinha de Tambaú.
Esse trecho foi dos mais tranquilos, por ser plano e com poucas subidas e descidas. Ideal levar uns 2 litros de água (apesar de haver indicações e lugares onde pegar água pouco antes da divisa entre as 2 cidades). Ao longo do trecho, passei por plantações de café, cana de açúcar, batata, feijão, laranjas e tangerinas. 
Ao passar pelo cemitério de Tambaú, poucos minutos depois de iniciar a caminhada, logo à frente o Caminho sai da Rodovia à direita e segue por estradas de terra até chegar em Casa Branca.
A divisa de municípios você chega depois de 11 Km, umas 3 horas depois. Cheguei em Casa Branca com pouco menos de 9 horas de caminhada.
A Pousada na cidade fica em uma área da Igreja Nossa Senhora do Desterro e com café da manhã simples.
Fornece jantar, mas é necessário reservar antecipadamente. 
Os quartos são coletivos e enormes (sem TV), mas um local bastante tranquilo.
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 

2º dia: Casa Branca/SP até Vargem Grande do Sul/SP - 31 Km
Pouco antes de chegar na Rodovia
Trecho bem desgastante e cansativo, sempre com o Sol incidindo. Leve água da pousada ou compre em algum bar da cidade, pois ao longo do trecho eu não encontrei. Logo que estiver saindo da cidade e passar embaixo da Rodovia, fique atento que o Caminho pega uma bifurcação à direita e segue cruzando outras Rodovias até chegar no acostamento de uma delas e aí seguir por 6 Km até um desvio à esquerda (preste atenção nas setas e nas placas) que agora segue por inúmeros sítios e fazendas. Com varias paradas para descanso, fui chegar em Vargem Grande do Sul depois de 10 horas de caminhada. 
Na época existia somente um Hotel na cidade para receber os caminhantes: Príncipe Hotel que fornece café da manhã. Atualmente as opções aumentaram.
Quando cheguei nessa cidade, as dores musculares incomodavam bastante. Usando uma pomada anti-inflamatória, os sintomas melhoraram.
Melhor lugar para jantar na cidade é no Varanda´s Restaurante (próximo da Igreja Matriz).
Existe outra Pousada a cerca de 10 Km da cidade, que o Caminho passa ao lado: é a Pousada Da. Cidinha.
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 

3º dia: Vargem Grande do Sul/SP até São Roque da Fartura/SP - 27 Km
Subindo a Serra da Fartura
Trecho inicialmente no plano com subidas leves e depois de passados uns 12 Km se iniciará a árdua e íngreme subida da Serra da Fartura (existe a Pousada da Da. Cidinha no início dessa subida). Já do outro lado da serra, o Caminho segue por um pequeno trecho de asfalto, de onde já se consegue ver São Roque da Fartura ao fundo e depois volta a subir a Serra da Fartura, como se fosse um desvio. É um trecho bem desgastante, pois é só subida (o visual lá da crista vale a pena). Levei 8 horas de Vargem Grande do Sul até São Roque da Fartura.
A Pousada Cachoeira (que pertence Da. Cida) fica depois da Vila de São Roque da Fartura, cruzando a Rodovia e se localiza em um trecho de subida íngreme, oferecendo jantar e café da manhã (se quiser).
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 

4º dia: São Roque da Fartura/SP até Andradas/MG - 50 Km
Caminhada na neblina da manhã
O trecho mais longo de todos - caminhei durante 15 horas direto até Andradas. Até o início da descida da serra em direção a Águas da Prata é quase todo no plano, passando por inúmeras nascentes e no meio de plantações de café. Saí de São Roque da Fartura pouco antes das 05:00 hrs e cheguei em Águas da Prata pouco depois das 09:00 hrs. Como encontrei a Pousada do Peregrino fechada, passei direto pela cidade. De Águas da Prata até Andradas, o trecho segue por um imenso vale inicialmente no plano para depois só subida. Andradas se localiza em um grande vale entre 2 serras, por isso o trecho final é de descida íngreme e longa.
Fiquei no Hotel Pastre, pequeno e próximo da Igreja Matriz e fornece café da manhã.
Melhor lugar para comer é no Restaurante União. 
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 

5º dia: Andradas/MG até Crisólia/MG - 36 Km
Chegando no Distrito da Barra
Esse trecho é dividido em vários outros: de Andradas a Serra dos Limas e depois até Barra e depois até Crisólia.
O trecho de Andradas até a Serra dos Lima lembra um pouco a subida da Serra da Fartura, por ser muito íngreme.
De Serra dos Lima até Distrito da Barra é plano e depois descida íngreme até o fundo do vale, onde se localiza Barra. Já de Barra até Crisólia é uma subida íngreme muito forte, uma parte plana e pequenas descidas. Na parte final é um longo trecho plano que parece nunca terminar. Não se vê Crisólia do Caminho. Ela aparece de repente, escondida entre os morros. Saí de Andradas por volta das 07h30min, chegando na Barra pouco depois das 12:00 hrs e por volta das 18:00 hrs em Crisólia.
Na Serra dos Lima, a cerca de 10 km de Andradas fica a Pousada da Da. Natalina.
No Distrito da Barra, a cerca de 20 km de Andradas, se localiza a Pousada do Tio João. 
Em Crisólia fiquei na Pousada da Da. Adelaide e que fornecia café da manhã.
Atualmente em Crisólia são 3 opções de hospedagem. 
Melhor lugar para comer em Crisólia era no Bar da Zéti.
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 


6º dia: Crisólia/MG até Borda da Mata/MG - 38 Km
Trecho de muito Sol e Serras
Crisólia está próxima de Ouro Fino (7 Km). Esse trecho passa por dentro dessa cidade e depois chega a Inconfidentes (pare no Bar do Maurão – fica na entrada da cidade). Depois o Caminho segue por uns 2 Km pela Rodovia e logo sai para a esquerda, junto a um ponto de ônibus. Passa ao lado da Pousada Águas Livres e segue ora no plano, ora subidas leves. Nesse trecho, talvez você encontre o Seu Joaquim, ao lado da bica que ele fez (tem uma enorme placa em frente). O lugar é perfeito para descanso. O trecho final, de onde se enxerga a cidade de Borda da Mata é de descida e algumas partes planas, mas bem tranquilo. Saí de Crisólia as 07h30min e cheguei as 19:00 hrs em Borda da Mata.
Se puder visite a Igreja Matriz de Borda da Mata, pois os vitrais internos são lindos. 
Fiquei no Hotel Village com café da manhã.
Melhor lugar para comer em Borda da Mata: Restaurante San Diego onde também funciona um Hotel.
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 


7º dia: Borda da Mata/MG até Tocos do Moji/MG - 16 Km
Trecho de muita lama
Um dos trechos mais tranquilos dessa caminhada. Saí de Borda da Mata por volta das 10:00 hrs e cheguei em Tocos do Moji por volta das 15h30min.
Alguns aclives e declives bem fáceis e muita plantação de morango ao longo do Caminho (isso se estiver na época).
Não deixe de ir à Pastelaria Zé Bastião em Tocos do Moji, que vende pastel de fubá. Pouco antes de chegar na cidade encontrei o Ronald (colega de uma lista de trekking da qual eu participava) e que me acompanhou até Estiva (de lá ele retornou para São Paulo). 
Fiquei na Pousada do Peregrino (Da. Terezinha).
Fotos desse dia: Clique aqui
Vídeo:


8º dia: Tocos do Moji/MG até Estiva/MG - 22 Km
Vale dos Teodoros
Li em alguns relatos de que esse trecho seria um dos mais difíceis, mas não chegou a ser. Depois de uma subida inicial, o Caminho passa pelo Distrito de Fazenda Velha e por uma longa descida e subida pelo Vale dos Teodoros. É um dos trechos mais bonitos de todo o Caminho. Muita plantação de morango também. Saí de Tocos do Moji as 08h30min e cheguei em Estiva pouco antes das 15:00 hrs.
Fiquei na Pousada do Póka que se localiza sobre Padaria Santa Edwiges e ao lado da Igreja Matriz.
Melhor lugar para comer: Nélios Restaurante
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 


9º dia: Estiva/MG até Consolação/MG - 20 Km
Serra do Caçador ao fundo
Trecho também bem tranquilo. Saí de Estiva as 09:00 hrs e cheguei em Consolação por volta das 15h30min. Depois de cruzar a Rodovia Fernão Dias, o Caminho segue no plano a sua maior parte. 
Cerca de 2 horas depois da cidade se inicia uma longa subida da Serra do Caçador por quase 1 hora. 
Chegando ao topo, o trecho é todo no plano com descidas até chegar em Consolação.
Fiquei na Pousada da Da. Elza, que oferece jantar e café da manhã.
A cidade é bem pequena e não oferece muita coisa.
Fotos desse dia: Clique aqui
Vídeo: 

10º dia: Consolação/MG até Paraisópolis/MG - 22 Km
Trecho no plano
Trecho também bastante tranquilo. Saí as 08h30min de Consolação e cheguei em Paraisópolis as 15h30min. O inicio dele é com leves descidas e todo no plano com uma ou outra subida leve. A longa subida não tão íngreme já tá quase no final, depois que o Caminho segue por uma estrada secundária. Chegando no topo é só descida até Paraisópolis, onde já se avista a Pedra do Baú de ângulo bem diferente.
Fiquei no Hotel Central que oferece café da manhã.
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 


11º dia: Paraisópolis/MG até Distrito de Campista/MG - 41 Km
Chegando no Distrito de Luminosa
Sem dúvida nenhuma, um dos trechos mais difíceis de todos. Aqui eu já estava com a Márcia que se juntou a mim até a Basílica de Aparecida. Saímos da cidade com um outro grupo que conhecemos no mesmo Hotel, que estávamos hospedados. Por não saber como era o trecho e não encontrar relatos de outros peregrinos, já que ele foi inserido em substituição ao trecho de São Bento do Sapucaí, Sapucaí Mirim e Santo Antônio do Pinhal, caminhamos cerca de 14 horas direto. Ao chegarmos ao Distrito de Luminosa (onde existe uma pousada), que fica em um imenso vale, imaginávamos que a subida da serra, a partir dali, não fosse tão extensa. Foi um desnível de 1000 metros, tendo de subir um trecho muito íngreme e extremamente cansativo no final.
Não recomendo fazer esse trecho se você não está preparado para uma longa subida. 
Longo trecho de subida

Já quem for fazer esse trecho, deverá estar passando por Luminosa no máximo até 12:00 hrs, para chegar no asfalto antes do anoitecer, senão terá problemas - sugiro ficar numa pousada do Bairro Canta Galo ou na Pousada Nossa Sra das Candeias (Da. Ditinha) em Luminosa, que fica ao lado da Igreja ou talvez na Pousada da Da. Inez, uns 4 Km depois de passar pelo Distrito de Luminosa, já na subida da serra. No final da subida da serra, o Caminho segue por um trecho de mata e sem qualquer vestígio de vida humana (só com lanterna para fazer esse trecho no escuro).
A Pousada Barão Montês fica na Estrada do Campista (que liga Campos do Jordão à São Bento do Sapucaí) e tá no meio do nada. 
Por não saber onde ficava a Pousada, cometemos vários erros nesse trecho e outros peregrinos que estavam na frente pisaram na bola também. 
Nem imaginávamos que a Pousada ficava longe de tudo. E para piorar nem avisamos ao proprietário da Pousada que íamos chegar durante a noite. Na verdade outros peregrinos que estavam com a gente, seguiram na frente e avisaram o proprietário que não íamos mais chegar na Pousada, o que não era verdade.
Por isso avise com antecedência que você vai pernoitar na Pousada, para ele preparar o jantar e também não confie muito nos peregrinos que você vai fazendo amizade ao longo do Caminho. A nossa experiencia não foi boa.
O lugar fornece jantar e café da manhã. 
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo 1: 

Vídeo 2:


Vídeo 3: 



12º dia: Distrito de Campista/MG até Campos do Jordão/SP - 21 Km
Trecho pelo asfalto
Saímos de Campista as 09:00 hrs e chegamos em Campos do Jordão por volta das 15h30min. O trecho é tranquilo e segue descendo pelo asfalto durante uns 30 minutos e ao chegar na divisa São Bento do Sapucaí/Campos do Jordão, o Caminho segue por estradas de terra à direita, agora em aclive.
Chegando na crista o visual compensa, mostrando alguns bairros de Campos do Jordão e passando próximo da Pedra do Baú, à direita. Existe um pequeno bar à esquerda, pouco depois de se avistar a Pedra do Baú. O ideal é parar aqui, pois ainda tem um longo trecho até a Pousada Refúgio do Peregrino, que oferece café da manhã. 
Campos do Jordão oferece inúmeras opções de alimentação, mas dependendo da época se tornam muito cara.
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 

13º dia: Campos do Jordão/SP até Pindamonhangaba/SP - 42 Km

Caminhada ao lado da linha férrea
Atualmente saindo de Campos, o Caminho se divide em 2: um que segue para Santo Antônio do Pinhal, descendo a serra para Piracuama e outro que segue pelo Gomeral.
Quando fizemos o Caminho só tinha a opção por Piracuama, cujo trecho inicial ainda é pelo asfalto com algumas subidas e descidas, passando pelo ponto culminante ferroviário do país. O trecho mais chato é quando você caminha pelos dormentes da linha do trem (cuidado com o trenzinho, pois sempre tem algum descendo ou subindo). Chegando na Estação Eugênio Lefreve, em Santo Antônio do Pinhal, aqui é ponto final dos trenzinhos que saem de Campos do Jordão, por isso está sempre cheia - dizem que o bolinho de bacalhau do barzinho da estação é um dos melhores. No local tem um belo mirante de todo o vale e agora o Caminho sai da linha do trem e segue por uma trilha no meio da mata - tem a opção de continuar pela linha do trem, mas é bem mais cansativo. Terminando a descida, chegamos no Bairro de Piracuama, onde existe uma estação de trem e 2 Pousadas, mas no dia nenhuma tinha vaga. Se quiser pernoitar por aqui em qualquer das pousadas é necessário reservar antecipadamente. Até o centro de Pindamonhangaba são uns 20 Km e ao longo do caminho existem mais opções de pousadas. Saímos de Campos do Jordão as 08h30min e chegamos no centro de Pindamonhangaba por volta das 20:00 hrs. Tivemos um pequeno problema nesse trecho. Veja no vídeo.
Ficamos em um Hotel do centro da cidade. 
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 


14º dia: Pindamonhangaba/SP até a Pousada Jovimar, em Aparecida/SP - 27 Km
Caminhada pelo asfalto
Saímos por volta das 08h30min e chegamos na Pousada Jovimar as 17:00 hrs. 
O percurso foi todo no asfalto, pela Rodovia que segue para Aparecida. É bem entediante, monótono e barulhento e para piorar não existem trechos de sombra (foi Sol na cabeça o tempo todo). Como não pretendíamos chegar no final de tarde na Basílica ficamos em uma Pousada a 3 Km antes, de onde ainda não se consegue ver a Basílica - atualmente essa Pousada não está mais cadastrada pelos organizadores.
Esse é um trecho muito bacana, porque ao longo do percurso sempre vão passando bikers ou peregrinos de outras cidades e ao verem eu e a Márcia de mochilas bem cansados, passam incentivando. 
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 


15º dia: Pousada Jovimar/SP até Basílica de Aparecida/SP- 3Km
Chegando na Basílica
Saímos da Pousada pouco antes das 09:00 hrs, já que pretendíamos participar da Missa das 10:00 hrs. Assim que nos aproximávamos da Basílica, percebíamos que estaria lotada, haja vista o número impressionante de ônibus de turismo.
Fomos subir as escadas da Basílica as 09h40min e depois da Missa, fomos pegar nossa Mariana (certificado de quem conclui o Caminho da Fé) e no final da tarde voltamos para São Paulo.
Fotos desse dia:  Clique aqui
Vídeo: 

Criei algumas fotos panorâmicas de toda essa caminhada: clique aqui.




Algumas dicas e informações úteis (Atualizado Julho/2020)


# Algumas das Pousadas estão dentro da cidade, outras na zona rural. Em alguns meses do ano, muita gente faz esse Caminho, por isso o ideal é de acordo com o ritmo da caminhada, ir ligando nas próximas pousadas que você irá se hospedar. 


# Sem dúvida nenhuma a melhor época para se fazer essa caminhada é no inverno ou em meses que não sejam muito quentes. Não recomendo a época de verão, já que o calor é desgastante demais, podendo ocasionar problemas sérios de saúde ao longo do Caminho.


Todas as Pousadas e Hotéis fornecem roupas de cama e toalhas de banho e a variação de preços é grande. Algumas, que são casas residenciais, cobram preços baixos, enquanto algumas outras Pousadas cobram valores altos. 

A média de preço por pessoa fica de $50 a $100 (Referencia Julho/2020).

# Algumas pousadas disponibilizam locais apropriados para lavar roupas.


# Para ficar em algumas pousadas ou casas residenciais é necessário reservar antecipadamente. Veja a lista no site do Caminho da Fé.


# O ideal é antes de iniciar essa caminhada, pegar no site do Caminho da Fé a relação das pousadas com seus respectivos telefones e preços. Assim fica mais fácil já acertar os pernoites de acordo com o ritmo da caminhada. 


# Não cometa o mesmo erro que a gente no trecho Paraisópolis-Campista. Foram várias cagadas: caminhamos demais, pensando que o trecho fosse fácil; não reservamos a Pousada Barão de Montes, pensando que encontraríamos ela em alguma vila (ela tá no meio do nada). Pensamos que encontraríamos algum restaurante próximo, se não tivesse jantar na pousada. Tudo culpa nossa.  


# Valores das refeições é de $15 a $20 (Referencia Julho/2020).


# Pode ser que alguns restaurantes onde comemos não funcionem mais. Sempre é bom perguntar na Pousada os melhores lugares para jantar.


# Não encontramos áreas de camping ao longo do Caminho. Só existem as opções das pousadas, chalés, hotéis ou casas de família.


# Algumas cidades dispõem de caixas eletrônicos dos principais bancos. São poucas as pousadas que aceitam cartão. A maioria só aceita dinheiro.


# O traçado do Caminho da Fé é quase que basicamente de oeste para leste e com isso a caminhada pela manhã será sempre com o Sol incidindo no rosto. Um boné com abas é obrigatório.


# Um cajado é essencial, principalmente nas subidas e descidas. Ele é vendido nos locais onde é fornecido a credencial, mas procure ligar antes para confirmar.


# Um bom tênis com uma boa palmilha e já usado é o essencial. Dependendo da época, até dá para usar uma boa papete.

De maneira nenhuma use um tênis novo. Fui com uma bota de trekking e achei desnecessário. Uma meia de boa qualidade própria para trekking é o ideal. Algumas pessoas usam duas meias, uma fina e outra um pouco mais grossa por cima. Passe também vaselina nos dedos, para evitar as bolhas.

# Evite roupas grossas para a caminhada. Um bom moletom ou uma calça fina já tá bom. 

Jeans de jeito nenhum. Durante a caminhada o corpo esquenta facilmente e uma blusa leve já é o ideal.

# Cerca de 1 mês antes se prepare fisicamente, realizando caminhadas regularmente. Assim ao iniciar o Caminho da Fé, o corpo já está preparado para longas caminhadas e com isso se evita alguns aborrecimentos ou até desistências.


# Todo o Caminho é muito bem sinalizado pelas setas amarelas ou placas de metal a cada 2 Km, onde consta a quilometragem restante até Aparecida. Essas setas estão pintadas em postes, árvores, no asfalto, cercas, porteiras, mourões, etc. Nos cruzamentos de rodovias elas normalmente estão pintadas na parte detrás das placas de sinalização. 


# As placas maiores indicam a direção a ser seguida, através das setas amarelas, pontos de interesse como água potável e área de descanso e características das cidades onde o Caminho passa. 


# Na minha opinião um dos piores trechos de todo o Caminho é o de Paraisópolis até Campista, passando por Luminosa. Evite fazer todo esse percurso que fizemos. É cansativo demais.  


# Em vários trechos do Caminho, ele passa por dentro de propriedades particulares e ao cruzar cercas, porteiras ou cancelas, deixe-as como encontrou - abertas ou fechadas. 


# Quem não tem a disponibilidade de vários dias para completar todo o Caminho, tem a opção de fazê-lo em partes, caminhando só em fins de semana. O meu colega Ronald que encontrei próximo de Tocos do Moji estava fazendo dessa forma.


# Sinal de telefonia celular é fácil conseguir em vários trechos do Caminho


# A Credencial do Peregrino deve ser adquirida nos locais onde se inicia a caminhada e serve para identificar que você está fazendo o Caminho da Fé. Ela deve ser apresentada nas pousadas e hotéis em que se hospedar. É importante que ligue antes para o local onde vai iniciar a caminhada se a credencial é fornecida lá. 

Não esqueça também de solicitar os carimbos por onde passa. Eles são a prova de que você fez todo o percurso. Ao chegar na Basílica de Aparecida, você poderá solicitar a Mariana, que é um certificado de conclusão do Caminho. 

# Ideal levar uma mochila com no máximo 8 Kg de peso.


# O que levar na mochila:

- 3 ou 4 mudas de roupa.
- vários peças de roupas íntimas e vários pares de meia.
- uma pequena toalha
- capa de chuva
- um tênis já usado e uma papete.
- chinelo.
- canivete.
- material de higiene pessoal
- alguns alimentos para serem consumidos ao longo da caminhada. Posso citar frutas secas, barras de cereais, chocolates, sucos, um sanduíche natural e uma ou outra fruta fresca. Em geral alimentos de fácil digestão. 
- Kit de primeiros socorros contendo pomadas anti-séptica e anti-inflamatória (Gelol ou similar), anti-ácidos, curativos, gaze de rolo, esparadrapo, pomada contra assadura, protetor solar e comprimidos para dores, resfriados ou gripes. 

# Site com as indicações das Pousadas, seus respectivos telefones e a distância de uma para outra, assim como outras informações. 

www.caminhodafe.com.br

Curiosidades


# O Caminho da Fé é mantido pelas cidades onde ele passa, através de leis que foram aprovadas nas respectivas Câmaras Municipais. As contribuições variam de cidade de acordo com o número de habitantes. Regularmente o Caminho da Fé acrescenta mais outras cidades, aumentando o percurso.


# O trecho que muita gente reclama e com razão é o de Pindamonhangaba até Aparecida. Ele é todo feito pelo asfalto e nunca será excluído, já que essa cidade é a que mais contribui e já possui uma lei aprovada.


19 comentários:

  1. oageniselli25 abril, 2013

    Maravilha Companheiro. Pretendo fazer o caminho em etapas e estou lendo atentamente suas anotaçoes. Um abraço

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    1. Oi Osvaldo.

      Além dessas dicas aqui, têm também as que coloquei nos vídeos que estão no youtube.
      Sempre eu gravava qdo chegava na Pousada ou em alguma residencia.

      Abcs

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  2. esse é um sonho que tenho...mas veja bem: não atravesso a rua a pé rsrsrs tenho muita vontade e pouca coragem! li os 3 primeiros dias, vi as fotos e os videos....volto pra ver o restante aos poucos!

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  3. Pode ir tranquila.
    Essa caminhada é super segura, mesmo para quem está indo a sozinha.
    O problema é aguentar tantos dias caminhando, mas é só ir se preparando com bastante antecedencia.


    Abcs

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  4. Prezado Augusto

    Gostaria de sua opinião, pois estou iniciando o treinamento para fazer de bike. Tenho 55 anos e minha família já está contra essa minha vontade. Na verdade é uma promessa que já fiz a mais de 35 anos ir pedalando da cidade de Ouro Fino até Aparecida, e lendo sobre o Caminho da Fé, fui impulsionado pela fé e pelo cumprimento da promessa, a qual a mesma passa por Ouro Fino.
    Diante disso gostaria de sua opinião, visto que você é uma pessoa conhecedora de trilhas.
    Fico no aguardo de seu retorno.

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  5. Ola Maurício, tudo bom?
    A partir de Crisólia, o trecho já é menos desgastante.
    E saindo de Ouro Fino (que fica a uns 5 Km depois) vc vai pegar muito trecho só no plano.
    Talvez saindo de Borda da Mata tem alguns sobe morro/desce morro, mas nada impossível para um biker.
    Com certeza o trecho mais complicado é entre Paraisópolis e Campista, mas seguindo as dicas que eu coloquei no relato, vc não terá dificuldades.
    Vai por mim, com certeza vc consegue com tranquilidade fazer esse trecho do Caminho da Fé.

    A única recomendação que eu te dou é que vá se preparando antecipadamente, para não ter problemas físicos.

    No mais, te desejo boa sorte.


    Abcs

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    1. Augusto
      Obrigado pela resposta e dica. Ficarei atento na sua informação. Parabenizo você por todas as trilhas que você já fez.

      Abraços

      Maurício Moreira

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  6. Augusto,

    Ja li seu relato sobre o caminho da Fé algumas vezes, estou me programando ja faz alguns anos e nunca da certo, dessa vez esta tudo marcado para 2014, vou iniciar na Quinta feira depois do Carnaval na Quitna de Cinzas.....vou fazer em torno de 15-17dias quero aproveitar ao maximo, tenho alguma duvidas quanto a hospedagem...quando fazemos reserva nas pousadas descritas no site do CF pode ser que ocora algum imprevisto na cminhada e atraso na chegada nas pousadas....isso cancelaria a reserva ou como proceder neste caso......e gostaria de carimbar ao maximo a credencial....sera carimbada somente onde dormimos ou posso carimbala em todas as cidades....e quanto a sinalização tem algum trecho no qual necessita uma atenção maior.....
    Gostaria de uma opnião e ajuda de sua parte.

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    1. Qto a hospedagem, o ideal é ir reservando 1 ou 2 dias antes, quando já estiver caminhando e sempre levar os telefones das pousadas. E se ocorrer algum atraso, vc pode ligar do Caminho mesmo, avisando que vai chegar atrasado.
      Normalmente vc chega na pousada no final do dia e eles já estão acostumados a receber alguns hospedes durante a noite.
      Sobre o carimbo na credencial, normalmente vc só consegue carimbar nas pousadas. O que pode acontecer é em uma mesma cidade ter mais de uma pousada e nesse caso, vc pode solicitar o carimbo nesses lugares.
      No próprio site do CF, é relacionado os lugares onde vc pode conseguir o carimbo.
      E vc pode carimbar em todos os lugares que passar, não só nos locais onde vc irá se hospedar.
      Sobre a sinalização, não encontrei grandes dificuldades ao longo do Caminho.
      Só tive um probleminha na saída de Andradas, onde encontrei um ou outro poste sem a seta amarela.
      Na verdade eles tinham pintado os postes e com isso não era possível ver as setas.
      Mas se encontrar trechos assim, é só perguntar aos moradores. Todos são muitos solícitos e sempre ajudam.
      Um outro trecho que também pode ser complicado é o de São Roque da Fartura-Aguas da Prata. Quando passar pela plantação de café, fique muito atento às placas, pois algumas podem estar escondidas pelo pés de café, que são muito altos.
      E um detalhe muito importante: as setas amarelas vão aparecendo ao longo do Caminho a cada 10-15 minutos ou até um pouco menos nos lugares mais complicados.
      Por isso, se de repente vc não encontra mais essas setas, pode ser que vc esteja seguindo a bifurcação errada.


      Abcs

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  7. Prezado Augusto

    Vi em uma de suas fotos que você utiliza um Altimetro Digital, que por coincidência é igual ao que acabei de ganhar. Como não veio manual, gostaria de saber se você pode me ajudar em como utilizar o mesmo, pois não consegui entender nada do mesmo.

    Maurício Moreira

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    1. Ola Maurício.
      Não sou muito de ler manual. O que sei desse altímetro é por ficar mexendo nele.
      Tenho o manual dele aqui.
      Se vc quiser dar uma lida p/ aprender como mexer em todas as opções que ele tem, tô enviando os links.
      São fotos do manual.

      http://imageshack.us/a/img15/7513/p4og.jpg
      http://imageshack.us/a/img30/9663/t35h.jpg


      Abcs

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    2. Prezado Augusto

      Agradeço de coração a sua ajuda.

      Abraços.

      Maurício Moreira

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  8. Olá! Muito obrigado pelo seu relato, dicas, etc.
    Duas questões:
    1. Qdo vc sugere que não se faça determinado trecho se tiver problemas com subida, por exemplo, qual é a substituição? Ir de ônibus de uma etapa a outra?
    2. Ir no mês de janeiro (verão!) é muito arriscado?
    Muitíssimo obrigado!
    Carlos

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    Respostas
    1. Oi Carlos, tudo bom?

      1- Os trechos mais complicados são quando vc estiver chegando na Mantiqueira. Vai ter muita subida. É desgastante demais.
      Eu nao recomendaria vc seguir de ônibus nos trechos mais difíceis.
      O próprio nome desse Caminho é "Caminho da Fé".
      Então ele já tá sugerindo que mesmo no cansaço, vc terá forças p/ chegar na outra cidade.
      Creio que com um pouco de caminhada todo dia vc já vai adquirindo experiencia p/ esses trechos.
      Uma boa sugestão é tentar fazer só nos fds, em 2 dias, porque aí dá p/ descansar bem entre 1 fds e outro, principalmente nos mais complicados.
      E aí nos trechos mais fáceis vc pode fazer em vários dias.
      Outra sugestão é programar p/ caminhar o minimo possível. Dá p/ ser feito dessa forma sim.
      Em alguns trechos mais longos dá p/ encontrar pousadas entre um ponto e outro.
      E com isso dá p/ caminhar uma média de 25 Km, o que não é tanto em apenas 1 dia.

      2- Época de verão não recomendo de jeito nenhum. O Sol é muito forte e pode te causar problemas sérios de saúde.
      Esses 3 meses são os piores do ano p/ caminhar trechos muito longos.
      Vc terá de carregar muito protetor solar, muita água e o cansaço é muito grande.
      Com toda certeza não vale a pena o risco.


      Abcs

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    2. Bom dia, vamos fazer o caminho da fé em abril de 2014 da Prata até Aparecida. É um bom periodo para fazer?

      Um abraço.

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    3. Oi, boa tarde.
      Creio que sim.
      A partir de Abril a temperatura já começa a diminuir e isso facilita a caminhada.
      Talvez vcs peguem alguns dias de chuva, mas nada que atrapalhe.

      Só não recomendo de jeito nenhum que se faça essa caminhada no verão.
      O calor é desgastante demais e mesmo com roupas leves, o Sol castiga muito.

      Boa sorte.

      Abcs

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  9. Olá Augusto,
    Recentemente fiz o Caminho da Fé com mais tres amigas, fizemos no carnaval, e como tínhamos apenas oito dias de folga no trabalho, começamos por Estiva. Adorei seu relato e viajei novamente vendo suas fotos. Sobre o ultimo trecho para chegar a Aparecida, que é de asfalto nós FUGIMOS dele. Em Campos do Jordão, próximo ao Horto, tem uma trilha, a TRILHA DAS PEDRINHAS que passa por Gomeral, após descida tem a Vila Pirutinga e uma ótima pousada, que lembra a casa da familia Walton (Pousada Monte Verde), mais 22 Km e chegamos em Aparecida. MARAVILHA. abraços, (adorei seu blog)

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    Respostas
    1. Oi Zezé, tudo bem?
      Mesmo sabendo que a partir do Bairro Piracuama, em Pinda, eu seguiria somente por estradas asfaltadas, não quis sair desse percurso.
      Alguns relatos que eu encontrei na internet também falavam que esse trecho é um dos piores.
      Como já estava nos 2 últimos dias p/ quem estava a 15 dias caminhando, não foi nada.

      Se não me engano, essa Trilha das Pedrinhas na verdade é o trecho final do Caminho do Frei Galvão, que tá na minha lista também, pois não é tão longo e até dá p/ ser feito em algum feriado prolongado.
      Em Junho de 2012 passei por um pequeno trecho dessa estrada que desce até Guara.
      É uma caminhada bem legal porque segue quase que pela crista da serra e o visual é muito lindo.
      Veja o relato:
      http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/05/relato-travessia-pindamonhangaba-campos.html

      Sempre que tiver alguma dúvida quanto aos relatos, é só falar.


      Abcs

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